Capítulo 6 - De pesadelos ao retorno à Toca
Obs: Parte desse capítulo é inspirado em Draco Dormiens e Draco Sinister, portanto se houverem coincidências ou situações parecidas, isto não significa que eu plagiei a história.

- Draco, seu idiota! – ralhou Gina horrorizada – Como você pode fazer isso comigo... com você!
Draco ouviu o que Gina disse como um eco distante, nesse momento ele estava mais preocupado com aquela dor. Não era uma dor física, como se alguém tivesse dado um soco nele, era muito pior. Sua mente doía como se estivesse sendo aberta, retalhada. Todos os seus maiores segredos estavam expostos para quem quisesse vê-los e por mais que ele desejasse esconde-los não conseguia, e isto era o que provocava tanta dor.
Seu peito era dilacerado ao meio e deixando seu coração totalmente transparente sem nada para protege-lo.
- Gina – ele disse num tom urgente – eu sei que você tem muitas perguntas a me fazer, e essa não é a hora apropriada para esquecer todas elas. Me pergunte rápido, isso dói!
Ok, Gina pensou decidida Faça alguma pergunta!
- Você está nos traindo de alguma forma? – ela falou ligeiramente tentando manter a linha do pensamento.
- Não – Draco sentiu se sua voz falava sem o menor esforço dele pensar. Isto foi estranho e assustador ao mesmo tempo, e de repente ele estava despejando toda a verdade – Eu jamais trairia nenhum de vocês, tudo o que eu tenho feito para ajudar é sincero e eu espero continuar nessa luta até o fim, somente do lado de vocês.
- Por quê?
- Porque vocês me fazem querer ser uma pessoa boa – Draco franziu as sobrancelhas com o próprio comentário – Eu já estava cansado das reuniões dos Comensais da Morte, e toda aquela gente esperando o momento certo para apunhalar eu e toda a minha família pelas costas. Eu estou cheio do Crabbe e do Goyle obedecerem qualquer coisa que eu mande, eles poderiam morrer de mim e não por mim. Essa é a diferença que eu encontrei em vocês.
- Como assim? O quê você encontrou na gente? – indagou Gina gostando de ter a garantia de que Draco estava imune a respostas sarcásticas, o que ele fazia na maioria das vezes.
- Vocês são a verdadeira amizade, que dura pra sempre – ele soou melancólico e Gina percebeu que se Draco soubesse que havia soado daquele jeito teria preferido ficar calado – Voldemort quer ver a destruição das pessoas a seu favor, e como eu cresci no meio dos planos dele eu sei muito bem o quê pode acontecer. Eu não quero isso, eu não quero sofrer e ver as pessoas que eu gosto sofrerem também. Harry e vocês são a única esperança e é divertido fazer parte desse grupo.
- Divertido? – repetiu incrédula e depois Gina continuou num tom desconfiado – Porquê?
- Talvez eu seja lembrado eternamente pelas gerações futuras e tenha uma escola com o meu nome – ela teve a impressão que isso foi mais espontâneo do que sincero.
- Por quê você me beijou? – Gina o fitou com mais atenção.
- Eu não sei – a sensação de tudo sendo rasgado aumentou. Ele não queria dizer a verdade, mas sua resposta não foi o suficiente quando se estava sob o efeito
Veritas – Você é especial – ele gaguejou – Você é quem eu sempre odiei, ou deveria ter odiado, no entanto você me faz sentir coisas estranhas. Eu gosto do que você me faz sentir, eu quero descobrir o que é isso... eu acho que pode ser...
- Amor? – ela hesitou.
- Talvez. Eu não sei como é o amor, ninguém nunca me ensinou... mas quando eu tiver certeza eu te conto...
- Eu posso acreditar nessa promessa? – Gina perguntou irônica.
- Não – falou Draco ligeiramente, e pestanejou algo como
eu não poderia ter feito isso! – Vai depressa, isso tá doendo pra caramba!
- Tudo bem, só não comece a despejar sua lista de palavrões porque daí eu vou exigir que você explique um por um, e isto não será nada agradável pra você – Gina tentou ser mais rápida possível – Você deixaria que algum de nós morresse?
- Não – ele fechou os olhos e os abriu novamente. Gina viu que ele não queria falar mais, no entanto o feitiço o obrigava – Provavelmente se fosse um mês atrás eu não estaria nem aí para o Harry e vocês, mas agora alguma coisa mudou.
- O quê?
- Agora eu dependo de vocês assim como vocês dependem de mim – ele soou muito sério – Criou-se uma ligação muito forte e eu não quero interrompe-la. Eu sinto isso.
Gina parou por alguns instantes e ficou olhando para ele. Ambos estavam assustados com a mesma intensidade, mas uma idéia surgiu na cabeça dela.
- Draco, você já fez sexo com a Fleur? – ela deu um sorriso impiedoso.
- Não, ela disse que sou criança demais – ele respondeu e depois gritou indignado – GINA! SUA SACANA, TIRE ESSE FEITIÇO DE MIM AGORA!
Ela sorriu da expressão dele:
- Está certo, não precisa ficar tão irritado – zombou e apontou a varinha para ele –
Finite Incantaten!
Draco sentiu toda a dor passar, e finalmente conseguiu respirar aliviado. Quer dizer, não tão aliviado assim:
- Gina, porque você fez aquela pergunta idiota?– ele soou sem nenhum tom de admiração.
- Eu tinha que tirar alguma vantagem nessa história de praticar magia negra! – ela exclamou balançando as mãos.
- Você foi é muito sem caráter!
- Tá bom, mas você até que mereceu por ser tão convencido... – ela sorriu.
- Gina! – disse uma voz com rispidez atrás dela, e assim que ela se virou pode perceber que era Rony.
Ele estava parado com uma expressão de desagrado e seus braços estavam rígidos. Gina achou que ele iria explodir de raiva.
- O quê você está fazendo aqui? – falou secamente – Você deveria ter percebido que eu não quero que você se envolva em situações perigosas com
ele...
- Obrigado por me criticar como se eu não estivesse aqui e nem tivesse ouvido o que você disse – replicou Draco olhando com desprezo pra ele.
- Nada pessoal, Malfoy! – seu tom de voz demonstrava que tinha
tudo de pessoal naquela reclamação – Mas eu não quero que ela fique sozinha nesta floresta de novo.
- Ela não está sozinha – argumentou com veemência.
- Está – Rony afirmou – Quando se trata de você, Gina está pior do que se estivesse sozinha!
- Rony – ela interrompeu indignada – eu sei muito bem o que eu faço, por isso não tome decisões por mim e nem me diga o quê fazer!
- Você prefere ficar com
ele? – esbravejou com uma nota de aversão apontando para Draco – Você é muito ingênua! Já se esqueceu de tudo que a nossa família teve que enfrentar por culpa deles?
- Esta não é a questão – disse terminantemente – Acredite em mim, eu não estava fazendo nada demais com ele além de repassar os feitiços que acabamos de aprender.
Draco e Gina se entreolharam, ela manteve seu olhar sério. Porque em parte ela dizia a verdade, mas ela se sentia muito mal em ter que mentir para Rony, porque geralmente Gina contava tudo o que acontecia com ela para a sua família, e a única vez que não fez isto acabou quase morrendo na Câmara Secreta.
- De qualquer modo eu preciso falar com você... – disse e lançou um olhar definitivo.
Gina se deu por vencida e acompanhou o irmão no caminho de volta. Embora eles ainda tivessem ouvido Draco dizer:
- Faça como quiser, Weasley – disse em um tom teimoso – Eu não me importo...

**   **

- Você precisava ter falado daquele jeito na frente dele? – retorquiu Gina friamente.
- Eu não vou ficar fingindo que gosto de ver vocês dois juntos, porque eu não gosto! – disse Rony irritado – Gina, eu não quero te ver numa roda de Comensais da Morte planejando matar o Harry. Ou pior ainda você servindo a Você-Sabe-Quem e cometendo atrocidades por aí!
- Do jeito que você fala até parece que eu vou me casar com ele! – sua voz tinha um tom irônico.
- Se você pensa nisso deve considerar a hipótese de ter um monte de criancinhas loiras e nojentas correndo pela casa – disse.
- Gina Malfoy, não soa tão mal assim! – ela sorriu com um olhar provocante.
- Pare com isso! – gritou Rony aborrecido – Você não iria namorar com ele, você não ficou tempo mais do que suficiente com o Malfoy na floresta, né?
Gina fitou seu irmão. Ele estava aflito, e o pior é que ele tinha razão.
Precisamente Draco Malfoy não era a pessoa ideal para ela querer namorar. Quantas vezes seu pai quase perdeu o emprego por culpa deles?
Se fosse fazer um levantamento da vida de Draco, havia apenas duas ou três semanas que ele estava junto com todos e deixado de ser mentiroso e irritante como antes. Mas, era verdade. Draco havia mudado, porque seria impossível Gina ter se enganado tanto a respeito dele, ainda mais sob o efeito do feitiço
Veritas.
Esse é um ponto a seu favor!
Ela pensou animada.
- Eu só fiquei junto com Draco o tempo necessário pra curar a picada de runespoor que ele levou e, depois voltamos pra cá. O resto você sabe... – ela disse com a sensação de alguma coisa entalada em sua garganta, estava mentindo de novo.
- Gina! – Rony disse num tom alarmado – Eu receio que você não esteja ficando com o Malfoy só o quanto é inevitável! Você não iria se tornar amiga dele... Por favor, me diga sem me enganar... você e ele... não é pra valer?
- Eu e ele o quê? – falou horrorizada – Se você se refere à hipótese da gente estar namorando, ou se beijando pelos cantos a resposta é não – Gina continuou secamente – E qual o problema da gente ser amigo? Eu não vou ficar atirando ofensas ao Draco porque você quer!
- Draco? – falou Rony a cada segundo mais incrédulo – Você já está até chamando-o pelo primeiro nome! Eu detesto ele, e não vale de nada o que vocês podem estar pensando dele neste momento... Eu só queria que você me prometesse que não irá acabar se envolvendo demais com o Malfoy.
- Rony, eu ainda sou a mesma Gina de antes, será que você não confia em mim? – ela sorriu – E sabe de uma coisa, vá atazanar a vida da Hermione!
- Ah, muito engraçada! – retorquiu Rony ficando levemente corado.
Eles andaram alguns passos para frente, e Gina observava divertidamente o irmão que se recusava a olhar pra ela.
- O quê foi? – perguntou vacilante.
- Acho que tem alguém apaixonado na família... – Gina fazia um grande esforço para conter um sorriso – Desculpa, como andam as brigas ocasionais com a Mione? Tudo certo?
- Não, eu acabei de mudar o alvo das minhas discussões... – ameaçou Rony e Gina revirou os olhos – E nós somos apenas amigos e isto não significa que---
- Eu acho que ela sente um carinho especial por você! – Gina disse subitamente, e Rony a encarou curioso.
- Como você sabe? – indagou sem esconder o tom de ansiedade.
- Intuição feminina! Eu não entendendo muito desses assuntos, no entanto isso já está mais do que óbvio. Primeiro todas essas briguinhas sem motivos... e o ataque de ciúmes sem explicação por Vítor Krum! Quero dizer, qual é o sentido de tudo isso?
Rony ficou quieto e sibilou algumas coisas que Gina não entendeu absolutamente nada.
- Ora vamos, – encorajou Gina – Não venha com esse papo de que nos conhecemos há vários, somos apenas amigos e blá, blá, blá...
Eles pararam de falar e observaram Harry que se aproximava. Já estava anoitecendo, boa parte da claridade já havia ido embora e eles enxergavam precisamente a sombra de Harry caminhando pela clareira, mas com certeza era Harry.
- Vocês demoraram tanto que eu pensei--- _ Harry prestou atenção na expressão engraçada de Gina e enfatizou – O quê houve aqui?
- Nada – respondeu a garota em fatal demasia – Hã... O Rony está tendo problemas com a Hermione. Mas acho que devemos deixa-lo sozinho com a sua insistência em afirmar que não sente nada por ela.
- Cala a boca, Gina! – mandou Rony.
Harry riu:
- Vocês querem que eu vá dizer isso a ela? – perguntou rapidamente em um tom suspeito.
- Até você! – reclamou Rony – Me deixem em paz com a minha teimosia...
Harry olhou em volta e só agora se deu conta que alguém ainda não havia voltado:
- Cadê o Malfoy?
- Ele ficou lá arrumando algumas coisas... e sei lá mais o quê – desdenhou Rony dando de ombros – Sabe como ele é estranho e nós estamos lhe dando uma segunda chance, eu espero que o Malfoy não esteja fazendo o mesmo que fez com a primeira.
- Rony pare de ser generalista! – replicou Gina com vigor – Você está louco para incrimina-lo por qualquer coisa ou por nada.
- Tudo bem, eu só queria saber aonde ele estava – interrompeu Harry – não precisam se estapear por causa disso! Se o Malfoy está arrumando algumas coisas logo ele deve estar de volta. Na verdade, eu preciso falar com você Rony.
- O que é? – falou olhando curioso.
- É particular – Harry olhou significantemente para o amigo e percebeu que ele trouxe uma pena e um pergaminho.
- Ok, eu já entendi... – suspirou Gina um tanto desanimada e foi pelo mesmo caminho que Harry para voltar até a casa.

**  **

- Eu achei melhor não tratar disso na lá casa, porque a qualquer hora a Tathy pode notar o quê estamos fazendo e isto não seria nada bom... – explicou Harry com a lente de seus olhos refletindo a pontinha de luz que vinha da varinha.
- Mas o quê exatamente você acha que devemos contar a Dumbledore? – Rony soou sério.
- Eu me lembro que a Tathy ficou muito estranha quando eu falei do Dumbledore. Ela me contou uma história meio confusa sobre ele ter protegido ela do passado e
o mesmo de sempre... – Harry encarou Rony como se procurasse ou necessitasse da resposta do amigo – Eu acho que se queremos descobrir um pouco mais sobre ela esta é a nossa única fonte segura.
- Conclusão: _ disse Rony prontamente – Das duas uma, ou o Dumbledore nos explica boa parte do que significa todo esse enigma ou ele diz que não pode interferir, o que é mais provável, e a gente fica mais desconfiado do que nunca.
- É – concordou Harry com azedume – Mas eu também prometi que o manteria informado.
Os dois contaram todos os detalhes nessa carta, fazendo o possível para não esquecer de nada e serem rápidos de modo que ninguém desconfiasse do pequeno plano que havia se formado. Edwiges que estava solta, na maioria do tempo ficava dando voltas em volta do terreno e bastou um simples gesto de Harry para ela pegar a correspondência e voar até o castelo de Hogwarts onde Dumbledore estava.
Eles se entreolharam com a satisfação de tarefa cumprida, não tardaria muito para alguns mistérios se revelarem, se isto era bom ou não, Harry não saberia dizer.
Quando estavam a poucos passos da casa, Rony realçou:
- Acho que teremos uma resposta bem interessante sobre ela!

**   **

Harry estava dormindo, aliás, sonhando. E ele estava tão exausto que esse era um dos melhores sonhos que ele já havia tido na vida. Era como se estivesse caindo num tapete muito macio, ou num colchão de plumas. Estava tudo numa temperatura quente e perfeita, sua mente ficou vazia.
Momentos depois algo começou a cutucar a ponta de seu dedo, uma coisa irritante que incomodava muito, e isto foi tirando-o do maravilhoso sonho e trazendo Harry de volta para a realidade. Ele custou a perceber, mas era Edwiges que dava bicadas em seus dedos na tentativa de acorda-lo. Ela já havia trazido a resposta.
Harry abriu os olhos que arderam um pouco enquanto ele não se acostumava com a claridade, e tudo entrou em foco quando ele alcançou seus óculos.
A primeira coisa que ele fez foi acordar Rony para que ele também lê-se a resposta.
- Rony, acorde! – ele chamou num quase sussurro – Dumbledore já nos enviou a carta de novo.
Em compensação Rony emitiu alguns grunhidos dentre eles Harry percebeu algumas expressões não tão gentis.
- Rony, pare de ser chato! Acorde de uma vez, é um assunto importante – Harry insistia sacudindo o amigo com força, esquecendo toda a educação que teria se fosse um estranho – Eu não vou desistir enquanto você não abra os olhos!
Rony passou as mãos furiosamente pelos olhos e se levantou bruscamente, embora seus olhos ainda guardassem todo o sono que ele deveria estar sentindo:
- Harry, seu retardado! O quê você pensa que está fazendo? – ele gritou a plenos pulmões sem ter consciência de que desse jeito acordaria todos na casa – Eu quero dormir, não me interessa o que você tem a dizer, eu só quero---
Harry sem hesitar por mais um instante se jogou em cima de Rony e colocou sua mão para tapar a boca dele. E isto deu um certo trabalho, até que Rony ficasse cansado o suficiente para ouvir Harry:
- Fique quieto – mandou rispidamente enxugando um pouco de suor na testa – Você parece um bebê muito chato e mimado... mas agora que eu consegui te fazer acordar amigavelmente queria te mostrar isto.
Harry estendeu a carta de Dumbledore e Rony arregalou os olhos aparentemente desconcertado. Agora não adiantava tentar dormir mais e nem ao menos brigar com Harry por isso, até porque ele já sabia que o assunto era importante, como Potter dissera.
- Certo – falou Rony lentamente como se quisesse organizar suas idéias – Eu devo ter... hã... exagerado um pouco.
- O termo não seria propriamente este – corrigiu Harry fitando-o com olhar de censura – você praticamente acordou a todos com seus berros, isso não seria nada bom para o tipo de coisa que a gente pretende fazer. Imagine se o Malfoy...
Os murmúrios de Harry cessaram porque eles ouviram um barulho que vinha de muito perto, mais precisamente da cama de Draco. Talvez há algum tempo ele já estivesse levantado e ficou observando a conversa dos dois, então resolveu intrometer num tom desafiador:
- Que diabos está acontecendo aqui? – perguntou prontamente.
Harry viu pelo canto do olho Rony abrir a boca, mas ele ficou mexendo-a sem emitir nenhum som, ele precisava urgentemente que Harry inventasse uma desculpa.
Harry Potter, no entanto, só abaixou a cabeça sem ter o quê dizer. Eles saberiam que qualquer coisa que fosse dita soaria suspeita. Oras, a situação era no mínimo desconfiante e principalmente para alguém que ouviu seu nome ser citado entre sussurros.
Draco já tinha visto o pergaminho, ele não iria acreditar se Harry o escondesse ou fingisse que ele nunca existiu, porque Draco sendo como ele era, se considerava esperto demais para cair num truque desses. E na verdade, Draco era astuto.
- Nada da sua conta, Malfoy – disse Rony finalmente.
- Eu acho que você está enganado, eu ouvi o meu nome na conversa de vocês – Draco se juntou aos dois e continuou terminantemente – Vamos, desembuchem!
Harry suspirou.
- Muito bem – começou num tom que misturava aspereza e um pouco de melancolia – a gente não escolheu ser seu amigo, você simplesmente entrou em nossas vidas.
- O que você quer dizer com isso? – replicou secamente – Eu também não escolhi estar aqui me sentindo um intruso no meio de vocês, e não que eu esteja cobrando algo, mas se eu estou envolvido nessa maluquice pelo menos tenho o direito de saber de tudo, o que não faria me sentir um idiota!
- Não estamos fugindo de ter que contar toda a verdade pra você – disse Harry sinceramente – Mas entenda que antes dessa história nós já éramos amigos, e por mais que eu admire a sua grande vontade em nos ajudar, isto não me obriga a contar tudo a você.
- Você está fugindo sim, Harry Potter! – exclamou com a fúria crescendo em cada sílaba – Você não sabe nada sobre mim... e eu vejo que não sei nada sobre você também! Mas eu não quero ficar aqui para ser usado por vocês, definitivamente eu detesto facilitar as coisas pra vocês se ninguém tem o bom senso de me incluir nos planos.
- Eu pensei que você era o sonserino dono de estratégias engenhosas das quais um grifinório não teria capacidade de sequer imaginar, ou estou enganado? – Rony sorriu travessamente.
- Não enche o sacô, Weasley! – mandou amargamente – Eu sei que esta carta esta falando sobre mim, o quanto de perigo eu represento e eu sei que vocês estão loucos para me deixar pra trás.
- Bom, acho que temos motivos suficientes para pensar nisso – teimou Rony encarando Draco firmemente.
- Agora acabei de me lembrar porque te odeio tanto, Weasley – replicou Draco num tom cheio de raiva – Você sempre está no meio do caminho, você é um completo idiota que pode morrer a qualquer momento aqui.
- Eu já estou cansado dessa velha briga de família! – berrou Harry fazendo sua voz se sobrepor as deles – Rony, você sabe que esta carta não tem nada a ver com o Malfoy – ele virou-se para Draco – E você tem que aprender que a conhecer a hora certa de perguntar as coisas e definitivamente esta não era a hora certa, e nem o jeito mais indicado pra você nos pedir que a gente conte algum segredo.
Fez-se um silêncio rápido e traiçoeiro. Em vez dos dois se acalmarem, trocaram olhares que valera por um duelo de bruxos inteiro.
- E agora eu vou embora e finjo que nada disto aconteceu? – Draco olhou com revolta para Harry.
- Não – respondeu Harry terminantemente – Você fica, mas fora isso eu não quero que ninguém saiba do que houve aqui ou aí sim teremos motivos suficientes para te deixar sozinho e sem nenhuma roupa pedindo informações nesta cidade.
- Harry, você está maluc... – começou Rony indignado balançando as mãos freneticamente.
- Pare com essas babaquices! – Harry disse num tom sério – Estamos juntos nessa, e a força cresce com o número. O Malfoy pode ajudar, talvez ele perceba algo que nós não vimos, e ele esta mais acostumado com magia negra.
Rony não gostou da atitude de Harry e levou um tempo até ele se conformar e aceitar a presença de Draco. Depois de ter explicado que Dumbledore conhecia Tathy e que neste bilhete poderia haver alguma resposta importante, eles finalmente a abriram. Harry leu em voz alta aquelas letras miúdas e garranchadas.

Caro Harry e Rony,
Continuo procurando novas pistas para a solução do nosso problema. Aluado e Almofadinhas também estão fazendo sua parte, Sirius está no Sul do planeta fazendo o possível. Remo se encontra em Londres no Beco Diagonal trabalhando com alguns livros velhos e pesquisando algo sobre a Maldição.
Os dois pediram para dizer que estão bem e que mantenham o pensamento concentrado apenas em Voldemort e pessoalmente eu tenho certeza de que cada vez você se aproxima mais dele e do seu passado.
Eu conheço a Tathy realmente ela foi minha protegida e assim como você, Voldemort estava atrás dela. Você deve estar se perguntando o motivo, Harry. No entanto infelizmente isto eu não posso lhe contar, é algo íntimo e só diz respeito a ela.
Quem sabe Tathy possa lhe responder essa pergunta melhor do que eu, confie nela. Trata-se de uma pessoa muito inteligente e especial, mesmo assim fiquei perplexo quando soube que ela estava na companhia de vocês.
Estou reunindo alguns bruxos amigos e fazendo reuniões para achar o máximo de informações possíveis, mas por enquanto nada. Receio que se quebrarmos o talismã você morre junto, porém é só uma hipótese.
Ah, como o talismã leva até você e Voldemort é atraído por ele, é muita magia junta logo Voldemort perceberá. Aconselho a não ficar parado em um único lugar. Isto pode facilitar a busca de Voldemort.
Seja corajoso como você sempre foi e ninguém poderá te vencer, Harry.
Eu acredito que você e seus amigos sejam capazes de descobrir uma saída.
Atenciosamente,
Alvo Dumbledore.

     **   **

Foram notícias que deixaram Harry ao mesmo tempo feliz, por ter citado Sirius e Lupin, e hesitante diante de Tathy. Que ela era inteligente e especial ele já havia percebido. Sem dúvida existia um mistério onde Voldemort estava por trás e se isso demonstrava que Tathy era boa ou não, Harry não saberia dizer.
Mas ele já havia decidido uma coisa que o atormentou bastante depois. Desde que chegou em Hogwarts Harry nunca havia escondido nada dos seus amigos e de Hermione, principalmente dela e ele não se sentia honesto agindo desse jeito.
Então não haveriam mais segredos ou cartas não reveladas, o fundamento seria que se todos estão unidos para ajuda-lo a destruir a Maldição e impedir que Voldemort volte a reinar, isto seria feito por todos sem suspeitas e sem conversas separadas.
Harry sabia que poderia confiar em cada um deles, e por esta razão contou os planos de Dumbledore, é óbvio que Tathy não ficou sabendo da parte que se referia à ela porque só poderia prejudicar a busca e o relacionamento entre eles.

Neste momento Rony estava sentado num tronco de árvore e tentava fazer um feitiço Convocatório, os outros arrumavam as bagagens ou se ocupavam com diversas tarefas.
- Como você pretende tirar a gente daqui? – questionou Hermione parando na frente de Rony.
- Primeiro eu pensei que poderíamos viajar de vassoura – respondeu num tom extremamente concentrado – mas o peso da bagagem atrapalharia além da viagem ser muito longa...
- Não me diga que eu finalmente vou conhecer a Tailândia? – ela sentou-se no lado de Rony e o encarou por breves momentos.
- Não, infelizmente eu acho que ainda não precisamos ir tão longe... – ele ainda manteve o ar pensativo – Os meus pais vão visitar o Carlinhos na Romênia, então acho que não vai ter problemas a gente se hospedar lá por alguns dias, é claro se ninguém conseguir destruir a casa...
- Você não apostaria numa repentina chegada de Você-Sabe-Quem? Ou talvez a hipótese de você e Draco resolverem duelar e acabar transfigurando a casa inteira com encantos? – Hermione disse isso de uma maneira que era ao mesmo tempo irônica e um aviso.
- Pensando por este lado eu acho que é melhor torcer pra nenhuma dessas coisas acontecerem – ele soou um tanto exagerado – ou então vocês vão presenciar a morte mais rápida da história seguida de gritos realmente furiosos!
Hermione se lembrou que Rony estava fazendo um feitiço Convocatório e que as vassouras não serviram para transporta-los, só agora que ela foi notar.
- Bom, o que posso chamar de plano B? Um meio de transporte para nossa localização? – falou curiosa.
- Estou tentando trazer o Carro Voador do papai – respondeu olhando inutilmente para sua varinha – É claro que ele está cheio de feitiços anti-trouxas, e somado a isso feitiços para faze-lo voar e etc, resumindo não vai ser tão fácil assim aplicar mais uma magia para transporta-lo até aqui.
- Qual é a outra opção que nos resta? – falou Hermione atenciosa.
- Pra ser sincero nenhuma – Rony olhou para Hermione e disse decidido – então você pode fazer o favor de me deixar sozinho para praticar... hã... você tira a minha concentração.
- Francamente, você vai tentar trazer o Carro Encantado do seu pai até aqui! – disse num tom de quem achou a idéia totalmente fora da razão – Isto é um absurdo levando em consideração o seu conhecimento com feitiços convocatórios – Não se lembra das aulas de Flitwick, você não conseguia nem colocar a almofada dentro da caixa?
- Obrigado, isto é realmente estimulante! – replicou – Na verdade eu acho que com um pouco de treino eu não vou me sair tão péssimo assim...
- Ok – insistiu Hermione relutante – Esqueça essa possibilidade, talvez eu possa traze-lo aqui e com muito esforço.
- Não, você não pode – garantiu Rony.
- Por quê? – falou meio que indignada.
- Para praticar o
accio você tem que manter os pensamentos no objeto e desejar com toda a sua força remove-lo para cá – disse como se isso fosse óbvio.
- Grande gênio, disso eu já sabia – ela deu de ombros – Admita que eu faço esse feitiço muito melhor do que você, desde do quarto ano. Portanto, deixe-me ajuda-lo.
- Eu sei que você tem uma longa e brilhante carreira me corrigindo, mas agora é impossível – Rony se levantou e parou na frente da amiga, que estava com as sobrancelhas franzidas – Você nunca viu o novo Carro do papai, não saberia descreve-lo em seu pensamento.
Hermione olhou para o chão ligeiramente envergonhada e decepcionada.
- Você venceu – afirmou baixinho e também se levantou – O que eu posso fazer por você?
- Torcer para que todas as suas broncas e as aulas do Flitwick tenham dado resultado – Rony flexionou os braços – Eu estou particularmente confiante, mas preciso ficar sozinho.
- Eu não quero te atrapalhar – concluiu e lançou uma última olhada para Rony que segurava sua varinha, ela se virou e deu alguns passos na direção da porta. De repente uma coisa lhe passou pela cabeça, uma coisa que não tinha nada a ver com o assunto, mas era importante – Ah – Hermione ergueu as sobrancelhas – Não implica tanto com a Gina, eu sei que você não gosta do Draco e está coberto de razão, mas o que diz respeito a ela só a própria Gina pode decidir.
- Você acha? – ele perguntou incerto.
- Sim – ela confirmou e fez uma expressão hesitante – Talvez a gente não conheça o Draco tanto quanto nós pensávamos que conhecíamos, admitir que ele está se tornando um cara legal às vezes me causa enjôo, mas é a verdade.
- Você vai tomar o partido dele? – Rony soou com uma ponta de ciúmes.
- Isso não existe – ela sorriu – Eu vou ficar apoiando os meus amigos, eu ainda não sei se o Draco é meu amigo de verdade! Pelo menos ele nunca mais fez comentários do tipo:
Seu cabelo está horrível ou Sua dentuça! – Já é uma grande evolução!

**   **
Tathy e Gina estavam na cozinha, terminando de tomar seu café da manhã. Elas haviam acordado tarde, mais ou menos em volta das 11h e Draco também estava sentado à mesa, certamente ele não perderia a oportunidade de comer.
Harry encaixotava seus materiais de Hogwarts e prendia Edwiges e a nova coruja de Draco nas gaiolas, isto fazia um grande barulho.
Harry não se importava com o fato de estar arrumando as suas coisas e as de Draco sozinho, aliás, ele já percebera que realmente o Malfoy não levava o menor jeito para trabalhos pesados. Ele era um grande preguiçoso e Harry preferiu que ela ficasse conversando com as meninas do que fazendo comentários sarcásticos do seu lado.
- Quem fez essa porcaria? – perguntou Draco com uma careta.
- Sabia que o seu elogio me tocou profundamente! – respondeu Tathy com a voz esganiçada.
- Por acaso você está tentando me matar? – falou num tom agudo – Isto aqui tem um gosto horrível, de papel velho, e não sei como, borrachudo também.
- Tudo bem... agora que você já fez a gentileza do dia, fica quieto e usa sua boca para mastigar o café que a Tathy preparou com tanto carinho – Gina misturou um tom alegre com uma ordem.
- Eu não sabia que Draco Malfoy iria comer com a gente! – ela exclamou soturna – Senão teria deixado a parte do carinho de fora.
- Minha reputação não está nada boa nessa casa! – replicou num tom filosófico – Às vezes eu fico me perguntando o que eu devo ter feito de tão errado pra vocês me tratarem assim?
- Definitivamente estamos sendo muito injustos – aquilo não era propriamente uma briga e sim, uma brincadeira misturada com zombaria, coisa de adolescentes – Você está diferente nestes últimos tempos, já até posso prever seu futuro fazendo caridades numa escola de crianças abandonadas.
- Você está tentando fazer com que eu me arrependa da minha afirmação anterior? – disse Draco comendo um pedaço de torrada – Espere, estou tendo um argumento convincente: Eu chamo isso de mal-humor matinal, desculpa por ter ofendido suas torradas.
Enquanto Tathy o encarava com um olhar ameaçador, Gina disse:
- Não, isso se chama cara-de-pau mesmo! – replicou divertidamente – Ou em outros termos preguiça em estágio avançado.
- Sabem de uma coisa? Acabo de criar uma observação sobre a nossa viagem – falou Tathy imparcialmente – Se o Rony demorar muito a conseguir trazer o famoso Scort Voador sairemos daqui quando tivermos cabelos brancos. Então eu acho que você deveria tentar o feitiço também – ela se referiu a Gina.
- Esse é o seu pedido e essa é minha prerrogativa – disse – O Flitwick ainda não teve tempo de nos ensinar essa matéria, por isto acho melhor eu não arriscar e acabar fazendo alguma bobagem.
- Porque se essa coisa não der certo estamos literalmente fritos – anunciou Draco exasperado – Mas o que você acha que vamos fazer depois disso? Quero dizer a excursão mais perigosa do Mundo Mágico? Ou o esconde-esconde mortal com Voldemort?
- Não diga essa palavra! – gritou Gina vacilante – Com todas as experiências que eu tive no segundo ano tenho motivos suficientes para congelar só de ouvir esse nome.
- Sobre a pergunta do Draco a resposta é não – confirmou Tathy pensativa – Eu estudei esse talismã durante anos e mesmo assim não consegui descobrir o contra-feitiço. A origem da Maldição estava marcada em relatos e em livros antigos, mas como alguém poderia impedir que ela se cumprisse não estava escrito lá – Tathy balançou a cabeça – Como se isto tivesse sido planejado, como se a verdadeira resposta não devesse ser encontrada.
- Eu tenho certeza que isto foi feito de caso pensado, é claro que o bruxo que inventou a Maldição sabia que o outro bruxo inocente buscaria uma forma de acabar com o feitiço. Nós não temos certeza nem de se essa resposta existe, mas o objetivo era dificultar as coisas para quem quisesse acabar com um encantamento que foi criado justamente para formar uma ligação infinita e inseparável entre duas pessoas – Gina disse amargamente – Está é a ordem natural, sempre foi assim!
- E é justamente na parte mais complicada da história que a gente entra – afirmou Draco sem dar muita importância – Temos que achar a tão cobiçada e obscura resposta! Mas...
- Mas realmente não devemos pensar nisto agora – Harry havia acabado de entrar na cozinha. Com seus cabelos pretos bagunçados ele estava parado na porta com uma expressão alegre – De nada vai adiantar ficar desesperado atrás de um modo de deter os planos de Voldemort – Gina fez uma careta – Eu sei que todo mundo precisa descansar, então quando Rony ter eficácia com o Feitiço Convocatório vamos para a Toca, e depois quando as idéias já estiverem reformuladas a gente continua!
- Você manda, chefe! – sorriu Draco batendo continência – Primeiro o descanso, sem problemas!
As duas meninas riram e até Harry teve esforço para conter o riso.

     **   **
Rony suspirou. E olhou vagamente para o horizonte, não havia o menor sinal de um caro cortando as nuvens. Sua mão estava dolorida de tanta força que ele depositara para segurar a varinha, que estava sendo observada entre seus dedos.
Droga! pensou com uma impaciência crescente Acalme-se, esse feitiço é idiota mas não a ponto de conseguir me fazer desistir. Eu já tive que fazer coisas piores e bem mais complexas uma aranha, por exemplo, é dez vezes mais assustadora do que isso. Concentre-se, eu quero voltar para minha casa.
Rony estava repentinamente decidido, desta vez ele tentaria pra valer e pela última vez. Ele esqueceu quanta dificuldade teve para aprender a utilizar esse tipo de magia, e também quantas vezes protestou contra o Prof° Flitwick dizendo que nunca usaria um feitiço dessa espécie.
Para que tudo desse certo não importava a distância e nem o tamanho do objeto, portanto Rony resolveu deixar isto de lado. A única coisa que deveria ter em mente era o cenário do jardim dos Weasley com o Carro Voador cuidadosamente escondido.
Rony construiu paredes invisíveis da sua casa, e tudo foi se materializando em sua mente. Ele estava com os olhos fechados e podia ver diante de si a Toca, Rony desejava entrar lá dentro. Voltar pra casa, rever seu quarto. No entanto ele não podia deixar se levar por esta ilusão, focou a imagem no Carro, que permanecia num canto quase que omitido.
Pensou nas rodas andando e como ele levantaria vôo, cada detalhe estava descrito, era muito real.
-
Accio! – levantou a varinha com a mão dolorida pela seção de vezes que ele tinha tentado feitiço sem sucesso, porém agora era diferente. Ele pode sentir o carro ligando e começando a flutuar lentamente, até que já estava no céu.
Seria uma viagem longa, Rony tinha ciência disso. Resolveu aumentar a velocidade porque demoraria horas naquele ritmo, e ele não tinha nem condições para isso. A parte mais difícil de ser realizada ele já conseguira, o que o Weasley precisava fazer era controlar sua intensidade de poder para aumentar ou diminuir a velocidade do carro, e é óbvio tomar cuidado para o carro cair em pleno céu e se espatifar no chão.
Tudo bem que pareceu uma eternidade para Rony, mas em pouco tempo o Scort cruzava os céus em alta velocidade e foi estacionar a poucos centímetros de Rony.
Rony respirou fundo, sentia-se cansado. Mas uma alegria contagiou seu corpo recuperando todas as energias:
- Pessoal! Eu consegui, venham ver! – gritou entusiasmado.
Ele teve a impressão que um milésimo de segundo se passou e Harry atropelado pelos outros surgiam na porta, todos quase caindo contudo tinham o mesmo sorriso estampado.
- Eu não acredito! – vibrou Hermione olhando incrédula para o carro – Isso é maravilhoso... dessa vez você se superou Rony!
- Uau! – exclamou Tathy admirando o tamanho do veículo – Não foi por menos que você teve tanta dificuldade...
- Nossa, eu sabia que você seria capaz irmãozinho – Gina beijou o rosto de Rony – Que tal a gente abandonar este lugar?
Foi uma imensa surpresa quando todos viram o Carro, tiveram uma sensação de alívio e sentiram-se ligeiramente impressionados quanto ao automóvel.
Todos ajudaram a colocar as bagagens no porta-malas, que obviamente foi bastante aumentado com feitiços. O carro era todo azul, segundo Rony melhor para se esconder entre o céu.
Rony garantiu que estava em perfeitas condições para dirigir, e que não importava o que todos disessem, ele seria o único que conheceria os comandos do carro do seu próprio pai. Hermione resolveu fazer companhia para Rony, então todos os bancos da frente já estavam ocupados.
Atrás Gina entrou primeiro, seguida de Draco, e depois Tathy que chegou atrasada porque estava falando alguma coisa com Harry.
Harry ainda estava na casa, ele tinha necessidade de demorar um pouco mais naquela cidade. Ele pensou que foi a única vez que havia estado no mesmo lugar em que viveu com seus pais, ele sentia saudade disso.  Olhou mais a sua volta e imaginou tanta coisa que poderia estar acontecendo se Voldemort não tivesse atrapalhado tudo.
- Harry, vamos! – chamou Tathy e ele retribuiu o olhar.
- Lotação esgotada – disse Draco quando Harry percebeu que não sobrara nenhum espaço para ele sentar – Você vai ter que esperar até o próximo embarque... deixe-me ver... será daqui a três dias!
- Ah, muito engraçado! – disse Harry com uma voz abafada.
- Bom – disse Rony analisando do banco do motorista – Você terá que sentar no colo de alguém. Não, espere! Isto seria horrível, vou reformular a pergunta... Algum voluntário?
Todos ficaram se entreolhando com as sobrancelhas erguidas, como se essa hipótese nem tivesse passado pela cabeça deles. Depois de algum tempo em que o silêncio se confirmou:
- Não sei porque eu estou fazendo isso, talvez seja o meu lado solidário falando mais alto... – considerou Tathy olhando para Harry rapidamente – Eu sento no seu colo...
- Sabe o que me impressiona em vocês? – perguntou Harry com algumas manchas coradas pela face enquanto Tathy sentava no colo dele – O espírito de equipe que existe em cada um...
- Prontos? – falou Rony e no instante seguinte deu a partida no carro, pra falar a verdade ele não era o melhor motorista, e Harry teve certeza disso quando o carro levantou no ar. Todos caíram amontoados para o lado de Gina que gritou:
- Rony, seu barbeiro insolente! – berrou zangada – Dirija esse troço direito!
- Ai! – reclamou Harry no ouvido de Tathy, ele meio que empurrou a menina para o lado – Você está esmagando a minha perna!
- Desculpe – se defendeu – mas a culpa não é minha...
Demorou um pouco para Harry parar de reclamar e entrar num acordo com Tathy. Gina e Draco estavam cada vez mais próximos e toda vez que Rony percebia isso freava o carro abruptamente e todos escorregavam para frente. A última manobra fez a gaiola de Edwiges bater no teto e voltar.
- Rony! – repreendeu Hermione olhando com uma cara feia para ele – Pare o carro! Você é um desastre, um homicida no volante ou está fazendo isso só pra assustar a gente?
- Você está exagerando! – replicou magoado.
- Você chama isso de exagerar? – questionou Draco num tom perplexo – Logo vamos sair daqui totalmente amassados sem você nem notar...
- Vocês só sabem reclamar – garantiu Rony determinado – Eu acho que vocês deveriam ter mais paciência, não será imediatamente ainda falta alguns minutos, mas em breve vamos chegar...
- Eu espero que seja relativamente logo – Tathy disse fazendo o possível para Rony se tocar que isto era uma direta para ele – levando em consideração que eu não estou me sentindo nada confortável.
Tathy fazia o possível para não encarar Harry, porque isto a fazia sentir coisas estranhas. E a interatividade entre Draco e Gina também não era invejável, parecia que Gina ignorava a presença do garoto olhando constantemente pela janela.
Não era um clima muito bom. Haviam seis adolescentes espremidos dentro de um carro. Harry se lembrou que em filmes americanos essa cena era típica. A estrada completamente vazia a noite e um carro passando em alta velocidade, geralmente eles deveriam estar se beijando e se agarrando no banco traseiro, enquanto o motorista completamente bêbado segurava uma garrafa de vodka. Mas definitivamente não estava de noite, e não havia vodka ou qualquer bebida que pudesse deixa-los bêbados e a idéia de eles estarem se beijando parecia mais um delírio do que uma chance.
A primeira opção havia sido descartada, como não estavam se beijando e nem de porre, o normal seria que estivessem berrando letras de músicas famosas sem se importar com os tímpanos ou com a bagunça que estavam fazendo. Porquê todos ficaram quietos?
Um sorriso matreiro apareceu no rosto de Harry, ele estava prestes a cometer um desatino, mas tinha certeza de que seria muito divertido.
- Sabe o quê esta cena está perecendo?
- O quê? – indagou Hermione intrigada.
- Que nós somos os filhinhos chatos espremidos no banco de trás e você e o Rony são os papais no banco da frente!... – Harry reparou que os outros também estavam com a mesma expressão que ele, portanto haviam entendido o propósito daquela conversa – Eles estão com um ar tão sério! – disse apontando com a cabeça para os dois.
- Sem chance – cortou Rony num tom frio – Definitivamente eu não teria tantos filhos... e não deixaria que eles se parecessem com vocês.
- Claro, talvez o meu comentário tenha sido desnecessário – lamentou Harry – Mas que você e a Hermione podiam estar casados... Ops! É melhor eu calar a minha boca antes que diga mais bobagens!
- Essa é a parte que eu digo que é melhor você fazer isto mesmo, porque senão eu serei obrigado a te dar um soco, Harry Potter, e isto tiraria minha concentração no volante – disse rispidamente.
- Francamente! – reforçou Gina – Sua atenção já está fora de cogitação há muito tempo... não sei se você percebeu mas você deve tê-la perdido no banco do lado...
- Parem com isso! – protestou Hermione sem jeito – Vocês estão me deixando sem graça... 
- Essa é a intenção! – confirmou Draco com um sorriso traquinas – Mas esse deveria ser o nosso papel, porque eu estou particularmente me sentindo um castiçal num jantar romântico.
- Vamos se atirar pela janela! – ordenou Tathy animadamente – Afinal não quero me sentir responsável por estragar um momento tão especial...
O banco de trás inteiro desabou em risadas, que logo depois viraram gargalhadas. Quando eles recuperaram o fôlego, Gina disse entre sorrisos:
- Garanto que eles não estariam tão comportadinhos sem a nossa presença. Não se preocupem a gente fecha os olhos, juro que não vamos ver nada!
- É – disse Tathy prontamente – Finjam que nós não estamos aqui...
Rony arriscou um olhar de lado para Hermione, que estava ruborizada.
- Vamos, Weasley! – insistiu Draco – Tome uma atitude de homem, beije ela de uma vez!
- Essa conversa está ficando mais chata que o inferno! – pestanejou Rony com azedume.
- Não o inferno não deve ser tão bom assim! – falou Harry num tom irônico – Hermione, eu acho que o seu namorado está tendo algum problema. Acho que ele está se segurando para não lançar um mau agouro na gente! – e de certa forma Harry sentia que isto era verdade.
- Ele não é meu namorado! – reivindicou Hermione indignada – Você sabe disso!
- Que desmemoriados! – Gina deu um tapinha em sua própria cabeça – Como pudemos esquecer do Vítor Krum? Quer saber, ele que se exploda!
- Eu apoio – disse Tathy firmemente – Olhem um para o outro! Quero dizer, não precisam ficar com medo... essa expectativa está me deixando ansiosa!
-
Calem a boca! – berraram Rony e Hermione ao mesmo tempo virando as cabeças para trás, todos ficaram espantados.
- Não fiquem nervosos... – Draco sorriu e pegou uma mão de Hermione e outra de Rony, e obrigou eles a entrelaçarem os dedos – Pronto! Se ninguém toma uma iniciativa, é pra isso que servem os amigos! Eu vou ensinar vocês, primeiro tem que abrir a boca e... hum... isso é meio embaraçoso.
Hermione estava púrpura de tanta vergonha, ela levou a mão à cabeça e virou seu rosto para a janela. Ela que sempre foi tão segura, agora não sabia o que fazer, estava tremendo por dentro.
Rony estava vermelho igual ao um pimentão, suas sardas nem se destacavam mais em seu rosto. Ele estava desconcertado, levemente perturbado. Mas havia uma ponta de riso procurando um lugar para sair em ambos, era difícil descrever como Hermione e Rony estavam engraçados nesse momento.
Rony tirou a mão de perto dela.
- Chega! Vocês estão sendo ridículos... – esbravejou – Eu estou de sacô cheio desse papo.
- Sério? – Harry teve o descaramento de perguntar – Não se preocupe, este é o único motivo que você vai ter para ficar zangado hoje...
- Então só nos resta pedir que vocês não fiquem irritados conosco! – disse Gina – Foi só uma brincadeirinha...
- Vocês não conseguiram me irritar – replicou Rony desviando o olhar para a frente – E não é por isso que eu vou jogar vocês do carro... talvez essa seja uma boa idéia...
- Ok – disse Draco cautelosamente – Foi uma brincadeira inescrupulosa e insensata, e nós sentimos muito por isso!
- E nada que vocês digam vai me fazer esquecer que eu tenho que planejar uma vingança dolorosa contra vocês! – respondeu Hermione com alguns vestígios de timidez.
Em seguida, o Carro Voador estacionou em cima da grama mal cortada e bem crescida dos Weasley.
Estavam fora da cidade, em Ottery St. Catchopole.  A Toca como lembrava um letreiro velho enfiado do lado da porta, ainda estava com a mesma aparência desde da última visita de Harry no verão deste ano. Os cômodos eram muitos formando vários andares, colocados um em cima do outro. Numa espécie de torre torta, porém nada seria mais convidativo para Harry e lhe traria lembranças mais felizes.
- É tão diferente! – Tathy desceu do colo de Harry e parou para observar os altos andares da casa.
- Não é muita coisa – murmurou Rony sem jeito.
- Pare de ser modesto! – animou Hermione – Sua casa é um dos melhores lugares do mundo, ou já se esqueceu que eu e o Harry fazemos questão de vir aqui em todas as férias! Pode não ter muito valor monetário... no entanto é o que você tem, e deveria ficar feliz por isso!
As orelhas de Rony ficaram vermelhas.
- Saiam da frente! – Draco fez um gesto frenético com uma mão enquanto a outra estava ocupada com as malas – Eu nunca pensei que um dia me hospedaria na famosa Casa dos Weasley, é melhor eu me apressar antes que seja expulso...
Gina o fitou incrédula e fez um gesto que só podia significar que Draco estava louco.
- Afastem-se! – falou Rony com elegância –
Moveon Opelitarius!
A porta de uma madeira rústica abriu lentamente fazendo um suave rangido. E parou quando já dava para ver um grande corredor, que para a direita saía na cozinha e para a esquerda dava na sala dos Weasley.
- É bom saber qual feitiço deve ser usado para entrar na sua casa – falou Draco num tom esperto.
- Então eu te aconselho a nunca tentar isso – advertiu Gina com um sorriso no canto da boca – Porque você vai se arrepender profundamente de não ter sido inteligente a ponto de não pensar nisso. Se a voz da pessoa não corresponder com alguém da nossa família, acontecem coisas horríveis como torturas medievais – ela olhou seriamente para Draco que estava com olhos arregalados – Foi papai que me contou!

**  **

Gina estava saindo de seu quarto, já havia colocado todas as suas coisas em ordem e revisto seus pertences mais carinhosos: como o abajur dançante que ela ganhou de uma tia, sua cama inconfundível e macia, assim como vários objetos mágicos que ela adorava e que enfeitavam seu quarto dando um toque “Gina” à decoração.
Gina estava descendo a escada, para ver se alguém precisava de ajuda com as malas ou para achar um quarto. Mas a escada era circular, como haviam muitos andares, eram degraus compridos, e nas curvas não dava para ver se tinha alguma pessoa vindo na direção contrária. Por esta razão Draco, com seu malão de Hogwarts se esbarrou com ela quando estavam praticamente no início da escada.
Ainda gemendo de dor, os dois viram o malão de Draco se espatifar no chão, derrubando algumas roupas.
- Droga! – ele praguejou – Você deveria tomar mais cuidado!
- Oh, - disse Gina, levando as mãos à boca – me desculpe, olhe o estrago que eu causei!
Gina abaixou-se para pegar as coisas de Draco e guardar de novo na mala, quando o próprio tomou a mesma atitude e eles ficaram se entreolhando paralisados:
- É impressão minha ou a gente está tropeçando mutuamente? – ele disse num tom curioso puxando uma calça e guardando-a novamente.
- Eu estava com pressa, queria saber se o Harry precisa de ajuda ou as meninas – falou Gina num tom suave.
- Bem, pelo menos eles têm o Rony lá embaixo – garantiu Draco – Mas eu realmente preciso que você me ajude a encontrar meu quarto.
- Claro! – disse ela desviando para que Draco subisse os últimos degraus na escada. Ela apanhou uma camiseta que ele havia esquecido no chão – Mas não posso dizer o mesmo sobre o tom dessa camiseta. Francamente, rosa! Não combina com o seu tom de pele...
- O que é isso? – Draco perguntou com um tom de voz desconfiado, e examinou a camiseta – Eu detesto rosa, talvez tenham misturado as minhas roupas com as da Hermione... aquele Potter sacana, ele vai ver!
- De qualquer modo fique com ela, depois você devolve pra Hermione – disse Gina tentando soar leve – Você está naquele quarto!
Era uma porta alta e com alguns detalhes em seu acabamento, ficava em frente ao quarto de Gina com uma pequena distância que os separava. Draco leu em uma placa daquelas de automóveis escrito Carlinhos, provavelmente influência do pai, pensou.
O antigo quarto de Carlinhos possuía uma escrivaninha, uma cama de casal ao centro e a sua frente no chão um tapete que Draco supôs ser pelôs de dragão, de uma raça muito rara cujo pelô era grande e extremamente relaxante. No canto um armário, e a janela com cortinas simples e curtas, num tom azul marinho.
Não havia muitas características que um dia Carlinhos morou ali, praticamente todas as coisas dele já haviam sido levadas embora, para o acampamento de pesquisadores de que o irmão mais velho dos Weasley fazia parte.
- Por favor, não mexa em nada – pediu Gina se sentindo meio maternal – Os cobertores estão no armário, se você quiser tem o suficiente lá. E... ah! Eu sei que você não deve estar muito acostumado, mas nem me peça para fazer sua cama, aqui cada um é responsável por sua parte!
Draco depositou sua bagagem do lado da escrivaninha e olhou firmemente para Gina:
- Eu não pretendia dormir a esta hora da tarde... – ele deu de ombros – Só mais uma coisa, se vocês não me acharam daqui a três dias podem chamar a equipe de resgate, porque definitivamente eu vou estar perdido em algum desses andares!
- Tá bom – disse prontamente, e voltou-se com uma expressão divertida – Jogue a camiseta! Eu detestaria te ver de rosa...

**   **
- Harry? – disse Tathy hesitante e entrou num quarto que estava no segundo andar da casa, sem ela saber aquele quarto pertencia a Gui.
Harry estava polindo sua Firebolt, com um Estojo para manutenção de vassouras, igual ao que Hermione lhe dera de presente de aniversário no terceiro ano. Só não era o mesmo, porque Harry já havia gastado todo o líquido e a tesoura prateada de aparar cerdas estava completamente gasta, a pequena bússola e o manual Harry havia dado a Rony.
Ele levantou sua cabeça.
- Eu posso entrar? – o garoto confirmou com a cabeça e Tathy afundou ao sentar na cama de Gui.
Ela ficou observando o cuidado com que Harry tratava sua vassoura, como se fosse um tesouro muito preciso, mais do que isso, como se fosse uma amiga inseparável. Tathy correu seus olhos em volta do cômodo, aquela casa realmente era intrigante, nenhuma casa de bruxos se comparava aquela em termos de formato e até de criatividade. Porém os quartos pareiam mais normais.
Gui tinha uma cama de solteiro que ficava ao lado da parede, uma janela bem ampla que quase ocupava um espaço inteiro da parede. Na escrivaninha havia objetos como bisbilhoscópio, miniaturas de caldeirões e muitos papéis numa pilha.
Harry estava sentado perto do guarda-roupa, e logo ali havia uma almofada grande e com um aspecto muito atraente.
Harry parecia concentrado no que estava fazendo, Tathy agradeceu por isso. Assim poderia olhar continuamente para ele sem desviar a atenção e disfarçar.
Ela percebeu que mesmo que por alguns momentos no carro em que Harry tivesse deixado de lado seus problemas, ele não conseguia fazer isto por muito tempo.
Ele é corajoso, determinado pensou decidida Não será capaz de afastar seus pensamentos do problema enquanto não o tenha resolvido.
- O que te preocupa? – falou em tom solidário ao mesmo tempo em que admirava o jeito de Harry cada vez mais.
- Eu não quero por vocês em risco – argumentou tentando soar terminantemente convencido – e eu sei que isto já está acontecendo há tempos. Mesmo que eu não permita que Voldemort cause qualquer mal aos meus amigos, isto não é nenhuma garantia de que vocês estão a salvo.
- Harry, preste atenção – ela olhou profundamente nos olhos dele – Só pelo fato de sermos seus amigos nós já corremos perigo, não importa se estamos envolvidos diretamente nisso ou não. No entanto a gente pode fazer alguma coisa ao invés de ficar de braços cruzados esperando que você faça tudo sozinho largado à própria sorte! Ninguém jamais faria isto, mesmo que você implorasse...
- Você está certa – ele sorriu e sentou do lado de Tathy – Mas eu andei pensando que poderia sair escondido à noite e ir atrás de Voldemort – os olhos verdes de Harry lampejaram com alguma coisa que traduzia uma objetiva resolução – Se eles não soubessem não poderiam interferir. E com a metade do talismã eu poderia duelar com as mesmas condições que Voldemort, e ninguém aqui precisaria se expor a tamanho perigo. Mas eu preciso confiar que você não vai contar nada disso a eles?
- Você ficou maluco? – replicou Tathy perplexa – Eu nunca te deixaria fazer uma besteira dessas, Harry! Me prometa que não vai mais pensar nisso... seria como decretar sua sentença de morte, e junto com você milhões de pessoas inocentes também morreriam – ela fez uma pausa – Me prometa!
- Seria uma atitude muito idiota mesmo... – admitiu – Não precisa ficar me olhando com essa cara suspeita, eu já desisti e pronto!
Tathy amenizou sua expressão e pegou carinhosamente numa mão de Harry e ficou brincando com ela enquanto dizia:
- Na verdade eu vim te perguntar aonde eu posso dormir, porque todos simplesmente sumiram e eu não sei onde ficar!
- A política da casa é liberal, e ainda mais sem o pai e a mãe do Rony por perto, você pode dormir comigo se quiser! – sugeriu Harry e ao ver o olhar de reprovação de Tathy acrescentou rindo – Ok, foi só uma brincadeirinha! Cadê a sua mala?
- Está no corredor.
- Hermione está no quarto de Percy que fica no terceiro andar, um abaixo do quarto de Rony. Você quer ficar perto dela?
- Eu não quero tirar a privacidade da Hermione! – disse – Eu acho que poderia ficar no quarto aqui em frente, isto é, se não estiver ocupado ainda?
- Não – confirmou Harry e levantando-se se dirigiu a porta – É o quarto de Fred e Jorge, mas seja cautelosa e principalmente não se interesse por coisas que parecem ser diferentes. A última vez que meu primo fez isto, engoliu um caramelo incha-língua e... foi muito engraçado vê-lo daquele jeito.
- Harry! – replicou Tathy com a voz aguda – Às vezes você me assusta falando esse tipo de coisa... – ela sorriu – Se por acaso alguns desses acidentes acontecer comigo, saiba que eu não vou pensar duas vezes antes de entrar por esta porta, e se você ficar rindo da minha cara eu...
- Você? – falou com um tom de curiosidade.
- Nem queira descobrir – falou.
- Uau! Eu tenho a impressão que está conversa está ficando muito perigosa pra mim...

**   **

A tarde passou tão rápido que eles nem se deram conta de quantas horas levaram para organizar toda a bagunça da viagem. No entanto não foi algo desgastante e entedioso, Harry duvidara que alguma coisa que fosse feita na Toca poderia ser chata. Estavam todos tão empenhados com seus afazeres que quando perceberam, o céu estava escuro pontilhado por muitas estrelas.
Era uma noite úmida e fresca, dava para ouvir os mosquitos passeando por dentro e por fora da casa, e no quintal as corujas piavam, Errol e Hermes não com tanta energia que Edwiges, Pichitinho e a corujinha de Draco, que por incrível que pareça ainda não havia ganhado um nome.
A Lua com seu prateado leitoso, iluminava a região, dando um toque de uma noite misteriosa.
Embora nem um deles estivesse pensando nisso neste momento, quando Harry desceu as escadas todos já estavam reunidos na sala, alguns sentados no chão e outros nas poltronas. Harry notou que eles passavam um pacote cheio de sapinhos de chocolate, ele pulou alguns centímetros para trás quando viu o maior saco de doces da sua vida, era gigantesco!
- Aceita? – ofereceu Rony com a voz modificada porque sua boca estava cheia.
Harry não hesitou, se reuniu a eles e também começou a comer.
- Nós estávamos comentando como Draco ficaria com uma camiseta rosa – explicou Hermione.
- Por acaso o Malfoy tem uma camiseta rosa? – perguntou Harry em tom de deboche.
- É óbvio que não – se defendeu amargurado – Inexplicavelmente ela apareceu na minha mala hoje! Eu já fui acusado por muitas coisas na minha vida, mas esta é a primeira vez que me chamam de Interceptador de Camisetas Rosas!
- Para tudo há uma primeira vez... – falou Rony ignorando a imensa irritação de Draco – E geralmente as coisas inexplicáveis acontecem porque apenas tinham de acontecer! E se formos levar em consideração esse raciocínio, quer dizer que o seu destino é algo que envolva camisetas lindas e
rosinhas!
- Você é um mau caráter, Malfoy! – falou Hermione sarcasticamente – Roubou minha camiseta inocente...
- Teoricamente essa camiseta não combina com o Draco! – falou Gina num tom fatal – O tom é muito claro, e só o faz parecer um sorvete de morango misturado com sorvete de creme!
- Obrigado... hã... pelo apoio moral – disse Draco confuso.
- Certo, se isto partisse do Draco não seria estranho de modo algum – disse Tathy num tom definitivo, e Draco lhe lançou fulminante – Mas agora eu queria falar sobre algo importante, e sem comentários sarcásticos, por favor!
- Tudo bem – assentiu Gina – Prometo que vamos colaborar!
- A Quarta Maldição também serve como um imã que atrai Tom Riddle até nós – disse Tathy examinando reflexiva o objeto que segurava em sua mão – Em qualquer lugar que a gente estiver no mundo ele pode nos encontrar, não é? Eu estive pensando hoje de tarde, será que a outra parte não nos leva até o próprio Lord das Trevas?
- Eu não sei, mas suponho que isto só funcione quando ele queira nos encontrar. E não o contrário – disse Harry.
- Na biblioteca da minha casa há estantes cheias de livros grossos que ensinam feitiços de localização e as enumeras possibilidades de alguém que aprisionou a essência de uma pessoa ser achado – falou Draco sem energia – E se vocês querem saber, a metade do talismã só vai ser atraída para Voldemort se ele desejar que a gente o encontre... o que seria o mesmo que acreditar que ele nos convidaria para um chá depois.
Quando Draco mencionou a biblioteca da Mansão Malfoy, Gina se distraiu por alguns minutos imaginando uma sala extensa onde entrasse pouca luz e o ar fosse escasso. A paisagem tinha um tom bege, como se estivesse permanentemente no outono. Grandes colunas de estantes que chegavam quase ao teto e milhares de livros. Livros com uma espessura grossa e uma aparência horrenda. A maioria teria capa negra, e alguns gritavam assim como aqueles da seção proibida de Hogwarts. Haviam outros que poderiam desgraçar a vida de alguém e até mesmo mutilar quem se atrevesse a chegar muito perto. Gina fantasiou a quantidade de Magia Negra que estaria escrita ali, e levou um arrepio que a fez voltar a realidade e perceber que estava tendo uma imaginação fértil demais, talvez a Mansão Malfoy não fosse tão parecida com um filme de terror. 
- Isto quer dizer que estamos em uma extraordinária desvantagem – a voz de Hermione interrompeu a linha de pensamento de Gina – Isso é muito ruim, péssimo.
- Mas teve uma coisa que eu não entendi – disse Rony confuso – Porquê iríamos facilitar as coisas para Você-Sabe-Quem indo simplesmente ao encontro dele?
- Verdade – Hermione apoiou – Não faria sentido... faria?
- É provável que Tom Riddle já saiba que estamos com a posse do talismã, porque não foi somente por cometer torturas e atrocidades que ele é chamado de Lord das Trevas – cada sílaba que Tathy pronunciou foi de certo modo tenebrosa – Tom, é muito esperto e ele já demonstrou o quanto ele quer o talismã, e quando alguém tão diabólico quanto ele põe algo na cabeça todos que estejam cruzando o caminho dos objetivos dele correm perigo mortal.
- E se essa for a minha única chance de ser salvo? – perguntou Harry com a coragem transparecendo na voz – Eu sei que é uma arma extremamente poderosa, e eu posso controla-la. Confiem em mim, nada vai acontecer enquanto estivermos com o talismã, ele pode ser a nossa única forma de se proteger.
Tathy balançou sua cabeça negativamente. Ela estava extremamente séria, e também um pouco furiosa. Ninguém se arriscava dizer uma palavra sequer, a atmosfera estava tensa demais para alguém sugerir algo que seria em sua maior parte um tiro no escuro do que uma ajuda.
- Olhe, eu não sei exatamente com o quê estamos lidando. Mas o pouco que eu sei já é o bastante para ficar chocado com essa Maldição, é realmente horrível – disse Tathy em sussurros sem nem ao menos piscar – O próprio Lord das Trevas poderia ser destruído pelo talismã e o Harry também. E se isto cair em mãos erradas, e se esse bruxo for esperto o suficiente para roubar todos os poderes e a vitalidade de vocês dois, ele poderia.
- Este objeto é maligno – argumentou Rony – E seria imprudente continuarmos com ele, é um instrumento cruel que tem poderes muito, muito terríveis. Então, não é melhor a gente voltar pra Hogwarts e entregar isto a Dumbledore? – propôs com demasiada urgência.
- Porquê? – replicou Harry – Só atrapalharia nossos planos! Nós temos que ir em frente, Dumbledore não pode fazer nada além do que já faz.
- Estamos lidando com Magia Negra extremamente forte – interviu Hermione tentando fazer Harry voltar à razão – Eu consigo sentir magia negra espalhada por todo esse objeto, não é uma sensação muito boa. Eu sentia a mesma coisa em Hogwarts no segundo ano, e havia um basilisco enfeitiçado por Você-Sabe-Quem tentando matar trouxas. O que quer que isso signifique, é algo realmente péssimo!
- Harry, e se você tiver que fazer algum sacrifício por ter sido teimoso e não ter escutado os nossos conselhos – advertiu Rony com a voz trêmula – E se o preço a ser pago acaba sendo a vida de algum de nós. Eu não sei qual é a sua opinião, mas eu não suportaria...
- Ponha a cabeça no lugar – suplicou Hermione – Talvez seria uma boa idéia o Dumbledore ficar com este talismã, ele sabe mais do que a gente qual atitude tomar. De qualquer forma, se o intuito de Você-Sabe-Quem é chegar perto de você, este talismã só serve como um rastreador, e você deveria tentar se manter longe dele.
- De jeito nenhum! – protestou Tathy – Essa sua proposta tem três erros. Primeiro que Dumbledore poderia morrer num encontro desses, o que teria uma conseqüência que nos levaria ao segundo erro. Com as duas metades do talismã Tom Riddle poderia finalizar a Maldição, não importa onde Harry estivesse. E o terceiro é que se realmente queremos destruí-lo é necessário que ele esteja conosco.
Definitivamente os argumentos de Tathy pesaram mais para Harry. Ele não podia deixar toda a responsabilidade em cima de Dumbledore, e se ele acabasse morrendo... Os olhos verdes de Harry estavam determinados, e possuíam a ousadia que só Harry poderia ter em todo o mundo.
- Eu não vou fugir – disse com vigor – E vocês nem sabem se o talismã é algo que atraía Voldemort diretamente pra mim, desse jeito tão eficaz, tão fulminante. Eu não posso evitar a magia que ele causa, mas se eu puder evitar que a Maldição se cumpra, eu vou lutar até o fim – agora Harry havia soado como só ele seria capaz em alguma situação difícil.
- E com isso, o que você pretende fazer? – perguntou Gina um tanto preocupada.
- Eu não sei – admitiu Harry e percebeu que os outros o encaravam com expressões peculiares – Ok, eu não deveria ter dito isso, porque toda a minha confiança se transformou em nada, não é?
Hermione deu um sorriso maroto, enquanto Rony fez que sim com um gesto.
- Fora isso, a sua convicção causou impacto – animou Gina num tom divertido – E eu gostei da parte que você não desiste de lutar, combina com você.
- Você foi bem convincente, estava obviamente decidido – reforçou Tathy sorrindo maliciosamente.
- E mesmo que você seja meio indeciso eu vou te apoiar em qualquer decisão, Potter – afirmou Draco.
- Eu ainda acho que tenho que pensar mais um pouco – disse Harry sempre graça.
- Pegue um sapo de chocolate! – ofereceu Rony esticando a mão para o amigo – Eles ativam o cérebro!
Quando Harry fez menção de pegar o doce na mão de Rony, o sapo deu um salto enorme e saiu pulando até a janela, onde desapareceu.
- De quem é essa teoria? – Harry sorriu de si próprio – Sua?

                                            
                                     
***** Harry Dormindo*****


Ele estava em algum lugar escuro, seus óculos faziam muita falta porque neste exato momento Harry não estava enxergando nada. Como se tivessem obedecido a seus pensamentos a imagem começou a focar.
Era uma floresta muito familiar para Harry, embora ele não conseguisse se lembrar. Estava de noite e só havia a pequena luz da varinha de dois bruxos, encapuzados com vestes pretas. Um alto e estranhamente magro, e o outro com suas botas pretas estava recolhido e atento.
Harry sentiu um frio repentino e se apoiou em uma pedra, foi aí que reconheceu. Era a floresta de Godric´s Hollow, ele ergueu a cabeça rapidamente. Harry estava assustado com a hipótese que se confirmou assim que o homem mais alto virou o rosto. Era Voldemort seguido de Rabicho.
Eles pareciam estar procurando algo, e a Harry notou que sua presença era invisível para eles.
Além da primeira onda de frio, Harry sentiu a força que emanava de Voldemort. Ele duvidou que isto representava o enorme poder do Lord das Trevas, e achou que era algo mais parecido com ódio e sede de vingança.
- Desgraça! – praguejou Voldemort encrespando seus lábios – Aquele moleque conseguiu escapar mais uma vez!
Ele estava completamente fora de si, com ira arrancou uma flor que em poucos segundos secou e caiu sem pétalas no chão.
- Calma, milorde! – disse Rabicho numa voz vacilante – Nós o encontraremos, eu o encontrarei para o senhor, eu prometo, eu vou vencer este obstáculo e colocar Harry Potter diante de milorde...
- Cale-se! – mandou numa voz fria e Pedro estremeceu quando Voldemort levantou sua mão – Eu já estou cansado de incompetentes a minha volta. É esse tipo de pessoa, covarde e inútil que eu irei eliminar primeiro, quando recuperar todos os meus poderes.
- N... não – a voz de Pedro saiu aterrorizadora, e um tanto rouca – O senhor não vai... me matar, não é? Sou o seu servo mais leal, milorde, eu ainda posso ser útil aos seus planos.
- Rabicho, isto não cabe a você decidir, quem toma as providências aqui sou eu – Voldemort deu a habitual gargalhada, que era vazia, sem sentimento – Por enquanto eu não teria nenhuma vantagem em mata-lo, você está com o braço que eu lhe dei de presente, totalmente desnecessário.
- E eu lhe agradeço muito pela confiança, senhor – disse com uma nota de pânico.
Ele é mesmo um grande imbecil, pensou Harry olhando com nojo para Rabicho, Desde quando Voldemort confia em alguém?
Silêncio, Harry percebeu que algo deslizava próxima a sua perna, e olhou para Nagini, a cobra de estimação do Lord das Trevas.
Cautelosamente Harry desviou do trajeto da cobra, sem se dar conta que ninguém podia vê-lo.  
- Nagini, que noticias você traz? – perguntou acariciando a cobra.
Pela expressão de Pedro Pettigrew, Harry constatou que Voldemort falava na língua das cobras.
- Nenhum vestígio do garoto Potter – respondeu entre silvos – Eu estou com fome, adoraria tê-lo devorado...
- Nagini, você é sempre traiçoeira, eu admiro isso – falou secamente e lançou um olhar de desprezo a Rabicho – Minha ajudante mais eficaz.
Desta vez, Rabicho não teve como se defender porque simplesmente não estava entendendo nada.
Inesperadamente Voldemort andou alguns passos se distanciando da cobra que içou sua cabeça asquerosa e triangular.
Ele arrancou com força a outra metade tão cobiçada do talismã, e olhou com cólera para o objeto. Harry viu os dedos longos e com machucados lívidos, ele ainda sustentava aquela aparência fúnebre. Os olhos de Voldemort queimavam em chamas vermelhas:
- Maldito! – falou com aspereza – Eu poderia ressurgir a qualquer momento, agora que Harry Potter achou a outra parte antes de mim, eu deveria usa-la contra ele. No entanto é como um dispositivo que apaga subitamente, eu não consigo acompanha-lo em tempo real. Inferno!
E dizendo isso apontou sua varinha para uma árvore que explodiu, desaparecendo.
Rabicho estava prestes a desmaiar de tanto medo.
- Milorde, e se mudássemos o plano – sugeriu hesitante – Talvez raptando alguma pessoa que o Potter goste, tenho certeza que ele viria correndo! – Harry fechou o punho com esse comentário de Rabicho, ele nunca permitiria.
- Se? – murmurou a voz cortante de Voldemort – Se você mostrar que é digno de uma tarefa tão importante quanto esta, eu posso considerar a idéia. Mas por enquanto fique atento, e trabalhe mais e fale menos!
A raiva de Voldemort explodiu, e era tão grande que Harry pode senti-la com a mesma intensidade latejando em sua cicatriz. Ardia profundamente e Harry ficou cego, e depois de algum tempo como se estivesse viajando ele ficou inconsciente.

- Harry! Harry! O quê houve?
Alguém o segurava pelos ombros e o sacudia fortemente. Havia uma voz suplicante que o chamava, de um lugar bem distante, e a mão dessa pessoa puxava seus braços. Harry tirou seus braços de perto do dela, e sentindo um alívio na dor em sua cicatriz, acordou assustado.
Sua respiração era de alguém que havia corrido uma maratona, ele fazia esforço para o ar chegar em seus pulmões. Havia acabado de ter mais um pesadelo, vívido.
Quando ele recuperou a consciência, viu Tathy parada com uma expressão de puro terror.

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