Capítulo 10 - Um Estranho Jantar
Parte 2  - Quando tudo fica ainda pior

Tathy estava tensa, a qualquer momento alguém podia aparecer e Harry estaria em perigo. Ela não se importava com o que poderia acontecer com ela, porque os Comensais não sabiam quem ela realmente era, e se soubessem talvez tivessem medo de machuca-la, porém medo maior seria o que Voldemort faria se soubessem que a tinham machucado. No entanto Harry era o alvo principal, e Tathy tinha medo de onde poderia acabar tanta ousadia. 

- Harry, você sabe para onde estamos indo ou simplesmente confia demais na sua intuição? – perguntou Tathy.

- Okay, eu garanto a você que não vamos ficar perdidos aqui, se é isso que você quer saber – confirmou Harry.

- Harry, você tem certeza do que está fazendo? Nós já nos perdemos uma vez, e eu acho que com o Draco seria mais seguro... – Tathy começou a dizer num tom de precaução.

- Tathy, não é a primeira vez que eu estou procurando alguma coisa num lugar assim, eu já estive em mais lugares desconhecidos e perigosos que você possa imaginar. Com o Malfoy e a Gina por perto eu não conseguiria tentar do meu jeito, são vidas demais em jogo, agora que eles estão salvos, por favor, me deixe tentar resolver as coisas do meu modo, lutando do meu jeito. Confie em mim, eu jamais deixaria nada te acontecer de mal – os olhos de Harry não tinham nenhum vestígio de súplica ou incerteza, transpareciam coragem e davam segurança a Tathy, talvez ainda fossem a base que a mantinha firme.

- Minha nossa, Harry! – Tathy suspirou – Eu não quero me arrepender disto, definitivamente eu confio em você. Vamos... – ela deu três passos decididos para a frente, mas Harry puxou a mão dela.

O corpo de Tathy virou para Harry e, em seguida colou bem perto do dele, as mãos de Harry passaram pela cintura dela, e a abraçaram nas costas.

- Tathy, eu amo você – Harry sorriu, e ela podia ver no reflexo dos óculos dele que ela estava sorrindo para ele também, com uma expressão meio boba. Harry estava somente encantador, com aquela maneira que parecia deixar as coisas tão descomplicadas e inocentes.

- Harry, pare com isso! – ela pediu numa voz distante, como se fosse apenas uma frase que ela tivesse decorado pra dizer, e não o que ela estava sentindo – Harry, eu já te disse antes...

- O quê? – ele olhou seriamente para ela – Que você me ama?

- Não – Tathy revirou os olhos na expectativa de não ter que encarar Harry – Eu não posso fazer isso Harry, não torne as coisas mais difíceis...

- Mas e o quê você sente por mim? Não conta nada? – perguntou.

- Já basta o fato de eu te amar para me deixar tonta quando eu chego perto de você assim, e você ainda não me ajuda a resistir – Tathy lançou um olhar rápido a Harry e voltou a olhar para o chão – Eu não posso ficar com você. Tenha isso sempre em mente.

- Por quê? – Harry insistiu, decididamente ele não iria aceitar tão fácil – Eu não consigo, você é linda, é inteligente, você me ama também do mesmo modo que eu te amo, eu quero ficar com você. Você não acredita em mim?

- Eu acho que você tem pessoas a sua volta que podem te fazer mais feliz do que eu, e é tudo que eu quero. Nem que você tenha que roubar a Gina do Draco, nem que você tenha que me esquecer e lutar por ela. Acredite, eu te amo tanto que torceria por isto.

- Eu não posso – Harry respondeu seriamente e Tathy sentiu as pontas dos dedos finos de Harry agarrarem com mais força as costas dela – Antes de te conhecer, eu disse a Gina que se ela havia se apaixonado pelo Malfoy, ela deveria lutar por ele e ir até o final. Porém quando ela estivesse preste a desistir, que ela continuasse por minha causa, e não me decepcionasse porque estaria torcendo para os dois ficarem juntos. Porque eu, nunca dei atenção para ela e não merecia o amor dela.

- Eu sei, mas às vezes dissemos coisas sem pensar. Senão, você não teria beijado-a no labirinto...

- Aquilo foi um erro – Harry admitiu – Eu me arrependo, porque eu nunca tinha me sentido daquele jeito antes, eu fui egoísta. Eu queria que as coisas continuassem como sempre, que a Gina ficasse me amando mesmo que eu não desse a mínima atenção pra ela. E quando notei que o Malfoy estava gostando dela, eu senti ciúmes, como se depois de tanto tempo eu não pudesse perde-la. Mas logo depois, tudo venho à tona, que eu realmente não a amava, que um dia ela teria que se desprender de mim, e eu já pedi desculpas à ela pela bobagem que eu fiz. E agora eu quero pedir a você, eu sei, foi um grande engano.

- Tudo bem, Harry... Mas não daria pra você me soltar?

- Eu não entendo, o quê eu fiz? – ele olhou confusamente para ela.

- Não é problema seu, sou eu – Tathy estava ligeiramente exasperada – Eu quase morri, quando te vi desmaiado por mais de duas horas.

- Caramba, como você é persistente! – disse Harry sorrindo – A dor na minha cicatriz não foi você, eu garanto. Só Voldemort é capaz de provocar aquilo. E eu prometo que desta vez vou ficar de pé até o final.

- Até o final do quê? – perguntou Tathy desconfiada.

- Disto – Harry puxou o corpo de Tathy para mais perto de si, se isto era possível. Ela sentiu suas pernas tremerem, os dois inclinaram a cabeça, e suas bocas ficaram levemente encostadas.

Tathy sentiu o cheiro doce de Harry, um perfume suave, que misturava o cheiro da camisa dele com hortelã, era um cheiro particularmente de Harry, só dele, e era muito bom.
Harry sentiu a respiração dela escapando por entre seus lábios, numa forma de relutância ou medo de se entregar a Harry, mesmo assim ela continuava imóvel.

- Lute contra isso – disse Harry numa voz baixa e amável, e os olhos de Tathy se fecharam depois de olhar pela última vez Harry, e definitivamente ela sentiu que suas pernas cederam e seus braços se apoiaram atrás da nuca dele, sobre seus ombros largos.

E Harry fechou seus olhos enquanto pressionava seus lábios contra os dela. Os dois abriram a boca numa sintonia perfeita, e Harry sentiu as mãos de Tathy apertarem firmemente seu pescoço, e irem deslizando sobre seus cabelos arrepiados, ele sentiu o gosto dela em sua boca, ela tinha um sabor muito bom, suas mãos foram subindo pelas costas delicadas dela,e a outra acariciava a maça do rosto de Tathy tão fina.
Eles ficaram se beijando durante algum tempo, até Tathy ouvir seu próprio ego dizendo irritantemente em sua mente que não era certo o que ela estava fazendo, que ela tinha que se manter longe de Harry para não causa-lo mal.
“ Mas eu amo ele, eu não posso...” ela sentiu o toque de Harry pegando fogo por toda a sua pele, ela não queria parar de sentir o que ela estava sentindo, ela não queria parar de beija-lo.
“Mas você tem que.” disse a voz determinante, e bruscamente Tathy descolou os lábios de Harry dos dela e se afastou.

- O quê houve? – Harry olhou para Tathy que estava com uma expressão pálida e assustada.

- Harry, temos que procurar a Espada, não podemos ficar perdendo tempo – balbuciou Tathy.

- Eu realmente não esperava que nosso beijo significasse perder tempo pra você – Harry tentou puxa-la pelo braço, mas Tathy se afastou.

-  Harry, esta não é a hora e aqui não é o lugar – Tathy olhou seriamente para Harry, que primeiro pareceu não concordar com que ela havia dito, mas depois entendeu que não adiantaria discutir ali.

- Tá certo – Harry disse e Tathy sentiu uma pontada em seu coração – Esquece, vamos sair daqui.

Harry desejou que existisse alguma espécie de Mapa do Maroto da Mansão Malfoy, para que ele pudesse se guiar. Ou que a Mansão, não tivesse tantos cômodos estreitos e salas enormes, aparentemente todas suspeitas. Aparentemente, porque Lúcio Malfoy não esconderia uma Espada tão poderosa num lugar facilmente visível, pelo que Harry conhecia dos Malfoys eles eram cautelosos, ainda mais com objetos de magia negra.

Harry e Tathy perderam a noção se ainda estavam no primeiro andar, ou se já haviam subido para o segundo, porque o caminho que eles estavam fazendo era circular como se desse uma volta por fora dos aposentos da Mansão.

- Seria mais fácil procurar uma varinha no Gringotes do que achar a Espada aqui – reclamou Tathy.

- Mas isso não importa – disse Harry determinado entrando num aposento que ele achou que caberia o Salão de Hogwarts dentro, havia quadros de homens com o rosto fino e narigudos, e os cabelos loiros platinados no alto das paredes, uma mesa de imbuia no centro, essa mesa deveria ter uns seis metros de comprimento, e havia pergaminhos, tintas e penas espalhados por cima, pilhas de livros no canto, e vidros de poções, assim como globos de vidros que aprisionavam criaturas estranhas. No fundo da sala, duas portas, uma à direita e outra à esquerda, entre as duas portas uma lareira muito esquisita. O fogo que crepitava era cinza, e as chamas pulavam pra fora como se quisessem afastar as pessoas dali.

Harry e Tathy se entreolharam desconfiados e deram um passo em direção à porta, no mesmo instante que um barulho de ferro os chamou a atenção. Os dois se viraram e havia um homem parado na porta.

Esse homem podia ser confundido com algum parente de Hagrid, porque nem a porta conseguia ser tão larga e tão alta quanto ele, os cabelos oleosos e sujos batiam na cintura, e ele tinha dois sapatos de ferro. Harry deu um passo para trás e sentia Tathy respirar com alguma dificuldade do seu lado.

Eles estavam realmente com um grande problema.

    **    **

Gina e Draco estavam jantando com o resto dos Comensais da Morte. Parecia uma festa da Corte da Idade Média, um grande banquete, fantasmas circulando com bandejas de prata e os mais nojentos membros do partido das Trevas rindo friamente em volta da mesa.

- Eu pensei que adolescentes não devessem ser influenciados a tomar bebidas alcoólicas – disse Gina tomando mais um gole do seu vinho, a taça já estava pela metade.

-  Não se esqueça que o meu pai não liga para o “politicamente correto”, a maior filosofia de vida dele é “curta a vida, mesmo que você acabe destruindo-a aos poucos”, claro depois de “poder é tudo”.

- Falando em destruir, eu não posso beber mais – falou Gina seriamente colocando sua taça longe.

- Por quê? – Draco sorriu – Se você ficar bêbada eu te carrego pro quarto com o maior prazer!

- Não, eu estou mais preocupada no quanto eu posso engordar se continuar tomando esse vinho, vinho engorda e eu tenho que manter meu peso.

- Ora, vamos! – Draco pegou a taça e devolveu pra ela – Você vai poder desfilar no máximo para o Lord das Trevas, isso se ele quiser tirar uma com a sua cara antes de te matar!

- Pensei que você quisesse ter uma namorada decente, não uma bola ambulante! Mas se você não se importa nada com isso, tudo bem, eu vou engordar até explodir... – replicou Gina fazendo careta.

- Mas você não é realmente minha namorada – disse Draco – No momento meu total de namoradas é nenhuma, e o total de chance que eu posso ter de namorar você um dia é...

- Possível – completou Gina.

- O quê? – ela viu que os olhos de Draco estavam levemente arregalados.

- Foi o que você ouviu... – Gina deu de ombros, e tentou desviar o olhar, mas ela não conseguiu disfarçar que havia ficado envergonhada – Você é bonito e legal, por que uma garota não iria querer namorar você?

- Simplesmente porque eu sei que isto não basta pra conseguir namorar uma menina como você – Draco lançou um olhar galanteador para Gina, e ela sentiu derreter por dentro – Eu sei que tem mais um monte de coisas que você queria que eu dissesse ou fizesse, mas isso não importa agora.

- Você realmente sabe o que eu quero que você me diga? Você acha que sabe disso?

- Sei – ele respondeu secamente – Você queria que eu fosse igual ao Potter, dissesse coisas românticas e não tivesse o caráter duvidoso. Mesmo que depois eu me arrependesse de tudo e fosse correndo atrás da Tathy inventando uma desculpa esfarrapada pra você.

- Draco! – ralhou Gina – Você não precisa ser tão sarcástico quando narra o que o Harry decide ou não fazer, e você quer saber?! Eu não estou nas mãos dele, não porque ele é tudo isso que você disse e só porque foi o menino que eu estive apaixonada durante cinco anos...

- Realmente com este currículo você fica nas mãos dele – complementou Draco num tom provocante.

- Mas eu não estou nas mãos dele! – disse Gina terminantemente tentando manter o tom de voz baixo para que ninguém mais pudesse ouvir – E mesmo que o Harry quisesse ficar comigo eu não ficaria com ele porque tenho personalidade própria...

- Você não ficaria com ele? – os olhos cinzas encararam Gina de uma forma que Draco nunca havia feito antes, o cabelo prateado dele caía levemente sobre seus olhos, Gina sentiu um frio na barriga.

- Não, mas não precisa ficar cheio de esperança... – Gina sorriu se sentindo superior.

- Eu? – o tom de voz dele ficou mais esganiçado, mas o olhar permaneceu o mesmo – Você acha que eu estou correndo atrás de você, Gina Weasley?

- Você acha que está fazendo isso? – replicou Gina, e ela viu os olhos de Draco reluzirem como se ele estivesse tendo uma grande idéia.

- Que tal discutirmos essa questão longe daqui? – ele propôs, mas sua voz saiu mais alta do que esperava. Draco olhou à sua volta e percebeu que todos os Comensais haviam ficava em silêncio e agora o encaravam.

- É claro jovem Malfoy que você poderá discutir o que quiser com a sua namorada longe dos nossos olhos – disse Macnair com um sorriso desdenhoso – Mas antes que tal você apresenta-la para nós?

Gina sentiu o punho de Draco se fechar embaixo da mesa, mesmo assim ele manteve a elegância e se levantou, afastou a cadeira de Gina e ofereceu uma mão para levanta-la.

- Bom... – a voz de Draco não demonstrava nenhuma insegurança, ao contrário de Gina – Esta é a minha namorada, Susana Bones!

Gina sentiu muitos olhos examinando-a exatamente como Narcisa Malfoy havia feito no escritório.

- Seja bem-vinda ao nosso círculo de amigos, aposto que você vai adorar conversar sobre esses assuntos com o Draco, apesar de que ele nunca foi muito interessado em nossos jantares – disse Avery.

- O que o jovem Malfoy precisava era de uma moça para incentiva-lo a participar mais de nossas conversas... – completou Nott – Ela parece ser muito inteligente... Parabéns! Você teve sorte, Draco...

- Sem duvida, a sua namorada é mais do que a gente esperava que você pudesse conseguir – falou Avery novamente, e Draco ficou com a expressão mais rígida – Agora queríamos comprovar realmente se você é homem para namorar.

- Do que você está falando? – replicou Draco.

- Queremos uma demonstração do casal, porque você não a beija e fica oficializado o namoro de vocês. Vamos lá, Draco não precisa ficar envergonhado... todos nós queremos presenciar esse momento importante na vida de um homem, quando começam as responsabilidades.

Draco olhou de relance para Gina e percebeu que ela estava púrpura, e que olhava com um certo suplício para ele. Ela tentava sorrir forçadamente para os convidados, mas dava soquinhos nervosos na perna de Draco. Draco retribuiu o olhar dela, meio sem saber o que fazer:

- Isso é ridículo – disse – Não preciso provar nada a ninguém...

- Beije-a! – disse Macnair com um sorriso maquiavélico.

- Vamos, filho! – interviu Lúcio Malfoy num tom em que não haveriam discussões – Beije logo sua namorada e deixamos vocês em paz ou você não é homem suficiente...

Draco olhou para Gina como se pedisse desculpa, porque ele sabia que Gina não queria beija-lo novamente, mas no meio dos Comensais da Morte ele não tinha saída, ainda mais agora que os dois tinham virado o centro das atenções. Draco segurou delicadamente o rosto de Gina e a beijou.

Gina não sabe se foi o momento mais demorado e delicioso da sua vida, ou se foi tão rápido que mal conseguiu sentir o beijo dele direito. Ao mesmo tempo em que ela sentia os lábios de Draco e o gosto dele, parecia que ele a havia largado tão rápido.

Draco parecia nervoso e talvez infeliz, ela não conseguia perceber como ele estava se sentindo, era totalmente impossível saber o que passava na mente dele. Alguns comensais riram, e fizeram comentários inaudíveis aos dois, porém um segundo depois as cabeças já haviam se inclinado para os lados e as rodas de conversa recomeçaram.

Draco puxou a cadeira de Gina, e os dois saíram imediatamente dali.
    **    **


Harry e Tathy estavam com a Capa da Invisibilidade, então era provável que ninguém pudesse vê-los. Errado. Harry olhou diretamente para o homem que parecia estar enxergando-os sem nenhuma dificuldade, e viu que ele tinha um olho mágico.

- Tathy – Harry virou-se para a menina e disse numa voz tensa – Ele é um Auror!

O gigante que estava do outro lado do aposento caminhava lentamente em direção aos dois, e sem poder correr para lugar nenhum eles sentiam o barulho dos ferros se aproximando.

- Harry Potter! – rugiu uma voz tenebrosa – O quê você está fazendo aqui? Os convidados te esperam na sala...

Tathy estava pálida ao lado de Harry.

- Vocês não vão escapar... – disse o gigante a poucos passos de distância.

Harry olhou para trás.

- Pra direita ou pra esquerda? – ele perguntou num tom de urgência para Tathy.

- O quê? – ela replicou.

- Corre! – Harry disse puxando Tathy pela mão e entrando desesperadamente pela porta da esquerda.


Eles entraram num corredor estreito, longo e escuro.

- Droga! – praguejou Harry arrastando Tathy atrás dele – Ele consegue ver através das portas, estamos ferrados.

- Temos que despista-lo – eles ouviam os passos do homem, mas não se atreviam a olhar para trás.

- Mas não há muitas opções – disse Harry porque o corredor continuava uma linha reta e estreita até se perder de vista.

**    **

            
Quando Gina ficou sozinha com Draco no corredor do primeiro andar, ela certamente não sabia como agir, já era da personalidade se Gina ser envergonhada com os meninos, ainda mais meninos que mexiam com ela como Draco Malfoy. E sua timidez ficou mais evidente depois do beijo no Salão.

- Me desculpe – balbuciou Draco, enquanto se sentia um estranho para Gina e ao mesmo tempo um tanto idiota – você sabe que eu não tinha escolha.

Draco esperava um olhar de compreensão ou algo parecido, mas ela nem parecia a mesma Gina de antes, aliás, parecia uma menina insegura.

- Será que você pode ao menos olhar pra mim? Eu não vou te morder, e muito menos sair te agarrando pelos corredores a qualquer oportunidade... – E aquele beijo não significou nada pra mim... – Draco mentiu.

- Não?!? – os olhos de Gina se voltaram surpresos, e depois ela continuou irônica – Bom, o problema não é se você resolver me agarrar nos corredores, mas se você quiser me morder daí sim é um problema...<<Eu estou brincando, Draco... também não é pra você se empolgar...

- Já que você voltou ao normal vamos ver como o Harry está?

- Vamos – ela concordou – E eu não tenho medo de você, não quero que você ache que eu sou uma menininha idiota...

- Se você for, é a mais linda que eu conheço... – Draco a abraçou pelas costas – Calma...

Os dois entraram no quarto de Draco, mas não havia ninguém ali.

- Draco – Gina olhou preocupada para o garoto – você acha que alguém os pegou?

- Não, definitivamente ninguém entra no meu quarto quando eu não estou aqui... – ele respondeu sentando na cama.

- Mas essa não é uma boa hora para o Harry fazer as coisas do jeito dele, e ainda por cima levar a Tathy junto... será que ele não pensa que é perigoso? – ela disse irritada.

- Onde é que esse Cicatriz metido a herói se meteu? – indagou Draco ficando bastante zangado – Agora eu vou ter que sair atrás dele como se ele fosse uma criancinha de dois anos...

- E eu vou junto – disse Gina firmemente.

**   **

Harry e Tathy já estavam cansados de correr e o barulho dos passos não parecia diminuir tão pouco, até que finalmente acharam uma luz no fim do túnel, ou melhor, duas portas de saída. Eles entraram rapidamente em uma e Harry puxou Tathy para dentro do armário que tinha naquele cômodo escondido da Mansão Malfoy.

- Shii! – Tathy viu Harry fazendo sinal para ela não se mexer, eles sabiam que se o Auror olhasse para o armário velho no canto, eles estariam realmente ferrados.

Tathy afundou seu rosto no peito de Harry tremendo de medo que o pior pudesse acontecer, de novo as botas de ferro denunciavam que o homem estava por perto. Mas desta vez ele felizmente passou reto e fazendo um pequeno terremoto.
Harry respirou aliviado e quando colocou a mão na maçaneta para abrir a porta, alguém abriu antes que ele. Harry e Tathy levaram um susto com a cabeça loira platinada que entrou ali dentro.

- Malfoy! – gritou Harry exasperado – Você quase me matou do coração.

- O
Potterzinho estava com medo do escuro? – replicou num tom irônico.

- Por acaso você não viu o amigo assassino do seu pai pelos corredores? Ele parece uma máquina destruidora... com tantos amigos legais assim, se eu fosse você começava a praticar boxe agora mesmo. Esquece, você não deve saber o que é isso! – disse Harry empurrando Draco e saltando pra fora do armário.

- E você devia colocar um pouco mais de juízo nessa sua cabeça, Harry – disse Gina num tom severo igual ao da profª McGonagall – Que idéia maluca foi essa?

-  Hei, como vocês sabiam que a gente estava aqui? – Harry achou melhor responder a pergunta de Gina com outra.

- Nós viemos da biblioteca e você, Potter devia ficar feliz que encontramos vocês aqui antes que o amiguinho do meu pai comesse vocês no jantar... se bem que o seu gosto não deve ser nada bom... – disse Draco.

“Que estranho” pensou Harry intrigado “Se eles vieram da biblioteca não deviam ter batido de frente com o Auror? Eu não vejo nenhuma outra saída daqui... Interessante, eu acho que essa casa tem mais passagens secretas e cômodos que se movem do que Hogwarts”


     **    **


Hermione estava sonhando com Rony naquela noite, os dois estavam namorando embaixo de uma árvore em Hogwarts, o jardim estava deserto.
Rony a abraçava e fazia horas que os dois estavam juntos conversando de coisas bobas e olhando para o céu, mas mesmo assim não estavam cansados porque sempre que ficavam perto um do outro tudo se tornava magicamente perfeito. Era um sonho que parecia tão real para Hermione, um sonho que ela queria que se tornasse real, mas tinha medo.
E quando ela percebeu tinha acordado, ainda era de noite, o vento balançava as cortinas do quarto de Gina, onde ela havia colocado sua mala depois que a garota tinha partido. Por um momento Hermione ficou lembrando do sonho e suspirou para logo depois ficar indignada com seus próprios pensamentos.

“Como eu posso estar pensando em namorar o Rony numa hora dessas? Os meus amigos em perigo e eu não penso em outra coisa a não ser em meninos? Eu tenho que fazer alguma coisa...”

Hermione vestiu uma saia de jeans e uma camiseta amarela e saiu decidida a ir até a Estação de Trem mais próxima para encontrar Lupin no Beco Diagonal, já que não havia mais Pó de Flu e ela não sabia pilotar vassouras muito bem.
A noite estava fria, e Hermione lembrou-se do que Rony disse sobre ela ser indefesa... mesmo assim Hermione decidiu não chamar Rony porque se fizesse isso certamente ele não concordaria em partir naquela hora e talvez esperar não fosse a coisa certa a fazer, especialmente quando uma teimosa Hermione está firmemente decidida a ajudar seus amigos.

O cenário não agradava muito a Hermione, e ela tinha plena consciência que atravessar a floresta de madrugada não era algo que podia ser chamado de seguro, somando a isto o fato de Voldemort estar livre e vigiando-os.
Hermione não queria pensar nisso enquanto se afastava da Toca, porque estes pensamentos faziam ela sentir arrepios que subiam ligeiramente por sua espinha. Embora nenhum desses perigos fosse capaz de faze-la deixar pessoas que ela ama, como Harry, sem ajuda em um momento tão crítico.
Hermione estava tão concentrada que nem percebeu a poça gigante de lama que estava na sua frente, e afundou completamente sua perna esquerda.

- Ótimo! – exclamou irritada – Entolada na lama!

Ela tentou inutilmente puxar sua perna, e se deu conta que tinha esquecido a varinha na Toca, então ela estava sem condições de fazer algum feitiço que pudesse tira-la dali. Sozinha certamente ela ficaria horas para sair da lama, Hermione poderia pedir ajuda, mas que animal apareceria para ajuda-la era o problema.
Depois de algum tempo tentando desatolar sua perna, ela começou a ficar realmente com medo de passar a noite inteira presa e sentindo-se meio patética gritou:

- Socorro! Alguém pode me ajudar?!? – sua voz ecoava na floresta.

Hermione puxou sua perna com toda força, se desequilibrou e caiu, sujando os joelhos e suas mãos.
“Droga” ela pensou “Como tudo isso pode ficar pior?”.

- Hermione! – disse Rony que estava parado na frente da poça, os cabelos ruivos arrepiados, e apesar da aparência de cansaço, nasceu um sorriso debochado em seu rosto – Parece que você saiu escondida para brincar na lama!

- Não seja idiota! – repicou Hermione que já estava p*** da vida.

- Hermione você não parece nada bem – ele disse – Eu acho que essa lama não combinou com você...

- Muito engraçado!

- Ok, chega de rir da sua cara. Vamos, me dê sua mão.

Hermione estendeu sua mão pingando de lama, com uma cara de quem estava muito sem graça.
Rony puxou Hermione.

- Eca! Você devia olhar mais onde pisa – ele pegou sua varinha –
Aquarius!

E toda a lama desapareceu, e Hermione ficou limpa como antes.

- O quê você estava fazendo aqui? – Rony disse desconfiado.

- Eu estava pegando um pouco de lama, dizem que é ótima em tratamento de pele – Hermione deu um sorriso.

- Eu não sabia que para isto você precisava sair de madrugada.

- Tratamento de pele noturno – respondeu.

- Às vezes eu me pergunto se você diz essas coisas porque acha que eu realmente vou acreditar ou é só pra me perturbar?

- Não, Rony – respondeu Hermione sarcasticamente – Você sempre pergunta o que eu estava fazendo como se eu fosse uma espécie de criminosa, mas você se esquece de contar a sua versão dos fatos. Me diga, o quê você estava fazendo a uma hora dessas nesse lugar?

- Eu acho que alguém saiu tão apressada que acabou nem se dando conta que deixou a varinha do lado da cama – ele disse numa nota de repreensão – E suponho que você tenha se esquecido de me avisar também, não é?

-
Atchim! – Hermione espirrou – Acho que eu peguei uma gripe.

- Vamos pra Toca, lá eu cuido de você.




Hermione sentou na mesa da cozinha enrolada em um cobertor feito pela Sra.Weasley, Rony serviu uma xícara de chá fumegante para ela e sentou do seu lado.

- Então, já resolveu o que você vai me contar? – ela sentiu o peso do olhar de Rony.

- Bom, eu só estava andando, queria esfriar a cabeça... – Hermione evitou o olhar determinante de Rony.

- Não era o que estava parecendo... – o tom de voz dele foi ficando cada vez mais agudo – Qual é o tipo de plano que você tinha? Sair à noite, sem varinha! Só faltava colocar uma placa com luzes piscando: VOLDEMORT EU ESTOU AQUI! VENHA ME PEGAR!

- Eu não estava facilitando as coisas para Voldemort – ela protestou – Eu só queria ajudar o Harry!

- E como você pretendia ajuda-lo ficando atolada na lama de madrugada?

- O seu senso de humor às vezes me impressiona. Eu iria procurar o Lupin para saber o que fazer.

- Pelo menos um pingo de lógica para quem pretendia ir sozinha até o Beco Diagonal e sem varinha.

- Rony, eu não sou nenhuma irresponsável – disse Mione indignada – E todos esses anos em Hogwarts sempre eu que tive que colocar um pouco de juízo na sua cabeça e na cabeça do Harry, o seu ditado é
“Faço o que eu digo, mas não faça o que eu faço” porque nesse assunto você também não é um bom exemplo.

- Mas você ultrapassa os limites da insensatez! – desafiou Rony – Não se preocupar com o próprio Voldemort.

- Pelo menos eu não roubei o carro dos meus pais com doze anos e sai voando no céu dos trouxas para resgatar o harry – replicou Hermione no mesmo tom.

- Então estamos quites ninguém aqui tem idéias totalmente seguras – disse Rony – Mas só você que não cumpre promessas.

- O que eu fiz agora? – indagou Hermione.

- Você tinha me prometido que não iria cometer loucuras de sair à noite para ir procurar o Harry.

- Eu tenho medo que uma noite possa ser o suficiente para eles pegarem o Harry, a gente não sabe o que está acontecendo naquela Mansão – Hermione olhou intrigada para Rony, ela queria que alguém pudesse responder como eles estavam agora.

- Nós já falamos sobre isso – disse com firmeza – o Harry é capaz de enfrentar os perigos que estão no caminho dele, os outros também irão ficar bem e, se isso serve de consolo o Malfoy está do nosso lado, ele conhece a Mansão como a própria palma da sua mão.

- O ponto de Harry e Tathy estava separado do Draco e da Gina, mas eles voltaram a se unir. É bom que nenhum deles desapareça – Hermione observou atentamente o mapa, e depois o fechou fazendo-o voltar na aparência de um besouro inútil.

- Não se preocupe – Rony acariciou o rosto dela – a única coisa que eu não quero é que você desapareça. E amanhã vamos encontrar o Lupin no Beco Diagonal, também quero saber as novidades – Rony fechou os olhos e ficou com uma expressão de sono que fez Hermione se derreter por dentro – Se você não precisar de nada, eu vou dormir...

- Não – ela garantiu – Eu estou bem.

- Tem certeza? – ele perguntou num tom carinhoso.

- Claro... tenha bons sonhos – Hermione quase disse
“sonhe comigo.”


Hermione terminou a xícara de chá lembrando de como Rony ficava fofinho com sono, e ainda tinha tempo para se preocupar com ela daquele jeito tão amável, e ela achou melhor que o seu plano não tivesse tido êxito porque viajar sem o Rony era algo que ela não queria fazer.
Hermione subiu as escadas enrolada no cobertor e viu que a porta do quarto do Rony estava entreaberta, ela hesitou mas acabou indo até lá para olhar para o Rony a última vez antes de dormir.
Mione ficou na porta olhando para ele, Rony logo virou, ele estava sem camisa.

- Algum problema? – sua voz estava modificada pelo cansaço.

- Não – Hermione disse encabulada e entrou no quarto – Eu apenas vim dizer boa noite!

- Boa noite! – ele respondeu e levantou o rosto para beijar Hermione, como ela não reagiu de nenhuma forma, ele beijou suavemente os lábios dela e ficou observando-a sem saber se isso era realmente verdade ou somente um delírio, e Rony a viu fechando a porta do quarto.


O que está acontecendo comigo? Hermione se perguntou confusa Eu nem consegui resistir quando ele me beijou... eu acho que sem eu perceber nós já estamos namorando, só falta eu me dar conta completamente disso.

     **    **

Sirius levantou o alçapão, e saiu na mesma sala que Harry havia estado há algumas horas atrás. Ele observou o tapete de vinho que forrava metade da sala, e os chifres de unicórnio pendurados na parede como se fosse um tesouro, mas para Sirius aquilo era repugnante, e do lado da lareira estava a entrada para o Calabouço dos Malfoy, imperceptível. As fotos em cima da mesa falavam num tom ameaçador:

- Hei, seu intruso! Volte!

- Você não é bem-vindo! Você vai morrer!

E Sirius estava observando a mesa com as fotos que agora lhe diziam um monte de palavrões, mas de repente elas se calarão. Almofadinhas se virou para ver o que poderia ter causado aquele silêncio, e viu Lúcio Malfoy parado  e encarando-o com uma expressão de arrogância.

- Sirius Black – rosnou Lúcio com um embriagante tom de superioridade – O que faz aqui na minha festa se foi não foi convidado?

Sirius empunhou sua varinha na direção de Lucio que continuava com seu detestável ar de uma prévia vitória.

- O que eu considero uma tremenda falta de educação – replicou com ironia – tanta bebida e comida... mas qual é a comemoração?

- Certamente não foi a festa que te trouxe aqui – Lúcio caminhava mais próximo de Sirius sem se importar com a varinha que estava apontada para ele – O que você venho buscar? Ou o que você venho proteger, Black?

- Malfoy, parece que você fez a lição de casa direitinho, só não se esqueça que varinhas mágicas ainda são perigosas o suficiente para te matar – Sirius apertou sua mão envolta da varinha e seus olhos negros brilharam  determinados – Por isso nem mais um passo ou eu realmente odiaria acabar com você.

- Não seja tão otimista – em uma fração de segundo Lúcio empunhou sua varinha – eu não sou fácil de ser derrotado... Eu proponho um Duelo de Bruxos para resolver nossas diferenças.

- Eu não teria outra chance de te derrotar com a sua permissão – Sirius sorriu destilando coragem de seus olhos e eles tomaram a devida distância.

- É o que você verá, Black – e Lúcio apontou a varinha dizendo –
Tarantallegra!

E Sirius sentiu suas pernas sacudindo descontroladamente, ele mal conseguia ficar em pé e lançar o feitiço em Lúcio Malfoy!

-
Estupefaça! – gritou com dificuldade, porém o feitiço atingiu o Malfoy no meio do peito e ele caiu sobre suas mãos no chão com falta de ar.

Com isso, Sirius e Lúcio tiveram tempo para se recuperar do feitiço que haviam levado, e sem hesitar lançaram um, faíscas douradas, e o outro prateadas.

-
Petrificus Totalus! - disse Almofadinhas.

-
Crucio! – falou Malfoy.

Embora em todas as regras de Duelos ficasse bem claro que era proibido o uso de Magia Negra, Lúcio jogou sujo e tentou lançar em Sirius a Segunda Maldição Imperdoável, o Cruciatos, porém não deu certo porque Almofadinhas ao mesmo tempo lançou o Feitiço do Corpo Preso, e dois feixes de luz se bateram no meio do caminho, e a explosão foi tão forte que lançou Lúcio e Sirius para trás.

Eles caíram sem forças.

Sirius esticou sua mão cansada para apanhar a varinha, mas ela voou para longe.

-
Expelliarmus! – disse outra voz que vinha de cima.

Era Macnair, seguido de um grupo com oito Comensais da Morte.

- Ora, ora... – exclamou com sua arrogância saltando junto com seus dentes amarelos – Black, parece que sua jornada termina por aqui.

Lúcio Malfoy se empertigou e tirou algumas cinzas do seu traje verde, Sirius estava fraco e sem sua varinha não viu nenhuma esperança de conseguir escapar naquele momento.

     **   **

Harry e Tathy ainda se recuperavam do susto com o ex-auror, quando a aparição repentina de Simon os fez saltar uns centímetros da cama.

- Mestre Malfoy! – ele dizia com urgência – Tenho novidades quentíssimas!

- Quem disse para você entrar sem pedir permissão? – replicou Draco rispidamente - Mas, qual é a nova fofoca?

Harry não sabia dizer se a expressão tenebrosa de Simon o assustava ou o deixava intrigado.
- Mestre... – o fantasma colocava emoção em cada palavra – Acabaram de capturar Sirius Black no escritório que dá acesso aos calabouços! Estamos numa noite de sorte!

Harry sentiu seu peito ficar duro e frio como uma pedra de gelo, ele encontrou os olhos espantados de Gina, e a sensação de responsabilidade de proteger seu padrinho tomou conta de seus pensamentos.

- Saia daqui, Simon! – ordenou Draco e quando o fantasma estava prestes a relutar o garoto acrescentou – Você já nos deu a notícia, agora fora!

Simon desapareceu entre as paredes, e a atmosfera tensa se espalhou entre os quatro.

- E agora o que vamos fazer? – perguntou Gina aflita.

- Vamos salvar o Sirius – respondeu Harry firmemente.

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