Domingo,  28 de julho

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    (Avadhuta Gita ou o
    "Canto Purificado" por Dattatreya)*

        "Todo conhecimento depende da tranqüilidade da mente".
    "Quem criou o Universo ?
    Quem é o Eu que me habita e como o saudarei" ?
    Conhecer o Atman como minha natureza,
    é ao mesmo tempo conhecimento e realização.
    "Eu sou Ele; não há a menor dúvida quanto a isso".
    "Nenhum pensamento, nem palavra,
    nem ação cria laços para mim.
    Estou além de todos os sentidos,
    eu sou Conhecimento e Felicidade".
    Não há existência ou não - existência, tudo é Atman.
    Abandonem toda a idéia de relatividade,
    toda superstição; deixem que se desvaneça toda idéia
    de casta, de nascimento, de devas e tudo o mais.
    Por que falar de ser, se podemos chegar a ser ?
    Deixem de falar de dualismo, de advaitismo.
    O Universo é este Santo Um, só Ele.
    Não falem de uma yoga que os faça puros;
    vocês são puros pela sua própria natureza.
    Ninguém pode ensiná-los.
        Homens como o que escreveu este canto,
    são os que mantém viva a religião.
    Eles, verdadeiramente, realizaram; não se preocupam
    por nada, nada sentem nada que afeta o corpo,
    não se importam com calor, frio, perigo, nem coisa alguma.
    Eles se sentem tranqüilos e desfrutam a felicidade do Atman,
    enquanto carvões incandescentes
    queimam seus corpos, sem que eles o notem.
       "Quando a tríplice corrente do conhecedor, conhecimento
    e conhecido se parte, então resta o Atman".
        "Quando a ilusão do cativeiro e da liberdade
        acaba, ali está o Atman".
       "Que importa se conseguiu controlar a mente, ou não ?
    Que importa se tem dinheiro ou se não tem ?
    Vocês são o Atman sempre puro.
    Digam: "eu sou o Atman; jamais fui acorrentado.
    Sou o firmamento imutável; nuvens de crenças
    podem passar por mim, mas não podem tocar-me".
        "Queimem a virtude; queimem o vício.
    A liberdade é uma conversa infantil.
    Eu sou o Conhecimento imortal; Eu sou a pureza".
        "Ninguém jamais foi um escravo e ninguém foi nunca livre.
    Nada existe, senão eu. EU sou o Infinito, o Sempre Livre.
    Não me digam nada.
    O que pode me afetar, se sou a essência do conhecimento ?
    Quem pode ensinar ?  Quem pode ser ensinado "?
        Varram todos os argumentos e filosofias.
        "Só o escravo vê escravidão, só os iludidos
    vêem ilusão e só impuros vêem impurezas".
        O espaço, o tempo e a causa, são outras tantas ilusões.
    As enfermidades consistem no fato de pensarmos
    que estamos presos e que seremos libertados.
    Somos o Imutável.
    Não há necessidade de palavras.
    Permanecendo tranqüilos, deixamos que tudo
    se desvaneça, pois são apenas  sonhos.
        Não há diferença, não há distinção;
    tudo é superstição;portanto, permanecendo
    em silêncio, saberemos quem somos.
        "Eu sou a essência da Felicidade".
    Não há necessidade de seguir um ideal;
    somos tudo quanto existe.
    Nada temamos; somos a essência da existência.
    Permaneçam em paz; não permitam  que nada os perturbe.
    Jamais  estiveram  ligados,
    nunca  foram virtuosos nem pecadores.
    Livrem-se de todas essas ilusões e permaneçam em paz.
    A quem adorar ? Quem adora ? Tudo é o Atman.
    O falar, o pensar, são superstições.
    Repitam incessantemente: Eu sou o Atman.
    Eu sou o Atman, deixando de lado todo o resto.


    *Dattatreya: sábio filho de Atri e Anasuya,
    em uma encarnação de Brahma, Vishnu e Maheswara.