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Capítulo 2 - Perdidos na Passagem Secreta |
Harry, Rony e Hermione estavam na biblioteca, só assim podiam ter um pouco de privacidade, queriam ficar longe de todos para que ninguém atrapalhasse aquele momento. Aliás, já estava se tornando um hábito tomar as grandes decisões na biblioteca. - Tudo bem, eu concordo em entrar na passagem secreta e descobrir aonde vai dar – consentiu Hermione – Só porque vocês insistiram muito, e eu não quero passar pela moralista e chata que sempre está estragando os planos de vocês. - Obrigado, Mione – disse Rony muito felizinho – Você é tão legal, tão compreensiva, pena que não posso dizer o mesmo sobre a parte em que você é a moralista chata que estraga os nossos planos. *** *** - Muito bom mesmo, aquela professora vai me pagar – dizia Draco com a sua voz arrastada, ele estava com muita raiva e isto fazia seus olhos se destacarem ainda mais – Passar tarefa extra, três metros de pergaminho pra amanhã! – gritava como se isso fosse a maior loucura que ele já viu em sua vida – E o pior é que quando se trata de inteligência, não posso pedir para o Crabbe e o Goyle resolveram pra mim! Ele atirou seus materiais com força em cima de uma mesa e foi procurar um livro. Quando ouviu algumas vozes cochichando algo que parecia importante, prestou atenção na conversa: - Ora, ora, ora... – disse num tom triunfal – Weasley, Granger e o famoso Potter, o que será que eles estão falando? Se ouvir uma conversa secreta já era interessante, imagine quando isto envolve os piores inimigos de Draco, ele estava decidido a descobrir o que eles estavam falando e usar essa informação contra eles. Porque todos os anos quando os três tinham algum segredo, Draco já suspeitava que isso acabaria virando um ato heróico de Harry Potter, que se tornaria cada vez mais adorado pelas pessoas. - Bom, não é novidade nenhuma que eu estou curioso para saber o que há atrás daquele quadro – afirmou Rony com entusiasmo. - Mas em certo ponto a Hermione tem razão, quando se trata de uma passagem secreta devemos ter muita cautela, principalmente quando não sabemos nada sobre ela – argumentou Harry erguendo as sobrancelhas. Draco sorriu intimamente. Então é uma passagem secreta! Mas que coisa interessante... Isso quer dizer que eles estão planejando desrespeitar mais uma regra... - Harry e Rony, eu acho que hoje é um dia perfeito – Hermione disse num tom de sabe o que está fazendo – Sexta-feira, todos estão cansados querendo dormir para acordar num belo final de semana... - E é aí que a gente entra em ação – concordou Rony em perfeita sincronia de pensamentos – Depois do jantar vamos até aquele quadro perto da sala do Snape... - Feito – falou Harry com o espírito de aventura tomando conta da sua personalidade. Ok, pensou Draco, Eu estarei lá com o maior prazer, querendo descobrir o que vocês pretendem fazer... *** *** Depois do jantar Harry, Rony e Hermione saiam apressados. Eles já tinham desrespeitado o regulamento um milhão de vezes, mas sempre foi por um causa que eles consideravam justa como, por exemplo, salvar o universo. Nunca tinha sido para se enfiar numa passagem secreta na qual não sabiam nada. Todos tinham consciência de que estavam sendo imprudentes, e quando Simmas Finnighan chamou eles levaram um susto: - Ei! – gritou correndo em direção aos três – Vocês não vão ouvir a história do Dino, hoje? Ele me contou que vai ser sobre um vampiro que morreu há muitos anos e se tornou um mostro assassino, ele ainda habita aqui em Hogwarts – quando viu a expressão de espanto de Harry e os outros acrescentou – Não se preocupem, conforme ele me adiantou esse vampiro vive na Floresta Proibida. Harry se sentiu mal só de pensar nas vezes em que esteve lá correndo o perigo de encontrar com um vampiro homicida. - Não acredite nisso, Harry – advertiu Fred com uma cara divertida – É tudo mentira... Antes que ele e Simmas pudessem começar a discutir, Hermione disse: - Já estamos de saída, temos um trabalho pra acabar... – e foram embora rapidamente. Eles estavam quase chegando na passagem secreta, e Draco os esperava escondido. - Você trouxe o Mapa do Maroto? – perguntou Rony. - Trouxe – respondeu tirando o pedaço de papel do bolso – Não tem ninguém vindo nessa direção... Mapa do Maroto? questionou Draco confuso O que é isso? Está história está ficando cada vez mais estranha... - Olá, bonitão – disse Beta a Rony – Pensei que não viria nunca mais... Realmente essa história tá muito esquisita, satirizou Draco. - Estamos curiosos pra saber porque você é tão especial... – falou Hermione encarando a mulher – Afinal o que você guarda de tão importante, e por quê nos chamou? - Vejo que você gosta de estar bem informada – replicou olhando intensamente nos olhos da garota – Mas um defeito muito ruim é a ansiedade, um pouco de paciência e logo vocês entraram na passagem secreta. *** *** Na mesma hora Gina estava no dormitório feminino, revirando todos as suas coisas. - Você viu o meu livro de Poções? – perguntou a uma amiga. - Não, a ultima vez que a gente usou foi naquele dia que você deixou todos os seus livros caírem, se lembra? – disse prestativa – Pode ser que ele tenha ficado lá. - Você tem razão – disse mais aliviada – é melhor eu ir ver agora, porque alguém pode passar lá e pegar. - Boa sorte! Ela saiu apressada do quarto. ** ** - Espero que vocês se divirtam na misteriosa passagem secreta que nunca foi descoberta por ninguém antes – Beta estava ficando com a voz cada vez mais triunfante, e isso dava arrepios em Hermione. Ela sabia que alguma coisa estava errada. - Disso já sabemos – falou Rony impaciente – Agora dá pra você parar de fazer propaganda e nos deixar entrar logo? - Valeu a pena vocês terem esperado tanto – ela disse num tom disfarçadamente misterioso. O quadro se abriu e tanto Draco que estava escondido como Harry, Rony e Hermione que assistiam tudo de perto se espantaram. Beta deu lugar a um portal gigantesco, onde não dava para enxergar nada dentro, somente uma escuridão infinita. Os olhos dos quatro se arregalaram, aquilo era ameaçador. - Vocês tem certeza de que querem fazer isso mesmo? – propôs Hermione com medo. - É claro, você acha que depois de ver tudo isso eu vou embora como se nada tivesse acontecido – retrucou Rony com a voz esganiçada, parecia que ele estava hipnotizado por uma força bem maior do que ele podia suportar. - Vamos ficar bem, é inacreditável que algo assim exista – Harry também estava animado – Não podemos perder essa chance! Draco também achava desafiante a idéia de entrar naquele lugar tão sombrio, embora isso desse calafrios em qualquer um. Eles estavam tão ocupados com a passagem que esqueceram das pessoas, de consultar o Mapa do Maroto, e assim Gina se aproximou, pensando em procurar seu livro, mas sem duvida ela encontrou algo muito mais impressionante. - O que é isso? – perguntou ao mesmo tempo horrorizada e com uma sensação diferente. Ela sentia uma forte atração pela passagem, uma vontade de entrar correndo ali, porque era tudo simplesmente fantástico. Os três ficaram desesperados. Como iriam explicar isso para Gina? E se ela não entendesse? - Gina, não se precipite – começou Harry tentando manter a calma – Descobrimos agora, por acaso este portal. Juro, que não temos culpa nenhuma foi tudo uma coincidência. - Eu sei que parece sinistro, mas não precisa ficar com medo – disse Rony apressadamente. - Não, o que eu estou sentindo não tem nada a ver com pânico. É uma vontade indescritível de entrar com vocês. Eu vou junto com vocês ou sozinha, mas tenho que admitir que sozinha será bem mais difícil – ela não conseguia explicar, mas tinha que entrar na passagem, tudo aquilo era novo, atraente. - Muito bem – decidiu Harry – Vamos antes que outra pessoa apareça, e daí essa situação vai se tornar cada vez mais difícil, imagine explicar tudo de novo. Antes que eles pudessem dar mais um passo, Draco saiu do esconderijo e gritou: - Não, Potter! Mais uma vez você está enganado – seu sorriso soou estranhamente hipócrita – Eu juro que não perco essa sua nova aventura por nada do mundo. E sei também que você não é burro a ponto de me expulsar da sua equipe de exploração... porque se você fizer isso eu vou correndo avisar Dumbledore que o seu protegido não passa de um traidor... - Seria mais vantagem – disse Hermione com raiva – extermina-lo ou apagar o cérebro dele? - Essas opções me parecem bem melhores – concordou Rony. - Está bem, Malfoy – resmungou Harry a contragosto – Se você prometer se comportar direitinho, como um bom menino e não criar confusão, você está dentro da nossa equipe de exploração... Viajando pela passagem secreta, está bom pra você? Não deu tempo de Draco xingar Harry, o que ele estava com muita vontade de fazer, porque a infinita escuridão os sugou para dentro do portal. Sem duvida aquilo era pior do que viajar com o Pó de Flu. Eles estavam caindo num abismo sem fim, agora tudo se tornou bem menos atraente e mais perigoso. As imagens giravam em suas mentes, eles não conseguiam mais raciocinar direito, os pensamentos se embaralhavam até que para suportar aquela sensação tiveram que fechar os olhos. Foi um alívio, nada mais girava, no entanto eles continuavam caindo, e agora sentiam a presença se várias dimensões se transportando dentro de um mesmo lugar. Era difícil de explicar, realmente o que estava acontecendo era muito estranho. Primeiro vinha o frio, depois o calor e daí coisas caíam sobre eles e no instante seguinte desapareciam. Foi assim, até eles caírem com um grande choque em um chão de lama. Um grito cortante falou em seus pensamentos, numa espécie de telepatia. A voz tinha um tom cruel, mas eles conseguiam reconhecer que era de Beta. Existem quatro portais em Hogwarts, O de Alfa, O de Beta, O de Gama e O de Ômega. Vocês entraram em mim e agora somos uma única coisa, vocês foram transportados para outra dimensão, onde ficarão presos para sempre. A voz foi sumindo em suas mentes, todos estavam tão confusos e com uma tremenda dor de cabeça. Com alguma dificuldade Hermione se levantou: - Eu não sei se vocês acreditam em pressentimentos, mas agora eu acabo de ter um que me diz que nunca deveríamos ter entrado aqui. Draco se levantou com a mão na cabeça, aquela queda o tinha deixado com enjôo. - Realmente maravilhoso pra mim – disse amargurado – Ficar preso no fim do mundo com um bando de retardados! Alguém tem um pouco de ácido sulfúrico para me dar? - Não reclama, tá legal? – respondeu Harry severamente – Também não é o meu sonho descobrir com você um jeito de sair desse lugar. - É inacreditável, mas finalmente concordamos em alguma coisa – disse com veemência e lançou um olhar de desprezo – Vou achar a saída sozinho, enquanto vocês ficam perdidos aqui... E se virou para ir embora, ele estava muito decidido. Também não passava na sua cabeça a idéia de ficar um segundo a mais com Potter e seus amiguinhos irritantes. - Malfoy – chamou Harry com rispidez – Eu não posso mandar na sua vida, mas sei que você não é bobo o suficiente para acreditar que sozinho irá encontrar um jeito de sair daqui. Ou você pensa que vai se deparar inesperadamente com a estrada de tijolinhos amarelos, que te guiará pelo caminho certo? Draco não deu atenção para o último comentário de Harry, mas ele considerou a idéia, teve que admitir que seria muito difícil encontrar a pista verdadeira para voltar a dimensão de Hogwarts. Não havia comida, nem água, nem camas para dormir, e Draco estava acostumado com o luxo da Mansão Malfoy. Ele sabia se virar na floresta, mas talvez somente a sua coragem não bastasse para faze-lo sobreviver. - Eu odeio ter que admitir isso – murmurou Rony zangado – Mas seria repulsivo encontrar pedacinhos de Malfoy enquanto tivéssemos andando pela floresta, além do que foi por nossa culpa que você se meteu nessa. - Eu vou ficar – falou com um olhar fulminante – mas só por falta de opção, porque também acho que seria nojento ver vocês indefesos nesse lugar tão perigoso... Gina estava sentada, ela ainda estava muito tonta, definitivamente foi a que ficou em pior estado depois do baque. Ela se levantou olhou tudo em volta: - Peraí, isso não se parece nada com a passagem secreta que eu imaginei – disse Gina frustradamente – Cadê a linda paisagem? As aventuras? - Não existem – respondeu Rony aborrecido. - Então me corrija se eu estiver errada – ela disse impaciente – Estamos perdidos nesse lugar, sem saber pra onde ir, e sem ter a mínima possibilidade de sobreviver. - Não precisa ser tão drástica – Hermione pediu num tom de quem estava assustada – Mas você descreveu perfeitamente a nossa situação. Eles ficaram alguns instantes em silêncio, também estavam precisando porque suas idéias ficaram confusas e sem nexo, não sabiam como sair dalí, porém sabiam as conseqüências se continuassem parados. - Resumindo, fomos enganados por aquele quadro, que na verdade não era nada bom, Beta é uma falsa e se continuarmos aqui perdidos, a qualquer momento um bicho terrivelmente perigoso pode nos matar, além das inúmeras possibilidades disso acontecer sem precisar de um monstro – Gina estava indignada – E ainda por cima temos um Draco Malfoy, insuportavelmente anti-sociável para criar brigas e confusões... - Obrigado por considerar tanto a minha presença... – falou Draco lançando um olhar rancoroso a Gina. Harry que ainda pensava no que Gina disse argumentou: - Como você sabe de tudo isso se faz apenas cinco minutos que descobriu o quadro da Beta, o segredo e tudo mais? – ele a encarou impressionado. - É sempre a mesma história – disse Hermione antes de todo mundo – Primeiro somos enganados e depois, quando descobrimos isso, já é tarde demais, estamos perdidos sendo ameaçados de morte e, blá, blá, blá... você já devia estar mais acostumado do que a gente, Harry? Ótimo, pensou Harry, e agora? O que vamos fazer? Não temos nada que possa nos ajudar... Ele se concentrou, tinha que haver uma saída, algum jeito deles voltarem à Hogwarts, foi nesse momento que ele se lembrou do Mapa do Maroto, de qualquer forma era uma esperança, todas as hipóteses deviam ser aceitas. Harry colocou a mão no bolso ansioso para que o Mapa de seu pai o ajudasse, mas ele não encontrou nada, em nenhum dos bolsos estava o pedaço de pergaminho. - Eu não acredito! – exclamou desesperado – O Mapa do Maroto não está comigo, era a nossa única chance! Enquanto Gina e Draco olhavam confusos, Hermione gritou: - O quê?!? Você está querendo me dizer que perdeu a maneira que a gente tinha de se localizar nessa droga! – seus olhar transpareceu nervosismo, ela estava a ponto de chorar. - Desculpe interromper, mas o quê é Mapa do Maroto? – Draco não estava entendendo mais nada, mas ele percebeu que essa coisa devia ser muito importante. - Como o próprio nome já diz, é um mapa que iria nos ajudar a sair daqui – disse Rony num tom de funeral – Mas como você já deve ter percebido, ele sumiu, por isso esquece essa história! A circunstância era horrivelmente tenebrosa, era uma dimensão infinita, não havia começo nem fim, só se enxergava a total escuridão, para onde quer que olhassem viam lama, floresta e o céu como se fosse uma madrugada perpétua. Não havia um ponto diferenciado, e se eles se afastassem muito do local onde caíram provavelmente não o encontrariam mais. E agora a única pista que tinham era a entrada do portal, se a perdessem também ficariam perdidos para sempre. Por isso que eles não podiam sair do lugar, e manter essa atitude quando se sabe que alguém quer prende-los ali para sempre, é extremamente agonizante. - A gente podia tentar aparatar – sugeriu Rony. - Você nunca desiste dessa idéia, né? – retorquiu Hermione num tom de insatisfação – Aparatar é muito difícil, exige treinamento especial. Não é apenas querer, e se você ficar um movimento errado pode antecipar a sua morte. Sem contar que se transportar de uma dimensão para outra é completamente impossível. - Tá bom, – disse num tom de alguém que foi contrariado – Já entendi que dessa vez não vamos poder aparatar!! Draco observava tudo, agora que pode realmente saber como eram Hermione, Rony, Harry e Gina não os achava tão repugnantes como a três horas atrás.Talvez ele tivesse exagerado todos esses anos considerando que as pessoas são inferiores do que as outras somente pela classe social... mas estes pensamentos estavam lhe causando dor de cabeça, ele não queria pensar nisso. Ele sempre aprendeu a odiá-los, porque agora iria mudar de opinião? Mas sem querer se ouviu falando: - Se isso ajuda, eu estou com a minha varinha! – era estranho oferecer ajuda à Harry e seus amigos – Podemos tentar conjurar um lugar pra dormir e trazer algumas comidas... Todos olharam espantados para Draco, eles não conheciam esse lado dele. Será que o desespero está fazendo ele pirar? pensou Gina, mas um segundo depois sentiu uma enorme culpa por ter feito aquele julgamento, afinal ele estava sendo legal. - É claro que vai ajudar – falou Harry meio atrapalhado, ele não estava acostumado a concordar com o Malfoy, a rotina já lhe dera o hábito de pensar em Draco como o seu pior inimigo, alguém que merecia o seu desprezo, e agora eles estavam quase como amigos! Se antes Gina não estava sentindo pânico, o que ela sentia agora era bem parecido com isso, como a sensação de alguém que tivesse sido trancada, longe de seus pais, longe da tranqüilidade e da proteção. Ela estava muito incomodada com essa circunstância. - Alguém pode me dizer que horas são? Ou pelo menos há quanto tempo estamos aqui? – sua aparência ficava mais pálida. - Some o tempo ao fato de estarmos perdidos! Ficamos totalmente sem a noção da realidade... – a voz de Rony ficou trêmula, porque a todo o instante percebia-se que a situação se tornava pior – Mas o meu cérebro está dizendo que é hora de dormir, alguém pode conjurar algo pra gente descansar? - Francamente Rony! – criticou Gina abismada – Como você pode pensar em dormir uma hora dessas. - Não sei você, mas eu não vou ajudar em nada com esse sono, talvez poderíamos fazer uma competição de bocejos e... – antes que Rony terminasse, Gina desmontou sobre seus braços exausta e caiu em profundo sono. Rony estava muito perplexo – Dá pra entender? – disse apontando para a irmã. - Acho melhor conjurarmos algum lugar aonde possamos dormir com a varinha do Malfoy – disse Hermione. Draco por um instante se sentiu superior que eles, soube que não estava junto com outros apenas por caridade. Agora ele era uma peça fundamental para a sobrevivência de todos. Eles não teriam esperança sem mim, pensou. - Malfoy, você está bem? Draco nem tinha reparado que alguém o chamava, a idéia de pelo menos uma vez na vida ser melhor que Harry Potter o agradara. - O quê você sabe fazer? – perguntou Hermione séria. - Você ficaria feliz se eu dissesse que não sei um feitiço para conjurar barracas e coisas do tipo? – perguntou sem o menor constrangimento. - Eu sabia que estava tudo perfeito demais para ser realidade – suspirou pensando o que deveria fazer – Também eu acho que estava exigindo muito de você, já foi uma surpresa você ter ficado aqui e nos mostrado essa varinha... - Eu sinto muito Sra. Perfeccionista, mas por quê você não faz algo de útil agora que todos estão dependendo da sua inteligência? – respondeu Draco num tom extremamente irritado. Hermione o encarou com um olhar de profunda raiva, não sabia até quando agüentaria as provocações de Draco, ela não tinha muita paciência com ele, ainda mais depois de todas as ofensas que já havia escutado ao longo dos anos. Mas ela continuou mantendo o raciocínio, e teve uma boa idéia: - Ótimo comentário – disse num tom satisfeito – Me empresta a sua varinha, eu vou tentar fazer um feitiço e nos salvar desse frio... - Você está louca? – gritou olhando perplexo para ela – Acho que está na hora de reformar a sua cabeça! Você nunca vai conseguir fazer um feitiço com a minha varinha, ela odeia sangue-ruins... - Obrigada pelo xingamento gratuito – ela disse com total desprezo – Mas o crédito será todo seu se amanhã a Gina acordar congelada, ela é muito frágil. E depois de algum tempo será todos nós que morreremos de frio por causa da sua arrogância! Ele olhou para Gina dormindo no chão, totalmente desconfortável e tremendo de frio. Mas em seguida veio um pensamento em sua cabeça, Eu não me importo, a vida dela não significa nada pra mim! Ele não conseguia desviar os olhos de Gina, desde que tudo começou ele não havia olhado para ela. Draco sabia que Gina era muito bonita, ele tinha medo de começar a gostar dela. Porque ele nunca havia se apaixonado antes, e sempre aprendeu que o amor atrapalhava a vida das pessoas. Mas agora seus pensamentos brigavam com seu coração, ele não podia deixar alguém como Gina morrer seria cruel demais. Ele sentiu que era um perdedor, porque quando olhou para a Gina não viu aquela garotinha que mandou um cartão cantado para Harry Potter, não conseguia achar a Weasley da qual deveria manter distância, e não viu mais como ela era ingênua e criança. Diante dos seus olhos estava uma pessoa completamente diferente, agora ela parecia decidida, esperta e linda acima de tudo, Draco se sentiu fraco porque não pensou da mesma maneira de antes, ele já estava tão acostumado com isso. Seu coração definitivamente havia pirado, era estranho sentir solavancos quando olhava para ela. Por quê? Eu não consigo entender porque eu não paro de pensar nela e desse jeito tão esquisito... Draco tentou se concentrar em outras coisas para parar de pensar em Gina, isso fazia mal para ele e todos os seus conceitos de maldade. Mas ele não podia deixar-la morrer de frio, alguma coisa o cutucava lembrando o quanto ele se sentiria culpado se isso acontecesse. - Por favor – Hermione disse a Draco, embora ainda num tom frio – Deixe-me tentar, se não fizermos isso nunca saberemos o que podia ter sido feito... Harry também tinha pensamentos confusos. Primeiro o seu inimigo mortal, ajudando a salvar a sua vida, depois ele se mostra totalmente diferente do que foi durante cinco anos, e agora Hermione dizendo por favor a uma pessoa que ela simplesmente odiava. Draco não quis mais olhar para ninguém e olhando para o chão murmurou: - Tome, mas saiba que eu estou fazendo um grande sacrifício. Pelo menos salve a minha vida como retribuição... Hermione pegou a varinha, agora ela finalmente poderia fazer alguma coisa naquela situação irritante, ela ficou durante um bom tempo praticando, e o único resultado que conseguiu foi algumas faíscas violetas. Nesse meio tempo Rony tirou o seu casaco e cobriu Gina, que já estava ficando roxa de frio! Harry e Draco passavam o tempo atirando pedras ou olhando para o céu, que não possuía nenhuma estrela, portanto não eram passatempos muito divertidos. Hermione sem duvida alguma sabia que era difícil praticar algum feitiço com a varinha de outra pessoa, no entanto por mais que ela se concentrasse e desejasse com toda a sua força realizar o encantamento, nada acontecia além dela estar toda chamuscada. - Malfoy – disse severamente – Deseje de todo o coração me emprestar a sua varinha. - Porquê? – retrucou fitando-a com uma expressão mal-humorada. - Agora não é hora de explicações – ela fez um gesto de impaciência – Só faça o que eu te pedi! - Vou tentar... – respondeu fazendo um grande esforço. Hermione olhou para a varinha como se falasse com ela telepaticamente, e depois sacudiu a varinha dizendo: - Vitapus Existicpam! – Foi realmente fantástico, uma barraca apareceu do nada na frente de todos. Hermione era com certeza muito poderosa. - Eu não acredito! – exclamou Rony sorrindo – Hermione, você está de parabéns! - Não sei o que seria de nós sem você e sua inteligência – agradeceu Harry correndo para a barraca. Draco não falou nada, se ele ficou alegre pela barraca não demonstrou o menor sinal disto. Mas Hermione não se preocupou muito com isso, Draco não tinha importância pra ela. Logo todos foram dormir, como Rony, Hermione e Gina estavam muito cansados, Draco resolveu se candidatar para ser o vigia desta noite, até porque quanto mais tempo ele passasse longe dos outros seria melhor. Ele estava deitado com as mãos na cabeça, olhando sem interesse algum para o céu, até que Harry saiu da barraca com uma expressão séria e sentou ao lado de Draco, que o encarou. ** ** Alguns amigos da Grifinória já haviam sentido falta de Harry, Rony, Hermione e Gina e outros comentavam o desaparecimento de Draco. Dumbledore por sorte foi um dos primeiros a saber, e evitou que o boato, que não era tão falso assim, se espalhasse. Amanhã ele inventaria qualquer mentira, como por exemplo, uma atividade extra que deixou esses alunos muito ocupados em um lugar distante. Mas ele foi verificar, segundo a informação de uma aluna, perto da sala de Snape. Dumbledore conhecia os desaparecimentos repentinos de Harry e seus amigos, mas também tinha consciência de que sempre que isso acontecia era porque algum perigo ameaçava o mundo, ou então Harry estava metido em alguma confusão. Foi quando os olhos de Dumbledore correram pelo chão exatamente embaixo do quadro de uma mulher, e lá estava o Mapa do Maroto e a varinha de Harry. O diretor pegou as duas coisas e ficou um bom tempo observando-as, e absorto em pensamentos, Dumbledore era bom em pressentimentos, por isto era considerado um dos maiores bruxos de todos os tempos, e ele ainda tinha o dom de adivinhar o quê havia acontecido. Ele estava preocupado, porque tinha um grande carinho por Harry, e por mais que quisesse não poderia ocultar isto da família de todos, porém seu maior problema não era o quê e como contar para a Sra. Weasley e para Lucio Malfoy o desaparecimento de seus filhos. Difícil seria descobrir o que havia acontecido e como resgatar Harry, foi quando ele viu o quadro de Beta. Os óculos de Dumbledore quase caíram, ele estava assustadíssimo. - Beta? – murmurou – As quatro guardiãs dos pontos cardeais e do tempo prenderam Harry! Snape com aqueles cabelos sebosos, e o olhar amargurado que havia se tornado parte da sua personalidade se aproximou com um olhar desgostoso. - Já me informaram que o Potter sumiu de novo, e desta vez levou Draco Malfoy junto com ele? – disse numa voz fatal – Francamente, não sei o que você está esperando para expulsar esse menino de uma vez? - Severo, por favor não se intrometa nesse assunto. Não quero causar pânico entre os alunos – Dumbledore olhou firmemente para o professor – Pode deixar que eu vou resolver esse problema sozinho. E neste caso, ele sabia que a melhor solução era esperar a resposta do tempo. *** *** - Malfoy, eu posso conversar com você? – indagou Harry, e com um tom de preocupação acrescentou – Você está bem? Draco olhou para o chão, e deu um sorriso engraçado. - Só porque estou parecendo um completo idiota ajudando vocês? – ele disse com forte sarcasmo – Mas veja bem Potter, eu não escolhi estar aqui perdido com vocês e formar um grupo, a única coisa que eu posso fazer é ficar o máximo de tempo possível afastado de cada um, não se preocupe eu não vou atacar ninguém. - Eu não disse isso – argumentou com veemência – Contudo você deve admitir que está muito diferente, eu não esperava nenhuma das suas reações... Não sei se será uma boa notícia para você, mas acho que sua essência Malfoy não é totalmente má... - O quê você quer dizer com isso? – perguntou levantando-se, ele estava com medo da resposta de Harry. - Eu vi o jeito que você olhou para Gina – Harry não queria parecer intrometido, porém precisava abrir os olhos de Draco, já que ele percebeu que o garoto não faria isso sozinho – Quero dizer, eu não conheço absolutamente nada sobre você, e nem sei se somos amigos, no entanto, ninguém consegue esconder quando sente amor, você próprio se entregou... - Amor? – berrou Draco antes que Harry pudesse terminar – Sinceramente este é um dos sentimentos que eu tenho mais aversão! - Desculpe Draco, mas este escândalo não me convenceu... – Harry percebeu como ele ficou incomodado com a insinuação – Por quê você nunca sentiria amor? – dessa vez Harry pensou que Draco não teria resposta. - Não está mais do que óbvio? O amor nos faz ser bons. - E o que isso tem demais? – Harry não havia entendido o pensamento de Draco. - Meninos bons vão para o céu e meninos maus vão aonde querem – realmente ele sempre tinha alguma resposta – Minha ambição não é chegar ao céu, e sim ir aonde eu quero! - Não nos tornamos escravos de um sentimento, ele apenas nos mostra o mundo de uma outra maneira – Harry estava muito convencido do que dizia – Eu sei que você está com medo, ficou assustado com que o amor pode fazer com a nossa vida, mas agora não adianta mais. Você pode estar se sentindo confuso, porém cedo ou tarde entenderá o que eu estou dizendo... - Eu entendo o que você diz – replicou secamente – O amor é uma espécie de doença contagiosa, quanto mais tempo eu ficar com vocês, mais eu vou me contaminar. Harry se levantou e olhou para os olhos de Draco e balançou a cabeça. - Não se pode lutar contra o amor, ele sempre acaba te derrotando, por mais que você se empenhe em destruí-lo... – e saiu e direção à barraca. Quando o dia amanheceu Draco havia dormido sem querer, mas seus pensamentos voltados para Gina o incomodavam tanto, que a única maneira de se livrar deles era ficar inconsciente, e uma das maneiras de fazer isso era dormir. Mas o destino brincava com Draco, porque Gina foi a primeira a acordar e quando saiu da barraca se deparou com ele. No instante que ela viu, nem parecia o antigo Malfoy, arrogante e presunçoso, ela viu um menino lindo. O que mais ela admirava em Harry era a bondade que existia no mais profundo de seu ser, e como ele constantemente parecia procurar proteção e carinho. E agora Draco, estava idêntico ao Harry que Gina amava. Parecia tão inocente, ela não podia negar que ele era um dos meninos mais populares e disputados do colégio, e nesse momento estava diante de seus olhos. Gina não pode evitar que Draco lhe causasse admiração, os cabelos loiros-platinados dele eram tão suaves como seus olhos acinzentados. Com certeza ele é um pouco veela ou é um milagre que seja tão encantador! pensou entre suspiros, mas uma vozinha na sua cabeça dizia Você não pode se apaixonar por Draco Malfoy, se lembre de como ele é estúpido e horrivelmente cruel, talvez essa encenação seja apenas um truque e será melhor você ficar com um Harry que realmente existe do que com um Malfoy bonzinho que somente será uma fantasia. A razão mandava que ela não se importasse mais com ele, porém um impulso a levou a se ajoelhar do seu lado. Gina olhou como a pele dele era pálida, seus cílios eram claros assim como o cabelo, e a sua boca bem contornada e fina, neste momento seus lábios estavam roxos por causa do frio. Ela pegou o cobertor que estava em volta do corpo e colocou em cima de Draco, ele parecia tão indefeso e tão maravilhoso. Eu não consigo acreditar que ele seja tão mal! os olhos de Gina brilhavam enquanto ela olhava pra ele Pobre de mim se ele continuar como sempre, agora eu já não consigo arranca-lo de meus pensamentos... As pálpebras de Draco se abriram, ele focalizou a figura de Gina olhando-o. A garota levou um susto, parecia que no conceito dos dois a idéia de ficarem sozinhos parecia um pecado ou alguma coisa muito errada. - Não é o que você está pensando – argumentou se afastando uns centímetros dele – Eu só vi que você estava com muito frio e resolvi te dar um cobertor... Draco estudou a expressão perplexa dela, e depois fechou os olhos, ele ainda estava com sono. - Obrigado – agradeceu friamente – Acho que o seu irmão não gostaria nada de te ver sozinha com um traidor sem escrúpulos. Por acaso você perdeu a noção do perigo? - Não se preocupe, eu sei me cuidar sozinha – disse ressentida – E também eu não acho que você seja um traidor sem escrúpulos, isso é só fachada pra esconder o que você é de verdade... - O problema é meu se eu tenho conflitos de personalidade, não pedi pra ninguém ser compreensivo comigo, essa é uma das qualidades que eu mais odeio em vocês, fingem que são amigos do universo inteiro. Eu já dei motivos suficientes para você duvidar de mim. Não me interessa se você está no mesmo grupo que eu, pode te causar algum mal a qualquer instante. – ele olhou de relance pra ela – Eu não sou confiável, se lembra? Os sonhos de Gina haviam desaparecido, como ela conseguiu ser boba a ponto de acreditar que um Malfoy se tornaria bom da noite pro dia? Definitivamente ele precisaria passar por muitas noites de frio para dar valor a um sentimento verdadeiro. Gina estava furiosa, porque ele havia sido muito grosseiro, merecia seu desprezo. - Eu certamente não tentei bancar a psicóloga com você! – replicou com seu tom mais ofendido – E acho que o gênero assassino não combina nem um pouco com essa sua carinha de neném, mas se você quiser que eu fique a uns quilômetros de distância dessa sua grosseria, saiba que eu sinto muito... poderia ter sido tão diferente... Ela lançou um olhar a Draco com as lágrimas quase saindo de seus olhos e se virou bruscamente na direção oposta do garoto e começou a andar. Sem que ela pudesse ter a chance de dar mais um passo, ele gritou: - Não podia ter sido diferente! Nunca iria dar certo, porque você é linda, meiga e delicada demais pra mim! Eu não quero que você sofra com os meus problemas... – ele gritou essas coisas sem ter a menor consciência do que estava fazendo. Depois quando reavaliou tudo que disse se sentiu um completo idiota. Merda! xingou baixinho Eu não devia estar triste por isso, o quê está acontecendo comigo? Não havia maneira dele constatar se Gina havia ouvido o que ele tinha dito, ou se simplesmente estava com muita raiva para escutar mais uma palavra de Draco. Ele ficou olhando para o lugar onde ela desaparecera, estava preocupado precisava correr atrás dela e ver se não corria nenhum perigo nesse lugar desconhecido. Quando Draco se levantou, Harry saiu com o rosto inchado de sono da barraca, mas sua expressão deixava claro que ele estava consciente da situação. - Por acaso você e a Gina estavam discutindo? – perguntou entre bocejos. Draco assentiu amargurado. - Pelo visto não foi um bom começo... – ao ver o olhar de Draco acrescentou – Calma, não precisa ficar ofendido... deixe que eu vou atrás dela, agora você só pioraria as coisas. Harry achou Gina sentada numa grande pedra perto do lago. Se é que aquilo poderia se chamado de lago, porque a água era totalmente negra e cheia de plantas esquisitas. E por mais que a noite já tivesse passado o céu continuava escuro, dando uma impressão muito sombria do cenário. De longe Harry observou como ela estava triste, Gina olhava para o chão com uma cara muito deprimida. Harry não pode negar para si mesmo que ficou com um pouco de ciúmes de Draco, um desconhecido que entrara que apareceu do nada pudesse afeta-la tanto. Ele sentou do lado de Gina e sentiu como o vento era frio naquele lugar, e a pedra escorregadia. - Um Malfoy não poderia machucar tanto assim seus sentimentos, não é? – ele perguntou seriamente – O quê está acontecendo com você? Gina inspirou o ar fortemente, como ela iria responder essa pergunta se ela própria estava confusa. Ela olhou para Harry, talvez os olhos dele a ajudassem a entender que tudo o que ela sentiu por Draco foi um engano, que seu amor ainda era o Harry. Mas a única coisa que conseguiu constatar foi: - Como eu pude me iludir desse jeito com ele? – sua voz soou dramática – Eu só queria ser gentil, ficar perto dele... - Talvez essa não seja a hora apropriada para te contar, e nem o jeito certo de você saber disso... – Harry olhou carinhosamente para ela, embora isso o ferisse também – O Malfoy pode ter aprontado várias armações para mandar Hagrid à Azkaban, e desejado inúmeras vezes me ver morto junto com a sua família inteira – ele fez uma pausa – Mas acredite, que realmente ele mudou, eu não sei como e nem por quê... - Você acha que isso não é loucura da minha cabeça? Que ele está diferente? – perguntou Gina esperançosa. - Acho – afirmou – E ele está perturbado com isso, porque devo supor que ele nunca teve o mínimo impulso para se tornar uma pessoa boa. Gina voltou a contemplar o chão, o que Harry lhe disse havia lhe dado mais ânimo. E Harry estava desconfortável, porque ele nunca tinha reparado em Gina, só quando eles se beijaram que seus sentimentos começaram a enlouquecer e a virar de pernas pro ar. No entanto o mais importante era vê-la feliz. - Se você resolveu desistir de mim, e isso também é culpa minha porque nunca lhe dei atenção e acho que não mereço o seu amor, e se gosta de verdade do Draco você deve ir em frente, lutar pelo amor dele! – Harry precisava dizer estas palavras – Por quê se você me trocou por um Malfoy, membro do partido das trevas e um patife mentiroso, pelo menos eu exijo que você consiga conquista-lo. Entendeu bem? – ele sorriu – Faça isso por mim, não me decepcione. Gina o fitava com uma expressão determinada, ela queria agradecer pelo conselho, porém antes disso Harry já estava caminhando para voltar ao acampamento. No caminho ele analisou seu coração, na verdade há muito tempo que ele havia cansado de correr atrás de Cho, provavelmente só fazia isso por pura teimosia. E Gina, também não a amava, o que ele estava sentindo era mais para um sentimento de posse, como se ela fosse algo que ele sempre teve, e ficava seguro em relação aos sentimentos dela. Contudo agora pela simples ameaça de perder uma coisa com a qual Harry já tinha se acostumado, ele sentiu medo e ciúmes de perde-la para Draco. Mas afinal, ele não a amava de verdade e não seria justo impor barreiras entre os dois, seria egoísta demais. Algumas horas depois, quando todos sentiam seus estômagos doendo de fome, Harry começou a reclamar: - Minha morte chegara mais rápida e dolorosamente do que pensei. Estou com dor de cabeça de tanta fome... - Eu fico feliz em constatar que não temos absolutamente nada para comer – Rony disse enquanto sua barriga dava um longo ronco – Estou tão esfomeado a ponto de achar que não existem comidas mais deliciosas do que essa lama cozida com um pouco daquelas plantas nojentas do lago... - Ótimo, mas tenho que admitir que será repulsivo comer minhocas pensando que são macarrões de chocolate... – Draco fez a expressão de alguém que estava quase vomitando. Hermione sorriu com desdém. - Sinceramente, da onde vocês tiram essas idéias? – ela estava achando todos os comentários muito loucos – A parte da grama foi divertida, mas não gostei nem um pouco das plantas e das minhocas, isto me causou náuseas... A propósito vocês gostam de panquecas? - Eu não estou entendendo, Hermione. A gente morrendo de fome e você falando de panquecas? Francamente, não sabia que você gostava de torturar as pessoas... – falou Rony indignado. - Muito hilário – cortou sem o menor senso de humor – Talvez eu consiga fazer algumas panquecas com a varinha do Draco, isso graças aos livros de culinária do Gilderoy Lockhart – ela lançou um olhar provocante a Rony. - Quer dizer que teremos a vantagem de poder variar a comida? – exclamou Gina entusiasmada – Cardápio de Hoje, panqueca com carne moída. Amanhã panqueca de frango, e no dia seguinte uma super-panqueca de queijo e presunto? - Não – respondeu – Eu só consigo fazer de frango. - Parece que desta vez Lockhart não foi tão eficiente – zombou Harry. Hermione conseguiu praticar o feitiço sem muita dificuldade, na verdade era uma transfiguração, ela pegava um pouco e lama e com algumas palavras mágicas aquilo se transformava numa apetitosa panqueca com frango, se bem que não foi tão fácil assim convencer os outros a comer. *** *** Já havia se passado tanto tempo desde que eles entraram pela primeira vez na passagem secreta, que se tornou impossível alguém não se desesperar. Era um sentimento de pânico, todos temiam ficar presos ali para sempre, porque não era ideal para ninguém estar condicionado a ficar eternamente confinado com outras quatro pessoas. Não sabiam exatamente que dia era, ou que horas deveriam ser, tinham noção que passaram três noites na barraca. Em pouco tempo enjoaram só de pensar que a única coisa que tinha para comer era panqueca, e que isto era por possuíam uma grande sorte. Harry, Gina e Draco montaram um esquema para poderem se infiltrar mais na floresta e assim talvez descobrirem algo que os ajudasse a sair dali, enquanto eles colocavam o plano em prática, Rony e Mione estavam dentro da barraca. Ele estava deitado sobre um montinho que fizera com sua camiseta, certamente tentando fazer daquilo um travesseiro. Hermione estava sentada, com um coque, porque seu cabelo depois de tantos dias sem lavar ficou sujo e seboso, e ela segurava suas pernas com os braços porque toda a situação havia lhe deixado cansada e não havia nada em que ela pudesse se apoiar a não ser suas próprias pernas. Conversar com Rony era muito útil, porque era o que mais se importava com as suas opiniões e parecia prestar atenção no que ouvia. Apesar de que algumas vezes ele discordava e os dois brigavam um pouco, porém não era uma briga de ódio e rancor, eram somente opiniões diferentes. Ela o fitava sutilmente, ele estava sem camisa e sua expressão de preocupado fazia com que Hermione tivesse vontade de abraça-lo e fazer carinho nele, ela sabia que esta sensação era muito idiota, mas não podia controla-la. - Por que você está deste jeito? Eu nunca te vi assim... – indagou Hermione num tom suave. - Eu estou aflito, meus pais devem estar achando que eu e a Gina morremos uma hora dessas, nem posso imaginar como eles estão agindo agora – Rony estava inquieto – Estou sentindo algo que jamais senti antes... - Não fique tão preocupado, tenho certeza que lá fora sempre haverá alguém disposto a acreditar na sua sobrevivência – ela tentou encoraja-lo – Pode ter certeza que muitas pessoas te amam, e elas nunca vão desistir de você... Umas das qualidades que ele mais gostava em Hermione era a sinceridade dela e um jeito especial que ela tinha de toca-lo profundamente aliviando todos os seus receios. - Quer saber o que eu estou sentindo? – ela perguntou. - Quero. - Estou sentindo saudades de Hogwarts, dos estudos e das corujas do Vítor Krum – Hermione suspirou – isso faz muita falta pra mim... - Eu vou sentir saudades de você sozinha comigo aqui nesse lugar deserto – ele olhou divertidamente para ela – Sem as corujas do Krum, sem os presentes dele e sem a presença dele a toda hora e local que eu vá... - Muito pretensioso, Sr. Ronald Weasley – replicou num tom de sarcasmo – Desde quando terminar o namoro com Padma lhe dá o direito de se insinuar pra mim? - Desde quando você age como se estivesse no piloto automático? – ele olhou significantemente para Hermione. - Eu não entendi – na verdade ela não queria entender. - O quê? A parte em que eu digo agir como se estivesse no piloto automático? – Rony a encarou – Talvez você não tenha percebido, mas essa sua manifestação sobre o Krum não foi nada espontânea. Hermione não respondeu, realmente ela havia agido por impulso sem nem pensar no que estava sentindo naquele momento. Mas é claro que eu sinto saudades dele, afinal ele é meu namorado. Meus sentimentos são inquestionáveis! pensou fortemente, no entanto no seu íntimo ela sentiu um pouco de culpa, e isto era porque o quê Rony havia dito tinha alguma ponta de razão. - Quantas vezes eu tenho que repetir que somos apenas bons amigos? – Hermione falou num tom de repreensão – Você é muito importante pra mim, só que não deste jeito que você acha que é. - Tudo bem – concordou como se nada tivesse acontecido – Convença-se disso enquanto eu também tento me convencer, se assim você fica mais feliz! Hermione não precisou ouvir mais nenhuma palavra, porque no momento seguinte desabou em sono profundo, enquanto Rony ficou admirando-a. *** *** Mais tarde os cinco estavam sentados em troncos de árvores. O tempo mudou bruscamente para um baixa temperatura congelante, e todos morriam de frio apenas com as únicas roupas que estavam no corpo. Draco tentava ensinar Harry e Rony a fazer fogo com dois gravetos. - Eu não sou um desastre total! – protestou Rony – Apenas não estava acostumado a viver na era das cavernas! - Isto não é uma aula prática sobre os povos primitivos – argumentou Draco – São maneiras de sobreviver em situações críticas. - Eu acho mais fácil o Neville acertar alguma poção que Snape mande ele fazer do que aprender a lidar com estas coisas – reclamou Harry impaciente. Neste momento ele esfregava dois gravetos, um contra o outro como se quisesse esmaga-los. - Potter, se você continuar com essas mãos retardadas nunca vai conseguir nenhum resultado, a não ser que você chame de fogo um monte de gravetos quebrados! - Obrigado pelo apoio moral – agradeceu lançando um olhar revoltado. Draco pegou dois galinhos e começou a esfrega-los, ele estava bem concentrado e pouco tempo depois uma chama de fogo nasceu ali. Hermione e Gina trocaram olhares entusiasmados, e Draco cuidadosamente colocou o fogo sobre a lenha que as meninas haviam procurado e finalmente tiveram uma fogueira para se esquentar. - Nós temos uma boa notícia – disse Harry triunfante – Eu, Gina e Draco nas nossas expedições encontramos um cachoeira, isto significa que a partir de amanhã todos poderão tomar banho – ele sorriu – Porque sinceramente eu não estava agüentando o cheiro de vocês!! Hermione esbravejou algo como Você é muito cheiroso, Harry Potter! E todos riram da cara de Harry. - Eu estava pensando hoje à tarde naquela história do Dino Thomas, sobre o Exercito da Coragem... – começou Rony. - O quê? Uma Lenda que Emília Bulstrode me contou sobre uns centauros? – Draco não estava acreditando que Rony levou em consideração toda aquela bobagem – Sinceramente, você não tiveram infância? - Chega de comentários sarcásticos, Malfoy – pelo tom de voz de Rony, eles teriam uma conversa muito séria – Vocês já se perguntaram os nomes das guardiãs das passagens secretas e quantas eram? - Eram quatro e se chamavam Alfa, Beta, Gama e Ômega – respondeu Gina tentando ler nos olhos de Rony o quê ele queria dizer. - Eu estou muito enganado, ou então a Lenda da Coragem se passou na Grécia, e essas são letras do alfabeto grego. Vocês também não repararam nas vestes dela? - Uau! – exclamou Hermione chocada – Desta vez você me surpreendeu! - Dizia que quatro portais se abrirão em qualquer lugar do mundo levando os viajantes à outras dimensões, algumas das quais jamais voltarão – essa parte soou bem tenebrosa. - Eu acho que não existiria uma coincidência tão perfeita assim – afirmou Draco apertando seus olhos acinzentados. - Só nos resta descobrir se poderemos sair daqui ou não? – questionou Harry – Espero que a gente não fique com a pior parte da história. - Ótimo, tudo isso está parecendo tão real – disse Gina perplexa – A Lenda que o Dino contou está acontecendo com a gente... estamos perdidos feito idiotas aqui sem saber o quê fazer, daqui a pouco aparece o Papai Noel oferecendo ajuda. - Eu vou procurar a saída, mesmo que pra isso tenha que me afastar dessa maldita entrada. É suicídio ficar parado esperando que alguma coisa caia do céu para nos mostrar o caminho certo – falou Harry decidido – Eu vou encontrar um jeito da gente ir embora deste lugar, eu prometo. - Vejo que a minha convivência com vocês pelo menos ajudou a aumentar o vocabulário de xingamentos, isto é útil quando se está de saco cheio. Nisso ninguém discordava, nos dias que passaram ali, podiam ouvir Draco falando alguns palavrões bem criativos e de certo modo engraçados, quando se considera que não é nada comum fazer aquilo com uma vassoura. ** ** - Hoje é o dia mais feliz da minha vida! – gritou Gina contente – Não consigo acreditar que vou tomar banho! - Ao passo que você me avise quando... – sugeriu Draco com uma cara de safado – Você faria isso por mim? - Não – respondeu deixando Draco sem graça. O lago era um pouco distante das barracas, porém foi um milagre achar água limpa naquele fim de mundo! Pôr fim conseguiriam se livrar da sujeira da lama e da floresta, era ótimo porque se achassem a saída quem quer que estivesse do outro lado, não pensaria que eram duas monstras com vocação para uma mancha suja. - Gina – disse Hermione lançando um olhar suspeito a ela – Você não acha que Draco está muito esquisito? - Sinceramente não – respondeu num tom de quem não achava nada de mais – Ele continua fazendo comentários irônicos, xingando tudo e todos por qualquer coisa... e olha que são xingamentos impressionantes! – ela suspirou – No fundo ele continua sendo o mesmo, a diferença é que agora ele está do nosso lado. - Bota diferença nisso, né? – ressaltou – Mas devo reconhecer que sem ele não teríamos a menor chance de estar vivos até agora! - Falando em mudança, você não tocou uma única vez no nome de Vitor Krum. O quê aconteceu? Resolveu acabar o namoro com ele por telepatia? – perguntou interessada. - Foi o Rony que pediu pra você dizer isto? – lançou um duvidoso a Gina – Pode me contar, eu sei que foi ele... - Não! – replicou Gina – O que está havendo que vocês dois estão escondendo de todo mundo? Por acaso vocês se beijaram? - Em hipótese alguma – falou Hermione como se essa possibilidade fosse impossível – O Rony insiste em ficar me lembrando o quanto somos cúmplices, como sentimos falta um do outro quando brigamos e essas coisas... Gina parou para encara-la com uma expressão divertida, ele sabia que Hermione estava confusa. - Você está em duvida? – Gina realmente queria que Hermione desabafasse. - Considere que seu irmão fica o dia inteiro colocando essas coisas na minha cabeça – disse irritada. - Hermione Granger, eu conheço você – impôs decidida – Você tem personalidade forte, dificilmente ouve a opinião dos outros... Se você ficou indecisa é por quê alguma coisa seu coração está sentindo... Eu sou sua melhor amiga, não esconda seus segredos de mim! Hermione desviou o olhar, se ficasse mais um segundo olhando para Gina acabaria admitindo um sentimento que ela não queria. Para mudar de assunto ela falou inesperadamente: - Não fui eu quem começou a esconder segredos, Gina. – falou sem nenhum ressentimento, apenas para mostrar que também existiam coisas que ela não gostava de ficar mexendo – Me diga quando que Draco Malfoy passou de sapo para príncipe? Ela não respondeu, porque também um estranho barulho veio de uma moita. Gina e Hermione enroladas na toalha se entreolharam receosas, seria um monstro? Hermione sentia cócegas no pé só de pensar em ficar parada, era melhor descobrir de uma vez o quê se mexia ali. As duas foram andando devagar e cautelosamente em direção a tal e coisa e de repente... PÁ! Pularam em cima do bicho, que na verdade era Draco tentando espia-las no banho. - Droga! – praguejou tirando uns matinhos dos seus cabelos loiros-platinados. Gina olhou horrorizada para ele, mas foi Hermione quem falou primeiro: - Malfoy, você estava aqui? – indagou num tom repreensivo. - Na verdade eu não consegui achar o caminho para o lago e acabei de chegar – disse sem o menor constrangimento. - Eu posso compreender que você é um adolescente cheio de fantasias, mas não foi nada bonito isto que você fez! – disse num tom repreensivo – Nós precisamos de um pouco de privacidade para se vestir. - Então se vistam! – disse Draco como se fosse óbvio. - Draco! – ameaçou Gina olhando severamente para o garoto. Ele sorriu e jogou os braços pra cima: - Nossa como vocês são repressoras! Tudo bem, eu prometo que nunca mais farei nada nesse estilo. Mais calmas agora? - Draco – Gina parou e deu um sorrisinho falso – Cai fora! As duas riram incrédulas. *** *** O acampamento foi totalmente desmontado, Hermione fez um feitiço para a barraca desaparecer e como não tinham nada para levar, fora a roupa do corpo foram andando mata adentro. Suas roupas estavam sujas e rasgadas, já permaneciam ali fazia uns cinco dias e todos concluíram que se continuassem parados ficariam para sempre perdidos naquele lugar. Agora eles estavam hesitantes por que o lugar era completamente escuro, só lama e árvores, ninguém fazia a menor idéia do que iriam encontrar pela frente. Se eram monstros ou situações perigosas, se continuariam perdidos sem achar um rumo certo. Harry liderava o grupo, e escolhia o caminho por meio da intuição, não sabia por quê mas isto sempre funcionara em todos os anos que ele se meteu em confusões! Depois vinha Rony que ajudava Hermione a passar pelos lugares mais complicados, daí Gina e Draco que fechava o cortejo. - Estou tão feliz – falou Draco de repente – Parecemos aqueles jovens de filmes americanos, perdidos na floresta sombria... daqui a pouco nós descobrimos que há um assassino mal nos perseguindo, e aí todo mundo já sabe, são gritos, pavor e muito sangue... - Seus comentários são tão prestativos, Malfoy – Harry lançou um olhar engraçado a ele – Quanta imaginação... - Eu acho que estamos mais para Indiana Jones, muita aventura e mistério em algum lugar desconhecido – analisou Rony. - Eu não sabia que bruxos também iam ao cinema? – disse Hermione com curiosidade enquanto eles desciam um barranco escorregadio. - Os filmes trouxas são muito bons e divertidos – admitiu Rony – Só que a gente não vai ao mesmo cinema que vocês, há um lugar especial... - A única razão pela qual minha mãe permite que eu vá assistir filmes, trouxas e bruxos não se misturam – acrescentou Draco seriamente. - E o que mais vocês fazem que a gente também? – quis saber Hermione com interesse. - Temos tv, embora não usamos tanto quanto vocês, ouvimos músicas, vamos ao parque de diversões, ao clube, etc – explicou Gina. - Embora tudo isso seja adaptado ao nosso modo de vida – Draco não perdia um detalhe – O objetivo do lazer é o mesmo, só que são praticados em lugares longes dos trouxas, numa espécie de dimensão totalmente diferente. Agora já fazia quase duas horas que eles andavam sem parar, a mata se tornava mais densa e era preciso afastar o mato para conseguir andar. Tudo era mais tenebroso que a Floresta Proibida de Hogwarts, não havia nenhuma estrela no céu, nem a Lua. Neste momento bichos como morcegos passavam bem perto das suas cabeças dando arrepios em qualquer um. Ouviam barulhos muito distantes, mas não sabiam de quem eram, e as árvores atrapalhavam a travessia. O caminho se complicava cada vez mais e as meninas precisavam de ajuda para continuar, até que Gina se apoio num galho cheio de espinhos e sua mão começou a sangrar. - Merda! – exclamou não podendo conter a dor. - O que aconteceu? – perguntou Draco. - A minha mão está sangrando e doendo muito – disse Gina com um tom de sofredora. Ele olhou para ela fixamente, sua expressão é de alguém que estava com medo. Gina estava a ponto de chorar e seus olhos ficaram ressaltados pela dor. - Deixa eu ver – pediu e cuidadosamente virou a palma da mão dela, havia bastante sangue que fluía cada vez mais e vários espinhos pretos dentro de sua pele. Draco ficou preocupado com ela, tinha um grande e lívido corte, ele não queria que ela sentisse dor e nem que ficasse machucada. - Bom, eu terei que tirar esses espinhos primeiro – disse carinhosamente. Harry, Rony e Hermione voltaram para saber porquê eles tinham parado. - O quê houve? – perguntou Harry fitando os dois. - Gina se machucou – respondeu Draco. Rony correu para a irmã, e muito angustiado insistiu que ficaria ali até ela se recuperar, todos concordaram com isto, mas Draco lembrou: - Não podemos perder tempo dentro desta floresta, ninguém sabe o quê vai acontecer – falou no seu tom mais determinado, e ligeiramente – Vocês precisam procuram alguma saída enquanto eu cuido dela. - Malfoy, você sabe fazer curativos? – indagou Rony aflito. - Foi a matéria desse ano em Feitiços. - Cuide bem da minha irmã – advertiu ameaçador – Se qualquer coisa acontecer a ela eu acabo com você, entendeu? Draco retribuiu o olhar e não disse nada, logo eles estavam longe e Gina sentado gemia de dor. - Eu não tenho uma boa notícia pra você – disse sinceramente – terei que tirar esses espinhos sem usar magia nenhuma... - O quê? – replicou com a voz esganiçada, ela não estava suportando sentir aquilo – Eu não acredito que você não sabe remover espinhos, que espécie de bruxo você é? - Eu sinto muito, mas espinhos dentro da pele como se fossem sua própria carne são difíceis de serem retirados – ele a fez sentar e adicionou – Não te aconselho a perder mais tempo... Ele conjurou um tipo de pinça e começou a tirar os espinhos, mas como isto não era tão fácil levava um pouco de tempo. Gina estava de olhos fechados, pálida e mordia os lábios para aliviar a impressão desagradável. - Não tenha pena de mim, Draco – disse corajosamente, embora sua voz estivesse fraca – Por favor, acabe com isso de uma vez! Dali a pouco ele havia tirado todos os espinhos, mas sua mão ainda sangrava e era preciso uma atadura. - Restabelicurvios! – disse apontando sua varinha para a mão dela e curativos enrolaram a mão de Gina. Ela já sentia que a dor se tornou menos intensa, e que o curativo iria proteger sua mão e assim ela pararia de sangrar também. Havia várias manchas de sangue pela roupa de Gina e de Draco, já que ele usou as peças de roupas para reter o sangue. - Pronto – anunciou tirando sua mão perto da dela. Neste momento ela se arrependeu de ter dito que ele era um bruxo incompetente, mas não sabia um jeito de voltar atrás, Gina sentiu muito por ter dito aquelas coisas. - Vamos? – Draco ofereceu sua mão para levanta-la – Ou seu irmão vai pensar que eu estou causando algum mal a você... - Draco? – perguntou hesitante, ele olhou para ela. Seus olhos acinzentados estavam estranhamente brilhantes – Obrigada! Ele não demonstrou a menor atenção a esse gesto, simplesmente se virou e continuou andando. ** ** Agora todos estavam reunidos novamente, nada de novo havia acontecido até que Harry parou diante de uma barreira de árvores, matos e galhos. Ele se sentiu extremamente tonto, e colocou sua mão na cabeça, exatamente aonde estava a cicatriz. Sua cicatriz ardia fortemente, era a dor que ele sempre experimentava toda vez que sentia a presença de Voldemort ou quando estava muito perto dele. Só que dessa vez Harry não teve nenhuma premonição, ao contrário, não enxergava absolutamente nada. - Harry, o que você está sentindo? – gritou Hermione muito nervosa. Os outros se amontoaram em volta dele. Harry iria desmaiar, cambaleou pra trás. Sorte que Hermione o segurou assustada, ele não podia desmaiar aquela dor não iria vencê-lo. Harry massageou a cicatriz, e finalmente voltou a ver seus amigos apavorados encarando-o. - Eu sinto a presença de Voldemort – arfou fracamente – Eu tenho certeza que ele está nos vigiando... - Você acredita realmente nisto, Potter? – indagou Draco duvidoso – Você não pode ter se enganado. Harry lançou um olhar brabo e convicto a Draco, mas naquela hora ele estava sem forças para responder. - O Malfoy tem razão – falou Rony sobriamente – Estamos numa dimensão perdida, como ele nos acharia aqui? - Há tantas coisas entre o bem e o mal que vocês não fazem idéia – sua voz soou tenebrosa – Voldemort tem grandes poderes, com os quais eu não posso enfrentar agora, entendem? Não duvidem porque ele é capaz de fazer coisas impossíveis, e é por isto que muitos os seguem. Gina que era a última do grupo, atravessou todos e chegou em frente a barreira da floresta. - Eu acho que tem algo verdadeiramente importante que vocês devem ver atrás dessas plantas – disse olhando soturnamente, o que Gina muito prezava era sua intuição e agora ela dizia que o grande mistério estava atrás daquilo. Draco pegou sua varinha e disse: - Visight Atraferrys! – um jorro de luz verde saiu e formou um buraco no meio da barreira, assim eles conseguiram visualizar duas pessoas conversando num tom de sussurro de modo que não dava para escutar nenhuma palavra. Era um homem gordo, baixo que usava longas vestes pretas, as quais escondiam seu rosto e seus braços. Todos, menos Draco, tiveram a impressão de já conhecer aquele homem. O jeito que ele andava, e o modo como parecia estar obedecendo ordens do outro bruxo. Sempre que o segundo bruxo se dirigia a ele, seu corpo ficava completamente duro e estremecia. Quando o primeiro bruxo mostrou um pouco de seu braço, Harry não teve dúvidas: - É Rabicho! – disse sem conter a nota de raiva em sua fala. A mão prateada brilhou naquela escuridão. O segundo homem provavelmente era Lord Voldemort. Também vestia longas vestes pretas, era magro. Quando ele abaixou o capuz a cicatriz de Harry voltou a doer. Seu rosto continuava como uma caveira, lívido. Com olhos semi-cerrados e intensamente vermelhos, um nariz chato como os das cobras, se é que isso poderia ser chamado de nariz, e fendas no lugar das narinas. Rony e Draco pularam uns trinta centímetros para trás e Hermione e Gina esconderam seus olhos, enquanto sua expressão era de puro nojo. Mas logo os cinco, não acreditaram no que viam, porém era realidade que estava diante de seus olhos. Exceto Harry, os outros ficaram assustados. Era Voldemort. ** ** |