Hermione
e Draco mergulharam correram até o armário e se jogaram lá dentro, fechando a
porta atrás deles. Harry apontou apressadamente sua varinha para a janela e
sussurrou:
-
Reparo!
E
os pedaços de vidro voaram e se encaixaram perfeitamente na janela, como se
nunca tivessem se partido. Depois, ele se atirou na cama e agarrou um de seus
pilares, exatamente quando a porta do quarto, finalmente, abriu numa pancada
forte, e Lúcio Malfoy entrou lá, pálido de raiva.
-
Garoto!_ ele gritou para Harry
Lúcio
parecia Draco quando este último ficava nervoso: muito pálido com duas manchas
bem vermelhas na maçã do rosto. Harry teve o pressentimento de que Lúcio
poderia ter aberto a porta usando magia, mas tinha preferido descarregar sua
raiva na porta.
-
Por que você não abriu a porta?_ Lúcio perguntou para Harry
-
Eu não sei._ respondeu Harry categoricamente – Talvez porque você me amarrou
na cama!
Lúcio
teve a dignidade de parecer envergonhado.
-
Eu esqueci disso._ ele admitiu, apontou sua varinha para Harry e falou
asperamente – Finite Incantatum!
Harry
deixou suas mãos caírem em seu colo de propósito.
-
Obrigado!_ ele disse – Como está Nar... minha mãe?
-
Ela está bem!_ disse Lúcio resumidamente
-
Eu posso vê-la?
-
Não!_ respondeu Lúcio – Eu preciso de sua ajuda com alguma coisa. Eu preciso
descer para o calabouço e preciso que você venha comigo.
Harry olhou para ele. Esse era o convite que ele estava esperando... de poder ver Sirius... o problema era que ele não estava querendo deixar Draco e Hermione trancados sozinhos no armário. Por outro lado, recusar um pedido de Lúcio Malfoy não era uma opção. Lúcio estava muito nervoso, como sempre.
-
Certo!_ Harry disse, e pensando segurem firme aí no armário, seguiu Lúcio
para fora da porta.
**
Estava
muito escuro no armário. Um lado do rsot de Hermione estava esmagado contra um
tecido áspero, um de seus joelhos estava apertado contra o de Draco, e ela não
estava quase sentindo seu próprio braço, que estava preso junto a mochila de
Harry. Ela podia ouvir Draco repirando suavemente a seu lado, e fracamente pela
porta do armário, ela podia ouvir Lúcio e Harry conversando. Ela ouviu Lúcio
dizer a Harry que ia levá-lo até o calabouço, ouviu Harry concordar; depois
ela ouviu-os deixar o quarto, e a porta fechando atrás deles.
Draco
falou primeiro. Na verdade, ele não falava tanto quanto praguejava, com grande
fluência e criatividade, por causa de um bando de motivos. Seu vocabulário e
imaginação impressionaram Hermione. Jamais ocorreria a ela que você pode
fazer aquilo com uma vassoura.
-
Certo!_ ela disse finalmente – Desculpe interromper, eu estava meio que me
divertindo ouvindo isso tudo, mas eu acho que deveríamos sair do armário
agora. Meu braço está me matando!
-
Nós não podemos sair do armário!_ disse Draco categoricamente – Ele é
trancado por fora!
Hermione
ficou boquiaberta.
-
O que você quer dizer?_ ela perguntou
A
voz de Draco estava aguda:
-
Que parte de “Ele é trancado por fora” você não entendeu? Sinceramente!
Eu pensei que você fosse inteligente!
-
Um simples Feitiço do Abrimento...
-
Não!_ disse Draco – Esse armário é à prova dessas coisas. Quando eu era uma
criança, meu pai costumava me trancar aqui quando eu me comportava mal, então
eu devo saber!
-
Seu pai parece ser horrível!
-
Deixe minha família fora disso, Granger!_ disse Draco brevemente
-
Granger?_ Hermione fez um som de exasperação – Primeiro Harry, agora
você! Por que vocês dois estão agindo como se me odiasse, assim de repente?
Tudo que eu fiz para Harry foi tentar salvar a vida dele, e para você, eu não
sei de onde esse ressentimento vem, mas...
-
Você realmente não sabe?_ a voz de Draco, fria e distante, agora parecia a voz
da qual Hermione se lembrava de inúmeros encontros desagradáveis em Hogwarts.
-
Não!_ ela disse friamente
-
Lumos!_ disse Draco e uma luz brotou na ponta de sua varinha, iluminando
o interior do armário.
Hermione
levou um susto. Quando estava falando com Draco no escuro, ela imaginava seu
rosto como ela lembrava da escola. Agora ela estava cara-a-cara com Harry de
novo. A luz da varinha fazia com que olhos verdes dele brilharem como malaquita
escura. Mas ele tinha o sorriso raivoso de Draco.
-
Potter_ disse Draco resumidamente – está sendo um babaca por duas razões.
Primeira: ele detesta a idéia de ser resgatado por mim. Eu entendo isso. Eu
sentiria a mesma coisa no lugar dele.
-
E a segunda razão?_ perguntou Hermione, curiosa
-
Ele está com ciúmes._ disse Draco
Hermione
teve a impressão de que seu coração tinha descido até seu estômago, depois
subido de novo, feito um foguete, mas até sua garganta.
-
Com ciúmes?_ ela perguntou fracamente – De quê?
-
Não seja estúpida, Hermione!
Hermione
alcançou e apertou firmemente a mão de Draco.
-
O que você está dizendo?_ ela perguntou
A
mão de Draco simplesmente ficou junto da dela, mas não se moveu.
-
Eu sei que você quer ouvir isso._ ele disse – Mas é desse jeito que você
quer ouvir isso?
Hermione
parou. Era esse o jeito que ela queria ouvir que possivelmente Harry tinha
sentimentos por ela (ao menos um sentimento – algum sentimento)? Pela
espionagem involuntária que Draco fez na cabeça de Harry? Isso era uma violação,
mesmo que fosse algo que ocorreu involuntariamente. E ainda havia a
possibilidade de Draco estar errado.
Ela
balançou sua cabeça em sinal negativo e tirou sua mão de perto da dele.
-
Não._ ela disse
-
Só porque eu posso sentir o que Harry sente_ disse Draco inesperadamente – não
significa que eu parei de sentir o que eu sinto.
Hermione
olhou para ele.
-
O que você sente?_ ela perguntou, e para sua grande surpresa, ela estava
tão interessada nesta resposta quanto ela estava na resposta da pergunta
anterior.
Mas
Draco tinha baixado a cabeça, assim ela não poderia ver seus olhos, só a luz
sendo refletida nas lentes dos óculos de Harry.
-
Agora eu estou sentindo fome!_ ele disse – Estou morto de fome! Eu não como
desde o almoço de ontem!
-
Ah!_ exclamou Hermione, intimamente desapontada.
Ela
puxou a mochila de Harry até onde ela pudesse alcançar o zíper. Ela estava
agora sentada ao lado de Draco.
-
Eu trouxe um pouco de comida... eu tenho aqui sapos de chocolate, cerveja
amanteigada, e picles.
Draco
fez uma careta.
-
Eu disse que eu estava com fome, e não grávido!
Hermione
abafou uma risada.
-
Bem, é tudo que temos!
-
Está bem! Me passe uma cerveja amanteigada! Talvez se eu beber um pouco eu não
vou me importar tanto de ficar trancado nesse armário.
**
Harry
seguiu Lúcio pelos corredores em zigue-zague, já familiares para ele, até que
eles chegaram à Sala de Visitas, onde Lúcio abriu o alçapão e fez um gesto
para que Harry fosse atrás dele. Harry foi, mas com muito cuidado para que não
tocasse em nada. Ele não queria que a ausência de sangue Malfoy em seu corpo
acionasse mais nenhum alarme.
A
escada de pedra acinzentada dava em um lugar escuro e úmido, iluminado somente
pela ponta da varinha de Lúcio. Era como um labirinto lá embaixo: passagens
estreitas com várias direções diferentes a seguir, como um ninho de cobras.
Harry tentava rastrear onde eles estavam murmurando “esquerda, direita,
direita, esquerda aguda” para ele mesmo. Mas eles viravam tanto que Harry se
deu conta de que isso era inútil.
Lúcio
Malfoy falou uma única vez, quando eles estavam passando de um corredor
estreito para outro, esse último decorado com um mosaico de pecinhas de mármore.
-
Isso será bom para a sua educação, garoto!_
Lúcio disse
Por
fim, eles chegaram à entrada do calabouço, uma gigantesca passagem em arco, de
pedra, lacrada por um portão enferrujado, que era trancado por um enorme
cadeado em forma de duas serpentes enroscadas. Lúcio Malfoy pôs sua mão sobre
o cadeado e esse se abriu, deixando-os passar. Harry seguiu Lúcio para dentro.
Lúcio
andou pela fileira de celas embarricadas, que traçavam os muros do calabouço,
e parou em frente a uma, olhando fixamente para ela. Harry parou atrás dele, já
sabendo o que veria.
A
cela era um quarto estreito com goteiras e paredes de pedra, e um piso de pedra
coberto por palha. No lado mais distante da cela, havia um banco de pedra bem
baixo, sobre o qual um homem estava deitado.
Era
Sirius.
-
Olá, Black!_ cumprimentou Lúcio e Sirius sentou-se. Harry ficou aliviado ao
constatar que tiraram a Praga do Ligamento dele. – Confortável?
Sirius
rosnou, baixa e longamente, assim como um cachorro.
-
Certo!_ disse Lúcio – É bom ver que você está tão orgulhoso do fato que
tem sido um Animago por tanto tempo que nem consegue mais falar como um ser
humano.
Sirius
virou sua cabeça, para que não olhasse mais para Lúcio.
Lúcio
balançou sua cabeça enojado, olhou para baixo, e puxou a manga esquerda de
suas vestes, onde o esboço preto do símbolo de cobra-e-crânio da Marca das
Trevas, estava impresso, e parecia uma tatuagem. Então ele levantou seu braço
até sua cabeça e falou via Marca das Trevas, como se ela fosse um
walkie-talkie.
-
Macnair!_ ele latiu – Pedro! Onde vocês estão?
O
crânio no braço de Lúcio mexeu seu maxilar, e uma vozinha começou a falar:
-
Nós não podemos ir até o calabouço sem você!_ a voz dizia – Nós
precisamos de alguém para abrir o alçapão!
-
Droga!_ reclamou Lúcio. Ele olhou para Harry – Garoto, você está com sua
varinha?
-
Sim!_ respondeu Harry, puxando a varinha do bolso e mostrando-a a Lúcio.
-
Muito bem, Draco!_ disse Lúcio, mostrando seus dentes afiados num sorriso –
Eu gostaria que você tomasse conta de Black até que eu voltasse com Pedro e
Macnair.Se ele se mover, ponha o feitiço da perna presa nele. Você já está
na idade de começar a adquirir responsabilidades._ ele continuou – Já é
hora de vermos do quê você é feito.
Harry
suspeitou de que isso tinha pouco a ver com dar responsabilidade a Draco de
mostrar do que ele era feito, e na verdade, Lúcio precisava de ajuda e Narcissa
não estava em condições de trabalhar. Contudo, Harry não iria reclamar.
-
Certo, pai!_ ele disse – Eu vou ficar aqui!
Lúcio
saiu, deixando Harry no escuro, tremendo de impaciência. Logo que ele ouviu o
portão fechar atrás de Lúcio, lá longe, ele se agarrou às grades e chamou:
-
Sirius! Não se assuste, sou eu.
Sirius
levantou sua cabeça.
-
Harry!_ ele disse – O que você fez no seu cabelo? Está horrível!
Harry
se engasgou de surpresa.
-
Você me reconhece?
Sirius
deu uma risada.
-
Eu sou um cachorro, Harry!_ ele disse – Eu reconheço seu cheiro mais rápido
do que sua aparência. Eu sei que você está aqui desde que eu cheguei!
Harry
repousou sua cabeça sobre as grades da cela.
Era um alívio ver que alguém o reconhecia, mesmo que fosse por causa de
como ele cheirava.
-
Todavia, se disfarçar do filho de Lúcio Malfoy é um risco terrível_ disse
Sirius em desaprovação – O que você usou? Poção Polissuco?
-
Um tipo de._ respondeu Harry, apressado.
Ele
contou a Sirius, o mais rápido que podia, tudo o que havia acontecido nos últimos
dias. Sirius ouviu em silêncio, ocasionalmente mexendo a cabeça ou exclamando
com surpresa, até quando Harry chegou à parte em que Rabicho e Macnair
trouxeram Sirius até o quarto de Draco e Narcissa desmaiou.
-
Narcissa_ disse Sirius pensativo – Aqui há um mistério!
-
O quê?
-
Narcissa Hardesty._ disse Sirius – era a garota mais bonita de sua série em
Hogwarts.Ela era dois anos mais velha que Tiago e Lílian, e o resto de nosso
grupo, ela era uma excelente aluna, e era muito popular. E então, em seu último
ano, ela ficou noiva daquele babaca nojento do Lúcio Malfoy. Ninguém conseguiu
entender isso. Foi o mistério do ano, ela não suportava ele, e nem nenhum dos
companheiros sonserinos dele. Narcissa_ ele continuou – estava na Corvinal.
Harry
olhou Sirius severamente. Era difícil dizer, embaixo de toda aquela sujeira,
sangue e lama, mas ele achou que Sirius estava um pouco evasivo.
-
Você gostava dela, estava interessado nela, Sirius?
-
Eu devia estar._ Sirius admitiu – Eu a conhecia muito bem, Harry. Ela era uma
boa pessoa, eu apostaria nisso... mas também... eu diria o mesmo de Pedro, e
olha o que aconteceu com ele!
-
Então você está dizendo que eu devia..._ Harry começou, mas foi interrompido
por Sirius
-
Só fique de olho nela, Harry, é tudo que eu te peço.
-
Esqueça-a, Sirius!_ disse Harry – A questão é que temos de tirar você
daqui!
Sirius
balançou a cabeça.
-
Agora não._ Sirius disse – Malfoy estará de volta a qualquer instante!
-
Eu sei disso._ disse Harry – Eu estava pensando em voltar aqui mais tarde,
esta noite. A capa de meu pai está lá em cima, na minha mochila. Vai caber em
nós todos. Eu deixo Draco atrás._ ele adicionou, melancólico – Mas eu
preciso dele para abrir as portas. Elas só abrem para Malfoys.
Sirius
levantousua mão direita para acariciar o cabelo de Harry, quando ele percebeu
que sua mão estava algemada no banco em que ele estava sentado.
-
Harry_ ele disse – Eu sei que você não gosta do garoto Malfoy, mas verifique
se ele vai estar usando a capa da invisibilidade, certo? Porque se o pegarem, vão
pensar que ele é você. Isso vai ser o fim para ele.
A
garganta de Harry estava seca.
-
Eles estão planejando me matar, não estão, Sirius?
-
Pior_ Sirius disse melancolicamente – Eu ouvi Macnair e Rabicho falando sobre
isso quando me trouxeram para cá. O plano era tentar me usar como isca para a
Mansão Malfoy, e quando eles te pegassem, eles iam chamar Voldemort. Ele quer
usar a Maldição Lacertus em você...
Sirius
calou-se. O inconfundível barulho do portão do calabouço rangendo para se
abrir era claramente audível pelas paredes. Harry se desgrudou das grades, e
ficou com sua varinha para fora quando Lúcio, Macnair e Rabicho entraram no
calabouço.
Eles
ignoraram Sirius. Lúcio cumprimentou Harry com a cabeça.
-
Fique aqui, garoto!_ ele disse – Eu quero que você assista a isso!
Harry
apertou o punho. Ele sabia que eles não iriam machucar Sirius, já que um refém
morto não é um refém, mas ainda assim, Harry não gostava do tom de Lúcio.
Lúcio
pegou sua varinha e ergueu-a na sua frente. Macnair pegou sua própria varinha e
tocou a ponta da sua na ponta da de Lúcio; depois Rabicho ergueu sua mão e a
colocou no topo de ambas as varinhas.
-
Dominus Vocare!_ ele disse em sua voz sibilada e gunichada
Um
jato de luz verde brotou da ponta das varinhas deles, e da mão de Rabicho. Isso
tomou a forma de uma cabeça e um par de ombros. O rosto estava embaçado e
indistinto, mas Harry já sabia quem era, não havia outro rosto como esse:
achatado e mal, e cortada com olhos de gatos.
Voldemort.
-
Mestre!_ disse Lúcio num tom agradável e hipócrita.
-
Por que vocês me evocaram?_ perguntou a
imagem de Voldemort numa severa e fumegante voz
-
Nós queríamos te mostrar que nós fomos bem-sucedidos no plano de capturar
Sirius Black._ disse Rabicho, com o rosto gordo todo risonho – O senhor pode vê-lo?
A
imagem de Voldemort virou sua cabeça para a cela onde Sirius se encontrava.
Quando fez isso, seu olhar parou para examinar Harry, e ele sentiu a familiar
dor na testa. Harry cravou suas unhas nas palmas, mas não se moveu.
-
Eu o vejo._ disse a imagem de Voldemort – E o garoto Harry Potter? Ele foi
notificado?
-
Eu enviei uma coruja para a escola dele, Mestre._ disse Macnair
-
Muito bem._ disse Volemort – Vocês fizeram um bom trabalho. VocÊs serão
recompensados..._ e quando eles sorriram, Voldemport adicionou agudamente –
Quando vocêstiverem ele com vocês.
Os
sorrisos se desfizeram ligeiramente.
-
Isso será logo, Mestre!_ disse Lúcio
Mas
Voldemort estava olhando para Harry de novo, e a dor em sua testa estava
aumentando.
-
Esse é o seu filho, Lúcio?_ Voldemort perguntou
-
Sim, é ele!
O
olhar de Voldemort não saiu de Harry.
-
Ele parece com você, Lúcio._ ele disse finalmente – Quando ele tiver idade
suficiente, você o trará para mim, Lúcio?
-
Claro, Mestre!
Nisso,
a imagem de Voldemort desapareceu. Aparentemente, ele não era o tipo que se
estendia em despedidas, o que era muito bom na opinião de Harry, pois ele tinha
certeza de que, se ele fosse observado por mais um segundo pelo Lord das Trevas,
a dor em sua cicatriz teria o feito cair no chão.
Ainda
assim, ele estava feliz pela dor. Pelo menos isso significava que ele ainda era
ele. Debaixo do disfarce, ele ainda era Harry Potter.
Lúcio,
contudo, parecia agradado como nunca pareceu. Ele até colocou uma mão sobre o
ombro de Harry quando eles deixaram o calabouço. Harry se virou para tentar dar
uma última olhada para Sirius quando eles iam passar pelo portão, mas Sirius
estava virado para a parede, e não o viu.
**
Draco
havia bebido quatro cervejas amanteigadas, assim como Hermione. Eles brigaram
uma pequena e divertida briga para decidir quem beberia a última. Draco venceu.
A dose de álcool contida numa
simpels cerveja amanteigada era pequena, mas tendo bebido quatro delas, com o
estômago vazio, fez Hermione sentir-se sonolenta e um pouco tonta.
-
E se o idiota do seu namoradinho nunca mais voltar?_ perguntou Draco abatido –
Ia ser muito embaraçoso para mim morrer dentro de meu próprio closet!
-
Ele não é meu namorado!_ disse Hermione automaticamente – E ele vai voltar
Draco
olhou-a severamente de sua cerveja amanteigada.
-
Por quê?_ ele perguntou
-
Porque Harry não nos deixaria aqui para morrer._ respondeu Hermione, assustada
– Ele pode estar chateado comigo, mas ele não é homicida, ou você acha que
ele é?
-
Não_ disse Draco – Eu quis perguntar por que ele não é seu namorado?
Hermione
descobriu que ela estava tendo um pouco de problema focalizando seus olhos nos
de Draco.Claro, era mais ou menos quaatro da manhã, e ela não dormia havia
vinte horas.
-
Porque..._ ela disse soturna – Ele não gosta de mim desse jeito. Ele já me
disse isso.
-
Garoto idiota!_ disse Draco num tom trivial – Eu acho que ele não sabe o que
quer.
-
O que ele está sentindo agora?_ perguntou Hermione a despeito de si mesma
Draco
pensou por um momento.
-
Tristeza_ ele respondeu
-
Você sabe do que eu vou sentir saudades?_
perguntou Hermione sentindo algo esquisito, como se ela estivesse
dormindo sem estar cansada.
-
Estar rodeada por tanto Armani?_ sugeriu Draco
-
Não_ disse Hermione – De você. Sendo assim. Quando tirarmos o feitiço de
você e de Harry, você vai voltar a ser detestável e horroroso, não vai?
-
Mas há o lado bom_ disse Draco, tentando parecer leve – Harry provavelmente
vai deixar de ser um babaca.
-
Não xingue ele!_ disse Hermione, mas seu protesto parecia mais automático do
que sentimento verdadero
-
Você sabe do que eu vou sentir saudades?_ perguntou Draco, que não estava
olhando para ela, mas sim para um ponto fixo acima de sua cabeça.
-
Do quê?
-
De ter você como amiga._ ele disse muito rápido – Quero dizer... mesmo
quando você achava que eu era Harry, foi bom... eu tenho amigos, você sabe,
como Crabbe e Goyle, mas eu nunca senti que eles fossem morrer por mim. Bem,
eles podem morrer de mim, como se eu os mandasse tomarem veneno, eles
iriam provavelmente obedecer, mas isso é mais idiotice do que lealdade, na
minha opinião._ ele suspirou – Mas você morreria pelo Harry, não é?
-
Sim!_ disse Hermione – Embora eu ache que eu morreria dele._ ela
adicionou, e Draco deu um sorriso torto.
Hermione
deitou para o lado, e então, ela estava descansando sua cabeça no ombro de
Draco. Ele estava sentado e imóvel, ela podia ver o seu perfil, parecendo muito
sério e famílias sob a luz da varinha.
-
Eu vou sentir muito quando você começar a se barbear._ ela disse
sonhadoramente (ela estava completamente tonta agora) – Eu adoro esse jeito
translúcido da sua pele, eu sempre adorei. E quando você passar a lâmina para
raspar a barba que um diz você há de ter, essa translucidez irá para sempre.
Ela
inclinou a cabeça e o beijou na bochecha.
Ele
olhou para ela. Seus olhos estavam a polegadas dos dela.
-
Hermione_ ele disse – Com quem você está falando?
-
Eu não sei!_ ela respondeu, e dessa vez o beijou na boca
Qualquer
receio que ele devia ter sentido não foi mostrado. Ele a pegou pelos ombros e a
beijou com força, e qualquer ilusão que ela podia estar tendo de estar
beijando Harry, desapareceu. Ela nunca havia beijado Harry, mas ela sabia que se
ela o beijasse um dia, não seria assim. Isso era beijar um estranho, ou
um quase-estranho; cada toque dos lábios dele nos dela eram raios de uma excitação
temível, vigoravam nas terminações de seus nervos. Ele também não cheirava
como Harry, ele cheirava como Draco: suco de limão, pimenta, ar frio da noite.
Mas
quando ele disse o nome dela, foi na voz de Harry.
Ela
não ligava. Eles rolaram de um lado para o outro, se beijando, esbarrando nos
limites do armário, batendo nos lados, tão despreocupados, que nem perceberam
que alguém estava abrindo a porta do armário, e deixando a luz de fora entrar.
Tão despreocupados, que não pararam até que uma voz falou e acabou com o
estado de desligamento do mundo em que eles se encontravam, com uma aguda e
furiosa finalidade:
-
O QUE DIABOS ESTÁ ACONTECENDO?_ perguntou Harry aos gritos
**
Hermioen
estava completamente infeliz. Harry não estava falando com ela, e parecia que
ele havia decidido nunca mais falar com ela de novo. Estranhamente, ele
continuava falando com Draco, mesmo que não com grande entusiasmo.
Draco
e Hermione se soltar no momento que eles ouviram a voz de Harry, mas já era
tarde. Hermione caiu para fora do armário, meio histérica e ainda meio molhada
por causa da cerveja amanteigada e pelos beijos, e tentou segurar o braço de
Harry, mas ele só olhou para ela como se ela fosse um verme que estava preso à
manga de sua camisa, e disse, numa voz muito vazia, fria e definitiva:
-
Não. Me. Toque.
Depois
Harry virou-se para Draco:
-
Saia do closet, Malfoy. Eu preciso falar com você.
Draco
engatinhou para fora do closet, apreensivo, aparentemente certo de que Harry ia
lhe dar um soco. Mas Harry não deu. Harry parecia convencido de que a pessoa
que fez algo de errado fora Hermione, que estava agora infeliz sentada no canto
da cama de Draco, assistindo aos dois garotos traçarem um plano para tirar
Sirius do calabouço.
-
Nós dois teremos que ir._ disse Harry categoricamente
Ele
havia explicado a situação de Sirius, e agora ele e Draco tinham suas cabeças
curvadas para um mapa recém-desenhado por Harry, da mansão e suas passagens
subterrâneas.
-
Você precisa ir comigo lá embaixo porque eu preciso de alguém com o sangue
Malfoy para abrir as portas. Nós dois cabemos na capa da invisibilidade, mas
será melhor que só você a vista e eu vá um pouco depois de você, já que se
as portas começarem a ser abertas sem ninguém por perto, vão achar muito
estranho. E fique debaixo da capa... você é o Inimigo Público Número Um,
aqui, do jeito que você está, sendo eu.
Draco
concordou com a cabeça.
-
É melhor irmos logo._ ele disse – Em breve, eles estarão esperando Harry
Potter aparecer, e se você não...
-
Sim!_ disse Harry resumidamente – Acho melhor irmos agora mesmo.
-
ótimo plano._ disse Draco – E Hermione?
Harry
deu a Hermione um olhar longo, frio e hostil.
-
Vamos deixá-la no armário._ ele sugeriu
-
Eu não vou ficar no armário!_ disse Hermione terminantemente – Eu vou com
vocês!
-
Não, você não vai._ disse Harry, sem olhar para ela – Isso será muito
arriscado, e eu não posso ficar constantemente preocupado com você fazendo
algo estúpido que arrisque sua segurança.
-
Você sabe muito bem que eu não faço coisas estúpidas!_ disse Hermione,
furiosa
-
Acho que você acabou de provar que faz._ disse Harry, sem sequer tentar
esconder seu desprezo
Sem
parar para pensar no que estava fazendo, Hermione deu cinco passos até Harry e
deu um tapa na cara dele. O mapa caiu da mão dele e ele olhou para ela, mais
surpreso do que ficaria se sua varinha pulasse de seu bolso sozinha e começasse
a cantar o hino nacional.
Draco
estavam sorrindo.
-
Você deve querer sentar-se, Harry._ ele disse – A última vez que ela fez
isso em mim, eu vi estrelas por dias!
Harry
e Hermione olharam para Draco ao mesmo tempo.
-
CALE A BOCA, MALFOY!_ os dois gritaram
-
Muito bem!_ disse Draco – Eu vou sentar aqui.
E
ele andou até a parte mais afastada do quarto. Ele parecia ressentido, mas
Hermione achou ávido da parte dele deixá-la a sós com Harry para conversarem.
-
Eu não vou pedir desculpas._ ela disse a Harry num tom gelado – Você mereceu
isso.
-
Claro!_ disse Harry, ainda chocado. Ele aceitou o conselho de Draco e sentou-se
na ponta da cama – Eu acho que eu não tenho nada a ver com isso!
Ele
parecia infeliz, Hermione se sentiu culpada.
-
Harry... eu sei o que você deve estar pensando...
-
Não, você não sabe!
-
Eu sei que você não gosta do Draco...
-
Não gosto dele?_ o tom de voz de Harry dava a impressão de que ele
tinha acabado de ouvir Hermione dizer que ia sair para jantar com Voldemort –
Esse é Draco Malfoy, Hermione, você se deu conta de que estamos falando de
Draco Malfoy? Aquele que tentou mandar Hagrid para Azkaban um milhão de vezes?
O cara que te chama de Sangue Ruim? O cara cujo pai fez o pai de Ron ser
demitido do Ministério da Magia...
-
Eu não sabia disso!_ a voz de Harry veio do final do quarto
-
Cale a boca!_ Harry gritou, sem tirar os olhos do rosto de Hermione – O Draco
Malfoy que queria te ver morta? Você lembra disso, Hermione?
-
Ele está diferente agora._ ela protestou, sabendo o quão idiota isso parecia
– Ele está mudado!
-
Mudado?_ repetiu Harry,
agora dando a impressão em seu tom de voz que ela havia acabado de contar que
ia sair para jantar com Voldemort e levar uma garrafa de vinho bom.
-
O que Ron diria se ele soubesse que você estava se agarrando dentro de um armário
com o filho do cara que fez o pai dele ser demitido e praticamente levou a família
inteira à bancarrota? Se não fosse pela loja de brincadeiras de Fred e Jorge,
eles estariam morando debaixo da ponte, e você sabe disso.
-
Isso não é justo!_ disse Hermione, ofendida pela menção ao nome de Ron –
Isso foi Lúcio, e não Draco.Eu não te culpo pelo que os Dursley fazem, eu te
culpo?_ ela mudou sua voz para um sussurro – Harry..._ ela disse de novo –
ele está diferente agora. Quando nós estávamos tentando chegar na casa pelo
lado de fora, ele pulou na frente de uma flecha que estava mirada em mim! Ele
salvou minha vida! Isso não significa nada?
Harry
olhou para ela. Seus olhos castanhos estavam arregalados e seus lábios estavam
tremendo.
-
É a Poção Polissuco, Hermione._ ele disse – Você sabe disso. Você parece Hagrid,
adotando um monstro horrível e insistindo que ele é bem-comportado. Qualquer
dia ele vai morder sua mão. Tanto quanto tirarmos o feitiço da poção dele
quanto antes.
-
Como você sabe que é a poção, Harry?_ perguntou Hermione, lançando um olhar
ansioso a Draco
-
Porque..._ Harry começou, parou e olhou para ela. Ela podia dizer que ele
estava decidindo se contava ou não algo para ela. – Porque eu posso sentir o
oposto em mim, está certo?
-
Você quer dizer... você pode ouvir o que ele está pensando?
Ele
balançou a cabeça.
-
Não. Algo mais._ ele tirou sua varinha do bolso e fez um gesto para que ela se
aproximasse – Assista a isso, Hermione!_ ele disse, e apontou a varinha para
um par de aranhas, que estavam fugindo por um buraco na laje. – Cruoris!_
ele sibilou
Hermione
sentiu seus olhos arregalarem.
-
Harry_ ela disse, aflita – Isso foi... Magia Negra, não foi?
-
Isso não foi nem o pior dos feitiços!_ disse Harry, inexpressivo, olhando para
a aranha restante, que estava agora bem mais gorda do que antes, correr pelo
quarto – A maioria é bem pior!
-
Mas você nunca fez Magia Negra na sua vida!_ disse Hermione, chocada – E é
preciso muita prática...
-
Eu nunca fiz!_ disse Harry – Mas ele já._ e ele apontou sua cabeça
para Draco – Agora você entende?
-
Oh, Harry..._ ela disse, e sentou-se ao lado dele na cama
Ela
podia ver o quão triste ele estava, e podia sentir o seu próprio coração se
despedaçando. Ela havia prometido a si mesma que não se sentiria culpada por
ter beijado Draco no armário, mas agora, ela se sentia. Isso não fazia
sentido, ela não devia nada a Harry, ele provavelmente sequer gostava dela
daquele jeito, mas mesmo assim ela se sentia culpada e não podia fazer nada
para se sentir melhor. Silenciosamente prometendo que nunca mais beijaria Draco
de novo, ela disse ferozmente:
-
Nós vamos sair disso, Harry. Nós vamos tirar Sirius do calabouço, e nós
vamos tirar o efeito da poção de você, e tudo voltará a ser como antes.
-
Como eu posso ser bom para Sirius assim?_ perguntou Harry, triste – Esse eu
ficar louco e mau de repente? E se o efeito da poção nunca passar?
-
Então quando tudo acabar, podemos ir ao Ministério._ disse Draco, que já
havia voltado para perto de Harry e Hermione e estava olhando Harry com irritação
– Você pode parar de sentir pena de si mesmo, Potter? Você não vai ficar
louco e mau, você tem um pouco de mim em você, e não um pouco de Voldemort.
-
Mesma coisa_ disse Harry, olhando para o chão
-
Certo_ disse Draco - Me diga: quando foi que o menino que sobreviveu virou o
menino que encheu o saco?
-
Ah, muito engraçado!_ disse Harry – É uma pena que nenhum dos sonserinos
estejam aqui para rir da sua piada, Malfoy!
-
Eu também não escolhi ter poderes Gêmeos Maravilhosos com você, mas eu não
fico fazendo essa cena ridícula._ disse Draco resumidamente
-
Não_ disse Harry, bem sarcástico – Seu método de resolver problemas
agarrando Hermione está fazendo maravilhas. Você trata as crises do seu jeito,
Malfoy, eu as trato do meu.
-
Meu jeito é mais divertido!_ Draco
salientou
-
O seu jeito_ disse Harry – vai fazer você pagar com a própria cabeça.
-
Agora sou eu falando, sou eu!_ disse Draco, agradado – Eu reconheço o mau
humor!
Harry
não parecia sequer ter energia para mandar Draco calar a boca. Ele simplesmente
olhou para Draco, pegou o mapa, e disse:
-
Se temos que ir, é melhor irmos agora.
Eles
foram, Draco pegando a capa da invisibilidade, Hermione pegando sua varinha, que
havia caído dentro do armário, na confusão. Quando o trio andou até a porta,
Harry chegou perto de Draco e sussurrou, bem baixo, para que só Draco o
ouvisse, e Hermione não:
-
Ela só gosta de você porque você tem a minha aparência.
Draco
parou de sorrir.
**
A
primeira parte do plano correu extraordinariamente bem. Draco, na capa da
invisibilidade, foi até a sala de visitas, checou que não havia ninguém por
perto, e abriu o alçapão para Harry e Hermione. Eles desceram as escadas e
Draco os seguiu.
Usando
uma mistura das lembranças de Draco das passagens subterrâneas, e do mapa
incompleto de Harry, eles caminharam vagarosamente pelos túneis. Hermione
espantou-se com o tamanho dos túneis. Os aposentos subterrâneos pelos quais
passaram eram do tamanho de quadras de tênis, alguns com estalactites
faiscantes, que mais pareciam jóias, presas ao teto.
-
Há mais cômodos debaixo de sua casa do que em sua casa, Draco._ ela
disse
-
Eu sei._ disse Draco, à esquerda dela – A mansão só tem seiscentos anos,
mas essas passagens têm no mínimo um milênio. Minha mãe supõe que as
passagens foram algum tipo de cidade subterrânea.
-
Você sabia que sua mãe esteve na escola na mesma época que meus pais?_
perguntou Harry, que ainda não parecia muito amigável, mas parecia ter cedido
à situação
-
Eu sabia que ela estudou em Hogwarts._ respondeu Draco
-
Ela foi amiga de Sirius._ disse Harry
A
voz de Draco estava monótona. Ele não parecia querer falar sobre sua mãe:
-
Ela nunca falou sobre ele.
Hermione
estava andando atrás dos garotos. Ela estava pensando sobre o que aconteceu
entre ela e Draco no armário. Ela se perguntou se Draco também estava pensando
sobre isso. Era difícil dizer, devido ao estado invisível no qual ele se
encontrava.
Não
foi o primeiro beijo dela. Ela já havia beijado Ron algumas vezes no quinto
ano, mas não foi nada sério, porque toda vez que seus lábios encontraram os
de Ron, Ron ficou aterrorizado e correu, e eles se ignoraram por dias depois
disso. Isso irritou Hermione, e ela decidiu que eles seriam somente amigos desse
dia em diante, o que foi um grande alívio para os dois.
Também
havia Viktor. Hermione sorriu para si mesma. Coitado do Viktor! Ela nunca havia
gostado muito dele, contdo ela deixou que ele a beijasse várias vezes. Ela
havia, na verdade, prestado atenção nele na esperança de deixar Harry com ciúmes,
o que não aconteceu. Harry, como sempre, parecia capaz de ver dentro dela, e
podia dizer sem pestanejar, que ela não estava realmente interessada em Viktor.
Ela
se lembrou de como fora feliz antes da Segunda Tarefa no Torneio dos Três
Bruxos, quando disseram que ela seria a refém para um dos campeões: a “coisa
que o campeão iria sentir mais saudades”. Ela havia achado que seria a refém
para Harry salvar. A lembrança do quão desapontada ela ficou quando descobriu
que ela seria na verdade a refém para Viktor, tirou o sorriso de seu rosto.
-
Chegamos!_ disse Draco, de algum lugar a sua direita – Esperem!
Eles
estavam na entrada do calabouço, agora firmemente trancada com o cadeado em
forma de cobras. Houve uns sussurros quando Draco andou até o portão, e
presumidamente fez o que devia ser feito para abrir o cadeado, que caiu para o
lado, e o portão abriu, rangendo.
Harry
pegou a mão dela, quando eles passaram pelo portão, e ela apertou a mão dele,
bem forte. Era assustador lá, e o próprio calabouço já era muito escuro.
Harry puxou-a para frente, e atrás dela, fracamente, ela podia ouvir Draco os
seguindo.
Harry
se ajoelhou na frente de umas grades, e Hermione ajoelhou-se a seu lado.
-
Sirius_ disse Harry num sussurro – Sirius, você está acordado?
Não
houve resposta.
-
Sirius!_ repetiu Harry, mais insistente
Uma
fraca luz brotou como um vaga-lume na escuridão da cela. Quando ficou visível,
Hermione deu-se conta de que era a luz de uma varinha. Ela se expandiu e
iluminou a cela, mostrando o chão vazio e coberto por palha, as paredes úmidas,
e Lúcio Malfoy e Rabicho sentados no banco que Sirius estava deitado uma hora
atrás. Lúcio, segurando a varinha iluminada em sua mão direita, estava
encarando Harry com uma expressão de raiva.
-
Draco_ ele disse pelos seus dentes – O que você está fazendo aqui?
Atrás
dela, Hermione podia ouvir o verdadeiro Draco ofegando num choque audível. Mas
Harry estava muito atordoado para falar. Seus olhos saíram violentamente de
Sirius para o banco de pedra no qual ele viu Sirius pela última vez, e depois,
voltaram para o pai de Draco.
Hermione
percebeu que, se alguém devia fazer alguma coisa, esse alguém era ela. Ela se
levantou bruscamente, soltando a mão de Harry.
-
Senhor Malfoy!_ ela disse – A culpa é toda minha.
O
olhar de Lúcio a golpeou, e ela viu incredulidade escrita no rosto dele.
-
E quem_ ele disse com alguma dificuldade – é você?
-
Eu sou a namorada de Draco_ ela disse – Eu sou... Lilá Brown.
Ela
mordeu seus lábios e se desculpou silenciosamente com Lilá, cujo nome ela
havia pego emprestado porque os Brown eram uma antiga e bem-respeitada família
de bruxos, algo que Lúcio Malfoy com certeza sabia.
Harry,
que havia arregalado os olhos para ela do jeito de um sapo gordo, tentou segurar
o tornozelo dela, como uma advertência. Ela pisou na mão dele.
-
Draco e eu estávamos tendo um debate._ ela disse, pestanejando para Lúcio –
Ele disse que sua família tinha o maior calabouço de toda a Grã-Bretanha, e
eu disse que quem tinha eram os Rockwood, e, bem..._ ela olhou para o chão –
Eu o fiz me trazer para cá. Foi tudo culpa minha!
E
ela de debulhou em lágrimas, o que não foi difícil, já que a situação era
muito estressante. Como ela havia esperado, Lúcio Malfoy, que era perfeitamente
preparado para todo o tipo de tortura e Magia Negra, estava despreparado para o
espetáculo de uma adolescente chorona. Ele parecia bastante balançado.
-
Pare com isso!_ ele disse para Hermione – De todo modo, como você chegou até
aqui?
-
Pó de Flú._ disse Hermione, chorando com mais intensidade – Eu sentia tanta
falta de Draco quando ele não estava na escola... E eu queria ver Sirius Black,
porque ele é um dos bruxos mais temidos da Inglaterra e eu não podia acreditar
que o senhor o capturou, Se4nhor Malfoy... oh, e eu não sabia que o pai de
Draco era um bruxo tão magnífico.
Isso
animou Lúcio.
-
Bem..._ ele disse – Não houve nenhum prejuízo, eu creio, até porque Black não
está mais aqui. Nós colocamos-no em outra cela.
Hermione
olhou para ele de trás de seus próprios dedos, esperando que ele desse mais
informação, mas ele não parecia inclinado para isso.
-
Eu devo dizer_ Lúcio continuou, olhando para Harry, agora – Que estou
aliviado de ver que você tem uma namorada, Draco. Eu estava começando a achar
que você era gay.
Houve
um som abafado atrás de Hermione, já que o verdadeiro Draco se mexia
indignado.
-
Hã..._ disse Harry – Certo. Bem, eu não sou gay. Apesar de eu saber porque
você pensou isso._ ele continuou – Tudo por causa daquelas roupas cheias de
frufrú...
Ele
parou de falar porque Draco pisou com um pé invisível em seu tornozelo.
-
E ela também é bastante bonita_ disse Lúcio, que estava olhando para Hermione
de novo. Não era um olhar que a agradava – Por que não subimos para nos...
conhecermos melhor?_ ele olhou para Rabicho – Pedro, fique com o prisioneiro
no outro cômodo até que ele chegue aqui.
Rabicho
acenou com a cabeça. Ele estava olhando Hermione com uma expressão bastante
confusa. Com uma sensação horrível no estômago, Hermione se deu conta de que
ele estava provavelmente tentando se lembrar de onde a viu antes. Porque a
verdade era que ele a havia visto antes... com Harry. Mas é claro, ela
tinha treze anos, e ela tinha agora dezesseis, e não há mudanças maiores na
aparência de uma garota do que essas que acontecem entre os treze e os
dezesseis anos... ela estava uns vinte centímetros mais alta, tinha um longo e
sedoso cabelo liso no lugar do volumoso cebelo curto de antes, e é claro, seus
dentes estavam diferentes, e seu corpo,... argh! Ela esperava que Rabicho não
estivesse olhando para seu corpo.
-
Enquanto isso..._ disse Lúcio – Lilá e eu vamos subir e conversar. Draco,
levante-se! Você pode vir conosco, se quiser.
E
ele saiu da cela, segurou o braço de Hermione e a carregou à força para cima.
Um Harry muito melancólico andava atrás deles.
**
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