Harry Potter e o Mistério do Véu Negro
 
 
 

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— 45º Capítulo
Por trás dos olhos

  

T

em certeza que não quer ficar com a gente, Harry?
Harry parou e virou-se. Esperava o mesmo Duda de sempre, intransigente e pronto para lhe conceder um sorriso mordaz de despedida. Mas, naquele momento, teve a sensação de que acabara de conhecer seu primo. Fitou-o:

– Eu... eu gostaria de ficar. — Estaria Harry mentindo? Ele mesmo não sabia. — Mas o Sirius... ele...

– Não se preocupe, Harry, eu entendo sua decisão... — Disse Petúnia. — Não o tratamos bem, eu sei... mas quero que saiba que estamos arrependidos, não é Válter?

Petúnia pigarreou.

– Sim... estamos sim. — Disse contrafeito.

– Virei visitá-los sempre. — Disse Harry. Mas sabia que nunca viria.

Petúnia sorriu:

– Sua mãe teria se orgulhado muito de você... Vou sentir sua falta.

Harry largou o malão com suas pequenas coisas que não levara para Hogwarts. Aproximou-se para dar um abraço na tia. Ficaram assim por alguns segundos. Válter mostrou-se impaciente.

– Lamento pelo passado, filho... quero que esqueça-o, ok? — Pediu Petúnia.

– Não se preocupe... — Disse desvencilhando-se de seus braços. Voltou para pegar seu malão. — Preciso ir agora...

– Espere, Harry, quero que fique com uma coisa... — Petúnia puxou um pedaço de papel do bolso de seu avental. Harry observou o quanto ele era velho e amarelado.

– O que é isso? — Perguntou pegando-o da mão de sua tia.

– A carta que Dumbledore deixou junto com seu cesto, há dezessete anos.

Harry sentiu um frio na barriga.

– O-obrigado... — disse admirando-a.

– Mesmo que não precise mais da proteção desta casa, não quero que esqueça de nós, ok?

– Certo, tia... Adeus. — E pegou os malões enfiando a carta por uma brecha para ler quando estivesse sozinho.

– Se não tiverem problemas com a Edwiges, mandarei cartas.

– Já nos acostumamos com ela.

Harry sorriu, desaparatando.

 

– Ah, Harry, como foi com seus tios? — Perguntou Molly.

– Não foi tão ruim... — Havia acabado de aparatar na Toca.

– Ótimo, melhor assim. Ande logo com isso, Sirius! — Disse referindo-se à pilha de pratos que Sirius fazia levitar, aproveitando para fazê-las dar cambalhotas no ar, soltando risadas. — Vou servir o almoço daqui a pouco, por que não vai lá em cima chamar os garotos, querido?

– Hum... certo. — E subiu a escadaria.

– Você tem reparado que ele tem dado umas saídas estranhas já faz uma semana?

Havia passado cerca de um mês desde a Morte de Gina.

– Sim, eu... eu já havia lhe perguntado isso.

– E o que descobriu?

– O Harry não quis me dizer. Mas acho que tem haver com a... Gina.

Molly mudou rapidamente de assunto:

– Não está achando ele mais abatido? — Perguntou Molly.

– Relaxe, Molly, ele superou a morte de Dumbledore, vai superar dessa vez.

Molly suspirou profundamente, não tinha como escapar da realidade.

– E você também... — Disse Sirius tentando atenuar a situação.

– Olá, Harry, pegou suas coisas? — Perguntou Rony enquanto limpava sua boca com o braço. Harry acabara de pegá-lo beijando Hermione.

– Sim. Vamos descer... o almoço está pronto. — E deu as costas.

Rony e Hermione se entreolharam.

Estavam todos almoçando quando Arthur apareceu na soleira.

– Olá crianças, como estão todos?

– Bem. — Respondeu Rony.

– Como vai, Arthur? — Perguntou Sirius.

– Oh, querido, sente-se conosco.

– Tenho boas notícias para você, Harry.

Ele ergueu a cabeça.

– Surgiu uma vaga para Auror no Ministério. O que acha?

– E-eu... o senhor está falando d-de... — Gaguejou Harry surpreso.

– Isso mesmo, Harry, está interessado?

– Mas e os exames? — Perguntou Hermione.

– Ah, quem vai querer saber disso? Ele é o Harry Potter! — Disse Sirius orgulhoso.

– É, isso vai te ajudar bastante, Harry. Se quiser arriscar, posso te ajudar. — Disse Arthur.

– C-certo, senhor... acho que... obrigado.

– Isso não será perigoso? Ainda é muito jovem...

– Mas muito habilidoso, não precisa se preocupar, querida. — Disse Arthur tranqüilizador.

Harry sentiu-se meramente feliz. Ser Auror era tudo o que desejava. Mesmo que agora não houvesse um mal tão terrível quanto Voldemort e seus Comensais, mas ainda assim existiam muitos bruxos criminosos pelas ruas de Londres e pelo mundo.

Ainda permanecia o semblante frio na face de Harry, e Sirius interveio:

– Se julgar mais chato morar comigo, Harry, eu não irei me importar que você fique aqui.

– Eu não iria querer me separar de você, não depois de tudo o que aconteceu.

Sirius sorriu, enquanto todos observavam Harry.

– Eu estive pensando... precisava dar um rumo à minha herança... — Começou Harry. E todos ficaram intrigados.

– O que pretende fazer? — Perguntou Sirius.

– O que acham de todos nós morarmos juntos?

– Do que está falando, Harry? — Perguntou Arthur.

– Eu, a senhora, o senhor Weasley, Sirius, Hermione, Rony, Gui, Fleur, Carlinhos... todo mundo... juntos, numa mesma casa. Imensa o bastante para que todos fiquem confortáveis.

Molly ergueu as sobrancelhas.

– Harry, é uma idéia ótima... mas não... não existe uma casa grande o bastante... e nós não permitiríamos que você gastasse seu dinheiro com uma coisa dessas, nós...

– Travessa do Lobo, número 7. — Disse Harry.

– O quê? — Perguntou Arthur sem entender.

Harry tirou do bolso um pergaminho com uma foto.
Arthur examinou, e Molly se esgueirou para ver também.

– É linda... é... grande assim mesmo? — Perguntou Molly.

– É sim... era habitada por bruxos, não vamos ter muito trabalho com ela. — Informou Harry. Molly estava maravilhada. — Tem um quintal grande, e um bom jardim.

– Idéia fantástica, Harry! — Disse Sirius.

Rony e Hermione sorriram.

– Harry, não podemos aceitar isso... — Disse Arthur.

– Ah, senhor Weasley, não vai me fazer ter que morar lá com o Sirius sozinho, não é?

– Guarde seu dinheiro, Harry, é melhor...

– Que dinheiro?? O que eu dei aos bruxos ex-donos daquela casa?

Sirius soltou uma gargalhada.

– Então era isso! Era por isso que estava se ausentando!

Harry sorriu.

– Sinto muito, senhores Weasley, mas a Toca se tornará nossa casa de férias. — Informou Harry.

Molly abriu um largo sorriso. Arthur ainda não acreditava.

 

A mudança não foi nada difícil. Com um passe de mágica, os objetos de mais valores foram transportados para a nova casa, Carlinhos, Gui e os outros foram avisados sobre seu novo lar, inclusive Fred e Jorge. Todos acharam uma excelente idéia, teriam seus quartos particulares e uma mãe que cuidava do trabalho doméstico, ajudada por elfos.

– Tem um galpão imenso lá nos fundos, poderíamos usá-lo como um depósito, Harry? — Perguntou Fred.

– A loja já está ficando muito apertada. — Completou Jorge.

– A casa é de vocês. — Respondeu ele indo ajudar Hermione com algumas caixas. Estavam preparando uma festa de inauguração.

Molly estava frenética, a idéia de ter todos os seus filhos juntos vivendo com ela era tudo o que desejava. Quase não suportara a perda de Gina, mas a novidade estava fazendo sua chaga curar rapidamente. Arthur fora até o Ministério pedir folga naquela noite e informar que Harry estaria se inscrevendo no cargo de Auror no dia seguinte.

Harry cuidou de mandar centenas de convites para os membros da Ordem da Fênix, para Nevile, Luna, e até mesmo ao Draco. Além de Simas, Lino e todos os seus colegas da Grifinória e da AD.

Cerca de meia hora antes de a festa começar, os convidados foram chegando. Harry sentia-se imensamente regozijado em ver novamente todos reunidos, não num confronto, mas numa comemoração.

Todos se divertiam imensamente, Dobby logo soube do fato e se ofereceu para ajudar a servir a comida, junto com sua nova namorada, a Dorothy, uma bela elfo, por sinal. Draco não apareceu, mas mandou uma carta em resposta, agradecendo pelo convite.

Num dado momento, Rony pediu a atenção de todos. E quando, depois de vários berros, a obteve, começou dizendo:

– Eu tenho uma coisa a informar a vocês. — Disse, ao lado de Hermione, que estava vermelha.

Muitos deram uma risadinha, e alguns realmente não sabiam do que se tratava.

– Hoje eu pedi a Mione em casamento... e ela aceitou.

Molly soltou um berro de exasperação.

– Calma, mamãe, isso não significa que vamos casar agora. Só estamos noivos.

Hermione estava ruborizada.

– Por um momento eu pensei que... — Começou Molly de um canto mais distante de Rony.

– Não, mamãe... não seremos nós que lhe daremos o primeiro neto.

Hermione começava a ficar azul.

– Se bem que já temos até o nome, não é mesmo, Mione?

Ela balançou a cabeça.

– Se for menino se chamará Vítor. — Elucidou Rony.
Fred e Jorge deram risadas sarcásticas.

– Idéia de Hermione, não? — Perguntou Jorge.

Todos riram.

– Sim, qual o problema? — Disse Rony inimizado. — Se for menina se chamará Gina.

Todos fizeram silêncio. E sorriram.

– Felicidade aos pombinhos, então. — Disse Sirius, começando uma salva de palmas.

Harry começava a recuperar algum sentimento de felicidade, estava satisfeito com as coisas. Mesmo sem a Gina, ou Dumbledore, ele sentia-se confortável. Sabia que eles estavam bem, onde quer que estivessem.

Harry estava exausto, fazia noites que não conseguia pregar o olho. A festa mantinha um ritmo agradável, mostrando que não terminaria antes da alvorada. Harry decidiu subir para seu quarto, estava sentindo-se meio tonto, sentiu que dormiria por um mês assim que se deitasse. Avisou a Sirius, e pediu que ele informasse quem perguntasse por ele.

– É melhor mesmo que descanse, não está com uma cara boa.

Harry subiu as escadas em direção ao seu quarto. Antes de deitar, lembrou-se de uma coisa. Foi até seu malão e abriu-o, procurando por algo.

– Aqui está... — Ele largou-se na cama e começou a ler o que havia escrito no papel que Petúnia lhe dera mês antes.

O som da festa lá embaixo fazia sua cabeça doer levemente.

“Sr. e Sra. Dursley.

Estou pondo em suas mãos uma responsabilidade imensurável. Este garoto que agora têm em mãos, trata-se de seu sobrinho, filho de Lília e Tiago Potter, que como já devem saber, foram mortos. O que não sabem, é que eles morreram amaldiçoados por alguém que não se encontra mais no Plano dos vivos. Já que irão criá-lo e dar todo o amor possível à este garoto, é bom que saibam sobre sua verdadeira história. Ele é um bruxo, e já tem uma vaga na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts (...) [Harry passou rapidamente os olhos pela carta, à procura de algo que ele não soubesse, e parou já nos últimos parágrafos] (...) Naturalmente, já conheciam o garoto e devem estar se perguntando o porquê que seus olhos eram azuis quando nasceu e agora estão tão verdes. Os olhos são a ponte que ligam o espírito a este mundo, e receio que esteja aí a chave do mistério. É no espírito que está afinizado todos os poderes de um bruxo e, receio dizer, que a maldição, a que não conseguiu matá-lo, afetou sua magia e isto se refletiu em seus olhos, já que a energia descarregada junto com a maldição tem a tonalidade de um verde claro. Ainda não sabemos as conseqüências que isso trará, mas não devem se preocupar, já estamos cuidando para que sua casa fique livre de qualquer mal. Harry será mandado todos os verões para aí, a fim de que possa estar seguro. Notem também que o formato de seus olhos estão mais parecidos com os da mãe, em conseqüência do encanto de proteção lançado pelo seu sacrifício. Receio de que tudo já tenha sido esclarecido, qualquer dúvida, nós saberemos. Cuidem dele, mais do que se fossem seu filho.

Cordialmente,

A. P. W. B. Dumbledore”

 

Harry releu novamente a parte que tratava dos seus olhos. Nunca havia parado para refletir sobre aquilo. Não sabia que seus olhos eram azuis quando nasceu. Tinha uma maldição cravada em seus olhos para todo o sempre. Tentou esquecer isto, afinal, tudo fazia parte do passado agora. Colocou a carta em cima da mesinha de cabeceira e em seguida fez o mesmo com seus óculos. Estava realmente feliz. Os conflitos haviam finalmente cessado. Lembrou-se de Aberforth, queria que ele estivesse presente também, mas este mandou uma coruja avisando que apareceria outro dia para dar as congratulações, estava muito velho para festas.

Inevitavelmente pensou em Gina. Ainda a amava e sentiu muito a sua falta, sabia que isto o atrapalharia em relações futuras. No entanto, não estava muito interessado em promover um outro grande amor. Estava excitado demais com a perspectiva de se tornar um Auror, e sabia que isso lhe tomaria quase todo o seu tempo. Seu corpo parecia mais pesado, sentiu que afundava cada vez mais em sua cama. Nada mais importava para ele, só aquela imensa vontade de dormir, e ele realmente conseguiria, se não fosse uma indesejável e irritante dor em sua cicatriz...



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