Capítulo 5 - Dúvidas e Aprendizagem sobre feitiços ilegais
- O quê? – falou Gina ficando extremamente pálida
- Isso que você acabou de ouvir – lamentou Harry.
- Ah, não! – praguejou Gina jogando as mãos para o alto – Definitivamente acho que está na hora de começar a entrar em pânico...
- Temos que manter a calma. Não vamos adiantar de nada se formos procura-los com a nossa cabeça estourando de preocupações, eu posso estar enganado, porém é muita coincidência os dois terem sumido na mesma hora...
- Você acha que Você-Sabe-Quem pode ter descoberto---
-  Não – garantiu Harry – Não faria sentido ele vir até aqui e levar Draco ao invés de mim... ele não teria motivos, se eu sou o principal alvo de todo esse plano.
- Está certo. Eu vou acordar os dois... – Gina agora tinha certeza que esse era o momento ideal para utilizar toda ajuda necessária.
- Não, espere! – chamou Harry com urgência na voz – Não é uma boa idéia... vai ser complicado explicar pra eles o que está acontecendo, e até lá Tathy terá se embriagado na floresta e a nossa situação ficara mais difícil...
Gina analisou a expressão dele. Ela não conseguiria ser tão convicta quanto Harry, na verdade seus pensamentos davam nós e qualquer hipótese que alguém sugerisse, ela questionaria pensando no pior.
- Eu não sei – disse hesitante – Sobre a parte do tempo você tem razão, no entanto precisamos de ajuda, e eles sempre estiveram do seu lado...
- Não faça isso, deixe eles dormirem – Harry sorriu tentando tranqüiliza-la, mas nem ele próprio estava sentindo que isso era possível visto que duas pessoas haviam desaparecido pra sei lá aonde com sabe-se lá quem – A gente vai sair dessa casa e só vai voltar quando estiver com os dois sãos e salvou, entendeu? Você não vai me decepcionar...
- Ok – ela confirmou retribuindo com um sorriso meio receoso – Sabe o quê faz falta nessas horas?
- O quê? – Harry a fitava curioso.
- Não ter aprendido a coleção de feitiços ilegais que Draco conhece e que me fariam bem mais segura agora... e nem a lista de palavrões que ele usa pra xingar a porcaria dessa circunstância... – Gina admitiu soando mais leve.
- É, Draco seria muito prestativo nessas horas catastróficas... – concordou Harry apressadamente abrindo a porta – Tomara que ele não tenha bancado o herói sozinho e se envolvido em algo perigoso com a Tathy, seria bem típico dele...
- Tomara que ele esteja bem – disse Gina sem perceber que seu tom de voz demonstrou uma pontinha de amor oprimido por ele – Eu não iria suportar ver o Draco sofrendo por nossa culpa, sendo que eu nem tive tempo de... – Gina parou de falar subitamente e sentiu que ficou muito corada. Ela estava envergonhada pelo que quase havia dito, além de ter soado tão estranhamente apaixonada por ele, pela primeira vez Gina soube com clareza que sentiria muito se Draco não chegasse a ouvir algumas coisas que pareciam tão idiotas e da mesma forma tão importantes. Gina não tinha coragem para encarar Harry.
- Tudo bem... Draco é muito prepotente pra morrer desse jeito! – disse Harry, cujo tom de voz revelava que não haveria discussão – Falando sério, eu tenho certeza que ele está bem e que nós vamos encontra-lo, aí você poderá... – Harry limpou a garganta e deu um sorriso – Boa sorte!
- Harry, por favor prometa que não fará nada estúpido e que vai voltar logo pra cá? – disse com a voz um pouco rouca por causa do frio.
Ele confirmou com a cabeça e sem dizer mais nenhuma palavra os dois entraram cada um em uma direção oposta da floresta, com apenas a pequena luz da varinha iluminando toda aquela imensa escuridão.

    ***    ***

Gina estava com medo. Por várias razões, porque ela não sabia o que estava acontecendo se era Voldemort que provocara tudo aquilo, e conseqüentemente não fazia a menor idéia do que poderia encontrar. Ela odiava essa sensação, de estar despreparada esperando encontrar algo desconhecido, isso a fazia estremecer por dentro. Certamente ela se sentiria melhor se tivesse que enfrentar qualquer coisa conhecida, por mais terrível e perigoso que fosse. Ao menos ela saberia do quê devia se esconder, o quê pensar e como agir.
Fazia frio apesar de que em maio a temperatura já começasse a mudar para um quente verão, a floresta era uma dimensão a parte onde os seres mais complexos como os centauros, e mais ferozes como os lobisomens habitavam.
Gina apertava com força a varinha, tanto até que seu punho doía, uma dor que aumentaria com o tempo. Mas ela não se importava, tinha que estar atenta ao menor sinal de vida, aos ruídos e a algo que poderia ser fatal. Todo passo que ela dava as árvores se tornavam tão densamente juntas que ela precisava de concentração e um esforço para não se prender nos galhos.
Draco, ela pensou como se fizesse muito tempo desde da última vez que os dois estiveram juntos Eu não quero que você se perca... Aonde você está?
A escuridão era assustadora, talvez esse lugar fosse no mínimo dez vezes pior que a Floresta Proibida de Hogwarts. Gina sentia vontade de ir embora dali, quem sabe chamar Hermione ou Rony para ajuda-la, tudo se tornaria tão mais fácil. Mas ela não podia abandonar Draco justo quando ele mais poderia estar precisando dela, definitivamente ela não podia deixar que o medo se sobressaísse e isto a fez continuar procurando por ele, porém agora ela andava mais rápido e olhava em todos os lados, a hipótese de achar algum animal perigoso lhe fazia apertar com mais força a varinha, e a simples idéia de encontrar Voldemort lhe fazia sentir algo parecido com pânico.
Gina olhou a sua frente e viu um vulto se mexer, ela apertou seus olhos na tentativa de enxerga-lo novamente, mas foi inútil. A escuridão encarregou-se de tornar invisível aquela pessoa, ela olhou fixamente para o lugar e tentou gravar exatamente aonde o tinha visto. Gina foi caminhando cautelosa até lá, e seu coração disparou e suas pernas ficaram trêmulas.
Era Draco. Ele estava atirado no chão segurando com força sua perna esquerda e gritava com muita dor. Os cabelos loiros dele estavam todos em cima de sua testa e suor escorria pelo seu rosto.
- Draco! – ela gritou olhando ajoelhando-se do lado dele – Seu infeliz, você sabe o quanto me deixou preocupada?
Draco olhou para Gina, ela estava com uma expressão de quem estivera procurando-o desesperadamente. Mesmo com a dor latejando em sua perna ele sorriu:
- Eu acho que este não é o momento certo pra você me dar lição de moral – Draco se apoiava em seus cotovelos para tentar levantar – Como você percebe não estou nas minhas melhores condições e a minha perna está machucada.
Gina olhou para a canela de Draco e viu que haviam dois furinhos vermelhos, como se duas presas tivessem sido enfiadas ali. Os olhos acinzentados de Draco demonstravam que ele estava sofrendo muito, uma dor intensamente forte que fazia com que as pupilas dele ficassem dilatadas.
- O quê aconteceu? Está doendo muito? Vamos, diga alguma coisa! – ela disse tão ligeiramente que Draco precisou de alguns segundos para entender.
- Não – ele respondeu e respirou com força para agüentar a dor insuportável de algo se espalhando por todo o seu corpo. Era um calor que podia ser confundido com a temperatura do deserto, cada vez iria queimando-o mais – Eu sinto uma dor ressequida, parece que os meus ossos estão sendo triturados. Deve ser o efeito do veneno daquela cobra maldita!
- Que espécie de cobra? – Gina colocou as mãos no ombro de Draco para ajuda-lo a se encostar num tronco de árvore e levou um susto quando sentiu como ele estava quente, devia estar com uns quarenta graus de febre.
- Uma runespoor – respondeu com o machucado das presas encravadas ficando mais lívidos, pareciam agora dois cortes feitos por garras – Mas eu não quero que você se incomode comigo. Esqueça esse acidente idiota e volte para casa onde você vai estar protegida...
Os olhos de Gina se arregalaram, ela estava perplexa. Como Draco podia ter pensado que ela o deixaria sozinho na floresta, pálido do jeito que ele estava e sentindo tanta dor que dava para ela sentir também, somente de olhar.
- Eu certamente nunca seria tão hipócrita – ela crepitou encarando Draco decididamente – Eu estou furiosa com você, mas isto não importa agora. Será que você pode deixar que seu orgulho imbecil tome decisões precipitadas?
Draco fechou seus olhos e agarrou a manga da blusa.
- Merda! – murmurou – Isto está quase me matando...
Gina o observou. Ela queria gravar para sempre aquela imagem. Guardar como uma foto ou uma pintura. Mesmo com olhos fechados e tão debilitado talvez devido ao choque e a dor, Draco continuava bonito. Gina reparou que os cílios dele estavam maiores do que o normal e os lábios dele estavam muito finos.
Eu estou delirando... pensou indignada Isso não é hora pra ficar pensando nesse tipo de coisa... parece que os hormônios me subiram a cabeça!
Runespoor ou Farosutil é uma das espécies de cobras mais perigosas.  Na verdade é uma serpente de três cabeças, ela atinge normalmente entre um metro e oitenta centímetros e dois metros e dez centímetros de comprimento. Antigamente foi um bichinho de estimação de bruxos das trevas sem dúvida por causa de sua aparência vistosa e intimidante. Fácil de ser localizada.
- Você viu qual das três cabeças te mordeu? – Gina perguntou pacientemente.
- Não – respondeu num tom distante – Naquela hora eu estava preocupado em apenas afastar a cobra de perto de mim e não reparei nesse detalhe. – Gina ficou zangada consigo mesma, como poderia ter dado atenção a Draco? Ela tinha vontade de dizer que se arrependia de tudo que havia feito para ajuda-lo, que ele esquecesse a grande besteira que Gina pensou que podia fazer porque ela também esqueceria. No entanto Draco estudou a expressão dela como se de repente tivesse se dado conta de quanto estúpido ele acabara de ser e parecia que havia uma maça entalada na garganta dele. Draco abaixou a cabeça e resmungou baixinho – Eu sinto muito, não queria ter te magoado.
Gina levantou-se e também não o encarou enquanto falava.
- Tudo bem, eu já devia ter me acostumado não é? – respondeu – Olha, fique só sentado está bem? Eu vou procurar alguma coisa na casa para curar essa picada e vou ficar extremamente aborrecida se quando eu voltar você não estiver mais aqui.
Draco fechou os olhos.
- Só não incomode a Granger e nem o Weasley, não quero ver mais ninguém preocupado por minha causa – ele pediu um pouco ofegante.
No fundo Gina sabia que isso era orgulho, de não querer mais ajuda deles, seria mais um ponto a favor do grupinho de Harry.
- Pode deixar... eles nem vão saber que você fugiu no meio da noite por um motivo que eu não faço a menor idéia, mas que você vai ter que explicar daqui a pouco – disse e saiu apressada pra sair da floresta e trazer logo antes que Draco desmaiasse de tanta dor.

****   ****

Droga! pestanejou Harry espantando alguns mosquitinhos que rodeavam sua orelha Eu devia ter vindo com a minha Firebolt seria bem mais rápido e fácil de achar a Tathy.
Ele já estava a uma distância considerável do quintal, bem na orla da floresta. Os galhos eram entrelaçados tornando quase impossível alguém passar com velocidade montado em uma vassoura sem nem ao menos cortar a cabeça do sujeito ou deixa-lo preso com vários galhos e cipós enrolados pelo corpo, no entanto a habilidade que Harry possuía de voar era indiscutível e sem duvida ele não teria problemas para passar sem nenhum arranhão entre todo aquele emaranhado.
Harry não se surpreenderia se esbarrasse com algum lobisomem ou uma aranha gigante, mas talvez não pudesse dizer o mesmo sobre estar preparado.
Um raciocínio que lhe passava pela cabeça e o deixava angustiado era se Voldemort estivesse envolvido nesses desaparecimentos. Como será que Draco e Tathy estariam agora? E o pior se Gina os encontrasse? Harry sabia que ela não teria a menor chance e os três estariam indefesos e correndo um grande perigo, enquanto ele vagava sem rumo pela floresta.
Ele precisava encontrar alguém, só assim ficaria mais calmo. Harry não tinha medo da escuridão e nem dos poderes mágicos que Voldemort possuía e que podia usar contra ele, só queria saber que seus amigos estavam bem e em segurança. Não se importava em ter que agüentar a dor do Cruciatos e nem de voltar cheio de sangue para casa, o que lhe incomodava era seus amigos estarem sozinhos e desprotegidos, de certa forma ele sentia que a responsabilidade era dele.
Harry só ouvia o barulho de seu pé raspando nas folhas no chão e o zumbido dos malditos mosquitos em volta dele.
-
Detiacerro! – disse apontando sua varinha para os insetos e uma luz dourada impulsionou os insetos para longe dele – Assim está melhor! – exclamou sorrindo.
Quando já estava se acostumando com a idéia de ter que passar a noite inteira procurando os dois e fazer isto o mais rápido que podia conseguir, Harry avistou um unicórnio.
Ele se espantou por que de todos os animais que ele poderia ter encontrado, um unicórnio estava na lista dos mais belos e raros.
Não conseguia ver direito, pois tinha alguns metros que os separava, além dos galhos que obstruíam a passagem e a visão.
Pelo menos já é alguma coisa pensou aproximando-se com curiosidade.
Era um unicórnio prateado e com um chifre muito vistoso e comprido em sua testa, os cabelos também eram prateados, Harry nunca havia visto um animal tão bonito em toda a sua vida. Parecia que o animal emitia alguns ruídos muito finos como se tivesse conversando com alguém. Ele não conseguia ver porque o unicórnio estava com a cabeça inclinada.
Harry foi deixando muitos galhos para trás e praticou o mesmo feitiço que Draco,
“Visight Atraferrys!” e quando os galhos se afastaram formando um buraco suficiente grande para Harry conseguir passar para o outro lado, ele teve uma surpresa.
Tathy estava sentada numa pedra e seus dedos enrolavam sutilmente uma mecha de seus cabelos. Harry franziu as sobrancelhas, era estranho um unicórnio se aproximar de humanos, geralmente ele evita este tipo de contato, e a razão pela qual isto estava acontecendo devia ser muito mais intrigante e misteriosa.
Nenhum dos dois tinha percebido que Harry estava ali, mas mesmo se concentrando ao máximo para poder ouvir o que Tathy sussurrava para o animal ele não conseguiu. Só breves ruídos do unicórnio e alguns gestos com a cabeça.
Eu estou pirando? Harry se perguntou como se tivesse mergulhado numa fantasia tão real quanto à hipótese dele sair para jantar com Voldemort Esqueça essa hipótese idiota dela estar conversando com o unicórnio isto é impossível! Só pode ser impressão minha ou quem sabe eu vou acordar na minha cama com o Rony dormindo do meu lado, talvez seja apenas um sonho, muito sem sentido por sinal.
Ele continuou observando Tathy e ficou intrigado com aquela cena, sem perceber Harry já havia entrado numa espécie de transe como se automaticamente estivesse gravando cada movimento da sua amiga. Ele estava tão distraído que até se esqueceu de se esconder atrás das árvores para olhar mais um pouco.
Tathy olhou na direção dele e não teve como disfarçar o susto, com os olhos arregalados ela mexeu a boca tentando ser discreta e logo em seguido o unicórnio fez uma reverencia amigável e foi embora numa velocidade que só ele seria capaz de correr.
Harry foi até lá, e por puro instinto olhou severamente para ela. Talvez essa fosse uma das coisas mais marcantes na personalidade dele, quando algo não lhe parecia correto, quando ele pressentia um segredo escondido que certamente poderia fazer muito sentido nesse quebra-cabeça todo embaralhado em sua mente, Harry olhava no fundo dos olhos da pessoa. Era algo que tinha muitos sentimentos misturados, como determinação, desconfiança e ousadia. Como se fosse uma pressão psicológica que raramente alguém conseguiria escapar.
De certo modo o olhar de Harry deu medo em Tathy, qual seria sua explicação? Ela estava quase contando toda a verdade, mas manteve sua posição firme, apenas retribuindo o olhar, não com a mesma intensidade porque somente Harry conseguia ser tão impenetrável, porém desviar o olhar seria a prova de sua culpa.
Ela ficou em silêncio até ele dizer alguma coisa, parado na frente dela e com olhos muito honestos:
- O quê você está fazendo aqui? – disse em tom de cobrança e fitando-a como se não quisesse perder nenhum movimento – Quero dizer, sair à noite para conversar com unicórnios não é um programa muito comum. E pessoas que falam com seres encantados, ainda mais um unicórnio que tem propriedades excepcionalmente mágicas e é a fonte de toda pureza e luz, realmente é uma habilidade fantástica.
Harry sentou-se ao lado dela, a pedra era fria. Mas o jeito de Tathy superou essa frieza, ela olhava para algum lugar além daquela floresta, um lugar que Harry não conseguia enxergar também.
Harry sentiu uma rápida dor em sua cicatriz e passou a mão por ela sentindo o quanto sua testa enrugara, e repentinamente essa dor passou. Essa sensação foi muito estranha para ele.
- Harry – ela disse como se nada tivesse acontecido, talvez Tathy nem tivesse reparado no súbito mal-estar dele. Mas isso era melhor, pouparia tempo e Harry definitivamente queria ouvir o que ela tinha a dizer – Você está enganado. Eu não estava falando com o unicórnio, eu apenas me senti sozinha e eu adoro esses animais, eles me trazem tanta tranqüilidade como se pegassem metade do peso dos meus problemas... É só isso!– ela balançou os ombros, mas Harry ainda achava que ela não o tinha convencido – Seria o mesmo que eu desconfiar que você fala com lobisomens...
Harry riu do comentário sarcástico dela, porém argumentou decidido:
- Mas eu falo com cobras, e isso é algo ruim pra mim porque associar cobras com magia negra é muito fácil – ele fez uma pequena pausa e disse num tom engraçado – Aliás já me chamaram de perverso petrificador de pessoas no segundo ano!
- Se eu te disesse que a única coisa fora do bom senso que eu fiz até hoje foi guardar esse talismã, passar anos lendo egípcio antigo e no final me juntar a vocês, você acreditaria? – perguntou amigavelmente.
- Não – agora o próprio Harry se surpreendeu com a resposta tão sincera – Eu não sei porque não consigo acreditar em você... Eu suspeito que é por você ser tão diferente de pessoas como a Hermione ou o Rony, eu sempre sei o quê eles fariam se alguém estivesse em perigo. De certo modo eles são previsíveis, e você não está aqui para ajudar nas situações perigosas, você está aqui para fazer parte delas ou nos induzir a tomar certas atitudes... Como uma...
- Manipuladora – Tathy sugeriu balançando a cabeça indignada – Sabia que nunca ninguém me disse isso antes? Por algum motivo essa parte geralmente é deixada de fora...
- Não precisa levar isso tão a sério – pediu Harry.
- Mas eu me recuso a aceitar esse comentário como um reflexo da minha personalidade – ela exclamou no mesmo tom que ele – Você diz que eu não confio em vocês, mas você também não confia em mim. Então acho melhor continuarmos com isso sozinhos, eu vou embora...
Ela virou-se bruscamente e Harry sentiu seus pensamentos darem um nó, ele estava completamente atordoado. Há poucos segundos ele ria com ela e agora Tathy decidiu que iria abandona-lo, Harry não queria isso e sentia que ela também não queria porque seu tom de voz soou melancólico e triste...

      ***   ***

- Draco, você ainda está vivo? – perguntou Gina num tom propositalmente inocente.
- Ah, muito engraçado! – ele disse com azedume – O que você acha de parar de curtir com a minha cara e tentar ser mais prestativa?
Gina cambaleou quando viu Draco encostado no tronco da árvore. Ele mantinha os olhos fechados, ela não saberia dizer se por todo o tempo que ela havia saído, mas sua aparência havia mudado muito e para pior.
- Espere! – ela disse colocando a mão no rosto de Draco que estava queimando e conseguiu sentir os calafrios que ele tentava evitar – Você não está nada bem... seu corpo está trêmulo!
- Eu não sei se você sabe, mas isto é um efeito colateral de quando se é picado por uma cobra extremamente venenosa – Draco abriu os olhos e Gina se espantou por suas pupilas estarem tão dilatadas – Me ajude, eu preciso de você...
Draco disse essa última parte com tanta sinceridade e urgência, que ela sentiu pontadas em seu coração. Doía profundamente ver ele machucado daquele jeito, ela só queria fazer com que ele parasse de ter calafrios e que pudesse voltar ao normal.
- Eu achei um pote junto com as poções de Hermione que pode te ajudar, tome! – falou Gina com aflição passando o pote para ele que analisou com uma expressão peculiar.
- Você ter certeza que esse negócio vai funcionar? – disse incrédulo, depois acrescentou – Quero dizer, não pretendo virar um sapo com um chifre no meio da testa e nada que inclua répteis ou anfíbios que comam coisas nojentas como mosca no prato principal do jantar.
Gina mordeu seu lábio, ela estava realmente preocupada. Jamais vira Draco tão mal e também não tinha experiência com feitiços e poções curativas, mas mesmo assim ele a fazia sentir inexplicavelmente bem ao seu lado, como se apenas a companhia dele bastasse para tornar os problemas pequenos demais e dar a ela coragem suficiente para enfrentar qualquer coisa poucas pessoas conseguiam isso, talvez, ela pensou, somente Harry e Draco.
- Aqui diz: Solução para mau-agouro, catapora de dragão, picadas venenosas, contra todas as poções preparadas com seres encantados e antigos namorados ciumentos – ela leu tudo isso atônita.
Draco que estava levemente encostado nos ombros de Gina virou-se para olha-la e ela retribuiu o olhar, como se conseguissem ler os pensamentos um do outro, e neste momento os dois imaginaram algo bem engraçado. Draco involuntariamente sentiu um frio em sua barriga, e ele sabia que isso não tinha nada a ver com sua dor. Ele e Gina estavam sorrindo como velhos amigos e não existia momento mais crítico para eles resolverem fazer isso, por um momento ela pensou que se Rony visse o que estava acontecendo a arrancaria da mesma hora do lado de Draco, pensando que a relação deles não era apenas como amigos.
Ele se espantou ao ver como os dois tinham ficado próximos em tão pouco tempo, eles estavam felizes e junto com esse sentimento eles também ficaram horrorizados por terem feito algo que contrariava todas as expectativas que possuíam um pelo outro. Em Hogwarts era tudo completamente diferente, Draco sabia que Gina era bonita mas estava pouco se lixando pra isso.
Agora não, ele sentia uma incrível vontade de beija-la e ficar pra sempre do lado dela, por mais que o veneno da runespoor estivesse ardendo de tanta dor que provocava em seu corpo. Gina percebeu o clima, e mesmo que quisesse não conseguiria evitar que isto acontecesse, no entanto ela também não queria impedir.
- E novos namorados? – Draco disse com o sentimento de estranheza aumentando dentro de si, porquê perguntou aquilo.
Gina ficou alguns momentos fitando-o. Ela não estava entendendo mais nada, só havia a luz prateada da Lua iluminando uma pequena parte dos rostos deles, e desse jeito era impossível ela conseguir ler o que Draco estava pensando.
Ela pegou hesitante na mão dele:
- Você ainda está muito machucado, eu acho melhor você parar de dizer bobagens – Gina disse severamente – Pode ser até um sintoma de que o veneno está tomando conta do seu cérebro.
Draco a encarou, ambos com o mesmo aspecto de divertida incredulidade. Então ele soube que não era somente
ele que estava achando tudo muito esquisito, mas apesar disso ter deixado-o mais aliviado também não adiantava muito em diminuir a ansiedade dele.
- Não, Gina – ele corrigiu pacientemente – Essa é a hora em que eu te beijo. Você está nervosa?
Gina tirou ligeiramente a mão de cima da dele, e soltou um gritinho chocada. Aquele comentário havia feito seu coração dar um solavanco, mas Draco iria ficar mais convencido se desconfiasse dessa hipótese.
- E quem disse que eu vou deixar que você me beije, Malfoy? – ela exclamou perplexa tirando uma mecha de cabelos de seu rosto – Você está muito pretensioso!
Draco provavelmente nunca tinha levado um fora antes, porque ele ficou pasmo sem dizer nenhuma palavra. Mesmo assim Gina tinha dúvidas se ele havia falado sério ou apenas estava brincando com ela.
- Obrigado – ele disse após algum tempo, sua voz tremia certamente devido à dor que ele sentia na perna.
- O quê?!? – Gina indagou cada vez mais confusa.
- Obrigado – ele repetiu – por não ter me beijado, eu realmente queria que você aceitasse, mas você não me conhece. Eu sei o quê você está pensando – Draco suspirou – Se me dar um pouco de amor, eu vou estar livre do meu passado, da minha maldade. Você acha que eu só estou irritado e amargurado. Você errou! Eu nunca vou deixar de ser o arrogante Malfoy, atirem pedras de fogo em mim!
Gina franziu as sobrancelhas, ela havia ficado tão aborrecida que tinha vontade de bater nele. Draco era um idiota teimoso, não queria admitir que estava sentindo alguma coisa por ela, porque isto o incomodava. Então ele agia como se quisesse beija-la e depois ficava inventando desculpas irritantes que já estavam cansando Gina.
Mas ela não se deixaria abater por isso. Não agora, e não desta vez.
Chega! Draco precisava aprender uma lição.
- Eu sei que deve ser bastante detestável sentir algo bom por mim, Malfoy – ela disse no mesmo tom desdenhoso que ele tinha em Hogwarts – Eu sinceramente não quero que você seja curado, e muito menos por mim! Mas você se sente culpado toda vez que chega perto o suficiente pra compreender que não sou eu quem quer te trazer para o lado do bem, é você mesmo que está fazendo suas escolhas – ela continuou terminantemente – Eu sinto muito, mas você deveria pensar mais nisso.
Os olhos de Draco ficaram apertados, ele se recusou a olhar pra Gina e escondeu seu rosto também por causa da dor que aumentava sempre mais, e queria rachar seu corpo ao meio. Ele gemeu.
Gina não desejaria ter causado tanto mal a ele, não queria que Draco sofresse mais ainda por causa dela. Contraindo-se de culpa, ela deu novamente a poção para ele e mandou que bebesse.
Pouco tempo depois a atmosfera já havia voltado ao normal, eles pareciam amigos como há alguns minutos atrás.
- Está se sentindo melhor? – perguntou Gina receosa.
- Você está brincando! – ele exclamou sorrindo travessamente – Essa poção só podia ser da Granger mesmo! Não podia ter tido um desempenho mais alto, já estou até pronto para voltar.
- Ótimo – Gina concluiu, mas seu olhar revelou a Draco que ainda havia mais uma coisa – Então eu estou curiosa para saber o quê você estava fazendo aqui antes daquela runespoor te picar?
- Eu estava esperando o Papai Noel para reclamar o presente do ano passado, eu ganhei algo realmente sem utilidade – Draco soou irônico.
- Malfoy, você quer fazer o favor de parar de me enrolar? – ela pediu com a voz esganiçada.
- Ok. – ele se corrigiu – Está foi péssima, e você já está ficando ameaçadora. Eu estou sentindo que fiz tudo errado, eu não deveria estar ajudando vocês. Eu aprendi toda a minha vida que qualquer assunto relacionado com Harry Potter devia ser posto longe de mim, eu sempre fui ensinado a odiá-lo assim como tudo que estivesse próximo a ele. Então eu sou atraído para aquela maldita dimensão e obrigado a conviver com vocês – Draco inspirou fortemente e continuou num tom muito sério – Não posso dizer que foi uma experiência horrível tanto até que decidi prosseguir ajudando vocês na busca deste talismã, e essas minhas atitudes me assustam.
- Acho que você tem razão – concordou Gina pensativa – Eu também me surpreendi quando fiquei preocupada por você não estar na barraca, e quando sem perceber a gente estava rindo e conversando juntos. Quero dizer, você é um Malfoy arrogante e eu devia estar pouco me lixando pra o quê acontece com você – ao ver a expressão perplexa de Draco ela acrescentou num tom divertido – Calma, eu ainda não disse que infelizmente não consigo te detestar nem ao menos quando você é indiferente as minhas opiniões.
- Eu me assusto por gostar de vocês – Draco falava com muita sinceridade e Gina podia perceber isto. Agora ele olhava para o chão e brincava distraidamente com seus dedos – Eu preferia que tudo voltasse a ser como em Hogwarts eu provocando vocês, e por vezes tínhamos que enfrentar detenções por conta disso. Era bem mais interessante, porém eu não conseguiria sem motivo aparente sair xingando vocês por aí, é injustificável e inescrupuloso.
- Desde quando você começou a dar importância para conceitos éticos? – Gina soou evocativa.
- Sabe o que eu não gosto em vocês? Vocês me fazem fazer coisas que eu geralmente não faria se estivesse perto dos meus pais ou junto com Crabbe e Goyle – Draco tinha uma pequena nota de revolta em seu comentário – Eu queria fugir disso...
- Fugir?!? – perguntou levantando a voz e fitando-o como se quisesse pressiona-lo – Não lhe adiantaria de nada fugir dos seus problemas, eles só aumentariam cada vez mais.
- Eu sei – Draco afirmou com vigor e seus olhos acinzentados estavam cheios de determinação – Eu estou aqui, não estou? Não vou sair correndo de Harry e nem de nenhum de vocês, de todo modo já estou envolvido demais para conseguir escapar tão facilmente.
- Oh, Draco você é incrivelmente confuso! – falou Gina.
- Sou?
- Sim – ela sorriu contente – No entanto precisamos da sua ajuda e de tudo que você puder ensinar sobre magia negra.
- Finalmente alguma coisa que eu realmente sei fazer!
Os dois ficaram de pé. Havia alguns lugares em que a luz prateada vinda do céu penetrava na floresta, mas mesmo com a ajuda da varinha ainda a visão estava obscura pela imensidão da noite. A noite era fria com sopros de vento que balançavam os fios de cabelo ruivos de Gina. Eles ouviam os sons das corujas e barulhos de outros pássaros que não sabiam identificar, a terra úmida cheirava lama, grama e hortelã, Gina pensava que esse cheiro lembrava o jardim da Toca.
Eles estavam voltando.

     **   **
- Tathy! – Harry chamou numa voz pedinte – Você vai me fazer implorar para que você fique?
- Não – ela disse analisando a expressão dele – Basta você dizer que quer que eu fique.
- Espere que você se lembre disso quando tudo terminar, aí poderá dar bastante risada disso que eu estou fazendo... Não vá embora... – ele disse num tom verdadeiro e ao mesmo tempo sarcástico – Fora isso acho que soei bem convincente, né?
- Harry, seu chato zombador! – ela disse brincando e embora boa parte de sua força tivesse saído de sua expressão Tathy indagou – Estamos em seis pessoas, se por acaso houvesse um espião de Tom Riddle entre nós quem poderia ser?
- Certamente eu estou fora desta lista! – disse Harry com veemência balançando a cabeça em sinal negativo – Rony e Hermione também, eu conheço eles há vários, é impossível que eles estejam tramando algo contra mim, uma idéia totalmente absurda.
- Concordo – Tathy continuou seu raciocínio – Gina Weasley fica com ânsia só de ouvir o nome dele, ela também não serviria para esse tipo de plano repugnante – ela hesitou um pouco – E Draco Malfoy?
- Devo admitir que seria muito fácil jogar a culpa em cima dele, porque Draco tem seus antecedentes – Harry estava confuso – Eu não sei, talvez não queira admitir, porque eu vejo que Draco mudou muito a si mesmo durante esse tempo que estamos juntos.
- E quando ele teria tempo para falar com Tom? Pelo que eu constatei, ele está sempre com algum de vocês – Tathy argumentou encorajadora.
- Sim, você tem razão. Definitivamente Draco está do nosso lado, desta vez eu acredito nele! – Harry afirmou num tom fatal.
- Então a provável pessoa que poderia trair vocês seria eu – Tathy falou isso com tanta naturalidade que Harry achou esquisito. Ele franziu as sobrancelhas
Por quê ela disse isso? pensou com uma pontinha de dúvida latejando em seu cérebro.
- Mas você não é a traidora. Ou é? – perguntou num tom muito estranho e os olhos verdes de Harry estavam arregalados.
- É claro que não sou – respondeu dando de ombros.
- Você me contaria se fosse? – ele falou vacilante.
- Não – disse simplesmente os dois ficaram se encarando e sem motivo aparente eles sorriram – Mas chega dessa paranóia, nem sabemos se realmente existe um traidor.
- Acho melhor irmos dormir antes que fiquemos malucos nessa floresta. Ah, da próxima vez que estiver se sentindo solitária eu não aconselho a correr para dentro dessas árvores e se isolar mais ainda de nós, se eu estivesse no seu lugar faria exatamente o contrário – Harry e Tathy estavam indo na direção da casa.
- Eu vou anotar isso, voz da sabedoria! – disse num tom atencioso.

***   ***

Draco já havia se recuperado da dor do veneno, parecia que a poção de Hermione estava fazendo efeito. Agora ele ajudava Gina a passar pelos complicados e densos caminhos que levavam de volta até a casa.
O clima entre os dois não poderia estar melhor, Gina sentia-se feliz por Draco ter confiado nela a ponto de contar o que estava sentindo, e também junto com esse sentimento veio uma sensação de alívio, talvez a partir de agora Draco começasse a encarar o fato de estar junto com Harry e os outros de uma forma menos revoltada. Gina percebeu que ele demoraria a entender algumas coisas, porém com o tempo ela tinha certeza que tudo iria ficar bem.
No fundo Gina sentia um medo que preferia ignorar, a hipótese dela estar gostando de Draco Malfoy às vezes lhe causava dor de cabeça, só de pensar na reação da sua família! Seria muito complicado namorar com ele, já estava sendo apenas na fantasia!
Draco estava inseguro, apesar de esconder este sentimento muito bem. Alguém que quisesse perceber o que Draco sentia, precisaria tentar ler nos olhos dele a todo o momento o que se passava em sua mente, e esta não era uma tarefa fácil porque o Malfoy passava uma impressão errada ser frio e impassível. Mas Gina acreditava que bastava conhece-lo mais um pouquinho e penetrar mais na intimidade dele, que Draco se mostrava um menino gentil, engraçado e por vezes ela desconfiava que praticamente perfeito do jeito dele.
Isto era uma qualidade muito peculiar e rara, só pessoas como Harry e mais umas dez espalhadas pelo mundo conseguiam ser tão especiais e tão... ela não tinha palavras para descrever.
Harry e Draco eram extremamente parecidos, talvez por isso seus sentimentos tivessem mudado tão de repente de um para o outro. É óbvio que os dois tinham suas próprias características para diferencia-los, e uma delas era que Draco se contradizia para continuar passando a imagem de bruxo perverso que não obedece às regras.
Essa é a primeira coisa que eu preciso mudar em Draco, Gina pensou sorrindo mentalmente.
- Você pode me dar a honra de pegar em sua mão? – perguntou Draco categoricamente oferecendo ajuda para Gina pular uma inclinação.
- Deste jeito você me deixa encabulada... – ela aceitou pegando na mão dele, que era incrivelmente macia. Gina se apoiou em Draco e chegou ao chão, ele deu um longo bocejo porque provavelmente ainda não havia dormido aquela noite, e estava exausto.
Eles continuaram andando e Draco sempre ajudando a passar pelas partes mais difíceis, e ela sempre preocupada em perguntou se ele estava com muito sono. Na verdade os dois pareciam grandes amigos, conversando e brincando animadamente durante o percurso.
Gina e Draco chegaram no lugar mais crítico de ser atravessado, um degrau de mais ou menos um metro e meio. Draco colocou sua varinha em cima da lama e dos gravetos e foi para do outro lado com tanta facilidade que somente um menino seria capaz de fazer.
- Vem! – ele chamou erguendo os braços para Gina que olhava com a expressão de alguém que teria que enfrentar o maior desafio da sua vida.
- Será que eu vou conseguir? – ela indagou olhando nervosamente para ele.
- Confie em mim, eu seguro você...
Gina suspirou, não existia outra opção. Ela deu mais um passo e caiu naquele “buraco”, primeiro ela sentiu um frio na barriga pela queda e assim que abraçou Draco a sensação dela mudou para um ligeiro arrepio seguido de uma inquietação, que passou instantaneamente quando ela deixou ser envolvida pelos braços de Draco e encostou sua cabeça próxima ao pescoço dele.
Draco sentiu Gina abraça-lo com força e depois cair perfeitamente em sua frente. Ele já havia abraçado muitas garotas em sua vida, mas nenhuma ele podia sentir tanta intensidade e nem aquela confusão de emoções e imagens que passavam há uma velocidade inacreditável por sua mente. Gina deitou a cabeça delicadamente no ombro dele, e Draco percebeu o quanto gostava dela e como queria protege-la de todo o mal que um dia ele já tinha conhecido.
O abraço acabou durando mais tempo do que o necessário.
Gina virou-se para encara-lo, mas ainda sim ele a segurava pela cintura, e por sua vez Gina mantinha os dois braços atrás da nuca de Draco. Ele podia sentir a fraca respiração dela e como seu rosto estava corado em harmonia com os cabelos ruivos, que por alguma razão pareciam chamas de fogo. Na opinião de Draco ela estava muito bonita precisamente daquele jeito e naquela circunstância.
Ele não demonstrava qualquer receio que poderia ser percebido. Continuava olhando fixamente para Gina com aqueles olhos penetrantes e cinzas que refletiam pequenos pontos de luz.
Sem nem pensar no quê exatamente devia estar fazendo, Draco a puxou para mais perto de si, e Gina tropeçou caindo sobre ele, e foi quando ele a beijou.
Draco estava totalmente cansado, mas ele não teve tempo e nem inclinação para se incomodar com isto. Beijar Gina era excitante e temível, como a pior das proibições. Ele segurou a abraçou com mais segurança. Gina, contudo não esperava que Draco tomasse uma atitude dessas e demorou algum tempo para ela perceber que estava sendo beijada por ele.
Foi algo bom e frustrante ao mesmo tempo, como se estivessem estilhaçando seu coração em mil pedaços e contudo, ela ainda sentia um sentimento semelhante ao amor.
Pontinhos coloridos dançaram em sua vista, mas logo ele a tinha soltado. Foi algo assombroso, como um baque para Draco. Ela o viu se afastar com uma expressão de quem não poderia estar mais aterrorizado, seus olhos acinzentados estavam arregalados.
Gina não sabia o quê fazer, e subitamente Draco parou de andar assim que ficou a uma distância considerável dela.
- Eu sinto muito... – murmurou envergonhado – Eu devo estar fora de mim, eu realmente não pretendia fazer isso.
Ela continuou fitando ele perplexa, Gina estava sem ar.
- Por quê? – ela perguntou numa voz fraca e confusa – Estou me sentindo idiota demais pra entender qualquer coisa que você esteja pensando...
- Você e eu – Draco continuou horrorizado, mas seus ombros subiam e desciam devido ao esforço de seus pulmões para recuperar o fôlego – Isto está errado, eu não sei porque isto aconteceu, estou completamente desnorteado.
- Draco – Gina disse determinada – Você está perdendo tempo, nada me fará te beijar de novo. Eu acho que a situação já está complicada o suficiente para a gente piorar desse jeito.
Draco passou uma mão sobre a cabeça, arrumando alguns fios loiros que haviam caído sobre sua testa, o que disse Gina soou como uma bomba dolorosa e ele suspirou.
- Você está querendo insinuar que me beijar foi uma coisa ruim? – indagou magoado.
- Não, beijar você foi tudo o que eu queria ter feito desde quando percebi que você não era o nojento que eu pensava. Definitivamente eu adorei – Gina soou sincera embora tivesse uma nota de tristeza – Mas eu não vou fazer isso de novo, nunca mais.
- Eu entendo – Draco ergueu as sobrancelhas e disse decidido – De todo o modo, eu ainda sinto muito.
- Eu também – Gina replicou chegando perto dele para encara-lo no fundo dos olhos – Por você não querer me contar.
- O quê? – Draco perguntou teimoso e olhava igual a um menino travesso para ela – Se você se refere ao que sinto por você, eu não posso.
- Por quê? – falou secamente.
Ele ficou quieto e evitou olhar para Gina.
- O seu silêncio já me respondeu – ela deu alguns passos a diante de Draco e virou-se forçando um sorriso – Esqueça, eu não vou te perguntar isso novamente. Você só diz se achar que deve, mas eu não tenho mais a ilusão de que você poderia ser a pessoa certa pra mim, talvez eu tenha me enganado. Agora, vamos?
Draco seguiu Gina incrédulo e reprimindo-se de culpa por ter feito duas coisas que não deveria. Beijar Gina, e não ter coragem para admitir que gostava dela. Depois disso suas chances poderiam ser consideradas mínimas.

      **   **

Quando Gina e Draco chegaram o sol já estava nascendo, o que fazia o céu ficar com alguns pontos laranjas e vermelhos, atrás das nuvens cinzas. Como ainda era muito cedo, o clima estava frio e Harry, Rony, Hermione e Tathy os esperavam em frente à lareira. Tathy estava despencada no colo de Harry com os olhos fechados praticamente dormindo. Os outros três trocavam palavras preocupadas e Rony estava a ponto de um ataque de nervos.
- Como ela pode ter ido atrás do louco do Malfoy? – questionava Rony preocupado jogando as mãos para o alto.
- Harry, e você deixou que ela fosse sozinha? Onde você estava com a cabeça? – criticou Hermione.
- Calma, vocês dois – Harry pediu olhando para a porta e desejando que Gina entrasse por ali o mais rápido – Até parece que eu a deixei indefesa no meio de um grupo de Comensais da Morte!
- Foi mais ou menos isso – retorquiu Hermione rispidamente – Você permitiu que Gina ficasse perdida numa floresta junto com mais animais perigosos do que você possa imaginar, não é preocupante?
- Você não está ajudando em nada dizendo essas coisas, O Rony vai desmaiar daqui a pouco – advertiu Harry pelo canto da boca.
- Se acontecer alguma coisa a Gina – falou Rony fechando o punho – eu juro que vocês vão encontrar mil pedacinhos de Malfoy espalhados pelo chão!
- Rony! – exclamou Hermione – Está não é a hora apropriada para carnificina.
Gina abriu a porta e logo atrás dela entrou Draco com uma expressão de derrotado. Rony levantou-se ligeiramente e correu até a irmã:
- Você está bem? – perguntou levantando o rosto cansado de Gina, ela confirmou com a cabeça.
Bastou isso para Rony se sentir mais aliviado. Hermione também foi ao encontro deles e comentava que ficou preocupada com o desaparecimento do seu pote de poções, tinha suposto que eles haviam se metido numa baita encrenca, Draco a tranqüilizava contando os detalhes. Quase todos, menos o beijo. Ah, isso ele não contaria de jeito nenhum.
Harry também queria falar com eles, mas ele estava um pouco impedido por Tathy que agora dormia profundamente em seu colo.
-  Ei... – ele levantou cuidadosamente a cabeça dela e Tathy respondeu com um bocejo – Hora de acordar, sua dorminhoca!
Tathy olhou soturna a sua volta e só pareceu retomar a consciência quando focalizou Gina e Draco com expressões idênticas de fatal cansaço. Ela esfregou as mãos sobre os olhos como se quisesse tirar o sono dali e acompanhou Harry e foi falar com os dois.
- Vocês perderam o juízo! – disse Tathy num tom mais preocupado do que brabo – Esta floresta é o verdadeiro labirinto da morte! 
- Então devo me considerar feliz por ter saído dela com vida e ainda encontrar a terceira sobrevivente – falou Draco com uma piscadela.
- Puxa! – disse num tom irônico e meio sem graça – Vocês também já sabem que eu resolvi dar um passeio?
- Não – respondeu Draco – Esta parte eu não sabia, mas já que você diz...
Hermione levou Gina até o quarto das meninas para que ela finalmente pudesse dormir, e foi até a cozinha preparar uma poção Reanimadora, certamente a Weasley precisaria.
- Malfoy, às vezes eu fico em dúvida se é melhor extermina-lo ou apagar seu cérebro – ralhou Rony num tom muito firme.
- Ah, muito espirituoso – falou Draco com forte sarcasmo – Saiba que não é nada sensato me criticar porque eu não planejei isso, desta vez não foi culpa da minha mente maligna.
- Você é um louco, psicopata! Eu não confio em você e... – Rony começou irritado.
Porém Gina apareceu na porta do dormitório das meninas, muito aborrecida e olhava significantemente para o seu irmão.
- Rony, pare de ser chato! – gritou zangada – O Draco não me atrapalhou em nada, e ele não fez isto que você está pensando que ele fez! – ela ficou ligeiramente corada – Portanto chega de perturba-lo com essas suas desconfianças idiotas, senão você terá que brigar comigo também!
Gina virou decidida e fechou a porta atrás dela.
- Uh! Eu acho que você deveria seguir o conselho dela! – exclamou Draco com um sorriso desdenhoso e foi para o quarto.
- Agora eu estou definitivamente convencido de que algo estranho está acontecendo – concluiu Rony num tom amargurado.
- Você está ficando teoricamente paranóico! – disse Harry encarando-o seriamente – Isso se chama sofrer por antecipação, eu sei que ela é a caçula da família e deve ser protegida de tipos como o Malfoy, então que tal você conversar com ela ao invés de bancar o opressor?
Rony esta com uma expressão resoluta, mas ainda sim ele aceitava sempre os conselhos de Harry.
- Tudo bem, você tem razão. Amanhã eu converso com ela – falou num tom apreensivo.
Tathy que ainda fazia companhia a eles, apesar de que ela estava mais dormindo do que acordada, então seria uma companhia sonolenta e que já estava em estado quase que inconsciente.
- Como tudo já está resolvido – ela acrescentou ao olhar para Rony – Ops! Menos a relação misteriosa entre Draco e Gina... acho que vou dormir. Boa noite! – depois que os dois meninos responderam ela juntou-se a Hermione e Gina que já haviam caído em sono instantâneo, e com um longo bocejo também dormiu.

**   **

- Vocês estão prontos para aprender a Arte de Praticar Feitiços das Trevas? – indagou Draco se sentindo superior.
Já era de tarde, e eles haviam se reunido na parte de trás da casa. Isolada e com um ótimo espaço para todos treinarem suas magias. Desde que todos embarcaram nessa história de ter que lutar contra Voldemort e destruir o talismã acabando com a Quarta Maldição Imperdoável, é que decidiram que seria útil aprender alguns feitiços usados por bruxos denominados Comensais da Morte, e não descartando a chance até mesmo no Lord das Trevas.
Lembrando das palavras do falso Moody que, aliás, foram muito prestativas, pois ele fazia parte do círculo íntimo de seguidores de Voldemort e o que ele disse foi uma grande verdade.
Teoricamente nenhum bruxo que tenha intenção de lançar uma maldição ilegal irá pedir por favor antes, ou lança-la de forma cuidadosa. Para enfrentar um feitiço tão poderoso com eficiência, seria necessário no mínimo conhece-lo.
Saber as contra-maldições e estar preparado. Em vigilância constante.
Draco pensou em aranhas assim como o professor para ensina-los, mas Gina alertou que Rony levaria essa infeliz coincidência para o lado pessoal e neste momento outra discussão não seria nada boa. Por falta de opção resolveram capturar minhocas para servirem de cobaia, a última experiência da qual elas participariam.
- Estão com as varinhas em punho? – falou Draco.
- É óbvio... – disse Hermione como se tivesse sido a pergunta mais sem nexo que já ouvira – Ou você acha que iríamos aprender com a mão? -   Francamente, você está suando Malfoy! Até parece que é você o novato dessa história.
Draco respirou fundo.
- Não é tão fácil quanto você supõe, Granger. Requer atenção, energia e muito auto-controle – todos olhavam fixamente para Draco, Magia Negra era algo proibido mas também muito intrigante para eles. Não que Rony, Harry ou qualquer um desejasse sair por aí praticando o
Imperius na primeira pessoa que vissem, seria uma vantagem a mais comparada aos alunos do quinto ano do mundo inteiro – Observem e depois tentem repetir um a um, com muita cautela.
Draco ergueu a varinha e encarou os cinco que o observavam, ele teve a impressão que Tathy não estava achando tudo complicado como os outros. De modo que todos pudessem vê-lo, ele ensinou em voz alta:
- Anotem isso mentalmente: Para praticar a Maldição
Imperio o bruxo deve deixar seu braço esticado na horizontal, colocando na ponta da varinha toda a energia possível. Este processo varia de dois a quatro segundos, o que daria um tempo exato de vocês se defenderem caso percebessem esse movimento. Depois aponta a varinha para a coisa que vai sofrer a maldição e murmura em tons baixos – Imperio!
A minhoca estremeceu, e fazia o que Draco pedia sem nenhuma tentativa de objeção. Harry havia presenciado poucas vezes em sua vida um bruxo praticando esse feitiço, porém toda vez que via era como se fosse a primeira vez, impressionante.
Hermione se esforçou ao máximo e não teve dificuldades em acompanhar o ritmo de Draco, e por surpresa Tathy demonstrou menos força de vontade e mais resultado que Hermione.
Essa era uma das maldições mais fáceis de ser aprendida e logo eles já estavam executando-a sem problemas.
- A Segunda Maldição que vocês devem saber é o
Cruciatos, quem já experimentou sabe que a dor é horrível, pior do que a morte chegando lentamente – Rony estremeceu lembrando-se quando Voldemort usou esse encantamento contra ele – Para se executar o Cruciatos, é necessário que você impulsione a varinha ereta para a frente e esquecendo totalmente o seu lado bom, diga com todo a sua maldade e com um desejo vingativo fortemente: Crucio!
A minhoca simplesmente explodiu, foi o momento mais tenso até agora. Rony arregalou os olhos perplexo, e Hermione sentiu ânsia de vomitar, enquanto Harry desviou sua atenção para o galho de árvore que estava no chão por mais monótono que fosse.
- Quanto maior for a sua crueldade na hora de dizer as palavras, maior será a dor que a vítima vai sofrer – Draco concluiu provavelmente espantado pelo próprio feitiço.
De quem será que ele tem tanta raiva? pensou Gina analisando-o.
Em poucas tentativas Tathy conseguiu se juntar a Draco para explicar aos outros qual a maneira correta de praticar a Maldição. Draco achou estranho que ela tivesse se saído tão bem, mas preferiu guardar essa opinião para si próprio.
Sem intervalos eles treinaram durante horas, mesmo estando cansados isto não importava. Draco ensinou mais alguns feitiços básicos de tortura, de ilusão, de controlar movimentos, para prender uma pessoa e até o
Veritas, sendo que todos aprenderam de uma forma tão rápida e conseguiram superar os obstáculos como se já conhecessem Magia Negra há anos. Draco se surpreendeu, embora por um lado isto fosse bom porque estava a favor deles, agora só faltava mais uma.
- A última, a pior e a que espero que não precisemos usar e nem se defender, porque simplesmente a defesa não existe – ele soou tenebroso – O famoso
Avada Kedavra! Está magia os fará sentir realmente maus e é complicada de se ensinar. Traduzindo: Por favor, prestem muita atenção se for preciso até que suas cabeças cheguem a doer, é extremamente importante.
- Quer dizer que podemos usar muito numa batalha? – sugeriu Rony.
- Não – respondeu seriamente – O
Avada Kedavra suga muita energia do bruxo que a pratica, além do sujeito ter que ser sem alma para não se sentir como um carrasco que mata sem razão, apenas pelo simples poder de matar.
- Como você sabe? Malfoy, você já executou o
Avada Kedavra em alguém? – Harry indagou desconfiado.
- É claro que não – falou indignado – Que tipo de psicopata você pensa que eu sou? Eu sei disso porque meu pai já fez este feitiço em muitos bruxos e mesmo que ele não quisesse admitir eu percebia o quanto ele ficava perturbado e sem forças.
Draco olhou para o chão como se precisasse ganhar mais tempo antes do feitiço.
- Muito bem, eu não treinei muito essa Maldição e, portanto vou me esforçar ao máximo para fazer vocês aprenderem comigo também. Você tem que manter contato visual com a criatura que irá sofrer o efeito do
Avada Kedavra, somente fazer uma volta rápida com a varinha e levanta-la falando com toda a sua vontade, dando o melhor de si – Draco fez os movimentos conforme havia dito, e Harry sentiu um presságio antes do outro berrar – Avada Kedavra!
A minhoca paralisou do mesmo jeito que estava ao ser atingida pelo relâmpago de luz verde e um estralo. Não existia mais vida naquele animal, Harry sabia disso e Rony, Hermione, Gina e Tathy também, no entanto a minhoca parecia estranhamente saudável e sem marca visível de tortura.
- Eu odeio ter que fazer isso! – reclamou Draco com uma careta – Querem tentar? Mas não se precipitem eu não quero ver cadáveres espalhados pelo chão no final do treino! – esta última parte Draco disse com a mesma naturalidade se estivesse oferecendo uma xícara de chá a uma visita.
- Muito incentivador! – agradeceu Tathy com um sorriso.
O
Avada Kedavra era complicado de certa forma, porque realmente deixava a pessoa que o praticasse em estado deplorável, exausta e infeliz. Por esta razão não puderam praticar muitas vezes, e a ajuda do Malfoy foi fundamental nessa hora.
Todos alcançaram o objetivo, é óbvio que precisavam aperfeiçoar alguns detalhes, com exceção de Harry que mantinha em sua mente a figura asquerosa de Voldemort, seu feitiço não foi tão difícil de ser praticado desta forma, ele descobriu.
E Tathy, que novamente não teve problemas.
- Malfoy, acho que já está bom – disse Harry significantemente – Nós também temos que descansar  ou vamos acabar tendo um colapso mental.
- É – concordou Rony – Não é nada divertido usar esse tipo de Magia Negra, mesmo que sejam em minhocas e para nossa segurança.
- Vocês já receberam carga pesada demais por hoje – assentiu Draco satisfeito com sua eficiência em ensina-los – Estão dispensados!
- E lembrem-se: - ditou Hermione com vigor –
Vigilância Constante!
Todos riram meio exaustos e foram muito lentamente, quase arrastando as pernas para dentro da casa.
Exceto Gina e Draco que ficaram para trás ainda junto com as minhocas.

     **   **

Harry olhou em sua volta e de repente sentiu-se mais preocupado do que o normal. As aulas de Draco foram ótimas e realmente ele precisaria conhecer magias poderosas, mesmo que fossem ilegais, se pretendia derrotar Voldemort.
No entanto ter contato direto com as Maldições e tudo o mais, não fazia ele se sentir bem.
Como se um pedacinho do passado voltasse. Quantas pessoas Voldemort já teria controlado para chegar até Harry? Talvez o número fosse ainda maior se pensasse naquelas que morreram tentando protege-lo ou apenas por serem amigos de Harry?
Isso o incomoda, espremia o coração do Menino-Que-Sobreviveu e fazia uma coragem extraordinária nascer dentro dele. Não para vingar a morte das outras pessoas, mas para fazer Voldemort sofrer tudo o que ele fez milhares de bruxos sofrerem. Porque ele merecia ser torturado e passar pelo pior dos castigos, do qual nem Harry saberia dizer. Há uma pequena diferença entre vingança e justiça.
O
Avada Kedavra provocava reações confusas em Harry, ele havia sido o único ser que sobreviveu a esta Maldição, e nem ao menos fazia a idéia de como conseguira tamanha façanha. Provavelmente o Lord das Trevas teria assassinado seus pais com este feitiço, e por alguma razão ele havia superado o grande poder de Voldemort, e mais havia feito com que o próprio bruxo arcasse com as conseqüências.
Tá certo que eu não escapei da Quarta Maldição Imperdoável, mas aí seria exigir demais de um nenê... pensou.
E para completar o circuito de acontecimentos com magia negra que Harry já presenciara, ele viu Cedrico Diggory ser morto em sua frente por Rabicho. Foi uma experiência frustrante, o pai e a mãe dele, todos chorando na festa de fim de ano. E Harry não havia feito nada! Ele sentia-se indignado por não ter tido a chance de salvar Cedrico, no fundo ele era um colega legal.
Harry deu de ombros como se quisesse espantar esses pensamentos para longe, o que ele menos precisava era um sentimento de culpa o atormentando. Então ele juntou-se ao Rony para ficarem conversando até que Hermione e Tathy já tivessem acabado de preparar o jantar.

    ***    ***

- Você não vai entrar? – perguntou Draco a Gina.
- Não – ela respondeu firmemente – Eu prefiro praticar mais um pouco.
- Se eu fosse você não faria isso... – ele alertou num tom prestativo – É carga pesada demais pra você suportar, você já treinou bastante por hoje e evoluiu muito. Não precisa ficar se matando de tanto esforço...
- Você-Sabe-Quem é carga pesada, por isso eu tenho que treinar pra superar os poderes dele caso algum de nós fique em perigo – Gina afirmou olhando decidida para a próxima minhoca – Eu quero ser útil a vocês, e não só mais um peso! Vou treinar até quando eu achar necessário.
Draco sentou-se em uma pedra conformado que a idéia de fazer Gina desistir não o levaria a lugar nenhum.
- Eu admiro a sua determinação, mas não vou te deixar sozinha! – disse seriamente.
Gina ficou olhando para ele com certa teimosia.
- Não me olhe desse jeito! – reclamou sem nenhum ressentimento – Isto tira a minha concentração!
- Desculpe – ele virou-se para o outro lado e Gina caminhou até ele.
- Porque você simplesmente não vai embora? – indagou com a voz esganiçada – Isto não significa que eu te odeie, mas você está tão diferente. Eu não consigo me acostumar com você! Draco, você realmente está dizendo a verdade quando afirma que quer nos ajudar?
- É claro – respondeu num tom ofendido – O que eu tenho que fazer para você acreditar em mim? Ah, já sei!
Ele pegou o braço em que estava a varinha de Gina, e apontou para o seu coração.
- Faça isso – mandou.
- Não, eu não posso. Não com você! Está errado! – Gina negou terminantemente.
- Ponha um feitiço da verdade em mim! – esbravejou ainda segurando com força o braço de Gina – Muito bem eu vou te mostrar!
Gina não conseguiu tirar sua mão dali e olhou horrorizada para Draco, ele iria cometer uma loucura.
-
Veritas! – um jato de luz prateada atingiu Draco no peito e ele cambaleou.

                                                         **   **
(Continua...)
<<Capítulo Anterior>>
<<Próximo Capítulo>>
<<Fazer Comentários no Guestbook>>
<<Voltar ao Menu de Capítulos>>