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Capítulo 13 - União de Sangue |
- Eu estou ouvindo – a voz de Draco parecia fria e distante – Mas não consigo imaginar como o passado do meu pai pode ser tão negro a ponto de eu me surpreender – os olhos dele caíram inseguros sobre Sirius – O que ele fez? Vendeu a alma para um demônio? - Eu duvido que essa hipótese seja verdadeira – respondeu-lhe lançando um olhar sério. Sirius estava com um brilho misterioso em seu rosto – Seu pai sempre foi presunçoso demais para vender a alma para uma criatura que foi desgraçada por se atrever a beber sangue de unicórnio. - Mas demônios precisam de almas ruins para sobreviver, enquanto eles eram apenas barretes vermelhos o sangue humano bastava, mas quando se tornam demônios eles têm o poder de dar qualquer coisa a pessoa em troca da sua ama suja – Draco estava aflito e as pupilas de seus olhos acinzentados diminuíam e aumentavam – Um demônio não poderia ter feito melhor escolha do que a alma podre do meu pai. - Isso faria lógica se você subestimasse a inteligência do seu pai – replicou Harry meio abalado – Ele não venderia a maior propriedade dele por qualquer desejo que um demônio pudesse realizar, você sabe que tudo que vem dessas criaturas é amaldiçoado, não há uma garantia para esses contratos, seu pai não se arriscaria... - Mas ele sempre foi terrivelmente ambicioso, não é? – os olhos de Draco correram de Harry para Sirius – Essa ambição pode ter lhe subido a cabeça e sem pensar ele fez... - Harry! – ralhou Sirius com os caninos para fora, agora parecendo mais um cão raivoso do que o padrinho que ele conhecia – Será que você podia tentar não se intrometer e dar corda para as hipóteses sem fundamento que o Draco está fazendo? Harry recuou, os olhos arregalados, mas ele não parecia ter se magoado com a bronca que havia acabado de levar. - Você deve ter uma coisa realmente muito importante para falar – a atmosfera estava tensa como se o teto estivesse cheio de pregos que pudessem desabafar encima deles a qualquer momento – Eu sinto muito, eu não queria atrapalhar. - Se a gente tivesse por onde sair – disse Tathy hesitante, ela e Gina estavam intimamente congeladas – eu juro que teríamos deixado vocês a sós. - Não é necessário – garantiu Sirius e lançou um olhar fraterno para as duas – todos vocês querem uma explicação para essa atitude de Lúcio, e eu posso ajudar a arrumar a bagunça que ele fez salvando o Harry, eu e o Draco. Houve um silêncio ensurdecedor, em que os pregos imaginários do teto pareciam ter despencado e perfurado cada parte do corpo de Draco. Harry, Tathy e Gina estavam mais afastados e mortalmente quietos. - Eu conheço o meu pai – afirmou Draco – eu sei o quanto ele é ambicioso e que não daria a mínima para a alma imunda que ele tem se em troca pudesse ser muito poderoso. Eu sei que ele dá muito valor para o dinheiro, tudo o que ele sempre quis foi ser rico e poderoso. Como ele já tinha sua fortuna herdada dos meus avós, só o que faltava era o poder, e ele foi atrás como qualquer um que quer satisfazer o orgulho próprio. - Definitivamente Draco ninguém melhor do que você que conviveu durante anos com seu pai para nos dizer como ele é – Sirius falou num tom que revelava nas entrelinhas que o quê ele estava dizendo não estava aberto para discussões – Mas eu já lhe disse que a vida de Lúcio Malfoy foi partida ao meio, separando-se em passado e presente. Eu não preciso te contar nada sobre a parte que seu pai se tornou um Comensal da Morte em diante, mas eu tenho muito o que lhe dizer sobre o passado dele e quando eu estudava com ele em Hogwarts. - O que ele aprontou quando era jovem? Ele pregou alguma peça em você ou fez algo mais perigoso? - Das afirmações que você fez anteriormente – ignorou o comentário parcialmente sarcástico de Draco – você acertou uma em quatro. Seu pai sempre sonhou alto muito além da condição de vida que ele tinha quando era um bolsista em Hogwarts. Eu também devo deduzir que você nunca conheceu seus avós paternos, eles morreram quando seu pai era um bebê e nunca deixaram nenhuma herança para ele, mas isso não significava nada, Lúcio não dava valor para riqueza e poder, ele era o aluno mais popular do colégio, todos eram amigo dele, ele não fazia diferença entre sangues-puros, Casas, posição social. Todos eram tratados do mesmo jeito pelo conhecido Lúcio. - Quer dizer que o meu pai era estimado pelo povo de Hogwarts? – um sorriso travesso saiu pelo canto da boca de Draco – Ele era o Grande Homem do Povo em Hogwarts! Eu não sabia disso, sempre achei o meu pai autoritário demais para construir uma amizade sólida com alguém, ele tinha mais jeito para comandar uma ditadura. - Do jeito que ele ficou sim – concedeu Sirius – Mas o que não se encaixa entre o seu pai de antes e o de agora é o que causou esta transformação, não houve motivos para ele se revoltar contra tudo e todos que estavam à volta dele, a ambição de Lúcio nunca foi se juntar a Voldemort e ser o cara mais arrogante simplesmente torturando pessoas porque achava que elas não mereciam viver. - Bom, só há um motivo que pode fazer um homem achar que tem que sair por aí descontando a raiva em todos que estão perto dele – disse Draco pensativo – Ele levou algum fora da garota que ele era apaixonado? - Seu pai tinha uma vida completamente feliz tirando que ele era órfão e o colégio o ajudava a bancar as despesas do ano letivo em Hogwarts. Mas, definitivamente ele foi o cara mais sortudo e filho da mãe que tinha uma confiança merecida em si próprio. Ele tirava as melhores notas e ainda namorava a garota mais bonita de Hogwarts. Desde sempre os dois só eram vistos juntos, como uma dupla inseparável tipo “Batman e Robin” só que na versão romântica. - Como a minha mãe era? – perguntou Draco interessado. - A Narcisa era a chefe de torcida do time de Quadribol da Sonserina onde o seu pai era o capitão e foi assim que eles acabaram se conhecendo! Mas ela era a garota que fazia os caras babarem quando ela passava nos corredores, os cabelos loiros dela balançavam com o vento – lembrou Sirius com uma expressão agradavelmente avoada – Isso era um tanto quanto estimulante para a população masculina do colégio. - Eu não me lembro de ter pedido para você contar ass fantasias que os garotos tinham quando olhavam para a minha mãe – replicou Draco irritado. - Então os dois eram o casal vinte do colégio? – Gina se intrometeu particularmente intrigada mordiscando o canto do dedo – Como se fossem o casal perfeito, não é? - Quando você tiver que passar por mais experiências assim como eu, a vida vai te ensinar que nada é perfeito mesmo que você pense que é – recomendou Sirius misteriosamente. - Meu pai já me disse isso – Draco engrossou a voz imitando Lúcio – “Cuidado filho, nem tudo que reluz é ouro” quer dizer, as aparências enganam. - O maior defeito da sua mãe era a ganância, ela não veio de uma família muito rica, então não pode participar de vários passeios, as meninas muitas vezes voltavam cheias de sacolas do Natal, ou das lojas de cosméticos da Beleza Mágica e ela raramente podia acompanhá-las – explicou olhando vagamente para o teto – Eu digo isso porque seu pai e sua mãe eram nossos amigos, meu, de Tiago e dos outros que se juntavam para uma festa inesperada nos finais de semana, a tristeza dela era visível, quero dizer, ela tinha tudo para ser perfeita menos o dinheiro para comprar o mesmo que as outras meninas, acho que isso a consumia de raiva talvez fosse o que ela mais quisesse. - Eu não acredito! – exclamou Gina meio furiosa – Ela era a garota mais bonita do colégio, namorava o cara mais popular e só conseguia pensar em dinheiro? - Os dois juntos não passavam de pé rapados! – argumentou Sirius – Acho que ela pensava como ela conseguiria ter uma casa, montar uma família se os dois não tinham onde cair mortos! - A julgar por todos os bens que nós possuímos hoje, parece que meus pais conseguiram juntar uma fortuna maior do que eles esperavam – disse Draco com uma nota de orgulho. - Maior do que a sua mãe esperava? Não Draco, ela sempre sonhou com isso – Sirius fitou Draco com seus olhos escuros como a noite – Eu fico feliz por ela ter se dado bem, mas esta fase começou assim que eles terminaram Hogwarts e depois se juntaram a Voldemort. Os rostos de Gina, Tathy e Harry se viraram espantados para Sirius e Draco. Draco os encarou com uma expressão ilegível, a voz de Sirius repetindo o nome de Voldemort como se ele tivesse gritado isso dentro de seu cérebro. Agora tudo fazia sentido para Draco, ele podia ver a cena em sua mente, Voldemort comprando a lealdade de seus pais com sacos de galeões, e depois ele viu os dois se arrependerem e tentarem se separarem de Voldemort, mas já era tarde, o Lord das Trevas nunca foi de perdoar ninguém, Draco o viu ameaçando seus pais. O garoto afastou essa nuvem de pensamento e se dirigiu a Sirius: - Você está supondo que eles se tornaram Comensais da Morte por interesse? – ele questionou confuso – Todos que se unem a Voldemort têm a intenção de tirar vantagem disso, seja algum proveito ou por achar que Voldemort é o lado mais forte e assim eles estarão protegidos. - Isso significa que tudo que eu vivi até hoje foi uma farsa?! – indagou Draco seus olhos se contraindo em duas linhas finas e poucas rugas aparecendo em sua testa – O que eu vi eles sendo, como eles me ensinaram a viver, foi tudo um grande engano! Eu não posso acreditar que eles passaram tanto tempo fingindo! - Seus pais erraram! – disse Gina veementemente – O erro do passado os fez pagar um preço, entenda que eles tinham que te preservar. Você-Sabe-Quem conhece o ponto fraco das pessoas, no caso dos seus pais o que eles possuíam de mais precioso era você! - Ela tem razão, Malfoy – concordou Harry e mesmo que a distância entre os dois garotos fosse um pouco grande a firmeza com que Harry disse aquelas palavras fez com que Draco parasse e pensasse friamente – Por incrível que seja, e eu digo isso como uma das pessoas que provou constantemente o veneno dos eu pai, ele foi obrigado durante esses longos anos a cumprir as ordens de Voldemort. Ele precisava proteger a família que ele tinha construído! Draco interrompeu o contato visual que ele e Harry estavam tendo, a cadeira rangeu aguda e brevemente e Draco se levantou, ele deu dois passos meticulosos e se virou para Harry. - Eu me lembro o quanto ele ficou perturbado quando a Marca Negra surgiu no céu! Ele estava agindo estranhamente com a ameaça da volta de Voldemort! - Eu acho que o seu pai tinha medo de desobedecê-lo, mesmo que depois de ter encontrado o Harry ele ter virado uma sombra que ficava vagando por aí – Gina se levantou e ficou de pé parada ao lado de Draco, ela estava com um ar pensativo. Após um segundo, ela suspirou e olhou intensamente para ele – Hoje seu pai venceu o medo por sua causa, ele preferiu se arriscar a ser morto do que te deixar esperando para Você-Sabe-Quem acabar com você! - Se não fosse pelo amor que ele sente por você nós não estaríamos aqui agora – reforçou Tathy com vigor. - E isso é o que realmente importa – disse Gina com um sorriso – Ele não fingiu a vida interia que gostava de você, que queria te ensinar o que ele achou que fosse necessário ou divertido você aprender. Draco, ele ama você de verdade, acima de qualquer coisa, e isso vale todo o sacrifício que ele fez para te poupar. - Eu espero que ele consiga cumprir o que me prometeu e me encontre lá fora – disse Draco terminantemente – Temos muito o que conversar. - E o que procurar também – disse Harry e chamou Sirius – Quando vamos deixar o porão para procurar a Espada? - Amanhã – respondeu cautelosamente – À Noite todos os gatos são pardos e se escondem sorrateiramente no escuro, e eu preciso me recuperar – Sirius se apoiou na cadeira com duas veias se acentuando de dor – Vocês devem fazer o mesmo, escapar da morte nos faz gastar muita energia. ** ** Lúcio estava sem rumo, ele não sabia se voltava ao esconderijo e forjava a fuga de Harry e os outros, ou se escondia, porque provavelmente os Comensais da Morte já tinham se dado conta de que ele os havia libertado. Como um fio de agulha passando por seu crânio, era uma dor aguda que latejava seu cérebro. Lúcio fechou os olhos, e algumas imagens passaram, primeiro como flashs de lugares e pessoas, e depois ele conseguiu voltar ao início do que parecia ser um pequeno filme registrado em seu cérebro. Sim, agora ele teve certeza de que se tratava de uma lembrança, obscura que cada vez ficava mais clara. *Lembrança de Lúcio* Era o jardim de Hogwarts, exatamente na entrada da Floresta Proibida. Havia muitas luzes no castelo, estava havendo uma festa, a festa de formatura dele, de Narcisa e de todos os outros alunos que também terminavam o sétimo ano em Hogwarts. Ele se lembrou que estava procurando por Narcisa, a garota estava decididamente fria naquele dia. Lúcio havia perguntado à ela várias vezes o que havia acontecido, mas ela apenas garantia que estava tudo bem. Porém ele sabia que tinha alguma coisa errada nela, algo que ela não queria contar a ele, e isso era grave porque desde que eles começaram a namorar não existia nada que um não pudesse compartilhar com o outro. O dia da formatura era o mais esperado por todos os alunos do último ano, não tinha um que não fizesse um comentário empolgado pelos corredores, e Narcisa estava simplesmente inexpressiva aquele dia até o momento em que ela disse a Lúcio que iria ao banheiro e ele a seguiu até a Floresta Proibida. Ele estava agachado atrás de um arbusto, o céu estava negro como se tivessem colocado sob ele um manto de veludo preto, havia um vento sombrio e o som afastado da festa, que era o único lugar para onde Lúcio queria voltar, sem saber o que Narcisa havia ido fazer ali, ele queria pegá-la pela mão e levá-la de volta ao castelo, esquecendo o que tinha feito a sua namorada ir até a Floresta Proibida, numa noite especialmente tenebrosa. Narcisa estava aflita, ela esfregava suas mãos nervosamente e caminhava de um lado para o outro, até que um barulho a fez hesitar assustada e das trevas surgiram dois olhos que brilhavam perigosamente e pertenciam a uma criatura anã. - NÃO! – gritou Lúcio, ele não tinha conseguido reconhecer o que era o ser do tamanho de uma criança que se adiantou para Narcisa como se fosse uma serpente pronta para dar o bote, a imagem se embaçou diante de seus olhos até desaparecer completamente, e Lúcio sentiu a sensação de estar entrando num buraco sem fim e cenas passavam instantaneamente. Como uma em que Narcisa estava do lado de uma pessoa encapuzada, essa pessoa se aproximava com uma varinha na mão e haviam correntes prendendo seus punhos. E esta visão também se apagou, desta vez Lúcio sentiu uma ligeira pontada embriagante e o corredor voltou a ficar em foco. A voz de alguém estava vindo na direção dele, Lúcio se segurou na parede, suas pernas já não queriam sustentar seu corpo, e ele se jogou dentro da primeira passagem que apareceu. Lúcio se encostou com a respiração ofegante ao lado da porta, e ouviu de muito perto os passos se aproximarem, uma voz podia ser ouvida mas o que ela dizia ele não conseguiu compreender, o Sr.Malfoy esperou tudo se tornar silencioso novamente. Decidido de que era melhor, para ele próprio se salvar, não ser visto por mais nenhum Comensal, Lúcio decidiu se esconder, até que pudesse saber o que ele iria fazer para ajudar Draco e os outros a saírem da Mansão, sãos e salvos. ** ** Mione já havia acordado a algumas horas, porém não tinha visto Rony no café da manhã. À medida que cada um ia acordando preparava seu próprio pão e o leite para fazer o chocolate quente, a única bebida disponível no acampamento, porque alguém havia errado uma mágica e queimado todo o estoque de café. Mione não quis ir procurar Rony antes porque ele poderia imaginar que ela estava dando mais esperança a ele, e isso só deixaria a consciência dela mais pesada, além de tornar as coisas mais desconfortáveis do que já estavam para ela. No entanto, ele não estava em nenhum lugar do acampamento, e as horas iam passando e o tempo se alongando, Hermione resolveu perguntar para Lupin se ele sabia onde Rony estava. A resposta é que ninguém fazia idéia, e que estavam todos tão compenetrados em suas atividades, que não tinham espaço para prestar atenção nele, talvez Rony estivesse por aí tão dedicado como eles, e a garota nem tivesse percebido. Hermione lançou com violência seu ar pela boca afora, os lugares em que ela tinha procurado Rony sendo descartados mentalmente. Com certeza ela teria visto-o se ele estivesse onde provavelmente qualquer um estava, mas o garoto tinha simplesmente desaparecido. Sentindo-se totalmente burra ela pensou no alojamento masculino, era o lugar mais provável de onde ele poderia estar. E agora Hermione sentiu-se muito estúpida porque ela estava prestes a fazer uma coisa muito idiota, ela sabia disso, porém isso já não contava tanto para ela. “Vamos arriscar, Srta.Granger” ela pensou caminhando ansiosamente para a barraca “Enquanto você o procurava por toda a floresta, ele estava bem quietinho dormindo em sua cama.” Hermione entrou com passos mansos, ela iria dar um grande susto em Rony daqueles que nos deixam sem fôlego, primeiro porque quase temos um ataque cardíaco, segundo porque depois não paramos de rir de nós mesmos e nossas caras de espanto. Hermione se virou sorrateiramente para a cama de Rony com as mãos erguidas pronta para dar o susto, mas... A barraca estava vazia. Nenhuma alma viva sequer para dizer uma palavra para Hermione. - Rony! – ela tentou novamente – Você está aí? Se você está escondido pode sair! Desista porque eu não vou me assustar! Em seguida veio o silêncio, Hermione olhou em volta, nenhum movimento, definitivamente ela estava sozinha. O vulto de Mione continuou andando até mais adiante da barraca, se perguntando onde Rony poderia estar, ela não tinha nada de importante para dizê-lo, só queria vê-lo, justamente encontra-lo, mira-lo divertidamente e ver seu olhar sendo correspondido, sem falar que Rony era o único bruxo da mesma idade que ela, isso a fazia sentir menos deslocada no acampamento. Ela passou pela clareira e chegou numa planície, o nível do relevo estava visivelmente num plano mais alto, apesar de não ser distante do lugar onde todos estavam agora, só naquele ponto podia se perceber como o chão se ressaía nessa parte final, que terminava num extenso barranco. Rony estava sentado em frente ao buraco que o declive fazia, os raios de Sol deixando seus cabelos além de vermelhos com pequenos tons amarelos, e ele numa posição reflexiva. - Este seria um lugar legal para se isolar do mundo! Mas será que você podia dividi-lo comigo só um pouco? Eu não gosto de ficar lá vendo eles trabalharem sem poder fazer nada efetivamente útil! – disse Hermione. As orelhas de Rony ficaram vermelhas, parecia que o Sol estava cozinhando as duas. Os ombros dele ficaram mais tensos quando ele percebeu que não estava mais sozinho. - Claro! – ele respondeu – Não há nenhuma proibição de você vir até aqui! Hermione sentou do lado de Rony, ele olhou para ela. Mione estava respirando pela boca, como ela sempre fazia quando estava cansada, as maças do rosto tinham ficado mais vermelhas que o normal. - Bom dia! – falou animada – Eu tive que andar um bocado para conseguir te dizer isso. - Não dizem que sempre depois da tempestade vem a calmaria? Se eu comparar isso com a noite de ontem, serve como consolo! – disse Rony desta vez sem lançar nenhum olhar para Hermione, a tristeza estampada em letras garrafais escritas em seu rosto. - Se lembra de quando eu fui petrificada pelo basilisco? Você pode compara a isso o que eu estou sentindo agora, talvez s e vocês tivessem me deixado petrificada para sempre seria melhor... Hermione pegou uma pedrinha e arremessou longe. - Por favor Rony, não me faça sentir pior do que eu já estou – ela disse com uma nota melancólica – Você pode dizer a si mesmo que seu amor por mim é sólido o suficiente para você lutar por ele. Eu não posso nem ao menos lutar por você, porque nada na minha vida está definido, entre o que eu quero e eu, existe uma barreira. - Então você já sabe o quê vai fazer? – Rony olhou para ela surpreso. - Eu sempre soube, mas esta barreira sempre foi mais alta do que eu pudesse enxergar – Hermione sorriu timidamente – E de certa forma você está se fingindo de bobo ou você é muito pessimista para não entender do que eu estou falando. Rony ficou calado, as orelhas ficando vermelhas de novo, ele olhou para baixo e disse como se nada tivesse acontecido: - Quando você fica preocupada, você também fica desatenta? - Eu não estou entendendo o que você está querendo dizer... – ela falou impaciente. - Olhe! – Rony apontou para a frente, mais adiante eles podiam ver um grande campo, toda a grama devidamente cortada e numa colina um ostentoso castelo, cercado por muros, contudo do lugar que os dois estavam tanto a parte de dentro como a de fora ficava visível, assim como o onipotente M que estava no portão – A Mansão Malfoy! Nós não fazíamos idéia do quanto estávamos perto de Harry... Hermione olhou incrédula para o castelo nas planícies, a única coisa que os separava era o grande barranco que estava caindo diante deles. Ela se levantou e sapateava agitava na direção de Rony e depois da Mansão: - Por Deus! – exclamou com um sorriso – Você faz idéia do que isso significa? - Que Lupin sabia que havia outro caminho para a Mansão e escondeu isso da gente porque provavelmente ele imaginou que se a gente soubesse como o Harry está perto seria inevitável... - A nossa ida para a Mansão! – bradou Hermione com vigor. Ela ofereceu uma mão alvoroçada para que Rony também ficasse em pé – Eu sei que o que nós vamos fazer é um tanto previsível, mas qualquer um faria isso para ajudar um amigo, não é? - Eu deveria te alertar! É loucura entrar no atual Centro de Reuniões dos Comensais da Morte, deve haver um bocado dele lá dentro! Sem falar no próprio Lord das Trevas... – um olhar sombrio transpassou Rony. - Mas, Rony! – protestou Hermione chocada – Nós não podemos deixa-lo lá! E esperar por Dumbledore é arriscado demais! A qualquer hora pode acontecer algo novo, e pode ser o fim de algum deles, sem aviso prévio entendeu? Rony acariciou a pele macia de Hermione. - Se você não fosse tão apressada e me deixasse terminar! – eles se entreolharam, ambos com muito afeto – É impossível ser imparcial quando se tem o melhor amigo e a irmã lá dentro! - Oba! – Hermione agarrou o pescoço de Rony e o abraçou tão forte que seus ombros chegaram a doer – Eu sabia! Você nunca os deixaria na mão! - Certamente não – respondeu Rony numa voz abafada – Agora que tal você me soltar porque está esmagando os meus ossos! - Oh! – disse envergonhada se afastando dele – Me desculpe! - Tem certeza de que ninguém te seguiu até aqui? – perguntou Rony preocupado. - Absoluta – falou Hermione firmemente – Eles estão ocupados demais para prestar atenção na gente! - Ótimo, isso vai facilitar a nossa fuga – Rony colocou suas mãos nas costas e admirou a Mansão – Porém se o profº Lupin ou Dumbledore desconfiarem que nós estamos planejando fugir para resgatá-los eles vão tentar impedir. Ninguém pode saber, senão não teremos a menor chance. - Se depender de mim, Lupin e Dumbledore vão se surpreender quando sentirem nossa falta – afirmou. - Você realmente acha que não passou pela cabeça deles a hipótese de que a gente iria tentar salvar o Harry principalmente com a Mansão bem debaixo do nosso nariz! - Dumbledore é esperto – concluiu Hermione com olhar penetrante – Ele age como se nada estivesse acontecendo, mas sabia que se a gente contornasse a clareira chegaria a esse atalho! - Deve ser algum caminho estratégico – refletiu Rony – Se a coisa ficasse muito feia e Harry ou os outros precisassem de ajuda, chegaríamos muito mais rápido por aqui! - Dumbledore sabia que existia a possibilidade da gente descobrir o atalho! Tenho certeza de que ele está com olhos bem abertos com a gente! - Dumbledore é um dos bruxos mais sábios que eu já conheci, não devemos dar motivo para ele supor que nós dois estamos maquinando planos, temos que voltar logo ao acampamento – sugeriu Rony conferindo se não havia ninguém se aproximando. - Não vai demorar muito para ele perceber que nós estamos armando alguma coisa... – disse Hermione aflita apertando seus dedos. - Por isso acho melhor partirmos hoje! – falou Rony terminantemente. A notícia foi um chacoalhão em Hermione. - Claro – murmurou hesitante – Quanto mais demorarmos, pior vai ser. Temos que nos apressar! - Vamos arrumar nossas malas e nos encontrar aqui – mandou Rony cautelosamente – Mas tenha cuidado, porque se eles sonharem com essa hipótese tudo vai por água baixo, eles definitivamente vão nos proibir de pensar em chegar perto da Mansão sozinhos! Mione balançou a cabeça em sinal positivo, e inesperadamente deu um beijo no rosto de Rony, que se sentiu enrubescer. - Boa sorte! – a garota desejou e saiu correndo. Quando Hermione voltou carregando o seu malão Rony já estava pronto, sentado encima de sua bagagem. Ele espiou a garota se aproximando com dificuldade para levar o malão. - Rony! – ela chamou – Por quê você está aí parado? Venha me ajudar a carregar essa mala! - Hermione, o que você está fazendo? – ele gritou perplexamente – Você é uma bruxa ou não é? Rony sacou a varinha de suas vestes. - “Vingardium Leviosa!” – disse e a mala foi flutuando até pousar levemente ao lado do malão de Rony. - Oh! – ela se lamentou – Acho que eu estou tão nervosa que acabei esquecendo que eu podia usar a varinha! - Isso mostra como você consegue manter a cabeça fria nessas situações – falou Rony com ironia – Francamente! Esqueceu que poderia usar a varinha! - Não ria de mim! – Hermione protestou divertidamente – Eu tive que arrastar a mala por toda a clareira! - Venha aqui! – Rony a puxou pela mão e a levou para a beira do pequeno penhasco. Eles sentaram encima de seus malões e ficaram observando a paisagem, a tenebrosa Mansão Malfoy tão distante os chamava com um assobio da brisa fria que literalmente gelava os ossos deles. - Vamos partir depois do almoço – comunicou Rony – Assim estaremos bem alimentados, e eu também peguei algumas comidas no caso da gente precisar, mas eu aposto que não vamos sentir fome, calculo que seja no máximo uma hora de caminhada até chegar na Mansão. Hermione simplesmente não respondeu, ficou olhando aflita para suas mãos cruzadas em seu colo. - O que foi? – perguntou Rony docemente – Você está com medo? - Não – ela respondeu prontamente olhando para o garoto – Mas eu estou pensando que a luz do Sol não é nossa aliada, ficaremos mais escondidos quando o Sol se pôr atrás das montanhas. - Nós precisamos enxergar para poder desviar dos prováveis feitiços que devem proteger a Mansão, considerando quem nós somos – Hermione estava pálida apenas olhava para Rony, uma expressão de dor nascia na discreta dobra de suas têmporas. - Estamos definitivamente ferrados – disse com amargura – Vamos bater de frente com o pai nojento de Draco, ele é mau e a Mansão tem a aparência de ser antiga, casarões assim costumavam ser forjados por muitos feitiços. Os bruxos do século XXII viviam em fortalezas extremamente protegidas porque muitos odiavam ser incomodados por vizinhos ou curiosos que fossem bisbilhotar suas vidas desconfiando de suas verdadeiras identidades. - Eu já ouvi o Malfoy se gabando no Salão Principal que nenhum intruso conseguiria passar do portão da sua casa, que seria atingido por tantos feitiços que cairia desmaiado no chão antes de piscar – narrou Rony com um leve tom de raiva escondido em sua fala. - Isso se tivermos sorte, eu duvido que Lúcio Malfoy não faça da entrada sua própria máquina de diversão – disse Hermione com os olhos esbugalhados – Torturando, ferindo e até matando quem se intrometa lá! - Eu acho que é tudo mentira do Malfoy – falou Rony cético – Ele vivia gritando pra quem quisesse ouvir que os trouxas eram a escória do universo, e não teve a capacidade de ser o herdeiro de Slytherin e nem de abrir a Câmara Secreta – afirmou – Esta é a regra: Se o Malfoy diz que não teremos tempo nem de piscar no portão, é porque vamos chegar até a campainha em segurança. - Você está exagerando – replicou Hermione pensativa roendo uma de sua unhas – mas tenho certeza de que nenhum feitiço irá nos atingir se formos completamente invisíveis. - Mas o Harry levou a Capa da Invisibilidade – argumentou deploravelmente. - Mas eu disse completamente, e não parcialmente – corrigiu Hermione estreitando seus olhos de um jeito misterioso – Além de não estarmos materializados na forma física, não podemos transmitir calor, respiração, emitir barulho ou fazer movimentos. Assim estaremos prevenidos contra qualquer tipo de magia, pois na teoria nem iremos estar vivos. - E na prática também não – enfatizou Rony – se dependermos disso para chegarmos com vida na Mansão. - Quer prestar atenção? – pediu Mione um pouco irritada – Eu estive analisando, Dumbledore vai dar ordens para os bruxos que estão aqui invadirem a Mansão se for necessário, ele não brincaria com a vida de tantas pessoas se não soubesse o que está fazendo. E tem outra coisa, como Sirius conseguiu passar por tantos feitiços sozinho? - Por quê eu tenho a impressão de que você já sabe a resposta dessas perguntas? – respondeu – Se dentro de mais ou menos um mês, você tiver vontade de explicar, você me avisa, tá? - Sim, eu sei o que a gente tem que fazer – disse orgulhosa tirando de sua mala um livro cor de terra – Eu estava lendo “Plantas Mediterrâneas e suas propriedades mágicas” quando uma planta me chamou atenção. Aequusmortis, uma espécie de flor viscosa de cor azulada, a mágica que ela faz é surpreendente. Perdemos todos nossos sinais vitais qualquer outra coisa que possa indicar que estamos vivos, contudo continuamos a vagar conscientes durante quinze minutos. O tempo é curto, mas é o bastante para entrarmos na Mansão sem problemas. - Sem querer ser pessimista – disse Rony pausadamente – eu quero saber como vamos conseguir duas dessas florzinhas gosmentas? - Eu vi um monte de frascos com elas na sala de Reuniões, estão no alto da última prateleira, só precisamos pegar algumas sem que ninguém veja. - Digamos que já nos tornamos profissionais nisso com tantos anos estudando com o Harry! – comentou Rony alegremente. - No entanto os efeitos colaterais que uma Aequusmortis provoca não são muito agradáveis – Hermione afundou seu rosto no livro e franziu as sobrancelhas – Varia muito da resistência do organismo de cada pessoa, porém passados os quinze minutos o bruxo que a comeu pode sofrer tonturas e perder a visão durante alguns segundos, como apagões – ela terminou de ler e fechou o livro. - Então já temos uma saída para o nosso problema – concluiu Rony. - Pelo menos para este – disse Mione seriamente – Se algo der errado eu vou saber que tentei ajudar e não fiquei apenas assistindo as coisas acontecerem. Rony pegou nas mãos da garota e as apertou com firmeza, havia muita determinação em seus olhos. - Hermione – sua voz estava tensa, mas havia vigor – eu não quero que você faça besteiras na Mansão e acabe perdendo a vida. Se alguém tiver que se sacrificar para proteger os outros este alguém será eu. Entendeu? - Não diga bobagens – ela desconversou – Eu prefiro morrer ao te ver morrendo! - E eu não quero mais viver se for sem você – replicou. Hermione ouviu atentamente e ficou emocionada, ela não queria dizer nada, somente olhar para Rony, sua áurea tão cheia de sinceridade, ele correspondeu ao olhar. Após um instante a garota sorriu. - Estamos brincando com a morte. Façamos um trato – propôs – Nenhum de nós morrerá, ainda temos que viver muitos anos, e somos dependentes um da vida do outro. - Eu aceito o trato e serei impetuoso com eles se me privarem de você, e me deixarem sonhando com a sua decisão, as estrelas ontem me disseram que logo eu vou saber – Rony beijou as mãos de Hermione e se levantou – Espere aqui, em um minuto eu volto com a nossa planta! – e saiu correndo. Hermione o assistiu se afastar até sumir de vista, um calor estranho aquecendo suavemente seu coração. Ela suspirou e olhou a ameaçadora Mansão Malfoy. - Partir é um dor tão doce que mistura medo e alegria, o nosso destino é tão incerto que às vezes sinto vontade de ficar dizendo adeus até amanhã. ** ** ****** Harry Dormindo****** A noite estava sombria, apesar do verão estar chegando, havia um forte e frio vendaval que congelava os ossos de Harry, as árvores eram muitas, seus troncos pareciam rostos malignos cheios de mil olhos que sorriam maliciosamente, no céu estouravam muitos raios silenciosos que riscavam o manto negro e tenebroso da noite com supostas rachaduras roxas em sua atmosfera. Harry podia ver e sentir em seu corpo como se estivesse lá, porém ele mantinha uma consciência que não fazia idéia de onde vinha, de que ele não estava naquele lugar, harry era apenas um expectador que observava de longe, mas era atingido psicológica e fisicamente por sua visão medonha. Pessoas com capas pretas esvoaçantes surgiram, eram seres das trevas encapuzados e mascarados, e formaram um círculo. Cada um tinha uma imagem com um crânio e uma cobra saindo da boca desse crânio queimando em vermelho-vivo por debaixo de suas vestes, a imagem aparecia nitidamente incendiada em seus braços. De dentro da floresta emergiu um homem magro, com a pele extremamente branca, não amarelada como a dos mortos, e sim pálida e tênue como se há muitos anos ele não tivesse absorvido nem um raio de luz de Sol que nos deixa corados, e seu semblante enjoado e sem vida de alguém que sempre esteve doente e a cada dia tem suas forças supridas pela tristeza que o consome. Do seu lado, um homem que do mesmo modo que os outros usava capuz e máscara, ele era baixo e gordo, seus passos acompanhavam com uma devoção assustada o seu amo, como se ele estivesse prostrado suplicando para que seu senhor não se irritasse com ele. Os Comensais da Morte recuaram e Voldemort se adiantou seguido de Rabicho. Lentamente os bruxos da roda se prostraram de joelhos e se arrastaram até Voldemort para beijar suas vestes, um por um repetiu a saudação e voltou para seu lugar. Harry sentiu sua cicatriz doer como se houvesse algum veneno que vindo dela se espalhasse por toda a sua cabeça e a deixasse inchada dando a sensação de que ela iria explodir. Os tons roxos do céu piscaram em sua vista o deixando tonto e confuso, tudo parou de girar subitamente em dois olhos vermelhos e ameaçadores, Voldemort olhava para seus Comensais. Então Harry teve a definitiva certeza de que estava sonhando, porém o Menino-Que-Sobreviveu dorme e sonha com coisas verdadeiras. O jardim da Mansão estava tão perto do porão que Harry podia sentir o cheiro forte de canela e do orvalho que deixava a grama úmida, e as vozes pareciam ser ouvidas através da janela que permitia a propagação de seu som. Era um sonho, no entanto Harry não conseguia se libertar dele quando quisesse. - Meus servos – sibilou a voz tenebrosa de Voldemort – Se aproxima a hora em que eu reinarei absolutamente no Mundo Mágico, em que finalmente poderei me vingar de Harry Potter e mostrar a todos que pensaram que eu havia sido derrotado, que o herói deles é um fraco, e que ironicamente os poderes dele estarão ligados aos meus através do talismã. Voldemort arrastava sua capa pelo jardim passando por cada Comensal dignamente empertigado, deixando seu rastro de medo e astúcia. - Vocês fizeram um bom trabalho – recomeçou secamente – Na verdade me surpreenderam. Capturaram Harry Potter, Sirius Black e serão muito bem recompensados... – os olhos de Macnair e os outros reluziram com essas palavras – Onde está Lúcio? - Milorde – respondeu Macnair prontamente fazendo uma pequena reverência – Lúcio Malfoy está cuidando dos prisioneiros, a porta está sendo vigiada constantemente. - Ótimo, eu queria a presença do meu ardiloso amigo na hora da minha chegada, mas acho prudente tomar algumas providências para assegurar que os prisioneiros não irão fugir - Perdão, milorde – disse Macnair – Mas é praticamente impossível que eles escapem do quarto porque a porta é encantada, no entanto Lúcio achou melhor prevenir e ficou vigiando-os para que nada atrapalhe os planos do Mestre. - Que assim seja. Tudo o que eu sofri por causa desse menino acaba hoje, é o início de uma Nova Era para o Mundo Mágico, aqueles que foram infiéis vão pagar o preço. E vocês que permaneceram fiéis a mim nunca vacilem porque eu sempre me lembro daqueles que me ajudam – Voldemort arrancou o talismã de seu pescoço e ergueu-o admirando o objeto. Depois de alguns segundos em reflexão, ele se voltou para Macnair – Me leve até o garoto. Essas últimas palavras invadiram a mente de Harry e vibraram como se alguém tivesse batido os pratos de uma bateria em seus ouvidos, a dor exaustiva de sua cicatriz voltou e Harry conseguiu se libertar de seu sonho. Desesperado. Mil coisas passaram numa velocidade surpreendente pela cabeça de Harry. Há quanto tempo aquilo havia acontecido? Será que eles já tinham descoberto a fuga de Harry? Qual seria a reação de Voldemort? Harry acordou Sirius apressadamente, seu padrinho ainda taciturno compreendeu quando viu o rosto pálido do garoto tentando dizer alguma, mas as palavras não saíam, ele colocou a mão sobre a cicatriz.. - Sua cicatriz voltou a doer, Harry?- indagou Sirius tomando consciência da proporção do problema – O que houve? - Eu sonhei com Voldemort – Harry disse espantado como se a idéia de ter premonições fosse muito estranha – Ele está aqui, ele quer o talismã. Precisamos fugir – Ele está aqui, ele quer o talismã. Precisamos fugir. - Por Merlin! – praguejou Sirius toda a expressão de sono foi varrida em um segundo – Esse maldito venho mais rápido do que eu esperava. Corremos perigo, Harry! Todos nós! Gina e Tathy despertaram com a confusão. - Malfoy – Sirius o sacudiu desajeitadamente – Malfoy, você tem que nos tirar daqui! - Será que não se pode nem dormir direito? Eu vou dar uma de super-herói com o Potter depois, mas agora eu só preciso dormir! – resmungou Draco com a cabeça deslizando debilmente no travesseiro. - Acorde, Draco! Isso é urgente! – berrou Harry. O garoto de cabelo loiro-platinado que mesmo ele acabando de acordar não se mexiam um milímetro do lugar teve um estralo. - Você nunca me chamou pelo primeiro nome, Potter! – sua voz rouca tinha um leve tom de irritação – Deve ser realmente uma emergência para você falar assim! - É pior do que uma emergência... é uma calamidade! – rugiu Harry – Se você teme pela sua vida temos que sair daqui já! Gina e Tathy que observavam tudo quietas deixaram escapar um gemido horrorizado. - Voldemort está aqui! A esta hora provavelmente nos procurando por toda Mansão e guiado pelo talismã ele não vai demorar a chegar! - Meu pai? – exclamou Draco imediatamente – Será que ele está bem? - Se tranqüilize, Malfoy – sugeriu Sirius Black – Você precisa nos salvar e depois eu tenho certeza que seu pai estará lá fora te esperando. Draco sentou numa poltrona e colocou suas mãos na testa. - Certo – disse firmemente como se estivesse tentando organizar seus pensamentos – Temos que sair pelo jardim, porque se voltarmos pelo caminho que viemos vamos acabar nos encontrando com eles. - Então você nos guia – falou Harry terminantemente colocando a mão na maçaneta e girando-a. - Pare, Potter! – berrou Draco – O jardim é cheio de feitiços, só meus pais sabem controla-los, e eu sou imune a eles! Mas qualquer um de vocês saindo aleatoriamente por aí não vão ter chance de sobreviver para contar se as plantas eram bem regadas. - O que te faz imune? – perguntou Gina. - Sangue Malfoy – respondeu simplificadamente – É o que tenho nas minhas veias, e é o que eu vou dar para vocês. Você tem um punhal aí, Potter? – sua voz soou como se ele estivesse pedindo uma caneta emprestada. - O que você está pensando em fazer? – replicou Harry escondendo o punhal que ele tinha pego em uma das salas da Mansão. - Não é óbvio? – disse sarcasticamente – Eu preciso fazer um corte para que o sangue saia e eu dê ele pra vocês. - E você pretende que a gente tome o seu sangue ou faça algo parecido? – disse Tathy perplexa. - Eu acho isso nojento – disse Gina enjoada. - Podemos colocar o sangue do Malfoy em frascos e pendurar no pescoço – disse Sirius e voltando-se para Draco – Eu estou vendo que você não está preocupado com isso, mas não faça um corte muito profundo. Draco pegou o punhal da mão de Harry e fez um corte na palma da sua mão, e o líquido vermelho começou a brotar de dentro da sua pele. - Você está bem? – perguntou Gina preocupada – Está doendo muito? - Daqui a dois dias isso já estará cicatrizado – respondeu tranqüilamente. Sirius pegou cinco grampos de cabelo de Tathy e agitando sua varinha disse: - “Transformus”! – e os grampos se transfiguraram em cinco pequenos frascos amarrados numa cordinha. Draco colocou algumas gotas de sangue que escorriam de seu ferimento dentro dos frascos e os distribuiu. - Agora vocês estão invisíveis a qualquer feitiço ou detector de intrusos e tem passagem livre por toda a Mansão, mas tomem cuidado para não quebrar o frasco porque isso só vale enquanto vocês tiveram o meu sangue. - E a Espada? – disse Harry – Nós temos que acha-la, é o único jeito de acabar com essa Maldição! - Com a chegada de Voldemort teremos que ser mais atentos ... se até aqui isso foi uma brincadeira pra vocês, a partir de já se conscientizem de que brincadeira acabou e quem for capturado pode não voltar mais... – anunciou Sirius mais sério do que Harry já o tinha visto em toda a sua vida – Tem alguém aqui que acha que não vai conseguir? Que quer ir embora? Silêncio absoluto, ninguém se manifestou. - Então, todos somos capazes de conseguir! Vamos nos separar em dois grupos, porque assim fica mais difícil de nos capturarem... Sempre olhem para o céu, se algum grupo achar a Espada deve soltar centelhas vermelhas assim o outro grupo deve partir imediatamente ao encontro daqueles que estiverem com a Espada, entenderam? - Vamos dar a volta no jardim da Mansão para entrar na casa de novo? – falou Gina - Sim, você vai com o Malfoy e eu vou com o Harry e a Tathy... – ordenou Sirius – Espero que nos encontremos em breve! Depois das despedidas, eles abriram a porta do porão e saíram para noite sombria iluminada pela ameaçadora luz da Lua e seguiram caminhos opostos. ** ** Gina e Draco olharam para trás e viram as sombras de Harry, Tathy e Sirius se embaçarem até se misturarem completamente com a escuridão. Gina agarrou firmemente a mão de Draco que olhou para ela: - Não tenha medo, eu vou cuidar de você – sussurrou o garoto. Eles continuaram caminhando por um bom tempo, o cheiro forte de grama e orvalho penetrava nas narinas de Gina, pequenos barulhos eram feitos por seus passos cautelosos e arrastados. Gina mantinha uma mão segurando o frasco de sangue e outra era guiada por Draco. - Ainda está doendo? – perguntou Gina. - O quê? - A sua mão, eu acho melhor você fazer um curativo nela ou pode infeccionar – respondeu num tom um pouco acima de um sussurro. Draco olhou para sua mão, apesar de não enxergar nada naquela escuridão, sentia que o ferimento estava seco e duro e que o resto da sua mão mal se mexia. - Não precisa se preocupar comigo, eu estou bem – disse sentindo como sua mão estava rígida. - Eu não tô preocupada – negou Gina mas você não pode ignorar o fato da sua mão estar com uma aparência horrível – ela suspirou e pegou a mão machucada de Draco – E está fria. Agora os dois estavam parados um de frente para o outro, com uma mão entrelaçada e a outra Gina segurava delicadamente. Ela não conseguia enxergar mais do que os contornos do rosto de Draco, porém o brilho dos olhos acinzentados caíram sobre ela como a suave brisa do sereno. Demorou algum tempo até ela cair em si e esquecer que ele estava tão perto dela, que a estava tocando e de certa forma isso queimava em cada terminação nervosa de seu corpo. Ela tirou a mão que estava entrelaçada e procurou sua varinha: - “Lumus!” – a luzinha que nasceu de sua varinha iluminou o corte profundo e que já estava ficando grudento na mão de Draco – Meu Deus, a sua mão não pode ficar assim... Eu não posso acreditar que você não iria fazer nada, ainda tem sangue superficialmente. Gina fez um Feitiço Anti-céptico para limpar a ferida e depois fez um Feitiço Esparadrapo, Draco estava com seu machucado devidamente enfaixado e depois de algumas árvores tenebrosas e pequenos ruídos produzidos pelo jardim, Gina comentou com uma nota de medo em sua voz: - Devemos estar bem longe deles agora. - Estamos quase chegando do outro lado. Vamos despistar Voldemort! Você devia estar orgulhosa por isso! No instante em que Draco foi olhar para a garota um animal coberto por pêlos castanho-avermelhados saiu de um buraco escuro andando ligeiramente com suas cinco patas e pulou em cima de Gina que caiu no chão totalmente sem defesa, enquanto o monstro atacava-a violentamente. Tudo isso aconteceu muito rápido, Gina estava imóvel e paralisada pelo choque, sem pensar muito no que estava fazendo Draco arrancou o monstro co sua mão machucada, porém isso já não fazia diferença. A estranha criatura peluda era forte e começou a tentar dar mordidas em Draco. A luta ficava mais difícil à medida que o animal se debatia em seus braços e conseguiu dar uma dentada, como muitas faquinhas pontiagudas em seu pescoço. Mais que por impulso do que um ato de defesa, Draco tirou o monstro que estava grudado em seu pescoço como se tivesse feito um Feitiço Adesivo Permanente. Com o pouco que lhe restava de consciência pensou no mesmo instante em que quase levava outra mordida “Estamos ferrados é um animal carnívoro, se pelo menos conseguisse pegar minha varinha.” E ele viu um jato de luz prateada bater no monstro que parou de se mexer e caiu duro no chão. Do outro lado estava Gina com a varinha empunhada e a mão tremendo, seus olhos negros estavam incrivelmente assustados e olhavam para Draco como se soubessem que desta vez algo muito grave tinha acontecido. Draco teve pela primeira vez, desde que o animal surgira misteriosamente, a sensação de dor. Sua mão latejava e um líquido quente escorreu por seu pescoço, ele sentiu uma dor de cabeça estonteante e a força para sustentar seu corpo desapareceu tão inesperadamente que ele não pode impedir sua queda. - NÃO! – Gina disse com um gemido se ajoelhando onde o garoto estava. De repente Draco queria falar, mas estava doendo muito, e a dor era tão intensa que ele sentiu vontade de fechar seus olhos, assim talvez seu sofrimento diminuísse e até se tornasse agradável. - Não Draco, não! – chamou a doce voz de Gina, embora agora ela estivesse cheia de aflição – Não feche os olhos, fique aqui comigo. Suas pálpebras estavam tão pesadas que ele já não se importava mais em resistir de fechá-las, mas a súplica de Gina era mais do que um pedido para ele. - Escute – a voz trêmula e hesitante de Gina soava bem perto dele. Ele viu a mão dela toda ensangüentada – O corte não é profundo, mas você está perdendo muito sangue, eu só preciso estancá-lo, mas para isso você tem que ficar acordado. A imagem de Gina foi se embaçando diante dele, como se estranhamente ele também precisasse de óculos para enxergar assim como Harry, ele sentiu muito por estar fazendo aquilo, sua mão já não doía mais, só uma do r fininha que parecia vir lá de dentro de sua artéria é que lhe dava garantia de estar vivo. Ele sentiu gotas quentes e salgadas pingarem em seu rosto e quando Gina falou ele percebeu que ela estava chorando. - Draco – Gina tentou manter sua voz firme mas estava vacilando toda hora – Você não pode morrer...não pode morrer porque... porque eu preciso de você todos os dias do meu lado...você não pode ir embora antes de ouvir que eu queria que tudo tivesse sido diferente, queria ter aproveitado melhor os momentos que tive com você. Eu te amo. Com um último gemido ela o apertou contra seu peito. ** ** ** |