Capítulo 3 - A Quarta Maldição Imperdoável
Era Voldemort.
Ele tirou o capuz e conversou algo com Rabicho que o obedecia com extremo medo.
O quê ele está fazendo aqui? pensou Harry.
Mas Rony com certeza tinha outra preocupação neste momento, ele agarrou na vestes de Harry e o puxou com força:
- Vamos embora daqui agora – ordenou com as orelhas ficando vermelhas de aflição – Há pouco tempo você fez um relatório completo do que Você-Sabe-Quem é capaz de fazer, e eu não quero ficar para comprovar.
- O Rony tem razão – concordou Hermione, esquecendo toda a sua dignidade de protetora dos amigos atrapalhados – Cada segundo a mais é um risco que corremos.
- Eu não quero morrer... – lamentou-se Gina com muito temor na voz.
Draco não disse nada, aliás ele nem estava prestando atenção. Ele fitava Voldemort com certo medo, mas também havia um brilho de admiração no seu olhar. Afinal sua infância foi aprender as magias negras inventadas por ele, e escutar seu nome como o de um herói e a odiar Harry Potter.
Draco tinha encontrado seu verdadeiro mestre.
Mas eu não quero ser servo de ninguém replicou uma vozinha aguda em sua mente Para acabar com a minha vida assim como Rabicho, ter que me torturar para servir ao Lord das Trevas?
Mas a vantagem é que serei infinitamente mais poderoso, e talvez possa derrotar Harry Potter, faria bem para minha auto-estima.
Draco sempre tinha esses pensamentos, ele só não estava acostumado a sentir a culpa pesando uma tonelada na sua consciência. Um sentimento desta vez o censurou por pensar em destruir Harry e seus amigos, isso não era normal e ele não podia evitar que uma força maior não deixasse ele passar para o lado do mal e acabar com Harry.
- Vamos nos afastar dele – concluiu Draco por fim – Voldemort é impiedoso não terá compaixão de ninguém se nos encontrar aqui.
Harry ficou intrigado com qual objetivo Você-Sabe-Quem entrou numa passagem secreta absolutamente no meio do nada. Mas assentiu que deveriam fugir o mais rápido possível, embora isso fosse meio covarde, não era hora para heroísmos.
Eles viraram de costas e começaram a sair com um leve frio na espinha e o que todos temiam aconteceu:
- Parem! – ordenou uma voz rouca e fria vinda do lugar onde estivera Voldemort.
Instantaneamente os cinco pararam e olharam para Voldemort com olhos arregalados de pavor, a dor na cicatriz de Harry quase o levava a nocaute.
- Não é nada gentil vocês fugirem da festinha que preparei pra vocês – seus olhos vermelhos fulminaram e estraçalharam Harry por dentro – Sua mãe não lhe deu educação, Potter? – e continuou num tom cruel – Ah, esqueci que ela não teve tempo para isso.
As unhas de Harry encravaram em sua mão, ele sentiu profundo ódio de Voldemort naquele instante.
Se eu tivesse uma varinha seus pensamentos explodiram de rancor Mataria você e te levaria direto pro inferno!
- Eu estou achando o papo muito amigável... – Draco falou andando para trás – Porém infelizmente terei que ir embora, foi um prazer, ser demoníaco...
Quando ele estava acenando e virando para correr, Rabicho ergueu seu braço metálico e disse:
- Estupefaça!
Draco desabou no chão gemendo de dor e segurando sua perna.
- Você não é o filho de Lucio Malfoy? – perguntou Voldemort secamente – Ele vai ter uma grande decepção quando souber que seu filho anda com tais companhias.
- Vá pro inferno! – resmungou Draco.
- Eu exijo respeito com Milorde. Como dizem – disse Pedro num tom categoricamente satisfeito – O caminho de meu mestre só é cruzado uma vez em toda vida. Agora que ele teve a honra de encontra-los vocês terão que morrer, é a tradição.
- Seu cretino, nojento! – gritou Hermione com o cuspe saindo da boca – Você é tão baixo, como pode ser capaz...
Pedro mirou seu braço na direção dela, e isto fez com que ela se calasse.
- O quê você sabe? – murmurou Harry no seu tom mais perigoso – Não me diga que foi coincidência ter nos achado nesse lugar.
- Eu não devo satisfações a você, moleque – seu rosto viperino se encrespou com raiva – Quero lutar com você novamente, já que não pudemos fazer isso no Torneio Tribruxo. Mas agora você está com seus protetores, isto te dá alguma chance de viver alguns segundos a mais. Por quanto tempo eles vão resistir? – ele soltou sua terrível gargalhada aguda e sem alegria.
Apontou sua varinha, com aqueles dedos cumpridos e repugnantes para Rony:
- Crucio! – disse apontando para Rony.
Rony caiu ajoelhado com as mãos na cabeça.
Harry olhou desesperado para o amigo, ele sabia muito bem como era essa sensação.
Rony sentia seus ossos arderem em brasa, sua cabeça doía como se alguém batesse com um martelo em seu cérebro. Ele ouvia gritos de agonia, pessoas se consumindo num grande fogo onde ele também estava. Seu coração queimava, no entanto sua pele estava mais gelada do que nunca. Estavam o rasgando ao meio, abrindo-o e desfigurando-o. Ele desejava morrer logo, para não sofrer mais.
Lágrimas silenciosas caíram dos olhos de Gina, ela queria, mas não podia interferir. Hermione se jogou para perto do amigo, suas mãos estavam trêmulas, contudo ela o abraçou.
- Agüenta firme, eu vou fazer ele parar! – garantiu fechando o punho.
- Não vai, não! – era incrível a capacidade que Rabicho tinha para se divertir com o sofrimento alheio. Seus olhos gordos faiscavam de malícia –
Imperio!
Ele sorriu maldosamente.
- Pegue a varinha do garoto Malfoy e tire o feitiço de seu amiguinho – Hermione não precisava de ordens para fazer isso, Rony parou de se contorcer e ficou respirando ofegante – Agora – disse num tom maldoso – Aplique o feitiço dele em você! Não era o que você queria? Proteger seu amiguinho? Pois pra tudo há um preço a se pagar...
Hermione estava lutando para não virar a varinha para si mesma, mas não resistiu. Primeiro ela mexia a boca e não emitia som algum, mas ela era despreparada demais para suportar esta maldição.
-
Crucio! – sua voz disse distante.
A varinha de Draco foi arremessada para longe caindo nos pés de Harry, ele estava odiando a idéia de ficar assistindo sua outra amiga sofrer, ele preferia se matar a ver seus amigos sendo humilhados por Voldemort.
É isso! Genial, é exatamente o que eu vou fazer pensou e no instante seguinte apontou a varinha para seu coração.
- Eu suponho que você tenha planos para mim – disse Harry friamente a Voldemort – E não está incluído neles o meu suicídio. Retire agora o feitiço de Hermione.
Voldemort fez um sinal com a cabeça para Rabicho que muito desgostosamente tirou o encantamento de Hermione.
- Eu não quero mais nenhum amigo meu sendo torturado, não vou tolerar isso – a face de Harry se tornou rígida e cheia de determinação. Voldemort continuou a encara-lo – Preste atenção, qualquer mal que você causar a um dos meus amigos, eu me mato. E assim não terá mais vingança diabólica e nunca mais você terá outra chance de provar que é mais forte do que eu.
Voldemort resmungou algumas coisas na língua das cobras, mas Harry não conseguiu entender.
- Harry Potter, corajoso e metido, exatamente como seus pais – seus olhos se tornaram mais vazios – Você é idêntico a eles orgulhoso, atrevido querendo me dar ordens! – seus olhos reviraram – Não importa, seu destino será o mesmo por mais que você lute contra isso! Eu terei o prazer de te matar dolorosa e lentamente diante do Mundo Mágico inteiro, dando gargalhadas da sua ousadia.
Draco, Hermione e Rony voltaram para perto de Harry e Gina. Um silêncio estranho pairou na floresta, até que o Lord das Trevas recomeçou a falar:
- O único motivo pelo qual eu estou aqui – a voz cortou o ar como um machado cortaria – é para te avisar, menino, que o feitiço que eu usei na noite que seus pais morreram ainda faz efeito em mim e em você.
Harry não estava entendendo, mas alguma coisa realmente importante seria dita agora:
- A sua cicatriz é prova disto, vocês devem conhecer as três Maldições Imperdoáveis, não é mesmo? Pois bem, existe a Quarta Maldição Imperdoável.
Gina deixou que seu queixo caísse em sinal de perplexidade, todos ouviam intrigados e com muita atenção.
- Ela é praticamente desconhecida pelos bruxos, porque é a mais terrível e a mais cruel de todas. Só foi praticada uma vez, em você. – um sorriso hipócrita e desdenhoso – Porém algo deu errado, mas não alterou nada do resultado que eu desejava obter.
- Eu compreendo que a minha cicatriz me liga de alguma forma a você – falou Harry mantendo o tom de voz firme – Mas não consigo perceber que feitiço é esse que você lançou em mim, e que permanece até hoje.
- Eu vou te explicar, isso será assustadoramente fatal pra você – replicou cheio de ódio – A Primeira Maldição Imperdoável te faz controlar as pessoas, a Segunda te faz torturá-las, a Terceira mata elas. Mas há algo que reúne o mal mais perigoso dessas três juntas, e daí surge a Quarta. Com ela eu posso prender a alma de uma pessoa em qualquer objeto que se possa carregar comigo. Mesmo que eu morra minha alma estará aprisionada e pronta para reviver, por esta razão eu sou imortal.
Eu aprisionei sua alma junto com a minha num pequeno talismã, que com tanta magia negra, quebrou e se dividiu em dois.
A mesma energia me afastou de você e fez com que eu perdesse a segunda parte do talismã.
Porém assim que eu conseguir juntá-las nossos espíritos se tornarão um só, mas sempre estaremos em conflito intimamente, por nossas diferenças de opiniões. No entanto, em pouco tempo eu te derroto porque sou muito mais forte, e você morre dentro de mim para sempre.
Não parece perfeito? – Voldemort ficou olhando para os próprios dedos, como se não tivesse interesse no que dizia – Uma ironia você e eu se tornarmos um só e sua existência desaparecer por completo.
Harry estava com a mão em sua cicatriz, que doía tanto a ponto de deixa-lo tonto. Mas ele ainda mantinha seu raciocínio, então fora vítima da mais cruel Magia Negra, porém por algum motivo os planos de Voldemort não se concretizaram, agora ele voltava quinze anos mais tarde e revelava o grande segredo. Harry se sentia como se não fosse dono de si próprio, sua alma estava presa numa parte de um talismã.
- Harry Potter – disse Você-Sabe-Quem friamente – você ainda nem começou a sofrer, até agora o feitiço não lhe causou simplesmente nada, mas eu prometo que vou encontrar a outra parte, e daí você se juntará a mim, formando um único ser.
Não é apavorante? Deixe-me adivinhar, você também vai procurar o talismã, não é? – seu rosto viperino brilhou com a luz refletida da varinha – Mas somente eu que executei o encantamento consigo sentir a presença do talismã, ele me chama, ele quer ser encontrado. Portanto em pouco tempo ele vai me atrair e aí, chegará o seu fim – uma risada sem alegria – Vai ser agonizante para você ficar procurando algo sem obter respostas, e serão seus últimos momentos de vida...
Pedro Pettigrew esfregava as suas mãos porcas em sinal de vitória, era nojento ver aquele idiota servindo a Voldemort e se achando o máximo.
- Você tem como nos tirar daqui? – impôs Draco muito abusado.
-   Isso seria um tanto desnecessário pra mim, e talvez inconseqüente – disse Voldemort – Ainda quero duelar um pouco mais com você, Potter. Mas essa dimensão bloqueia nossos poderes e quero que nos enfrentemos usando o máximo de nossas capacidades.
- Se aproximem!- resmungou Rabicho severamente – Agora se vocês querem mesmo ir embora daqui dêem as mãos e não soltem por nada neste mundo.
Não agradava muito a Harry a idéia de ficar devendo um favor a Voldemort, porém agora não era tempo dele ser teimoso e prejudicar seus amigos também, só pensando neles é que ele não se recusou a aceitar aquilo.
O Lord das Trevas apontou sua varinha para seu próprio peito e disse no que parecia numa língua grega:
-
Cosmo Etimo! (em grego quer dizer Mundo de Origem) – e assim a primeira sensação que eles tiveram voltou. O calor e o frio, as dimensões e a tontura.
Mas Harry não queria depender de Voldemort para isso, e também não previa colocar Rony e os outros em perigo outra vez. Ele iria interromper a corrente, se distanciar de Voldemort e Rabicho, assim não se sentiria com tanta dívida.
Ele soltou a mão de Pedro que estava ao seu lado. Uma névoa cinza se embaralhou em seus neurônios e parecia que algo descia com rapidez até sua barriga e subia com a mesma intensidade até a garganta, a última coisa que ouviu foi um grito de raiva vindo de Voldemort.
Mas Harry ainda sentia a mão de Draco segurando a sua, e isto lhe convenceu que Hermione, Gina e Rony ainda estavam junto com ele.
Ele não fazia a menor hipótese de onde podiam parar, na verdade nem tinha certeza de que algum dia chegariam a parar. E essa chance bem provável lhe causava receio, afinal foi por culpa dele que todos giravam sem rumo, no entanto uma intuição lhe dizia que foi a atitude mais sensata a ser tomada e que em breve todos estariam a salvo, quem sabe essa era a voz de seu pai se manifestando dentro de Harry.
Eles caíram desajeitados num chão de concreto, uma calçada. Algumas pessoas conversavam altamente, mas Harry pode constatar que de fato ninguém percebera a repentina aparição de cinco pessoas caídas do céu.
Hermione apoiou-se em seus cotovelos para se levantar, Rony reclamava de uma dor nas costas, Draco de joelhos enxugava o suor na testa, Gina aceitou a ajuda de Mine para ficar em pé.
E Harry com sua cicatriz ainda dolorida se recompunha com a mão toda ralada.
O lugar era familiar, havia mesinhas com seus acabamentos de ferro decorado, com quatro cadeiras pequenas em volta e um guarda-sol no centro para proteger as pessoas dos raios ultravioletas.
No fundo uma loja bem arejada, com assoalhos cor creme e um balcão de mármore, e algumas máquinas que definitivamente não eram usadas por trouxas. 
Na maioria crianças de uns sete ou oito anos arrastavam seus pais para perto dos vendedores com um uniforme bem esquisito na cor roxo berrante.
Quando todos já tinham se recuperado e estavam de pé, olharam apressados a sua volta.
- É a sorveteria Florean Fortescue! – concluiu Gina numa velocidade impressionante de pensamento – Fomos parar no Beco Diagonal!
Rony, Hermione e Harry sorriram aliviados, enquanto Draco desabafava:
- Que ótimo, desta vez tivemos sorte – admitiu com um tom de quem tinha um peso a menos nas costas – Se cogitarmos a possibilidade de que poderíamos parar no Japão, na China ou em qualquer passagem secreta maluca, cair justamente aqui significa que você nasceu com a bunda virada pra Lua, Potter.
- Genial, Harry – elogiou Rony com um largo sorriso – Você nos livrou de Você-Sabe-Quem! Pensei que morreria com o
Cruciatos e nunca conseguiria escapar deles! Parabéns!
- Nem acredito que fugimos deles! – exclamou Gina animada – Finalmente pudemos voltar, estava com saudade da civilização...
- Mas o quê vamos fazer agora? – perguntou Hermione intrigada.
Eles se entreolharam, mas Draco sorriu e argumentou:
- Depois a gente pensa nisso, para comemorar vamos tomar um sorvete! Por minha conta, deixa que eu pago!
- Essa é a sua boa ação do dia, Malfoy? – disse Rony.
- E essa é a sua oportunidade de aproveitar o meu bom-humor – replicou erguendo as sobrancelhas.
Foi uma boa estratégia tomar um sorvete, já que isso desviou os pensamentos de todos de suas preocupações, mas essa sensação só durou até o sorvete acabar.
- Já está anoitecendo será muito perigoso sair daqui a esta hora da noite – disse Gina suavemente – Mas aonde vamos ficar?
- Você tem razão – concordou Hermione – Harry, todo mundo te conhece e te admira, será que você não consegue alguém que possa dar hospedagem pra gente?
Ele ficou alguns segundos pensando e então se lembrou:
- É claro! – disse com um sorriso – O Tom do Caldeirão Furado não terá a menor objeção em nos ceder um quarto, afinal ele praticamente me hospeda nas férias, vamos lá?
- Não – replicou Rony – Antes de tudo nós devemos avisar Dumbledore e nossos pais que estamos bem. Ponham a cabeça no lugar, imaginem o quão preocupados eles estão?
- Hum... – Hermione fez um barulho de quem estava pensando na solução do problema, mas iria se comunicar se não tinham nem corujas e nem lareiras para tal.
- Sem problemas – garantiu Draco – Vamos comprar uma coruja nova.
- Você enlouqueceu? – exclamou Harry perplexo – Corujas são caríssimas e você já deve ter a sua. Porquê gastar dinheiro com mais uma? – depois de um tempo encarando Draco ele compreendeu – Está bem, esqueci que você é milionário e uma grande parte dos galeões de Gringotes deve estar no seu bolso neste momento.
Os quatro ficaram vermelhos e constrangidos.
- Relaxa, pessoal! – Draco quis deixar a atmosfera mais leve – Qualquer dia vocês retribuem o favor, e além do mais eu também irei usar a coruja!
Realmente isto os deixou mais à vontade e eles foram à antiga e fedorenta loja de Animais Mágicos. A bruxa no balcão estava com a expressão de alguém que se sentia extremamente cansada e precisava urgente de uma cama.
- Eu posso ajuda-los? – indagou simpaticamente.
- Estamos procurando uma coruja rápida e que já tenha habilidade de entregar cartas e voar – descreveu Draco.
- As melhores corujas estão ali – apontou para um canto da loja onde havia três corujas, mais ou menos do tamanho de Edwiges, estavam presas nas gaiolas e pareciam loucas para serem compradas e poder entregar as correspondências de seus donos.
Os cinco se aproximaram com curiosidade, em pouco tempo eles estariam brincando com as corujas que tentavam dar picadas em seus dedos.
A primeira coruja tinha vários tons marrons e olhos amarelos bem abertos, a segunda era cinza com olhos vermelhos, muito sombria na opinião deles. A terceira que foi a que eles resolveram comprar, era a menor de todas, porém era a mais bonitinha. Tinha tons em creme e os olhos azuis marinhos, não ficava quieta um segundo sequer. Sua energia era impressionante, voava de um lado para o outro da gaiola tentando bicar divertidamente seus dedos.
Todos saíram da loja e foram direto para o Caldeirão Furado, estavam exaustos e não viam a hora de poder deitar numa cama, imaginavam como isso podia ser confortável.
Quando entraram no bar, viram Tom aproximar-se com um sorriso sem dentes.
- A que devo a honra? – perguntou cumprimentando os garotos – No que posso lhe ajudar, Harry Potter?
- Na verdade – começou Harry encabulado – precisamos de um lugar para dormir, mas não temos dinheiro para pagar.
- Sem problemas! – garantiu simpaticamente – Você já fez o suficiente salvando a humanidade de Você-Sabe-Quem, e em todo caso se você se sentir na obrigação pode me pagar depois.
- Somos em cinco – falou Harry corando.
- O certo seria os meninos ficarem em quartos separados das meninas, porém estou lotado hoje. Só tenho um quarto disponível... tudo bem?
Ninguém teve nada a pensar, Tom já tinha sido bem legal em ceder a hospedagem em troca de nenhum centavo.
- É claro! – respondeu Harry ligeiramente – Qual é o nosso quarto?
- Número 11 – e entregou a chave – Quer que eu ajude com a bagagem?
- Não precisa – disse Rony – Não temos bagagem!
Os cinco seguiram por uma escada de madeira até uma porta com o número de latão onze, Harry se lembrou que em seu terceiro ano ficara hospedado no mesmo quarto e Fudge conversara com ele. Ainda tinha a cama no meio, uma mobília de carvalho, a lareira onde o fogo crepitava e esquentava o ambiente e no alto do armário Draco pôs a gaiola da nova corujinha.
- Qualquer coisa que precisarem é só me chamar – ofereceu o dono do Caldeirão Furado.
- Ah, que dia é hoje? – indagou Gina e se sentiu estranha pela pergunta.
- 15 de Maio – disse Tom e depois se retirou.
Mione melhorou muito seu humor desde que encontrou aquela cama esperando por ela:
- Uau! Quem discorda que ser famoso tem lá suas vantagens? – perguntou alegremente.
- Dentre elas conseguir enganar as pessoas dos seus próprios sentimentos, e namorar todas as meninas que desejar – Rony insinuou se referindo a Krum.
Eles não tinham muito que fazer, não havia pijama para trocar de roupa e nem bagagem para arrumar, então logo...
- Temos que aumentar essa cama – concluiu Gina constatando que uma simples cama de casal não seria grande o bastante para cinco pessoas.
- Ok. Já sei... – disse Draco sacudindo os braços – Está na hora da milagrosa varinha Malfoy entrar em ação novamente! – ele pediu que os outros se afastassem e sacudiu a varinha –
Duplicarew!
A cama simplesmente dobrou de tamanho.
- Pensei que você fosse usar o feitiço do tamanho – disse Hermione olhando para ele estranhamente.
- Eu tenho um pouco de dificuldade em controlar a intensidade deste feitiço, é mais prático usar o da duplicação, assim o tamanho já é garantido.
Nas gavetas havia algumas folhas de pergaminho e uma pena, que se tornaram propriedade de Hermione, sem objeção alguma, já que seria ela quem escreveria as cartas.
- Pronto, vamos começar a etapa do Avisando-Que-Estamos-Vivos – disse Draco sarcasticamente – Mas eu não quero contar muitos detalhes aos meus pais, principalmente que estou com Harry Potter, aparatariam na mesma hora para te seqüestrar.
- Eu concordo plenamente – disse Gina com uma careta – Afinal eles são psicóticos, não é mesmo?
- E este não foi um comentário prestativo – replicou Draco num tom ameaçador.

Hermione, Harry e Rony começaram a escrever a carta, enquanto os dois ficaram ocupados discutindo a moral dos pais de Draco:


Prezado Professor Dumbledore,
O senhor deve estar se sentindo muito preocupado com a nossa ausência. Nós, Hermione Granger, Harry Potter, Draco Malfoy, Ronald e Gina Weasley, fomos sugados para dentro de uma passagem secreta perto da sala de Poções, se quiser pode averiguar que estamos dizendo a verdade.
Aconteceram fatos muito estranhos, não conseguíamos achar a saída até que Voldemort apareceu.

- Hermione! – ralhou Harry – Você tem que colocar as coisas desse jeito? Dumbledore vai ficar mais preocupado...
- Desculpe, Harry – disse ela num tom decidido – Mas não temos tempo para rodeios, é um assunto extremamente sério...
Eles contaram toda a história da Quarta Maldição Imperdoável e o perigo que Harry corria.

Esperamos que o senhor tenha entendido a gravidade do problema, por favor, mande as nossas varinhas, nossas malas e as corujas.
Desculpe ter abandonado Hogwarts em época de provas, mas temos que impedir Voldemort de ressurgir.
Não fique aflito, sabemos nos cuidar...
Atenciosamente,
Hermione Granger.


- Hermione, você está com febre? – indagou Harry incrédulo – Vocês não podem perder o final do ano letivo, nem sabemos se Dumbledore vai concordar com isso.
- O quê importa? – replicou com vigor – Estamos com você nessa até o fim, nunca serei capaz de te abandonar no momento que você mais precisa!
- Ela tem razão – reforçou Rony – Aconteça o que acontecer você é nosso amigo, e não vamos deixar você sozinho com o bruxo mais perigoso de todos os tempos querendo acabar com a sua alma!
- Nem pensem em me deixar fora dessa aventura! – advertiu Gina com veemência – Você me salvou na Câmara Secreta, de qualquer forma é uma dívida que eu tenho com você! E eu sou muito leal aos meus amigos...
- Vocês sabem a responsabilidade do que estão dizendo? – perguntou Harry olhando no fundo dos olhos de cada um – Se continuarem comigo vão correr vários perigos, e eu não quero me sentir culpado se alguma coisa acontecer...
- Cala a boca, Harry! – mandou Rony impaciente – Escolhemos ir com você por nossa própria conta. E também não somos idiotas a ponto de só lhe causar problemas, sabemos nos cuidar sozinhos, acho que já crescemos o suficiente para fazer nossas opções.
- E neste momento queremos ir com você! – Hermione sorriu de um jeito travesso – Não seja chato, você pode ser o super-herói, no entanto a gente também tem qualidades, e vamos saber nos virar sozinhos.
- Vocês têm razão – assentiu num tom mais leve – Hermione é ótima em feitiços, Rony por ser bom nos esportes acabou adquirindo grande rapidez e versatilidade, Gina pratica muitos duelos, sabe falar várias línguas e está aprendendo magia medicinal avançada, acho que nossa equipe está perfeita...
Draco que só estava ouvindo, não se sentiu rejeitado por não ter seu nome incluído na lista. Afinal todos os anos sendo o arqui-inimigo não se apagariam apenas por uma semana de convivência.
Draco nem tinha certeza do que estava sentindo,
será que era amizade?
Não sabia, porém conhecendo a Magia Negra como conhecia, tinha a ligeira intuição que todos sem exceção morreriam, quando Voldemort resolvesse dizer
Avada Kedrava.
Ele não queria que isso acontecesse, se a sua família era uma pequena amostra do que aconteceria caso Voldemort recupera-se o poder, ele definitivamente não desejava viver ameaçado, e precisar torturar pessoas inocentes.
- Desculpe me intrometer na sua equipe perfeita, mas falta alguém que conheça Magia Negra de verdade, vocês são muito inexperientes! – disse num tom superior – Eu conheço a dor que cada uma pode provocar e posso fazer algumas demonstrações. E sem arrogância eu posso praticar alguns feitiços tão dolorosos e fatais, para qualquer emergência.
- Você está querendo insinuar que a gente necessita de um bruxo das trevas, alguém que faça o trabalho sujo? – perguntou Rony com desdém.
- Se você quer ver as coisas dessa maneira, Weasley – Draco deu de ombros – Eu prefiro dizer que eu serei a única pessoa que entende de arte das trevas. E não seja hipócrita – ele lançou um olhar brabo a Rony – todos aqui sabem muito bem que nessa situação é importante ter alguém que faça o trabalho sujo. Agora vocês já estão envolvidos, não adianta fingir que o bom coração de vocês irá se tornar um escudo protetor, para vencer vocês precisam estudar as técnicas do inimigo. Aliás, somente assim vocês terão chance de vencer Voldemort.
- Reunião do Conselho – anunciou Harry olhando fixamente para Draco, e enquanto Malfoy ficou isolado eles formaram uma rodinha para discutir:
- E aí, o quê vocês acham? – perguntou Harry seriamente.
- Eu acho que todo mundo merece uma segunda chance, até mesmo o Draco – defendeu Gina – Não foi agora que ele mostrou uma vontade repentina de nos ajudar, ponham a cabeça no lugar! Ele estava com a varinha, podia ter feito qualquer coisa em vez de empresta-la para Hermione.
- Não podemos acreditar nele – criticou Rony firmemente – O Malfoy é um típico caso em que dar uma segunda chance é o mesmo que assinar nossa sentença de morte.
- E você Hermione... – Harry virou-se para ela, seus olhos verdes muito abertos – Qual é o seu voto de Minerva?
- Francamente, Harry! – reclamou a garota indignada – Você me põe em cada situação... É apenas uma hipótese, mas na minha opinião o Draco não está lembrando nada aquele menino arrogante que vivia fazendo piadinhas em Hogwarts.
- Eu não sei, – disse Gina tentando convencê-los – mas eu tenho a intuição que Draco não quer que Voldemort volte, decididamente ele está revoltado com toda essa história de
Imperio, Cruciatos e poder! Não perceberam que ele quer apenas nos ajudar!
- Falando como se fosse um estrategista, a ajuda de Draco é essencial – confirmou Harry muito pensativo – Mas ao mesmo tempo temos que ficar cautelosos, porque ele pode nos levar a uma armadilha.
- Nós precisamos dele? – questionou Rony amargurado – Tudo bem, mas ninguém pode esquecer que nossa confiança por um Malfoy vai até um limite, não se iludam porque ele já mostrou uma personalidade bem diferente diante da Sonserina.
Eles se viraram para Draco e Harry disse:
- Você tá dentro!
- Hã... obrigado – essas palavras explodiram da sua boca espontâneamente, agora Draco estava sem graça.

Eles haviam demorado tanto tempo discutindo o
“Problema Draco”, que a coruja que eles mandaram para Dumbledore já estava voltando acompanhada de mais umas quinze, dentre elas, Edwiges e Pichitinho. Elas traziam todos os pertences dos cinco.
- Puxa! – exclamou Harry perplexo – Às vezes o Dumbledore é fantástico, a velocidade que essas corujas chegaram até aqui é impressionante. De qualquer forma acho que isto significa um
sim ao nosso pedido!
Gina pegou apressadamente o bilhete e leu em voz alta:

Harry,
Não irei impedir você e seus amigos de lutar pelo que acreditam, só peço que me deixem informado de tudo que acontecer a partir de agora.
Eu disse aos seus pais que vocês estão em Hogwarts, portanto qualquer coisa que possa vir a acontecer é responsabilidade minha, no entanto confio no potencial de vocês e torço para que tudo acabe logo.
Estou pesquisando sobre essa nova Maldição, e a qualquer informação eu os comunicarei, boa sorte e cuidado!
Atenciosamente,
Alvo Dumbledore


- E é isso – concluiu Gina dobrando a carta.
- Legal! – Rony revirava sua mala para ver se suas coisas estavam em ordem – Ele mandou nossas roupas, as varinhas, tudo!
- Eu não acredito! – exclamou Gina excitada – Finalmente vou poder trocar de roupa, e fazer magia com a minha varinha, sinceramente estava me sentindo inútil!
- Uma viva para a milagrosa transformação que uma pessoa pode ter quando põe uma roupa limpa depois de uma semana usando a mesma coisa! – gritou Hermione levantando o braço divertidamente.
Os meninos riram.
Gina e Hermione pegaram seus pijamas e foram correndo para a suíte, que com certeza não se parecia nem um pouco com um banheiro luxuoso que deveria existir na mansão Malfoy, porém mesmo assim havia um chuveiro e isso era o mais importante no momento.

     ***    ***

Quando Gina e Hermione saíram do banho travaram uma briguinha com os meninos para faze-los tomar um banho. Sob a ameaça de serem jogados pela janela se continuassem com aquele cheiro, eles amigavelmente concordaram em tomar uma ducha.
- Mas eu quero que o Potter seja o último – disse Draco num travesso – porque ele vai infectar o banheiro com os vermes dele. Posso até pressentir o limo grudado no assoalho.
- Que nojento! – falou Hermione com a voz esganiçada.

Depois estavam todos juntos na cama que foi aumentada por Draco, vestindo seus pijamas e quase prontos pra dormir. O quarto estava escuro, só a luz da Lua entrando pela janela e caindo sobre os cinco.
- Lumus! – disse Harry e a ponta de sua varinha ficou iluminada.
- E o quê vamos fazer amanhã? – quis saber Rony.
- Conhecendo esse negócio de Maldições que são capazes de prender a alma de uma pessoa eu aconselho vocês a parar de ficarem pensando e agir logo – alertou Draco relembrando todas as histórias que ouvira nas reuniões dos Comensais da Morte.
- Amanhã vamos viajar para Godric´s Hollow, se vocês prestaram atenção no que Voldemort disse, o talismã foi perdido na noite em que ele lançou o feitiço – Harry disse como se fosse óbvio, enquanto a luz da varinha de Rony refletia em seus olhos – E aonde Voldemort estava neste momento?
- Desculpe Harry, eu sei que essa não é a resposta mais inteligente para sua pergunta – interrompeu Rony indignado – Mas será que às 3 horas da manhã você podia evitar falar esse nome! Parece que você tem prazer em ficar repetindo Voldemort, Voldemort! – Rony estremeceu – Toda vez que você fala estas palavras Você-Sabe-Quem fica presente aqui e pode escutar tudo que falamos.
- Você está ficando paranóico! – replicou Draco com um sorriso – Porém eu tenho uma boa notícia pra você, com mais treino você vai ficar craque em pronunciar Voldemort! – ele sibilou tenebrosamente essa última parte.
- Calem a boca vocês dois! – mandou Gina irritada – Harry estava dizendo que o talismã provavelmente ficou esquecido na sua casa, não é?
- Essa é a hipótese mais otimista – disse Hermione – Considerando que alguém pode ter encontrado o talismã, sabe um desses babacas desinformados? E sei lá, jogou o objeto com o encantamento pelo rio...
- Por isso que não podemos perder tempo! – afirmou Harry decidido – Temos que encontrar o talismã de uma vez, a única pista que temos é essa, e nem ao menos isto é uma garantia que nos levará ao caminho certo.
- Você tem razão – falou Rony recompondo-se da discussão com Malfoy – tudo está conspirando contra nós, temos que descobrir novas informações, mas a cada vez que conseguimos isso a situação piora!
- Que belo apoio moral! Realmente você me deixou tão entusiasmada... – retrucou Gina num tom de repreensão, ela sabia que o maior prejudicado nessa história seria Harry, portanto ninguém precisava ficar lembrando ele do que aconteceria caso falhassem.
- A quem você quer enganar? – as orelhas de Rony ficaram vermelhas – Harry sabe que desta vez será muito pior do que das outras vezes, é sempre um desafio mais difícil, no entanto eu acredito que ele nunca nos decepcionou – ele se virou para Harry e soou encorajador – Você é um vencedor, quantas lutas você sobreviveu? Não vai ser agora que o Lord das Trevas conseguira te derrubar!
- Eu tô com o Rony – Hermione estendeu sua mão – Somos amigos e a nossa vontade é muito mais poderosa!
Draco olhou em volta e finalmente percebeu que aqueles, por incrível que pareça, eram seus novos amigos, por quem ele sacrificaria sua vida e lutaria junto até que suas forças não agüentassem mais.
Draco sorriu consigo mesmo, talvez essa fosse a primeira vez na vida em que ele se sentiu feliz, e sua mão foi parar em cima da de Hermione, e logo em seguida Gina, Rony e o próprio Harry colocaram suas mãos ali.
- Nunca se esqueçam que somos amigos, e que a nossa energia é mais eficaz do que qualquer feitiço cheio de ódio, porque juntos não há nada que nos vença – disse Hermione confiante –
Migadche Esonofá! – ela exclamou e todos repetiram jogando suas mãos para o alto e sorrindo alegremente.
- O que é
Migadche Esonofá? – perguntou Draco curioso.
- Você não sabe, né? – falou Gina amigavelmente – Quando Hermione e Harry iam passar as férias lá em casa, ficávamos até de madrugada inventando nosso próprio vocabulário, é bem divertido!
Migadche Esonofá quer dizer amizade!
- Antes de embarcarmos na estação King´s Cross vou passar no Gringotes para pegar uns galeões, já que eu não pretendo que o Malfoy nos patrocine a viajem inteira... – falou Harry firmemente.
- Não precisa se encabular, Potter – Draco apertou os olhos e disse divertidamente – Eu tenho dinheiro suficiente para nos sustentar até quando fizermos vinte e um anos, porque depois o padrão de vida se torna mais caro, são casamentos, festas, muita farra para o meu bolso suportar...
- Muito engraçado! Mas já está decidido...
- Não está não! – replicou Draco teimoso – Pelo menos divida as despesas comigo, isso se chama educação, não vou ficar dependendo de você, são os ensinamentos do meu pai!
- Está bem, já que o educadíssimo Sr. Malfoy insiste, pode gastar seu dinheiro numa viajem que contraria todos os propósitos de seus pais – disse Harry sarcasticamente – eu aceito. Mas eles também não te ensinaram que não é nada legal desobedecer ao papai e a mamãe?
- Definitivamente o sono está afetando seu cérebro! – falou Draco – Acho melhor as criancinhas irem dormir, está ficando muito tarde!
- Isso incluí todos nós? – perguntou Rony num tom ameaçador.
- Eu só estou vendo criancinhas aqui, alguma dúvida? – retorquiu Draco com o sorriso malicioso.
- Ah não, Malfoy – Gina sorriu como alguém que está tendo planos maquiavélicos – Essa insinuação não vai ficar assim! GUERRA DE TRAVESSEIRO!
Enquanto Draco saiu correndo pelo quarto, Hermione, Gina, Rony e Harry pegaram seus travesseiros e tacaram em cima dele, depois eles riram muito da cara que ele estava, com o seu arrumado cabelo loiro todo bagunçado e com uma expressão de sofredor.

      ***   ***


Na manhã seguinte os meninos foram ao Banco de Gringotes para retirar do cofre de Draco e Harry galeões para a viajem, enquanto isso Gina e Hermione tomavam café no Caldeirão Furado e a cuidavam da nova corujinha.
Havia bruxos com grandes bigodes e expressões sérias, discutindo os artigos do Profeta Diário voltados para o Ministério da Magia, alguns duendes comendo uma mistura estranha, bruxas com uma grande capa lilás e com quantas jóias elas conseguissem andar, espalhadas pelo pescoço, braço e mãos.
Porém elas estavam mais concentradas em sua própria conversa:
- Gina por favor, vai ser uma carta rápida eu prometo que Draco nunca vai saber... – Hermione tentava convencer uma Gina muito relutante a emprestar a coruja para enviar uma correspondência a Vitor Krum.
- Mione, nem que fosse somente uma palavra – ela negou terminantemente – Porque a corujinha é responsabilidade minha, portanto se algo acontecer eu não posso imaginar o que o Draco é capaz de fazer comigo.
- No máximo ele te arrastaria para uma salinha reservada, e em vez da enorme vontade de te lançar o Feitiço do Corpo Preso, os hormônios dele subiriam-lhe a cabeça fazendo-o te beijar apaixonadamente! – zombou Hermione e Gina fechou a cara – Admita que essa hipótese não seria tão ruim...
- Você venceu! – Gina passou a coruja que emitia alguns gritinhos para a mão de Hermione – Por favor, só não me obrigue a continuar ouvindo suas fantasias...
- Você sabe muito bem que não são fantasias, vocês dois saem de órbita quando ficam juntos, mas é tão bonitinho! – Hermione disse isso sem pensar, realmente era a sua opinião levando em conta que ela nunca foi boa em esconder o que sentia.
- Pára! – mandou Gina aborrecida, seu olhar desviou para o chão – Você vai se arrepender de ficar falando essas besteiras... logo o Draco chega e daí adeus cartinha para o Vitor Krum!

Hermione amarrou a carta com um papel muito bonito, o envelope era vermelho berrante com corações dourados onde flechinhas encantadas se mexiam e brilhavam cortando os corações.
- Eu quero que você leve esta carta para Vítor Krum – disse suavemente dando um sicle para a corujinha e fazendo carinho na cabeça dela.
- Você está ficando pirada – lamentou Gina – Nem em um momento crítico você esquece esse jogador búlgaro de quadribol! O que te faz gostar tanto dele assim?
-
Ele foi a primeira pessoa que reparou que eu sou uma garota! – seu tom misturava um pouco de tristeza e amor – Enquanto Rony, Harry e o castelo inteiro só me viam como uma Cdf desengonçada, Vítor aprendeu a gostar de mim do jeito que eu sou, e com o apoio dele eu melhorei muito meu modo de agir e pensar, ele me ajudou a superar meus pontos fracos, entende?
- Eu aceito, mas não posso entender alguém que confunde isso com um sentimento totalmente diferente – Gina olhava com ternura para a amiga – Vocês ficam se enganando o tempo todo fingindo que não sentem a falta um do outro, e até um idiota conseguiria perceber isso a quilômetros de distância, mas os dois teimosos continuam ignorando o que acontece quando vocês estão juntos...
- De quem você está falando? – perguntou Hermione confusa.
- De ninguém, esquece! – respondeu desapontada e ao mesmo tempo com medo de ter dito algo que não devia.
- Não é de mim e do Vítor, né?
- Não – disse seriamente – É de você e de outra pessoa que te ama muito, mas eu não sei como você não percebeu isso ainda... não fique tão distraída, Mione. Preste atenção nas pessoas ao seu redor.
BAM!
As duas levaram um susto quando Draco depositou um saco cheio de galeões em cima da mesa provocando um grande estrondo.
- Malfoy, você é sempre intrometido ou só quando quer nos provocar? – disse Hermione num tom trivial enquanto Draco sorria satisfeito consigo mesmo.
- Sabia que pudim de chocolate engorda além de deixar muitas crateras no rosto? – avisou Harry puxando toda a tigela de Hermione e enfiando uma colher com pudim quase transbordando na boca. Ele continuou com a boca cheia – Depois quando vocês estiverem com o rosto igual à de um sapo dizem que eu sou um crápula e traidor porque eu não avisei, mas como eu sou muito amigo das duas aceito comer essa bomba cheia de calorias!
- Vou gravar isso para quando eu decidir fazer parte do grupinho de patricinhas da Lilá Brown – replicou Hermione, mas ela não pegou a tigela de novo.
- Todo mundo tá pronto pra viagem? – lembrou Rony roubando o pudim de Gina que deu um tapinha na mão do irmão – Melhor a gente ir andando porque os trens demoram muito para sair da Estação King’s Cross, se a gente perder o próximo vamos se f...!
- Rony! – repreendeu Gina – Se a mamãe estivesse aqui você certamente não ficaria dizendo esses palavrões gratuitamente!
- Eu não tenho culpa – garantiu sem o menor embaraço – é muita influência do Malfoy, o vocabulário dele é realmente impressionante. Quando ele fica irritado se ouve cada coisa...
Draco não disse nada, ele meio que se orgulhava por isso, mas grande parte de seus xingamentos ele havia aprendido com seu pai. Ele observou a cena e sentiu que algo estava faltando.
O que é? pensou.
- Gina, cadê a corujinha? – indagou desconfiado enquanto a garota ruborizou como o pôr-do-sol. 

**   **

Depois de Gina ter explicado que Hermione precisou usar sua coruja para mandar uma carta para Vitor Krum, Rony não perdeu tempo em fazer mais um comentário sarcástico do qual todos, menos Hermione deram risada. Draco disse que a coruja era do grupo, e que sendo assim todos poderiam usa-la, mas que ele preferia que fosse para algo mais sério do que
beijinhos e eu te amo!
Eles chegaram na Estação King’s Cross com o Pó de Flu que Harry comprou numa loja de Substâncias Mágicas Transportadoras. Para dizer a verdade eles saíram numa casa onde o chão era de madeira, e o cheiro de salsicha e a porta se encontrava logo em frente à lareira. Sorte que a bruxa que morava ali estava tomando banho, e talvez não deve ter ouvido os gritos de raiva de Hermione e nem os de preocupação de Gina, ao passo que Rony tropeçou em uma estátua quando eles corriam no meio da pequena sala, e conseqüentemente Draco praguejou “Diabos!”
Foi bem tranqüilizador quando eles chegaram no lado de fora e embarcaram com suas corujas e suas malas na plataforma mágica.
Num painel eletrônico duas vezes do tamanho normal dos trouxas, estavam os horários:

  Horários da manhã-tarde:

GODRIC’S HOLLOW  - 11 H 00 MIN
HOGSMEADE             - 12 H 30 MIN
GADLENK                  - 15 H 00 MIN
SENTY                       - 17 H 30 MIN
RAJHUT FRIGQUAR  - 19 H 00 MIN

- Uau! – disse Hermione reparando no painel eletrônico – Eu não fazia idéia de quantas cidades mágicas existiam sem escondidos dos trouxas!
- Algumas vezes são países inteiros ocultos por algum feitiço, apesar de ser raro nos dias de hoje! – Rony disse apressadamente.
- Sério? – ela ergueu os braços empolgada – Um dia você me leva nesses lugares? Vai ser tão interessante conhecer uma cultura diferente... eu vou adorar!
- É claro – respondeu corando ligeiramente com um sorriso sem graça.
- Pessoal! – chamou Harry que estava a uns dois metros de distância arrastando sua mala acompanhado por Draco – Vocês estão dormindo? O trem sai daqui três minutos e ainda temos que comprar os ingressos!
- Por isso eu acho melhor vocês obedecerem o quê o
Potterzinho diz, e começarem a se preocupar em correr! Senão o trio maravilha vai ficar pra trás...
-
Potterzinho? – repetiu Gina perplexa – Você nunca tinha mencionado esse apelido...

Por fim eles conseguiram embarcar, com um pouco de bagagem exagerada: os malões de Hogwarts dos cinco, e mais a gaiola de Pichitinho e Edwiges.
Os vagões estavam praticamente vazios, exceto uma excursão de bruxos italianos, um homem com roupas surradas que dormia profundamente afundado no banco e duas bruxas do interior que não paravam de falar animadamente as vantagens de morar na cidade.
Sem perceberem Rony sentou com Hermione em um lugar e Gina juntou-se hesitante a Draco que olhava para janela absorto em seus pensamentos.
- Harry! – falou Rony – Você não quer se sentar com a gente?
- Não, obrigado – ele sentou no último lugar, no fundo do vagão e colocou a gaiola de Edwiges ao seu lado – Eu estou bem aqui, preciso pensar em muitas coisas antes de chegar nessa cidade...  
Rony compreendeu o que Harry devia estar sentindo neste momento, afinal ele iria para o lugar em que seus pais morreram, não era nada fácil. Se ele preferia ficar sozinho, era um direito dele que devia ser respeitado.
- Gina, eu estou sentindo falta da minha coruja! – Draco disse de repente num tom nostálgico.
- Eu sinto muito – ela disse num tom sinceramente arrependido – Mas você terá que esperar até ela voltar, e suponho que a Bulgária seja um lugar um pouco longe da Inglaterra...
- E se ela não voltar... – Draco fechou os olhos e Gina se surpreendeu ao perceber que estava olhando para ele com carinho – Você vai ter que me dar uma recompensa...
Gina olhou com mais atenção pra ele e perguntou ao mesmo tempo curiosa e num tom de ansiedade:
- Que tipo de recompensa?
Draco abriu os olhos e virou-se para Gina, eles ficaram por alguns segundos se olhando. Os dois sorriram, acabaram de se comunicar telepaticamente, conseguiram ler em seus olhos que a única coisa que poderia recompensar Draco pela perda da coruja seria um beijo.
Gina sem saber gostou daquela atitude, foi uma sensação muito boa encontrar os olhos de Draco e sentir que repartia um segredo com ele, algo em comum.
Ela tentou pensar em outra coisa precisamente no antigo Malfoy, arrogante e esnobe, talvez isso a fizesse recuperar a razão. Quando Gina conseguiria se imaginar encantada por ele? Ela estava ficando maluca, com certeza não poderia se apaixonar por Draco, qualquer pessoa menos ele... pelo menos ela ainda não havia perdido essa consciência...
Mas ela pensou tudo tão rapidamente, que só ouviu a resposta dele como se fosse há muito tempo depois...
- Esquece, de qualquer modo a coruja vai voltar – ele disse seriamente e quando sua mão encostou na dela, Gina percebeu aflição em seus olhos – Me prometa que por nada neste mundo você irá deixar que a gente faça isso...
Agora ela não podia fingir que não entendeu o que Draco queria dizer.
- Se você está se referindo ao que sinto por você e você por mim... – ela começou num tom muito baixo, no entanto Draco apertou a mão dela fazendo-a parar hesitante.
- Não precisa terminar – garantiu, embora houvesse sofrimento em sua voz – você já percebeu que não daria certo – ele suspirou – então continue indiferente a mim...
Ele tirou a mão de perto da dela e voltou a olhar pela janela, porém Gina ficou aflita com a conversa, algo a incomodava e ela precisava expor isto a Draco, porque ele não podia dizer o que quisesse e encerrar o assunto. Desta vez ela diria a última palavra:
- Não é pretensioso demais pedir para eu te esquecer como se eu já estivesse loucamente apaixonada por você? – crepitou, mas mantendo a compostura – Você não faz idéia do que eu estou sentindo, e pra sua informação não é nada parecido com amor!
- Ótimo – disse Draco sem palavras e meio abalado.
- Ótimo – repetiu sem jeito – Então não pegue mais na minha mão e não me trate como se eu fosse uma idiota! Eu não estou aqui por você e sim, pelo Harry.
Draco olhou para o teto e novamente fechou seus olhos, Gina apertava sua mão de tanta raiva.
Como ele consegue ficar tão calmo? Francamente, como pude pensar em namorar esse... esse... mas mesmo não encontrando palavras suficientemente nojentas para descrever Draco, ela continuou braba com o garoto.

     ****   ****

- No quê você está pensando? – Rony olhou intrigado para Hermione. Sempre que ela estava triste ficava mordendo a ponta dos dedos e seus pensamentos pareciam distantes.
- Estou pensando no Vítor – admitiu sem sair do transe.
- Não se preocupe – afirmou Rony com um tom de azedume – ele gosta de você, não é porque você ficou perdida uma semana numa passagem secreta sem dar notícias que ele irá se entregar para Fleur Delacor, por exemplo.
- Hum... – suspirou entediada.
- Hermione, pare de ser insegura – insistiu, por mais que isso causasse uma dor que Rony não compreendia em seu coração, ele estava incentivando ela a não ficar triste por Krum, afinal ele a amava de verdade – Você é inteligente, é linda e é uma garota muito especial ninguém te trocaria por nada neste mundo, só se fosse alguém muito estúpido!
Hermione olhou para Rony e suas bochechas ficaram levemente rosadas, ela sorriu meio envergonhada para ele que retribuiu.
- Eu não estou preocupada com isto – falou quase num sussurro.
- Como assim? O que está acontecendo?– Rony fez uma expressão de quem estava perdido.
- Eu estava pensando se algum dia eu cheguei a gostar dele – disse vagarosamente olhando para o chão – Quero dizer, ele foi o primeiro menino a me tratar como uma garota de verdade, alguém que ele quisesse namorar. Sei lá, talvez eu tenha confundido amizade com amor e mesmo que por querer. Acho que eu queria me enganar amando Vítor Krum porque ele me amava, porém a única pessoa que eu sinto algo diferente não é ele, por mais que eu não tenha dado importância para isso eu acabo percebendo que fiz tudo errado...
- Quem é essa pessoa? – indagou Rony com os olhos arregalados e com seu coração dando solavancos de ansiedade.
- Eu estou tão confusa! – ela mudou de assunto e colocou as mãos na cabeça – Quando o Vítor me beijou pela primeira vez eu gostei, mas acho que isso não significava que eu estivesse apaixonada por ele. Por que é estranho você estar com uma pessoa e se sentir culpada pensando em outra – depois de muito tempo Hermione voltou a fitar Rony com os olhos suplicantes – Você não sentia a mesma coisa pela Padma?
Essa questão fez Rony quase pular alguns centímetros para trás,
como ele iria contar para Hermione que não gostava de Padma? Se era justamente de estar apaixonado por ela que ele sentia medo. Medo de sentir falta de Hermione, medo de acabar tendo necessidade daquele jeito certinho dela...
- Hã... – ele hesitou – Às vezes eu penso que uma pessoa é de um certo modo, mas quando chego perto o bastante para perceber ela é totalmente diferente do que eu esperava. Pra mim isso pode trazer uma surpresa muito boa ou ruim, com a Padma foi uma decepção que eu já corrigi – Rony apertou a manga de sua blusa, talvez essa fosse a hora de admitir o que ele veio percebendo lentamente desde do terceiro ano – Eu sei que a gente vive brigando, por várias coisas idiotas, mas eu gosto disso! – os dois sorriram envergonhados – Talvez eu não goste de discutir com você, é outro sentido. Eu gosto de conversar com você e de estar perto...
- Ah Rony! – Hermione suspirou num tom carinhoso – Eu também adoro ficar com você, você é o meu melhor amigo...
Ela agarrou o pescoço de Rony e o abraçou com toda a força. E de novo ele sentiu aquele frio na barriga, um entusiasmo subindo pela cabeça.
Ela não entendeu, pensou e deu de ombros mentalmente Deixa pra lá, quando você não quer ver fica mais difícil de enxergar! Um dia ela ainda vai notar que o quê acontece entre a gente é mais do que cumplicidade, eu demorei pra aceitar isto... mas ela é mais inteligente do que eu, vai descobrir!
Rony sentiu uma lágrima silenciosa cair dos olhos de Hermione e ele a abraçou com mais força.
Nem ela própria entendia direito porque estava sofrendo, só sabia que alguma coisa não estava certa dentro dela, algo que estava causando essa confusão.


Harry ficou no banco de trás, diga-se de passagem, o mais isolado possível dos outros. Ele precisava colocar suas idéias em ordem, e sempre que sentia necessidade disso gostava de estar sozinho, assim poderia mergulhar profundamente em seus pensamentos.
Ele via as paisagens mudarem rapidamente diante de seus olhos, como um flash inesperado, no entanto seus raciocínios não estavam ali e sim numa antiga lembrança.
A voz de sua mãe muito frágil, porém mesmo assim com vigor, uma risada fria e sem vida, muita luz verde e o principal de tudo um grande amor o protegendo, um sentimento bom em volta dele.
Harry não pode evitar as lágrimas que preencheram seus olhos, e num gesto dolorido ele apertou sua mão contra seu rosto para impedir que as lágrimas caíssem, ele não queria demonstrar fraqueza, Harry odiava sentir que desta vez ele iria se confrontar diretamente com seu passado, e isso machucava muito.
“ Como será que era viver com meu pai e com a minha mãe? pensou olhando para o álbum que Hagrid lhe dera. Tiago e Lílian sorriam apaixonados um pelo outro, era uma atmosfera mágica, onde o tempo havia parado e ninguém mais no universo existia. “ Apesar de ter vivido somente um ano com eles e não me lembrar de praticamente nada, tenho certeza que fui muito feliz aqui. Acho que foram os momentos mais felizes da minha vida... eu sei que eles não entenderiam” Harry olhou rapidamente para seus amigos ! “É muito difícil compreender a ausência de uma família quando se tem uma, eu sinto saudades deles queria poder conversar com meus pais, como qualquer garoto comum da minha idade!
Eu não estou reclamando, de maneira alguma, só que quando eu ver os destroços do que poderia ter sido a minha felicidade, eu vou sentir uma raiva muito grande de Voldemort.
Eu sei que meu pai e minha mãe da onde quer que eles estejam estão olhando por mim, e eu não vou me inclinar diante de Voldemort, meu pai nunca fez isso!  Eu vou me lembrar dele e já terei coragem suficiente pra continuar...

Harry deu uma última olhada para a foto de Tiago e Lílian e teve a estranha impressão de poder senti-los retribuindo olhar, isso o animou um pouco.

     **   **

- Harry, acorda! – ele sentiu uma mão delicada em seus ombros.
Harry abriu seus olhos, e quando a luz entrou sua visão ficou prejudicada. Um pouco depois acostumado de novo com a claridade, ele conseguiu focalizar Gina.
- O quê aconteceu? – perguntou entre bocejos – Eu dormi?
- Você praticamente desmaiou, há duas horas você está abraçado com esse álbum... – Gina olhou preocupada para ele – Há algo de errado?
- Não – respondeu ligeiramente sacudindo a cabeça para ver se assim acordava mais rápido – Eu não quero que você se preocupe comigo, eu acho que já fui motivo para muitas decepções na sua vida!
- Não fale assim! – pediu num tom que revelava um sentimento que Gina tentava ocultar – Por incrível que pareça você trouxe as preocupações mais alegres da minha vida... e eu espero ter que cuidar de você por muito tempo ainda...
- E o Malfoy? – perguntou num tom que sugeria que Draco não gostaria nada se ouvisse isso.
- Draco é um idiota... – ela respirou fundo – Ele está complicando a minha cabeça, aliás, parece que todos aqui estamos ficando meio malucos... Você não vai mandar uma coruja pra Cho?
- Se você se refere a minha atitude de ainda não ter falado com a Cho, isso não é maluquice, o nome certo seria cair na realidade – Harry olhou de relance para Gina e percebeu que ela estava muito interessada, continuou no mesmo tom sério – Que chances eu teria com ela? Por mais que eu passasse a minha vida inteira correndo atrás, isso não significaria nada, e eu também não pretendia fazer isso.
- Então é mais ou menos o que acontece com as minhas chances a respeito de você – afirmou Gina desviando o olhar.
- Não – ele disse de repente com muita sinceridade – Não me julgue... quando você pensou que eu esqueceria Cho? São coisas muito imprevisíveis para se adivinhar, você já percebeu que agora nossa realidade está muito diferente? Eu não sou a mesma pessoa que eu era no quarto ano, nem você, nem Draco, nem ninguém! E isto pode nos levar a situações inesperadas...
- Você não quer dizer que... – Gina começou a frase, mas não pode terminar porque Rony gritou:
-
Chegamos!
Isto desviou a atenção de todos que pegaram suas malas e se dirigiram ansiosos para o desembarque, agora Harry podia sentir o seu passado mais próximo do que nunca, estava na cidade que viveu com seus pais, onde teve uma família de verdade.
Toda esta aproximação poderia revelar muitos segredos e levar Harry a caminhos obscuros por onde ele teria que saber distinguir o bem e o mal, e o mais importante de tudo saber vencê-lo, sem deixar que as lembranças o influenciassem.
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