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Capítulo 11 - Desmaio |
Sirius sentiu o peso das botas de Macnair em sua têmpora, sentiu o sangue escorrer e sua cabeça latejar de dor. Ouviu o deboche distante e agudo das vozes dos outros Comensais da Morte, e um feitiço o atingiu: - Impedimenta! – disse Avery – Assim é melhor, ele parece mais inofensivo. Nott e Rowseng foram levantar Sirius e Macnair deu mais um soco no estômago de Almofadinhas, que quase o fez vomitar seus órgãos. - Hei, pode chuta-lo, mas não o mate! – advertiu Lúcio – Não se esqueça que por enquanto precisamos dele vivo. Sirius tentou focalizar a imagem do Malfoy e os outros que o cercavam, mas ele tinha a impressão que tudo rodava. Ainda tonto ele encarou Lúcio que estava parado na sua frente, com uma expressão irritante de quem estava tendo o melhor dos entretenimentos. - Black, ainda tem forças para ficar consciente? – perguntou com tom de ironia. Sirius olhou com ódio para ele e sua voz soou irreconhecível e rouca: - Eu tenho nojo de você, Malfoy! – e Sirius cuspiu para frente, mas o cuspe acabou caindo para o chão. - Realmente isto não foi nada gentil da sua parte – respondeu Lúcio zangado – Você continua um estúpido e cheio de coragem, mas hoje você vai perceber que isso é inútil... Crucio! Sirius já tinha experimentado essa sensação nos dias de terror de Voldemort, mas isso não aliviou nem um pouco sua dor, e a fez ser igual das outras vezes, ele tinha a impressão que sempre era pior. O fogo rasgava dolorosamente seu peito, e Sirius tentava se manter forte mesmo assim, mesmo com suas pernas cedendo e sua garganta secando, em pouco tempo estaria faltando ar, e ele estaria agonizando, Sirius conseguia sentir isso. Seus ossos pareciam estar sendo esmagados e como se fosse apenas um abraço forte de dor, tudo passou de repente, e ele próprio conseguiu ouvir seu esforço para puxar ar para seus pulmões. - Sabe que às vezes eu tenho que parar porque acho que você pode não suportar tanta dor e morrer a qualquer hora? – disse Lúcio calmamente como se isso não passasse de uma diversão para ele – Eu queria que você pudesse se ver agora, Black. Derrotado e fraco... Mas eu prometo não te machucar mais se você responder onde está Harry Potter. - Eu não faço a menor idéia – Sirius não sabia como as palavras ainda saíam de sua boca, talvez fosse algo como a força da raiva – Eu não vim com Harry, eu vim sozinho. - Há há! – riu cinicamente – Você quer que eu acredite nisso? Que o protetor de Harry Potter não sabe onde ele está? - Eu estou me lixando para o que você pensa – Sirius mantinha o tom ameaçador – eu simplesmente não sei onde o Harry está agora, e nem se soubesse eu lhe diria. - Essa sua ousadia é ridícula na situação que você está... não vai adiantar ficar se negando a responder minhas perguntas, Black – os olhos de Lúcio estavam mais escuros que a noite – Vamos ver se isso refresca sua memória... Veritas! A luz prateada atingiu Sirius e sem força para agüentar mais um impacto suas pernas cederam, e ele caiu. Nott e Rowseng o seguraram, e agora em vez de queimar Sirius sentia como se não tivesse peito, seus pensamentos haviam sido abertos, seus segredos estavam vulneráveis. - Novamente, onde está Harry Potter? Sirius não queria falar, ele quis lutar contra a vontade que o impulsionava, mas se tentasse resistir por mais algum tempo ele certamente não suportaria, e tudo que ele menos queria era se mostrar fraco na frente dos Comensais da Morte. E quando ele deixou as palavras saírem da sua boca a dor diminuiu intensamente: - Harry está na Mansão – ao mesmo tempo em que Sirius falava, ele se ouvia, isso era estranho. - Está bem melhor assim... – se gabou – Uma das qualidades que eu mais admiro é a obediência, o Potter venho com você? - Não, a única coisa que eu sei é que ele está aqui também. Lúcio deu alguns passos para o lado, murmurando palavras. Ele parou e apontou a varinha para Sirius. - O quê exatamente você venho fazer aqui?!? Sirius sentiu o sangue subindo, Lúcio Malfoy adorava se sentir o chefe, o dono da situação, e era assim que ele estava agindo agora, como se ninguém pudesse vence-lo. Sirius desejou ter uma varinha em sua mão ou que não tivessem tantos Comensais a sua volta, para que ele pudesse mostrar ao Malfoy quem realmente era o mais poderoso ali. Mas Almofadinhas ainda tinha uma pergunta para responder, ele se lembrou queo Veritas o obrigava a falar a verdade, porém ele não podia revelar que havia sido mandando por Dumbledore e que já sabia que a Espada Bélica estava ali, só tinha um jeito dele conseguir se livrar do feitiço. Sirius olhou para o lado com ânsia e vomitou, sujando todo o tapete. - Finite Incantatem! – disse Macnair – Chega! É melhor arrancarmos informações dele mais tarde e, contudo já sabemos que o garoto Potter está aqui. - Certo – falou Lúcio vagamente – Levem-no para o primeiro quarto do corredor, ele é trancado por uma chave enfeitiçada por mim à prova de qualquer feitiço que ele possa tentar fazer, os calabouços subterrâneos não são tão seguros. - Precisamos avisar o Mestre que Harry Potter está aqui, ele vai gostar da notícia – comentou Macnair animado. - Possa deixar que eu mesmo cuido disso – ele lançou um olhar ameaçador – em breve Voldemort nos fará companhia. ** ** - O que Sirius pode estar fazendo aqui? – disse Tathy. - Lupin deve ter pedido para ele ficar de olho em mim...e ele acabou sendo capturado – Harry reclamou. - Não se preocupe, Potter. Eu conheço meu pai, ele não irá mata-lo enquanto o próprio Voldemort dê a ordem... e na minha opinião ele vai tentar arrancar algumas informações dele primeiro, e é com isso que a gente deve se preocupar – disse Draco seriamente. - Harry, Sirius sabe que estamos aqui? E sabe o que estamos procurando? – questionou Tathy em tom de alerta. E de repente tudo se encaixou na cabeça de Harry, porque eles não estavam interessados particularmente em Sirius, o alvo principal era ele... e como um presente Voldemort ficaria sabendo da atual localização de Harry e dos seus planos. - Seu pai seria capaz de usar o Veritas, Malfoy? – a respiração de Harry foi se tornando baixa. - É melhor você se acostumar com a idéia dos Comensais da Morte saberem que você está debaixo dos olhos deles, e que está procurando a Espada – Draco ergueu as sobrancelhas – Eles definitivamente devem saber que você a quer... e finalmente, é agora que a história se complica, vai ser mais difícil destruir o talismã. - Eu sei – Harry estava com seu olhar decidido, ele fechou a boca como se quisesse engolir algo em seco – Mas a minha maior preocupação é Sirius, eu tenho que resgata-lo. - Simon não disse que ele foi pego no escritório que dá acesso aos calabouços? – complementou Gina com esperança – Ele pode estar lá ainda - Não é tão simples... – Tathy olhava para cada um com aflição – agora eles já sabem que nós estamos aqui, e o que eles querem é exatamente que a gente vá atrás do Sirius, não podemos cair em outra cilada. - Você tem razão... – Harry disse com relutância e passou a mão na cabeça – Eu não vou simplesmente me acomodar e o Sirius que se dane! - Harry... – falou Gina hesitante – Não estamos sendo previsíveis demais? - Eu não me importo, eu posso usar a Capa da Invisibilidade. - E eu vou com você, Potter – Draco se ofereceu prontamente pegando sua varinha – Se alguma coisa der errado eu posso distraí-los, afinal eu sou filho de Lúcio Malfoy e jamais me aliaria ao bem! - Nem pensar – replicou Tathy – Chega de separações, principalmente nesse momento temos que ficar unidos... - Eu também acho – concordou Gina – Nós não somos um quebra-cabeças para cada peça ficar espalhada em um canto da Mansão, e se tivermos em quatro vamos ter mais probabilidade ao nosso favor. - Okay – disse Harry lentamente – E adianta discutir com vocês? Gina e Tathy sorriram maliciosamente. - Potter, eu não quero ser estraga prazer, mas a sua Capa teria que ser tamanho GG para caber todos nós – disse Draco – E eu acho que ali cabem no máximo duas pessoas, a gente não pode se arriscar mais – Draco olhou com uma expressão de quem sentia muito para as meninas – Esse é um motivo convincente pra vocês? - Sinceramente eu tenho uma idéia melhor – Gina colocou a mão na boca como sempre fazia quando estava pensando em algo sério – Todos aqui tem absoluta confiança em nós dois, quer dizer, quando eles vão desconfiar da gente se dissermos que estávamos apenas procurando um lugar para ficarmos namorando à vontade? A Tathy e o Harry podem se esconder embaixo da Capa da Invisibilidade enquanto damos cobertura. - Hei, até que você não é tão má em maquinar planos! – exclamou Draco e Gina sorriu em retribuição. Harry e Tathy foram na frente, e Draco e Gina saíram de mãos dadas na retaguarda. A cada curva que eles viraram era uma nova expectativa para não encontrar ninguém. Inacreditavelmente nem a passagem até o escritório quanto menos o próprio escritório estavam tumultuados, quase que como magicamente eles não esbarraram em ninguém e não tiveram nenhum problema, estava tudo tão fácil ao ponto de ficar estranho. Draco conferiu o corredor e esperou algum tempo para ver se havia alguém escondido, mas tudo estava normal. - Podem sair – avisou Draco – eu quase poderia apostar que nada aconteceu aqui. Harry observou a sua volta. - Precisamos achar o Sirius – ele disse resumidamente e foi colocar a mão no alçapão. - Espere! – gritou Draco com urgência – Eu não te aconselharia a abrir a parte de fora do calabouço sem ser um legítimo Malfoy, meu pai aparitaria aqui no mesmo instante – Harry tirou a mão cautelosamente. - Então abra para que a gente possa passar! – pediu Tathy apressadamente. - Provavelmente Sirius não está preso no calabouço – afirmou Draco. - Como assim? O que você quer dizer com isso? – perguntou Gina desconfiada. - Passagem livre, ninguém vigiando a entrada... toda essa liberdade está parecendo mais uma cilada, mas se fosse já teriam nos pego – explicou – Eu tenho certeza que o meu pai achou o calabouço óbvio e inofensivo demais, talvez ele o tenha colocado num confinamento mais seguro. - Aonde? – indagou Harry num tom objetivo. - No primeiro quarto do corredor... vamos, eu sei aonde é. - Eu realmente espero que você esteja certo – disse Harry na mesma hora em que ele e Tathy desapareciam debaixo da Capa da Invisibilidade. - Não esquenta, Potter – garantiu Draco firmemente – Eu sei o que eu estou fazendo. A fechadura do primeiro quarto de hóspedes era maior e era a única dourada, mas fora isso parecia perfeitamente normal, Harry e Tathy permaneceram usando a Capa, e Draco girou a maçaneta. Nada aconteceu, ele girou de novo, estava trancada. - O quê foi, Malfoy? – Harry percebeu que Draco estava surpreso – Você não consegue abrir a porta? - Infelizmente não – Draco odiava admitir que como todo mundo tinha algumas coisas que ele também não conseguia fazer – Essa porta não é comum, não está enfeitiçada como todas as outras da Mansão... Harry suspirou apoiando seus cotovelos na porta, ele estava tentado pensar em algo útil para se fazer agora, será que Sirius estava consciente? - Sirius! – o som da voz de Harry saiu abafado porque ele estava falando muito próximo a porta, porém as batidas que Harry deu com os punhos fechados devem ter chamado mais a atenção – Você está aí? Draco e Gina decidiram vigiar os corredores sem questionar Harry, afinal Sirius representava muito para ele e no lugar de Harry qualquer faria a mesma coisa. - Sirius! – Harry chamou novamente. - Harry? – a voz melancólica de Sirius cortou o silêncio momentâneo – O quê você está fazendo aqui? - Eu fiquei sabendo que capturaram você e não podia te deixar sozinho, eu sei que os Comensais vão voltar e vão querer alguma coisa em troca de você, se já não quiseram... – disse Harry daquele jeito teimoso e cabeça-dura que só ele poderia ter quando seus sentimentos falavam mais alto. - Os Comensais não são problema pra mim. – Sirius tentou tranqüiliza-lo – Harry, eles já sabem que você está na Mansão, eles querem te pegar! - Isso também não é problema nenhum pra mim, Sirius – ele replicou no mesmo tom. - Escute, - Almofadinhas disse pausadamente – você deve fazer o que eu disser. Vá até o quarto de Lúcio Malfoy e procure uma chave dourada, ele a encantou para trancar a porta desse quarto. - Eu tinha uma idéia melhor, pensei em unir meus poderes com os do Malfoy e abrir esta porta à força. - Não daria certo, Harry – a voz de Sirius falou do outro lado da porta – Estamos falando de um objeto encantado, e só existe um contra-feitiço para cada encantamento e é o próprio bruxo que o executou que o escolhe. Conclusão, nada além da chave vai poder me tirar daqui. - E como é a chave? – pediu Harry. - É pequena, dourada e o cabo está torto, você vai saber reconhecer quando vê-la – disse por fim Sirius querendo terminar definitivamente a conversa porque ele temia a chegada de um dos Comensais. O quarto de Lúcio Malfoy ficava numa torre exclusiva, no lado oeste da Mansão, era modestamente o maior e mais luxuoso aposento, de longe desbancava qualquer outro cômodo da casa. - E a pergunta que não quer calar é... – falou Harry categoricamente – Quanto ainda teremos que andar para chegar ao quarto de seu pai? - Eu pensei que você estava simplesmente querendo salvar seu padrinho – Draco deu de ombros – a distância entre a chave e o calabouço é um pequeno problema. - Tanto dinheiro e uma Mansão em que quando se está num extremo é impossível ver o outro, e nem ao menos têm um elevador? – disse Tathy decepcionada dando uma ênfase de indignação no elevador. - Elevador? – perguntou Draco num tom de quem não fazia sequer a menor idéia do que poderia ser aquilo, enquanto Gina contentou-se em encara-la com uma expressão estranha. - Esquece, isso realmente não importa agora. O quarto ou as cinco salas, a biblioteca particular e o closet que faziam parte dele tinham um aroma forte, cheiro de naftalina, como se as janelas raramente fossem abertas. Como não havia ninguém, os quatro entraram. - Não toquem em nada! – advertiu Draco. As palavras de Draco só aumentaram a curiosidade de Gina, obviamente ela sabia que nada na Mansão dos Malfoy era algo que fosse aconselhável tocar, principalmente objetos desconhecidos e com uma aparência misteriosa, porém exatamente isso a deixava terrivelmente atraída por eles. A vontade de Gina estava se tornando incontrolável, Harry, Draco e Tathy haviam se dispersado pelo aposento à procura da chave, mas ressaltando que nenhum mexia em gavetas e portas. Gina escutou próximo ao seu ouvido direito um rangido de porta e correu em direção dos outros para avisar que alguém acabara de entrar. Harry, Draco e Tathy já estavam na última peça, que era onde ficava a cama imperial e pertences mais pessoais de Lúcio e Narcisa Malfoy. - Temos companhia! – disse Gina sem fôlego tomando cuidado para falar baixo. Draco olhou desesperadamente à sua volta e abriu a porta de um armário pequeno de madeira maciça, que ficava encostado à parede do lado lateral da cama. - Dane-se a primeira regra de não tocar em nada – ele fez um gesto rápido para que todos se escondessem ali – É nessas horas que devemos quebrar as regras... - Malfoy – falou Harry hesitante – você não acha que esse armário é pequeno demais? - Potter – Draco empurrou Harry para dentro de uma vez por todas e com tom de superioridade falou – só faça o que eu mando. Apenas faça. E qual foi a surpresa de Harry quando ele finalmente olhou para a porta do armário e viu que ela era transparente. Ele franziu as sobrancelhas intrigado, pelo menos do lado de fora a porta era perfeitamente maciça, era impossível de enxergar qualquer coisa. Além disso, o tamanho do móvel também o espantou. Interiormente ele era três vezes maior, até sobrava espaço para os quatro. E de lá de dentro, como que através de um espelho eles assistiram Lúcio Malfoy chegar até o cômodo em que eles estavam. Lúcio veio cambaleando, sua pele normalmente pálida estava com tom amarelado e ele colocava uma mão trêmula sobre suas têmporas, como se a sua dor se concentrasse em sua cabeça, de alguma forma Lúcio tentava se arrastar até a cama, quando ele sentou na cama, Harry pode ver seu visível esforço para respirar, Draco estava praticamente deixando o esconderijo se não fosse a mão de Harry impedindo-o. Lúcio estava delirando. - Narcisa... – ele resmungava – o que está acontecendo? – Lúcio sentiu uma pontada mais forte em sua cabeça – Você e o Lord das Trevas...? Não, ele enganou você... Narcisa meu amor, eu não acredito que você vai me apunhalar pelas costas desse jeito... Com um último respiro forçado Lúcio Malfoy desmaiou. Draco saiu imediatamente do armário e correu para a cama. - Ele está suando frio... – disse num tom preocupado. Tathy colocou sua mão na testa de Lúcio. - É... – ela constatou seriamente – seja lá o que for isso, seu pai não está nada bem. No entanto, Harry estava incomodado com as palavras que Lúcio tinha acabado de dizer antes de desmaiar, ele havia falado algo sobre Narcisa e Voldemort, e sobre ela o ter enganado. Pela reação dele, foi um choque ter percebido que Narcisa pudesse se juntar à Você-Sabe-Quem e que ele definitivamente não aprovava essa decisão... e depois de todas essas perguntas surgiu uma que Harry achou que poderia ser a chave para resolver todo o resto... Lúcio disse que não acreditava que Narcisa pudesse tê-lo apunhalado pelas costas daquele jeito, o quê será que ela teria feito de tão grave? Harry mordeu seu lábio, pensativo, “tem alguma coisa muito errada nessa história, que eu saiba os Malfoys sempre tiveram ligação com o mal, e naquele momento Lúcio deu a impressão de que ele e Voldemort não eram amigos, quem sabe até inimigos”. Harry olhou para Draco que pegava no pulso de seu pai para verificar se ele estava tendo batimentos. - Vamos Malfoy, temos que pegar a chave e dar o fora daqui antes que seu pai se recupere e dê de cara com a gente – Harry disse firmemente, como se nem se importasse com a saúde de Lúcio, e isso era verdade. - Eu sei que você não gosta dele, e tem toda razão porque o meu pai é um imbecil, cretino que fica conspirando a sua morte. Mas acima de tudo ele é MEU pai, e eu não vou simplesmente deixa-lo sem ter a garantia de que ele vai ficar bem – replicou Draco com teimosia. - Ele vai ficar bem – garantiu Harry comovido e Draco lançou um olhar ameaçador – Okay, você sabe que eu odeio dizer isso, mas seu pai não vai ficar mal por causa de um desmaio, ele é muito mais forte do que isso. - Você sabe que isso não é normal, Potter – Draco olhava penetrantemente para Harry – Eu vou ficar mais um pouco, mas você deve pegar a chave e libertar Sirius. Harry ficou encarando-o, será que Draco realmente sabia o que estava fazendo? - Você tem certeza? – disse. - Tenho. – Draco estava firmemente obstinado – Sirius é sua responsabilidade e o meu pai é minha, então trate de libertar Sirius que eu vou cuidar do meu pai, alguma coisa estranha aconteceu. Harry achou a chave dentro de uma gaveta, e ele, Tathy e Gina seguiram. ** ** Os três já estavam saindo da primeira passagem que levava até o quarto de Lúcio Malfoy quando repentinamente Gina falou: - Eu vou voltar. - O quê? – Harry se espantou. - Não vou deixar o Draco sozinho. Você não precisa de mim, Harry – enquanto dizia ela dava passos para trás – Boa sorte, e nós nos encontramos depois. - Gina! – Harry chamou – É perigoso… você não pode se arriscar assim. O Rony não vai gostar nada disso. - Eu sei me cuidar bem – ela garantiu embora houvesse insegurança em seus olhos – Vão! E sem esperar mais um segundo ela virou de costas, e saiu correndo até seus cabelos ruivos desaparecem na escuridão. Harry jogou a Capa da Invisibilidade de lado e exclamou indignado: - Eu não acredito! – ele ameaçou correr atrás dela quando Tathy o segurou pela camisa. Harry olhou perplexo para ela. - Deixe-a ir, Harry – afirmou Tathy – A Gina tem que fazer isto, entende? É importante para ela, e, além disso, tenho certeza que ela não é mais uma criança e sabe se cuidar sozinha. - Nem que eu saiba que é maior loucura que ela está cometendo e tenho que ficar de braços cruzados? – retorquiu irritado. - Não é justo você impedi-la de fazer o que ela acha certo – Tathy insistiu e depois num tom definitivo acrescentou – Muitas vezes na vida temos que arriscar, ir atrás do que queremos, mesmo estando extremamente proibido você já foi contra muitas regras, Harry. Agora é a vez da Gina, então trate de se preocupar com o Sirius que está precisando de nós. ** ** Gina entrou no último aposento do quarto Malfoy, Draco estava sentado no chão com a cabeça apoiada em seus punhos, muito concentrado e pensativo. Lúcio ainda desmaiado continuou na mesma posição. Quando os olhos acinzentados de Draco se voltaram para ela, Gina viu que ele estava espantado por ela estar ali. - O quê você está fazendo...? – Draco indagou totalmente sem rumo. - Eu estou tentando fazer companhia para um menino insuportavelmente teimoso, será que eu posso? – Gina sentou ao lado de Draco e olhou diretamente para ele, Draco viu sua imagem mais séria do que a normal refletida. - Você deveria rever melhor quem você está chamando de teimoso – ele disse – aposto que você não fica muito atrás de mim. - Eu só estou aqui porque eu não queria te deixar sozinho... – Gina olhou envergonhada para o chão e começou a brincar de estralar os dedos, embora ela não conseguisse estralar nenhum. Isso sempre acontecia quando ela ficava perto de Draco, uma sensação de impaciência e angústia tomava conta sem que ela pudesse controlar. - Eu já te disse o quanto você é maluca...? – Draco sorriu – Você sabe que talvez a gente não consiga voltar mais? - Eu não tenho medo disso – Gina garantiu firmemente – Comensais da Morte não me assustam quando penso na decisão que eu vou ter que tomar em breve. - Por quê? – Draco perguntou curioso. - Isso não é da sua conta, Senhor Misterioso – falou brincando – Eu também tenho meus segredos... - Você é completamente doida – repetiu Draco depois de uma pausa – eu ainda não entendi por quê você voltou aqui? - Não entendeu mesmo? – disse num tom intrigante. - Eu pensei que quem tivesse a missão de unir as famílias Malfoy e Weasley fosse eu – Draco retribuiu num tom divertido. - Muito engraçado, eu nem acredito que isso passou pela sua cabeça! Como você é convencido! – Gina exclamou perplexa – Eu fiquei preocupada com o seu pai, e você sabe que atravessando a Mansão sozinho as suas chances de sobreviver se reduzem a quase zero. - Mas eu sou o filho do braço direito de Voldemort, nesse caso as minhas chances de sobreviver são muito maiores do que as suas, Weasley. - Isto não te impede de ser um traidor, e eu duvido que seu pai iria te poupar de algum castigo só pela hereditariedade, muito pelo contrário – ela concluiu – Assim voltamos à estaca zero, e eu e você somos simples fugitivos. - Como você pode ter certeza que eles sabem sobre nós? - Eu sei que seu pai deu ordem para que qualquer um que estivesse andando clandestinamente pela Mansão fosse capturado e considerado suspeito. O que descreve bem a nossa situação. - Eu odiaria cruzar com o ex-Auror ou me deparar com algum amigo idiota do meu pai – Draco estava com uma expressão visível de dor – Eu tenho experiência própria para dizer como é horrível quando eles querem maltratar alguém. Gina olhou espantada para Draco, ela nunca podia imaginar que ele já havia sido maltratado pelos Comensais da Morte. - Não... – negou Draco como se pudesse ler os pensamentos dela – eu nunca sofri nenhum tipo de feitiço vindo de um grupo deles, mas pode acreditar que eu já vi, e você sabe que antes eu estava pouco me lixando para os outros, no entanto eu me lembro que cheguei a ficar com pena do cara. - É tão ruim assim? – Gina falou insegura e pela primeira vez sentiu medo por estar sem Harry, ela sentiu como se estivesse sem proteção. - Não importa o quanto seja, porque nada vai acontecer a você – assegurou Draco e apegou nas mãos de Gina – eu prefiro acabar comigo mesmo antes de deixar alguém tocar num fio de cabelo seu! Gina desabou no ombro de Draco. - Eu estou tão cansada! – ela choramingou – É tão injusto o que pode acontecer com o Mundo Mágico se a gente fracassar... eu estou assustada, eu nunca vi tanta Magia Negra assim antes. - Eu tenho certeza de que ninguém aqui vai fracassar, eu não estou disposto a perder – a voz de Draco soou um tanto quanto prepotente, mas mesmo assim Gina sentiu que a coragem dele era verdadeira – Confie em mim, todos vão ficar bem. Gina o abraçou. Uma vontade de chorar foi crescendo dentro dela, mas não era a hora. Ela escondeu novamente seu rosto no ombro de Draco, a partir daquele instante não importava o que Harry Potter havia representado em sua vida, se perguntassem exatamente naquele momento ela não saberia nem responder quem era Harry Potter, já não fazia sentido mais. E Gina sentiu uma estranha sensação de felicidade timidamente tomando conta dela, embora houvesse uma guerra tão perigosa a sua volta. Isso era estranho, e mais estranho é que ela sabia reconhecer o que era isso. Quantas vezes Harry a tinha deixado com aquela alegria sem origem certa e que ficava reprimida só para que ela pudesse saber de verdade o que significava tudo aquilo. Porém Gina preferiu não pensar nisso e soltou do abraço de Draco. - Eu confio em você, Draco – sua voz saiu meio rouca – Acredite, mais do que você possa imaginar. Draco olhou um tanto quanto pasmo para ela, como se o que ela tivesse acabado de dizer fosse alguma coisa verdadeiramente assombrosa. - Eu ordeno que você pare agora, Gina Weasley – ele falou um pouquinho soturno. - Com o quê? – ela perguntou desnorteada pela expressão tão grave de Draco. - De ficar me olhando desse jeito, isso me incomoda – ele explicou. No entanto para Gina não seria possível atender o pedido de Draco, porque ela só tinha aquele jeito de olhar para ele, e até agora não tinha tido nenhuma oportunidade de ficar olhando para ele sem se sentir incomodada. Mas naquele instante foi diferente, a vontade de olhar para ele era maior. “Talvez eu esteja ficando alucinadamente maluca, sem dúvida, não me esforçar nem um pouco para desviar o olhar de Draco é, no mínimo, estranho”. Ela pensou com um pouco de dificuldade, porque os olhos de Draco que também a encaravam a faziam perder o fio do pensamento, ela viu que as pupilas de Draco estavam bem dilatadas, quase só havia um pequeno anel acinzentado dando cor aos olhos dele, Gina podia ver que ele estava exausto e apreensivo, mas lá no fundo ela conseguiu ver amor, um brilho anormal se misturava naquela íris acinzentada. - Qual é o problema? – os olhos azuis de Gina não refletiam nada parecido com medo, eles estavam somente fixos nele, Draco achou que isso fosse pior do que um Veritas – Saber que eu estou olhando dentro dos teus olhos te deixa tão frágil assim? - Eu não sou frágil! – reclamou Draco desviando olhar pela primeira vez – Eu só fico gelado quando você me olha desse jeito. - Você não gosta? - Não sei... – disse com muita sinceridade – Eu só não estou acostumado com uma garota me olhando por tanto tempo, geralmente elas não se preocupam muito com isso! Gina ficou completamente atônita, ela deixou escapar uma risada. Nunca em tão pouco tempo um garoto havia conseguido deixa-la tão indignada. Como Draco poderia estar insinuando que ela estava paquerando ele? - O fato de eu ter voltado não significa que eu tenho segundas intenções com você! – Gina disse exasperada – Eu simplesmente vim te ajudar... Draco sorriu debochadamente. - E como você está me ajudando... – com ênfase em como. Era esse tom de voz que Gina odiava, porque ela nunca conseguia saber o que ele realmente estava querendo dizer, por trás daquele jeito totalmente indecifrável. - Pare de rir! – ela reclamou com azedume – Eu não gosto quando você ri assim! E eu vou embora, porque eu não agüento mais as suas brincadeiras... E para falar a verdade, eu já me arrependi de ter vindo aqui. – Gina levantou-se ligeiramente. - Não! – Draco a puxou pela mão e agora seus olhos pareciam muito sóbrios – Mas eu não me arrependo de ter te encontrado aqui e você também não devia se arrepender. - Essa guerra é muito complicada pra mim, eu não devia ter vindo com vocês, seria melhor se eu tivesse continuado em Hogwarts e... - Provado para o Rony que ele está certo e você é uma criancinha e que ele sempre terá que fazer as coisas difíceis por você! – Draco argumentou. - Talvez eu seja – Gina replicou – a mesma garotinha burra que sonhava em ir para Hogwarts, e que nunca conseguiu ter um namorado! Sou patética quando se trata de relacionamento com o sexo oposto. Quero dizer, olhe para o meu histórico amoroso! - Eu não acho que você seja isso – disse Draco seriamente – Pra mim, você é a garota mais encantadora. Você não é como as outras, é diferente... – os braços de Draco envolveram a cintura de Gina – Você não gosta de mim porque eu sou herdeiro dos Malfoy e sou loiro... Como se levasse um choque Gina o soltou. - Eu não gosto de você, Malfoy – ela retrucou com firmeza. - Tudo bem – Draco virou-se e começou a fazer o caminho para fora do quarto que Gina havia feito antes. - E o seu pai? – perguntou Gina. - Você tinha razão, foi bobagem ter ficado aqui. É claro que ele vai sobreviver. Gina se sentiu angustiada, Draco virou as costas para ela e estava andando num rítimo acelerado corredor afora. Ela não suportava quando alguém simplesmente virava as costas para ela e fingia ter esquecido da sua presença ali. Como Gina tinha as pernas mais curtas ela não conseguia acompanhar o passo de Draco. - Ei, espere! – ela pediu – Você devia ter tantas namoradas em Hogwarts, não sei porque você está dizendo essas coisas pra mim. Agora foi a vez de Draco levar um choque e parar. Gina parou à frente dele. - Porque nenhuma delas é melhor do que você, aliás, elas nem chegam aos seus pés. - O que? Como você pode ter certeza disso? Você mal me conhece, e nós nem nos beijamos direito... - Eu sei reconhecer quando tem uma garota que vale a pena perto de mim – Draco ajeitou um fio de cabelo dela que estava saindo do lugar – Você não é interesseira, eu já disse, você é especial pra mim... - Eu não sei – ela tirou a mão de Draco que ainda estava em seu rosto – Eu não quero que brinquem comigo, Malfoy! - Sabe qual é o seu defeito? – disse seriamente – Você é insegura demais, devia dar pelo menos uma chance de te mostrar que eu não sou esse cretino que você pensa. Draco não estava perto o bastante para conseguir se enxergar nos olhos dela, mas podiam ver que eles estavam cheios de um medo idiota de errar. Gina definitivamente não sabia o que fazer, uma força a impulsionava para beijar Draco, esse era o seu desejo verdadeiro, mas um medo a fazia parar. Draco apenas pegou na mão de Gina: - Vamos temos muito que andar até o quarto de Sirius, e não podemos ficar parando – disse num tom estranhamente calmo. ** ** O sol estava se pondo, e a escuridão da noite já tomava conta do céu. Lupin escrevia num pergaminho algumas anotações e freqüentemente consultava uma das pilhas de papel espalhadas por cima da sua mesa de escritório. Rony e Mione entraram. - Lupin – Hermione disse num tom sério, no entanto como se fosse uma espécie de aviso – Eu e Rony decidimos nos juntar a Harry na Mansão. Os pontos deles estão se separando, isso vem acontecendo repetidamente. - E nós também não concordamos com a idéia de ficar aqui esperando que eles voltem e tudo acabe bem, não sei como o Harry pode ter achado melhor ir e nos deixar aqui, só com esses rastreadores – Rony acrescentou enquanto suas sardas se acentuavam – Isso é ridículo, eu não vou deixar ele se estrepar com o Malfoy lá! Lupin deixou os pergaminhos de lado e foi até eles, com o olhar negro penetrante. - E eu não vou permitir que vocês se exponham dessa forma. Quantas vezes eu terei que repetir que a vida de mais ninguém pode ser colocada em perigo? - Eu tô cansado de saber disso, mas eu preciso resgatar a minha irmã – replicou Rony – Eu só quero traze-la de volta. - E prof º Lupin, como você pode estar tão calmo, antigamente você não permitiria que o Harry se metesse no meio dos Comensais da Morte... O que você sabe que a gente não? - Hermione, sempre esperta, realmente tem uma coisa que eu preciso dizer a vocês – olhares curiosos caíram sobre Remo – Sirius os está vigiando de perto, ele os protegerá se necessário com a própria vida. Agora eu preciso explicar mais algumas coisas a vocês. Então porque não se sentam? Com um movimento da varinha, três cadeiras apareceram. Igualmente intrigados e sem pronunciar uma palavra Rony e Hermione se sentaram. - Antes da noite em que os pais de Harry foram mortos e Voldemort desaparecesse, o terror reinava sobre o Mundo Mágico. Dumbledore, juntamente com bruxos poderosos e pessoas que se dispunham a lutar contra as atrocidades que Voldemort praticava formavam um Conselho. Com a ameaça da volta de Voldemort, esse Conselho voltou a se reunir, Sirius foi mandado por Dumbledore para proteger quem está na Mansão, e a ordem que eu tenho é a de não deixar vocês saírem daqui de jeito nenhum, em breve Dumbledore vai nos chamar. Se Harry demorar para achar o talismã sozinho, nós vamos entrar na Mansão para ajuda-lo. - Eu estava pensando... Harry é um cara legal, e tem a Tathy que também é poderosa ao lado dele, mas Dumbledore não devia ficar esperando a desistência do Harry para entrar em ação, se eles invadissem a Mansão e pegassem o talismã, tudo estaria acabado – falou Rony. - Os Comensais da Morte foram escolhidos pessoalmente por Voldemort, eles não são bruxos fracos que sem opção decidiram segui-lo. Os Comensais foram selecionados entre os mais fortes, astutos e cruéis bruxos, qualquer bruxo que faça parte do Conselho pode morrer nas mãos de um poderoso Comensal. E assim como Dumbledore, eu acredito que nós precisamos da ajuda de Harry, e não ele de nós. Portanto, Ronald Weasley, temos que esperar a hora certa. - Está bem professor Lupin, eu acho que eles estão mais seguros com o Sirius por perto – disse Hermione compreensiva. - E você, Rony, entende que a Gina está bem protegida, e que nós temos que seguir as instruções de Dumbledore para a nossa própria segurança.Eu posso contar com a sua colaboração? – perguntou Remo. - Claro – afirmou Rony – Vamos esperar a hora certa. - Bom, eu também vou estudar alguns livros lá embaixo. Nós não vamos mais te incomodar com esse assunto. - Espero que você não fique estudando até tarde, Mione – advertiu o professor com um sorriso – A noite foi feita para dormirmos e descansarmos. - Igualmente – respondeu, se havia alguma coisa em que Hermione e Lupin eram idênticos, era o jeito como eles mergulhavam nas páginas dos livros, e mal sentiam o tempo passar, e por muitas vezes passavam a noite e só se davam conta disso quando o Sol surgia no horizonte e amanhecia – Boa noite – disse Hermione enquanto fechava a porta e era acompanhada por Rony. ** ** - Eu posso tentar esperar a hora certa, o que está sendo muito entedioso para mim – disse Rony. - Obrigada por desprezar a minha companhia desse jeito – retrucou Hermione despeitada. - Você sabe que não é da sua companhia que eu estou reclamando. Mas você e o Lupin ficam vidrados nesses livros praticamente o dia inteiro, e eu não tenho paciência pra ficar lendo como se esse monte de palavras pudesse traze-los de volta.Eu prefiro ir atrás, fazer por mim mesmo, assim as chances parecem mais reais. - E ruins pra gente, em termos de número, poder e estratégia – complementou com um sorriso – E já que temos que ficar na teoria que tal você me acompanhar? - Claro, eu vou adorar ler esse livro de 2550 páginas com você – falou num tom animado. - É impressão minha ou você está debochando de mim descaradamente? – Hermione ergueu as sobrancelhas. - Não, eu estou falando sério – seu olhar firme contrastava com o sorriso que escapava de seus lábios – Vai ser um prazer, eu, você e ninguém mais além dos livros... Hermione balançou a cabeça perplexa. - Eu pensei que você já tivesse parado com essa besteira de dizer que gosta de mim – ela falou secamente. - Você realmente acha que é besteira, Hermione? – disse em contrapartida – Ou você prefere acreditar que seja isso? - Rony, eu não estou aqui para tentar adivinhar se você está dizendo a verdade ou se está rindo de mim. Eu quero apenas ajudar o Harry, porque eu não agüento mais vê-lo sofrer. - E eu quero tanto isso que vou tentar acabar com essa maldição do meu jeito e do seu jeito também. – falou terminantemente e pegou um livro e enfiou seu rosto compenetrado nas páginas. “Como ela pode ser tão teimosa?” pensou Rony, ele mal conseguia se concentrar nas palavras que estavam vagando em sua frente. “Será que ela não percebe que não e fingimento, eu estou sendo completamente honesto”. Eles continuaram por horas pesquisando e lendo vários livros, grossos e finos, uns com tanta poeira que fazia com que eles se perguntassem quanto tempo já estavam ali. Às vezes o olhar dos dois se encontrava, e no mesmo instante que era mágico também ficava vagamente perdido no ar. E numa dessas olhadas para surpresa de Rony, Hermione estava deitada sobre os livros dormindo. Rony sorriu, até mesmo Hermione que estava tão determinada a não desgrudar a atenção dos livros, tinha sido vencida pelo cansaço. Ele preferiu deixa-la ali descansando do que ajeita-la e acabar acordando-a. Ultimamente Hermione parecia um zumbi andando pela casa,tinha exaustão em seus olhos e a cada passo que ela dava. Rony achou até melhor que ela não tivesse resistido ao sono, como ela irritantemente costumava fazer quando estava disposta a algo, desse jeito ela poderia pelo menos descansar. Embora ele fizesse essa idéia de Hermione, Rony sem notar era igualmente cabeça-dura, e não dormiu durante toda a noite e só acordou Mione muito tempo depois para tomar café com ele. - Ei dorminhoca! – sussurrava no ouvido de Hermione – Já amanheceu há muito tempo, está na hora de você acordar! Hermione abriu os olhos, para primeiro ver Rony e logo em seguida levar um susto: - O que está acontecendo? – ela murmurou enquanto olhava atordoada para os lados – Eu não acredito que eu dormi! Ela bateu sua mão na mesa. - Você não é de ferro, Mione. Chega uma hora em que a gente não consegue se esforçar mais. - Tudo bem – respondeu – Eu acho que você está certo, eu dormi muito? – disse desnorteada. - São oito horas. Digamos que você dormiu dez horas! - Minha nossa! Nem eu consigo imaginar que eu pude dormir tanto! E você? – Hermione perguntou porque havia duas olheiras negras e profundas em Rony. - Eu não consegui dormir – falou confirmando as suspeitas de Mione – Fiquei com os livros à noite, mas não achei nada que possa favorecer o Harry. Hermione meio soturna ficou encarando Rony sem saber o que dizer. Ele estava com uma aparência péssima, parecia que ele não tinha mais energia, que alguma mágica o estava mantendo em pé. - Desculpe por ter deixado você sozinho – disse envergonhada. - Você não precisa pedir desculpas por isso! Eu vim te chamar para tomar café comigo no Caldeirão Furado. - Claro! – Hermione sentiu seu braço dolorido por ter dormido em cima dele. Ela se espreguiçou – Vamos, você tem que comer antes que caia de tão exausto. Os dois comiam torradas e tomavam uma xícara de café fumegante. Havia poucas pessoas no Caldeirão Furado pela manhã, algumas murmurando em mesas bem distantes de Rony e Hermione. De repente uma coruja grande e de olhos amarelos entrou pela porta estreita do bar, e ficou voando ao lado de Hermione. Ela pegou a carta presa na pata do animal, e imediatamente a coruja foi embora. Hermione abriu a carta, Rony que ficou observando tudo perguntou numa voz seca, embora já soubesse a resposta: - De quem é? - Do Vítor Krum – Hermione olhou hesitante para Rony. - Você não contou nada para ele sobre nós? Sobre o que aconteceu? – ele replicou perplexo. - Rony, eu... – Hermione começou a dizer, mas foi interrompida por um gesto brusco de Rony que se levantou da cadeira, praticamente jogando-a a um metro de distância. - Eu não posso acreditar que você está pensando em continuar namorando esse... – Rony respirou fundo para controlar o imenso palavrão que sairia da sua boca, e terminou -...Búlgaro gigante! - Eu já disse que isso não é da sua conta – esbravejou Hermione com a voz aguda. - Eu sei – afirmou Rony com a raiva saltando faíscas pelos olhos – Aliás, eu já devia ter entendido desde o Baile! Não se preocupe Hermione, eu vou te deixar em paz. E sem deixar tempo para ela dizer nenhuma resposta, saiu batendo o pé. Hermione sentiu como se naquela hora ele estivesse esmagando e pisando em cima do coração dela. “ Droga!” ela sentiu sua mão amassando a carta de Vítor, ela tentou tomar o café que ainda estava quente, mas este havia se tornado dez vezes mais amargo. Hermione sentia pontadas no seu coração, como se Rony o tivesse massacrado, porém ela sabia que a culpa não era dele, não desta vez. A carta de Krum dizia que ele estava morrendo de saudades e em breve terminaria o campeonato, assim eles poderiam passar as férias juntos, e que ele não via a hora disso acontecer. Também pedia que ela mandasse resposta, porque fazia muito tempo que ele não recebia uma carta dela. Com aflição ela pensou na resposta certa, como ela poderia dizer a Krum o que ela realmente estava sentindo, Hermione não poderia fazer isto por carta, sua personalidade não permitiria, ela não estava preparada para terminar com Krum, ser sincera com ele. Era o que ela queria fazer, mas ainda não era o momento certo. ** ** Harry, Tathy, Draco e Gina passaram a noite numa das passagens desconhecidas da Mansão, durante toda a madrugada os Comensais de dividiram em turnos de dois em dois para vigiar o quarto, eles não tiveram chance de fazer nada. Gina, Tathy e Draco dormiram, no entanto Harry ficou acordado esperando a hora em que ele pudesse resgatar Sirius, o que era impossível enquanto eles estivessem vigiando a porta. Harry tinha perdido a noção do tempo, apenas sabia que já era dia, porque o Sol inundava os aposentos da Mansão, os dois Comensais sonolentos precisavam ficar se cutucando para se manterem acordados, Harry não conseguia ouvir o que eles falavam e sentia dor de cabeça quando tentava apurar os ouvidos para captar alguma palavra. Parece que os dois entraram em um acordo e rapidamente deixaram a porta livre. Era a oportunidade perfeita, não havia ninguém para impedi-los. Harry sacudiu Draco: - Malfoy, chegou a hora, eles saíram! – chamou numa voz urgente esquecendo todo o sono que o tinha incomodado até agora. Draco se recompôs ligeiramente. - Eu vou chamar as meninas – avisou. - É melhor deixá-las dormindo, para a própria segurança delas. Eu sei que elas não vão entender se a gente explicar, mas depois elas acabam percebendo que foi com uma boa intenção – disse Harry com a chave dourada na mão, pronto para abandonar a passagem secreta. - Eu concordo com você, Potter – afirmou – Quando estivermos com Sirius, nós voltamos para buscá-las. Quando deram o primeiro passo na direção da saída da passagem, a voz de Tathy os chamou a atenção: - Quando vocês estiverem com Sirius, nós vamos fugir porque vocês não terão que voltar para pegar ninguém – disse firmemente, os olhares dela e de Gina recaíam duramente sobre eles – E nem pensam em nos deixar de fora, a gente não precisa disso. - Eu sinto muito – respondeu a voz definitiva de Harry enquanto ele pegava a varinha – Mas eu acho que vocês devem ficar se alguma coisa sair errado – e apontou a varinha para as duas – Petrificus Totalus! Tathy e Gina ficaram com o corpo inteiro rígido, sem poder se mexer e falar, suas bocas estavam completamente duras, mas Harry conseguia ver no fundo dos olhos verdes dela, que quando elas voltassem ao normal com certeza era melhor ele não estar por perto. - Me desculpe – ele disse para Tathy e os olhos dela apenas brilharam ameaçadoramente. - Você leva a sério mesmo esse negócio de deixá-las paradas – comentou Draco, e cobriu as duas com a Capa da Invisibilidade. O corredor estava deserto, aonde os Comensais haviam ido? Isso não era problema deles, agora eles só tinham que resgatar Sirius. Harry colocou a chave na fechadura e girou, foi tão simples como apenas destrancar uma porta que estava a muito, muito tempo fechada. Sem poder acreditar que estava tão perto de seu padrinho Harry abriu a porta, Sirius estava sentado no fundo do quarto, as roupas rasgadas e hematomas no canto do olho e da boca. A visão de Sirius machucado fez o sangue de Harry ferver, mas esta não era a prioridade. - Estamos aqui, Sirius – ele disse – Como eu prometi. O olhar vago de Almofadinhas, subiu desde os pés de Harry até a sua cicatriz, de relance ele viu Draco parado ao lado, mais pálido do que o normal e o cabelo não tão ajeitado como normalmente. - Harry!Ah, Harry! – exclamou Almofadinhas – Você conseguiu! Vamos, me ajudem a levantar. Harry e Draco apoiaram os braços de Sirius nos ombros deles, e com alguma dificuldade conseguiram levanta-lo. - Temos que sair daqui antes que os Comensais voltem – falou Harry. - Tinham Comensais do lado de fora? – indagou Sirius que não imaginava que estava sendo tão bem espionado. - Sim – respondeu – te vigiando a noite inteira. - Vamos logo, eu conheço bem as passagens da Mansão, isso nos dá alguma vantagem – disse Draco. - Eu jamais pensei que meu próprio filho pudesse usar da minha confiança para me trair – era a voz arrogante de Lúcio Malfoy que soava como o alarme final, estava tudo acabado. Draco olhou pasmo para a porta onde seu pai o encarava fixamente, os olhos cintilando maldade. Ele não sabia o que fazer, se soltava Sirius ou se simplesmente se matava antes que seu pai fizesse isso. - Vamos Draco, você sempre tem o que dizer – seu tom era calmo e cínico, Draco estava totalmente em choque, como se sem a varinha Lúcio tivesse lançado o Feitiço do Corpo Preso nele. Até Harry ficou com medo, os olhos negros de Lúcio estavam frios e assustadores – Eu já temia que você tivesse se juntado ao Potter, você sempre foi fraco quando eu e sua mãe aplicávamos algum castigo em você, mas você nunca sofreu a dor de alguém que se junta a Dumbledore e a esse garoto. Harry congelou ao ver que Lúcio entrava pelo aposento, e escorria uma gota de suor frio pela testa de Draco. ** ** |