Capítulo 7 - A Luz atrai para as Trevas
- Harry… você está bem? – ele percebeu que Tathy soou horrorizada.
Harry olhou a sua volta, a porta de seu quarto estava semiaberta, as cortinas balançavam com a força do vento, e dava para ouvir a fúria da ventania transmitida nos barulhos que ela fazia, como uma canção devastadora. Harry havia esquecido de fechar a janela, provavelmente uma tempestade se aproximava.
Ele estava totalmente embolado em seus cobertores, quase caindo da cama, e Tathy estava sentada ali ainda o encarando.
- Eu não sei... – disse atordoado levantando e encostando-se à cama.
- Você estava berrando, e murmurava algumas frases sem sentido – Tathy falou vacilante – Eu pensei que alguém estava aqui tentando te matar.
- Não – Harry falou vagarosamente recuperando a memória – Eu tive um pesadelo com Voldemort, só que desta vez foi pior. Foi como se ele estivesse aqui realmente, como se ele transmitisse a raiva dele pra mim! – Harry parou passando a mão pela cicatriz dolorida – Alguma ligação mais forte, como se ele conseguisse me matar aos poucos.
Tathy franziu as sobrancelhas, ela estava prestes a chorar.
- Harry, eu tenho tanto medo que algo ruim aconteça com você... – ele fez um esforço para entender o que Tathy disse, porque ela colocou a mão sobre a boca – Eu não sei o que eu faria, eu estou tão confusa...
Ele se sentiu meio culpado por isso, o que havia se passado pela cabeça dele para contar tudo o que tinha sentido durante o sono. Harry jamais contou tudo o que se passava com ele pra ninguém, até mesmo para Rony e Hermione que eram seus melhores amigos, ele não contava absolutamente tudo. É óbvio que sonhar com o Lord das Trevas não é algo comum, e menos ainda acordar berrando de dor, isto já assustaria muitos bruxos. E ele ainda tinha que dizer que sentia que Voldemort estava matando-o aos poucos? Não foi prudente da parte dele, e é claro que Tathy entraria em pânico.
- Não se preocupe – sussurrou abraçando ela – Eu não vou deixar que nada de mal aconteça, olhe pra mim, eu estou bem!
Ela olhou para Harry com os olhos verdes cheios de lágrimas, mas ainda tinham uma expressão firme:
- Eu não quero te perder – falou sinceramente – Jure que você não vai esconder nada de mim? E que vai sobreviver, por favor!
- É claro – ela pegou nas mãos dela como se quisesse anima-la – Deixe pra lá, eu acho que esse sonho não teve importância, talvez foi um delírio.
- E eu estou começando a ter uma idéia e não estou gostando dos meus pressentimentos – ela falou – Eu acho que esses pesadelos significam que está ficando cada vez mais perto o dia de você e o Riddle se enfrentarem definitivamente.
- Se estiver, eu vou estar preparado – Harry garantiu com um tom de determinação.
Ela fitou Harry, ele estava muito seguro de si. E ele tinha razão, se existia alguém na face da Terra que poderia vencer Voldemort, esse alguém seria ele. Porém isto não fazia Tathy se sentir menos preocupada neste momento:
- Eu vou chamar o Rony e a Hermione – sugeriu Tathy levantando rapidamente.
- Não incomode eles! – disse Harry puxando-a pela mão – Isso só faria eu me sentir duplamente culpado.
- Por quê? – perguntou intrigada.
- Primeiro porque eu preocuparia mais duas pessoas com os meus problemas, e segundo – Harry sorriu com uma expressão travessa – eu definitivamente odiaria atrapalhar um encontro dos dois à noite!
- Harry! – exclamou Tathy com a voz esganiçada – Francamente, você ainda tem cabeça pra pensar nesse tipo de coisa! E os seus argumentos não me convenceram...
- Vamos ser realistas – insistiu – isto seria bem possível.
Ela sorriu.
- Eu ainda acho que devo chamá-los – falou seriamente – Isto não é o tipo de coisa que não devemos dar importância.
Harry olhou fixamente para o chão, desde do primeiro momento segurava a mão dela. Depois de alguns instantes em reflexão ele olhou profundamente nos olhos de Tathy:
- Só fique aqui comigo – pediu suavemente – Isto já basta pra mim.
Ela lançou um olhar imparcial a Harry, e relutante concordou com a proposta dele.
Eles ficaram em silêncio, talvez porque tudo que havia acontecido precisasse de um tempo para se digerido.
E Tathy travava uma batalha contra seus impulsos, porque seus pensamentos se desviaram totalmente dos sonhos ruins de Harry, para o fato do coração dela estar batendo com mais força do que o normal.
Harry contemplou Tathy sentada na cama, ela olhava fixamente para a noite que entrava no quarto pela janela. Ele encostou a cabeça no travesseiro deitando novamente.
Harry não podia deixar de sentir uma pontinha de aflição por sua ligação com Voldemort provocar efeitos colaterais tão próximos da realidade, isto o incomodava.
Harry fechou os olhos e sentiu a mão delicada de Tathy junto à dele. Por alguma razão inexplicável ele sentia que segurar a mão dela era uma sensação tão boa.
Na verdade, Harry pensou, a simples presença dela me deixa feliz!
E ele demorou mais algum tempo sonhando enquanto sentia que Tathy estava perto dele e segurava sua mão.
- Está doendo? – Tathy soou um tanto protetora.
- Antes doía mais – Harry respondeu abrindo os olhos – Ainda minha cicatriz está dolorida, fora isso acho que está tudo bem.
- O quê exatamente você sonhou? – ela lançou um olhar de maior atenção a Harry.
- Eu sonhei que Voldemort estava no mesmo lugar que a gente naquela madrugada que eu fui te procurar, e ele havia ido para... digamos, acabar comigo de uma vez por todas. Mas ele chegou tarde demais, e parece não ter aceitado isto nada bem... então ele se zangou e explodiu de raiva, o que fez minha cicatriz arder e quando eu acordei você estava aqui – falou e depois mudou de assunto – Sabe o que eu percebi? Que você não se importa que falem Voldemort na sua frente, quero dizer, se fosse o Rony ele já teria ameaçado a me transformar num sapo sem olhos.
- Uma coisa que Dumbledore me ensinou foi, se a alguém tem que enfrentar e vencer um desafio, primeiro é necessário esquecer o medo e se a gente fica evitando falar o nome de Voldemort, o nosso medo só aumenta – disse categoricamente.
Sobre o sonho de Harry, Tathy não saberia dizer se ele havia dito a verdade, ou pelo menos parte dela. Estava escuro demais, e por isso ela não conseguia ler nos olhos dele o que estava acontecendo. E ela preferia desviar o olhar de Harry, porque isto fazia ela sentir algumas pulsações esquisitas.
- O que tem de tão interessante nessa janela que você não desgruda os olhos dali? – perguntou Harry indignado, indo até o parapeito e arrastando Tathy com ele.
- Você está com ciúmes da janela? – Tathy riu da expressão dele.
- Deixe-me ver... – disse num tom misterioso – É, estou! Porque algo que tira sua atenção de mim, me deixa profundamente irritado...
- Harry, seu bobo! – ela disse sem graça – Continue assim e você realmente vai me impressionar.
Tathy se debruçou na janela e os dois ficaram contemplando as estrelas por poucos instantes, eles não sabiam o que dizer, só sabiam que queriam ficar do jeito que estavam, mesmo que isto não fosse uma grande coisa a se fazer.
- Bom, estou morrendo de sono – disse Tathy com um bocejo – Acho melhor eu ir dormir...
- Essa não é a melhor coisa para se dizer... – protestou Harry.
Na mesma hora eles ouviram um barulho vindo da porta, como se alguém tivesse acabado de fecha-la. Mas quando olharam rapidamente não havia ninguém, então resolveram esquecer essa hipótese.
- É sério – Tathy sorriu – Aposto que você odiaria me carregar até o quarto, então deixe-me fazer isso enquanto o sono não tomou conta de mim! - ela virou a e caminhou em direção a porta.
- Espere! – chamou Harry urgente e a segurou pelo braço – Por favor, não conte isso aos outros, eu sei que você que precisa, mas... só me atrapalharia ter que encarar Rony e Hermione com a mesma expressão que você está agora, como se estivesse chocada e totalmente com medo.
- Como você é prepotente! – disse irritada – Eu não estou olhando chocada pra você, e não estou agindo como se você estivesse sendo perseguido por um grupo de terroristas, na verdade Voldemort é bem pior do que isso...
- Você não está ajudando... – Harry ergueu as sobrancelhas.
- Ok – ela interrompeu a seqüência da sua frase e continuou mais calma – Voldemort é mortalmente perigoso e falando teoricamente você é o principal alvo dele e, isso é perfeitamente normal para qualquer um.
- Eu sempre sei a coisa certa a se dizer, não é? – falou Harry num tom decepcionado – Tudo bem, eu concordo que Voldemort não é nem uma fadinha legal, e eu acredito em você quando você disse que não olha pra mim como se eu tivesse uma bomba presa ao meu corpo.
- Harry, eu só quero te proteger, mesmo que você pense que não precisa da minha proteção, ainda sim eu sempre vou estar aqui – Tathy soou evocativa e depois sorriu – Não se preocupe, eu não contarei nada pra eles. Eu preciso ir.
- Não! – Harry repetiu enquanto eles se davam conta do quanto eles estavam próximos, porque agora Harry conseguia olhar tão profundamente nos olhos de Tathy que se ele estivesse longe, não teria o mesmo efeito – Eu ainda quero te dizer uma última coisa.
- Está frase sempre me causa arrepios... eu nunca sei o que você poderá fazer – Tathy disse num tom divertido, embora com uma nota de insegurança.
- É sério... – pediu Harry numa doce repreensão – Confie em mim, eu não do tipo que deixa as loucuras para o final.
- Então, o quê é? – Tathy perguntou suavemente intrigada.
Ela estava parada a poucos centímetros do rosto dele, ambos tinham plena consciência disso. Sem perceber eles estavam agindo como se namorassem há tempos, como se tivessem todos os assuntos para conversar um com o outro, e como se não pudessem evitar que a fala saísse num sussurro delicado.
De repente os dois se deram conta do quê estava acontecendo, e ficaram sem graça se entreolhando com olhares de desentendimento. Mesmo que quisesse Harry, não poderia responder imediatamente a pergunta de Tathy, seria impossível formular pensamentos coerentes.
Foi como se um furacão estivesse passando por dentro deles, algo bom e ao mesmo tempo confuso. Uma atmosfera mágica e envolvente seguida de dúvidas e mistérios. Harry sentiu um incrível frio na barriga, ele olhou para os lábios de Tathy que tinham uma textura fina e sentiu uma grande vontade de beija-la.
Ela continuava parada, esperando que Harry fizesse qualquer coisa, beija-la ou simplesmente responder a pergunta, Tathy estava preparada para as duas opções e qualquer hesitação que pudesse ser percebida de sua parte não existia.
- Eu não te agradeci por ter... hum... me ajudado quando eu estava gritando! – falou Harry ligeiramente atordoado, desviando o olhar.
- Hã – murmurou intimamente desapontada – Não foi nada, eu acho que você faria o mesmo por mim, e não posso dizer que fiz algo espetacular como salvar sua vida.
- Acredite... de todas as formas você me salvou – Harry suspirou – E eu gosto da sua ajuda.
Tathy não respondeu. Harry disse que ela o havia salvado, mas Tathy se perguntou se existiria mais alguma oportunidade em que ela pudesse salva-lo, e se ela estaria presente.
Tathy se perguntou se Voldemort acabasse fracassando com o talismã, e se houvessem outros perigos ameaçando Harry, se ela estaria ali novamente lutando com ele. Tathy não tinha medo de morrer por causa de Voldemort, era medo de ter que morrer para salvar o Harry, porque se precisasse ela não hesitaria em morrer no lugar dele. Na verdade ela achava mais fácil morrer dele do que por ele. E se perguntou se um dia ainda estaria do lado de Harry para fazer o que eles não fizeram hoje, e se teria a chance de dizer que também gostava da presença dele, e ouvir a mesma resposta de que ele gostava da ajuda dela.
- Eu preciso ir – Tathy disse apressadamente e da porta desejou – Boa Noite.
- Boa noite – respondeu Harry olhando para ela da janela.

**   **

- Draco, você é um idiota! – gritou Gina subindo apressadamente as escadas.
- O quê deu nela? – perguntou Draco confuso.
- Acho que ela não gostou da parte que você disse que Harry estava estranho e tendo pesadelos à noite – Hermione falou calmamente dando uma mordida em sua torrada.
- Não – garantiu Rony – Ela deve ter ficado irritada porque você disse que ele estava ficando perigoso demais, e qualquer dia desses esses pesadelos o fariam acordar cheio de sangue!
- Merda! – crepitou Draco olhando para a escada – EU não tive a intenção de magoa-la, eu só queria que vocês soubessem o quê eu vi ontem.
- Realmente a sua intenção foi a melhor, mas a Gina parece não ter entendido direito – disse Hermione num tom veemente.
- Eu vou atrás dela – falou firmemente e no segundo seguinte subia as escadas correndo.
- Malfoy! – chamou Rony indignado – Eu não vou te deixar sozinho com a Gina... eu te proíbo de dar mais um passo – como Draco não ouviu uma palavra do que Rony havia dito, ele levantou  prontamente para segui-lo.
- Rony, não seja arbitrário! – disse Hermione terminantemente – Você quer manteiga?
- Hã... – exclamou Rony incrédulo – Nunca ninguém me disse uma coisa tão estranha quando eu pretendia proteger a minha irmã.
- Ótimo! – disse Hermione pegando nos ombros de Rony e o fazendo sentar novamente – Eu acho que é porque você nunca foi tão autoritário assim, e a estratégia da manteiga é infalível... portanto a sua resposta obrigatória é ficar aqui!
- Mas ela vai ficar no quarto sozinha com o Malfoy? – disse Rony como se quisesse levar Hermione a razão.
- Sim. Para ele se desculpar por ter falado mal do Harry... você não percebe? – respondeu com a voz esganiçada – Que o assunto principal será Harry Potter, e o Draco não vai fazer nada a ela debaixo do seu nariz.
- Eu não sei – disse Rony amargurado esmagando o pedaço de pão que segurava – Eu não gosto de imaginar que neste momento os dois estão conversando, e o Malfoy está tentando se fazer de bonzinho pra ela.
- Então não pense – mandou Hermione – Realmente a gente deve se preocupar mais com o Harry, por ele ter tido um pesadelo e por não querer contar isso pra nós. Hoje eu vou ter uma conversa séria com ele.

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- Gina! – disse Draco com esforço segurando a porta para que Gina não conseguisse fecha-la totalmente – Abra a porta, eu preciso falar com você.
- Não! – replicou enquanto usava toda a sua força do outro lado empurrando a porta – Você não precisa me explicar nada, eu entendi muito bem o que você quis dizer.
- Se você tivesse entendido, não estaria fugindo de mim como se eu estivesse planejando matar o seu namoradinho! – disse Draco.
- Eu quero ficar sozinha! – Gina falou num tom teimoso – E ele não é meu namoradinho!
- É sério... – insistiu Draco num tom de cansaço – Eu não vou deixar que você tire conclusões sobre mim sem eu ter o direito de me defender!
- Desculpe, mas eu já fiz isso – respondeu Gina magoada e isso transpareceu em sua voz.
Draco não iria deixar que ela pensasse que ele era um traidor, um inescrupuloso. Ela havia entendido tudo errado, Gina nem ao menos havia tentado compreender o quanto ruim foi para Draco admitir que Harry estava ficando estranho. Definitivamente ele não iria deixar Gina ficar braba com ele por tão pouco.
Ele empurrou a porta, que abriu bruscamente deixando Gina afastada uns trinta centímetros do lugar e olhando com uma expressão ao mesmo tempo horrorizada e zangada para o garoto.
- O quê você quer? – falou furiosa – Já não basta tudo o que você disse do Harry na sala!
- Fique calma – pediu Draco entrando e fechando a porta – Eu só quero falar com você como uma pessoa civilizada e espero que você não atire nenhum abajur em mim.
Ele disse isso porque Gina tinha acabado de pegar seu abajur e ameaçava jogar em cima do garoto.
- Ótimo - retorquiu Gina num tom irritado – Isso e a vontade incontrolável de arrancar a sua cabeça!
- Ok, não vamos transformar esta conversa num assassinato – Draco disse no mesmo tom de voz – Até porque isso é crime, e crime acaba levando a Azkaban, que acaba levando a dementadores, que acabam com você!
- Você é um babaca, Malfoy! – xingou Gina com raiva porque ele ainda conseguia ser irônico em horas como essa, e ela fazia muito esforço para não voltar a compartilhar dos comentários dele.
Gina virou de costas para Draco e apoiou as duas mãos na escrivaninha, olhando com uma expressão resoluta para o chão.
Draco sentou-se na cama, ele resolveu esperar até que Gina não estivesse tão nervosa. Sempre que Gina ouvia alguma coisa que ela não concordava e ainda mais sobre alguém que ela conhecia há muito tempo e sentia que gostava dessa pessoa realmente, é como se ela travasse. Gina achava que Draco estava absolutamente errado em relação a Harry, fazia tão pouco que ele o conhecia, e uma espécie de doença que a deixaria surda para qualquer coisa que Draco argumentasse tomou conta dela. Não importava o quê ele dissesse, Gina tinha uma opinião muito sólida sobre Harry, e ela estava definitivamente braba com Draco para aceitar sua defesa.
O Malfoy olhou para ela, que continuava na mesma posição, recusando-se a encara-lo. Ele levantou decidido, e puxou Gina pelo braço:
- Olhe pra mim! – ele a segurava tentando fazer com que Gina olhasse para cima – Por favor, eu não mentiria olhando nos seus olhos, confie em mim!
- Eu acho que você seria capaz de mentir olhando nos meus olhos, e eu não confio em você! – Draco percebeu que os olhos dela traduziam amargura e convicção.
- Eu sei que você não está aceitando nada bem a hipótese do Harry ter escondido algo importante de todos nós – ele provocou num tom firme – Mas isto é para provar que ele não é sempre o bom menino que tem o coração transparente, até mesmo ele que parece ser perfeito pode cometer erros, admita isso!
- Não – falou friamente olhando com vazio para os olhos de Draco – Por que eu devo ouvir você falar dele dessa maneira tão... tão hipócrita? Como se o Harry se revelasse um grande inescrupuloso.
- Você está certa, eu não sei nada sobre o Harry. E eu também não quis soar como se estivesse anunciando uma sentença de condenação contra ele – falou num tom mais ameno – Porém você não pode querer tirar toda a culpa dele...
- Eu não tenho palavras pra dizer o quanto você é sujo! – Gina batia levemente com as mãos cerradas no peito de Draco.
Mas os soquinhos de Gina não serviram para causar dor em Draco. É óbvio que ela estava indignada, no entanto Gina ficou tão empenhada em brigar com Draco que suas tentativas ficavam mais frustradas toda vez que ela batia com as suas mãos nele.
Draco, por sua vez, estava perplexo, ficou com os braços para cima e as sobrancelhas erguidas. Ele olhou para ela, e percebeu que Gina ficou diferente daquela forma, ela estava tão concentrada em soca-lo, isso a fazia ficar interessante. Um sorriso divertido nasceu na boca de Draco.
- Do quê você está rindo? – Gina perguntou num tom que misturava mal-humor e entretenimento. No entanto a atmosfera pesada já havia ido embora – Por acaso você me acha engraçada?
Ela voltou a jogar suas mãos contra Draco, e ele deu um sorriso.
- Espere! – ele disse num tom divertido impedindo que ela continuasse – Deste jeito você vai cansar de tanto me dar socos!
- Pode deixar que eu me encarrego desta parte... – ela disse num tom que dispensava o comentário dele – Você merece por ter me desiludido quanto à sinceridade do Harry, eu acreditava que ele nos contaria tudo por pior que fosse!
- Eu sinto muito...! – falou.
Gina suspirou entediada, soltando Draco de vez. Ela olhou com desprezo para o antebraço esquerdo de Draco, havia uma cicatriz comprida e funda, com uma forma indefinida, parecia apenas um risco.
- Como você ficou com esse troço? – ela pegou ligeiramente o braço de Draco e olhou sem interesse para a marca.
- Eu odeio ter que relembrar destes fatos dolorosos – ele lamentou enquanto Gina o fitava imparcialmente – Eu já trabalhei com dragões e tive um acidente com uma pesquisa sobre... patas.
- Ah, eu sempre imaginei que especialistas em dragões tinham cabelos queimados, a pele cheia de bolha e cheiravam couro derretido.
- Porquê? – Draco franziu a testa – Eu não posso ser um especialista em dragões, e ter o cabelo arrumado e cheirar bem ao mesmo tempo? – Gina fez uma careta.
- Você e o Harry não têm um pingo de bom senso, não é? – ela disse com desdém – E eu incluo Snape nessa lista.
- Eu vou embora... – Gina disse com veemência.
- Não vá! – Draco falou seriamente se colocando em frente à porta impedindo que Gina passasse.
- Saía da frente! – ela teimou rispidamente – Ou eu vou gritar!
- Sabe o quê torna as coisas mais difíceis? Sua enorme vontade em colaborar comigo – ele revirou os olhos – Eu não faço isto porque quero ser melhor do que o Harry e eu vou provar isto a você.
- Eu não acredito! Prove para você mesmo e depois tente me convencer...– Gina disse num tom agudo e começou a empurrar Draco desesperadamente.
Mas sem dúvidas ele era bem mais forte do que Gina, que além de ser menina e ter um ano a menos, ainda era frágil e delicada. Resultado é que o esforço dela não valeu pra nada, e Draco a encarava com uma expressão de aborrecimento. Gina parou extremamente irritada e soltou um gemido de raiva.
- Você vai me ouvir agora? – ele perguntou seriamente.
- Não... – respondeu terminantemente.
Draco olhou para Gina como se pensasse na melhor coisa a se fazer numa hora dessas, a situação era crítica. Ele não iria deixar que ela fosse embora daquele jeito, teimosamente convencida que tudo que ele fazia era para incriminar Harry, uma idéia totalmente errada.
Ele iria provar isto a ela. Draco lançou um olhar preocupado a Gina, que o encarava com uma expressão neutra. Sem pensar duas vezes em outra solução, ele puxou Gina e a beijou.
No começo ele pensou que havia dado certo, pois ela se entregou ao beijo, esquecendo de qualquer coisa, até mesmo de brigar com Draco.
Por poucos instantes em que eles se beijaram, Draco não pensou na hipótese do Rony entrar no quarto e ver Gina nos braços dele. Se Rony soubesse o que estava acontecendo ele ficaria furioso. Gina sentia Draco beijando-a, ambos tinham plena consciência do que estavam fazendo.
Até que ela ficou imóvel como uma estátua e seus braços empurraram Draco fazendo ele se afastar.
- Droga! – Gina crepitou – Você não consegue se controlar?
- Você acabou de estragar toda a minha magia – falou soturno.
- Se lembra quando eu disse que não iria te beijar mais? – disse num tom zangado – Eu estava falando sério.
- Não precisa se sentir tão culpada – Draco afirmou fitando-a com seus olhos cinzentos – Fui eu quem te beijei.
- Aonde você quer chegar com essa teoria barata? – Gina estava fora de si – Não importa se você me beijou, o resultado é o mesmo! E de todo o modo eu não queria fazer isso de novo.
Draco suspirou exausto. Este era o momento ideal para confessar a Gina, se ele não fizesse isso agora talvez nunca tivesse outra oportunidade. Ele pegou delicadamente no queixo dela e quando os olhos de Gina encontraram os dele, Draco conseguiu ver através dos sentimentos de Gina, e ele viu que agora ela estava extremamente aflita.
Não importava, Draco já estava decidido e sabia qual atitude tomar.
- Gina... – ele começou num tom definitivo.
- Não – ela interrompeu tirando a mão de Draco – Eu não quero ouvir isto, eu disse que você não teria outra chance. E eu vou cumprir – Gina não entendia porquê, mas dizer aquelas palavras foi como encravar um punhal em seu próprio peito. Doeu profundamente. No entanto, Draco não desistiria somente por isso, talvez Harry desistisse, contudo Draco não era esse tipo de pessoa que se abalaria por um simples “não”.
- Você tem tanto medo assim de saber que eu gosto de você? Que eu quero te beijar e estou pouco me lixando para o quê o seu irmão vai achar? – Draco replicou convincente e ao mesmo tempo em que soava verdadeiro – Ou você vai ficar com a sua consciência incrivelmente pesada?
- O problema é que você é insuportavelmente pretensioso – falou, embora não houvesse repugnância em sua voz – Você confia tanto em si mesmo como se fosse impossível uma garota resistir aos seus charmes. Realmente muito arrogante!
- E...? – os olhos de Draco faiscaram como se os argumentos dela não tivessem sido suficientes.
- E... – Gina disse hesitante procurando palavras para descrever – eu estou confusa, não sei se ainda gosto do Harry!  Talvez eu esteja apaixonada por ele, como eu sempre estive. E isto nunca vai mudar!
Draco não esperava que Gina dissesse isto, foi forte demais alegar que ela podia estar apaixonada pelo Harry. Draco se sentiu atordoado, essa idéia o incomodava.
Ele sabia de tudo o que Gina já havia passado pelo Harry, mas pensou que o amor dela por ele já tivesse acabado. Draco sentia isso quando a beijava, e o que ela disse só serviu para embaralhar a mente dele cheia de dúvidas.
- Se você gostar do Harry sinceramente – a voz dele soou distante – eu sinto muito, porque você chegou atrasada.
- Como? – perguntou desconfiada e sentiu seus olhos de arregalarem.
- Ontem à noite eu não vi somente os gritos do Harry, e como aquele pesadelo o perturbou. E além de ter ficado assustado com a espécie de pesadelo que ele teve, eu também vi uma coisa muito interessante – Draco disse com um certo orgulho ferido.
- Se você quer que eu admita que fui muito radical com você, e não devia ter te ignorado antes de ouvir com calma a história inteira... Eu admito e sinto muito – Gina falou ligeiramente – Mas não me faça implorar para você contar que coisa interessante é essa.
- Tudo bem – assentiu com impaciência – Quando eu cheguei a Tathy já estava lá no quarto. Parecia que os dois estavam no maior clima, trocando promessas de amor (nesta parte Draco exagerou) e quando eles estavam quase se beijando... eu fui embora!
Gina desabou perplexa em cima da cama.
- Na parte mais importante você simplesmente “vai embora?” – indagou como se isso fosse inacreditável.
- Eu não sou o tipo de pervertido que fica olhando os outros se beijando de madrugada – falou Draco – E eu quase fui descoberto.
Agora os dois estavam sentados lado a lado na cama de Gina.
- Então há uma esperança de que eles não tenham se beijado – concluiu encarando-o.
- Pouco provável – confirmou retribuindo o olhar – Mas acho que agora eu tenho mais chances de te beijar de novo.
Gina não respondeu, apenas desviou o olhar pensando
Mas você deu proporções maiores do que as reais ao pesadelo de Harry, fez parecer uma catástrofe.


     **   **

Já eram 3 horas da tarde, a pouco eles haviam acabado de tomar um lanche. Estavam esperando Harry e Tathy acordar, e os dois fizeram isto quase que simultaneamente, o que só aumentou a estranheza. Rony e Hermione sabiam que precisavam ter essa conversa com o seu melhor amigo, e enquanto ele dormia, combinaram o quê falar.
Neste momento Gina havia literalmente arrastado Draco para dentro da cozinha e agora os dois organizavam a pequena bagunça de comidas e pratos.
Isto fez com que Harry, Tathy, Rony e Hermione ficassem na sala.
De noite realmente tinha chovido muito, e a grama do jardim dos Weasley estava lamacenta. Era preciso ser cuidadoso para não pisar numa poça. Apesar disso, hoje fazia um clima morno, porque na verdade eles estavam entrando em pleno verão e provavelmente tão cedo não haveria outros sinais de chuva.
Harry ainda aparentava sono, porém ele sabia muito bem como disfarçar isto para os outros e para ele mesmo.
- O que há de errado? – perguntou Hermione.
Harry olhou surpreso para ela, obviamente ele não imaginava que Hermione fosse fazer uma pergunta assim.
- Nada – mentiu vendo que seus dois amigos o fitavam seriamente – Quero dizer... o quê poderia estar errado fora o quê já está?
- Você está estranho – interviu Rony com azedume – Antes você nos contaria qualquer coisa, e agora você acha que ter pesadelos com Você-Sabe-Quem não é importante o suficiente para nos contar.
- Ela contou o que aconteceu ontem à noite a vocês? – Harry lançou um olhar frio a Tathy.
- Não – falou Rony – Tathy não traiu você. Mas nós sabemos que você teve pesadelos, e que sua cicatriz doeu. Isto pode significar que Você-Sabe-Quem está perto... Harry, isto é perigoso. Ele está tentando te matar!
- Ok, eu já sei disso – respondeu dando de outros – No meu caso isso é normal.
- Harry, você está sendo imprudente – alertou Hermione com uma nota de pânico – Talvez devêssemos contar ao Dumbledore, talvez sejam efeitos colaterais da Maldição... eu não sei direito, mas vou procurar num livro...
- Poupe seu tempo – aconselhou Harry determinado – Eu sou a única pessoa que sofreu um ataque de Voldemort e sobreviveu depois, portanto nenhum livro poderá nos ajudar.
- Eu tenho certeza que esses pesadelos são resultado da ligação que você tem com Tom Riddle, até mesmo pelo o quê você me contou – afirmou Tathy – E eu acho que definitivamente os sentimentos dele estavam à flor da pele àquela hora!
- Mesmo assim, Harry – insistiu Hermione com veemência – Quero saber exatamente o que você sonhou?
Neste momento ela havia acabado de soar como uma mãe ou uma protetora. Harry se lembrou que em Hogwarts, era Hermione que sempre colocava limites aos planos deles, às vezes ela terminava participando, mas nunca esquecia que deveriam ter cautela e sempre com a mesma expressão preocupada estava disposta a defender seus amigos contra quem fosse.
Rony também deu força silenciosamente as palavras de Hermione. Rony estava longe de querer cumprir todas as regras e se comportar com tanto cuidado. Mas ele ia até o ponto que achava confiável, e agora este sonho do Harry o havia deixado inseguro.
- Eles também sabem? – Harry apontou para Gina e Draco na cozinha.
- É claro – disse Hermione – Não seria justo a gente esconder isso dos dois, eles também merecem ser informados sobre todas as notícias, sendo ou não boas para a gente.
- Ótimo – concluiu revoltado – Todos já sabem do sonho idiota que eu tive e estão morrendo de preocupação com o que pode haver comigo nos próximos dias! Eu odeio ser tratado como alguém indefeso que não sabe como agir!
- Se você quer levar para esse lado... – replicou Rony com vigor – Eu sei o quanto você é teimoso quando quer ser, então eu não vou insistir em te convencer que nós apenas queremos te ajudar, porque de qualquer modo você não aceitaria. Então vamos pular essa parte, e você conta logo o quê você sonhou?
- Sim – respondeu Harry com sarcasmo – E eu esqueci de acrescentar que além de criança indefesa, vocês me tratam como se eu fosse vulnerável, alguém que se possa manipular com facilidade!
- Mas com isso você já está acostumado – Hermione sorriu – Agora que tal nos contar?
Harry com a ajuda de Tathy explicou tudo aos dois, e mesmo fazendo o possível para não causar grande admiração neles, isto foi inevitável. Rony e Hermione fizeram várias perguntas, até as mais absurdas. E como Harry já esperava os dois o fitavam com aquela expressão de pavor.
Foi quando Gina e Draco entraram na sala e olharam imparcialmente para todos.
- Pela cara de vocês o assunto não é muito favorável a nós, não é? – perguntou Draco inocentemente – O quê houve?
- Eu decidi que vou procurar o Lupin – falou Harry terminantemente – Talvez ele tenha algo a nos mostrar, e ele está hospedado no Beco Diagonal... podemos ir com o Pó de Flu.
- Então teoricamente depois do seu pesadelo, as coisas se tornam mais ágeis – concluiu Draco.
- Exatamente – disse Harry lançando um olhar meticuloso a Draco – Porque Voldemort está atrás de mim, logo o talismã não vai ser um rastreador com pouca utilidade. Em breve, ele vai conseguir me localizar em tempo real e as coisas vão se tornar mais difíceis.
- Isto nos dá quanto tempo? – disse Gina com atenção.
- Relativamente dez vezes menos do quê você imagina – respondeu Tathy num tom forte.
- Agora eu entendo as expressões de vocês – falou Draco enquanto ele próprio ficava com uma expressão indecisa – Quando vamos partir?
- Hoje, precisamente daqui a pouco – disse Harry com perspicácia em seu olhar – Tentem não levar muita roupa, nem corujas, somente varinhas e o essencial. Ah, e vamos ter que nos separar.
- O quê? – replicou Rony perplexo – Porquê? Quanto mais pessoas lutando com você mais chances teremos de vencer!
- Só porque vamos ficar em lugares diferentes, isto não significa que alguém terá que desistir de lutar comigo – argumentou com tanta coragem, que só Harry poderia ter falado assim – É justamente para sermos mais fortes que teremos que estar em vários lugares.
- Eu não estou entendendo o quê você quer dizer com isso? – falou Hermione confusa – O quê você pretende?
- Precisamos ser racionais – afirmou fortemente olhando para eles – Não podemos ir todos juntos, de uma vez só. E se algo der errado? Não teremos mais como vencer.
- Eu não acho – protestou Rony com força – Se algo der errado, estaremos juntos e vamos lutar até o final.
- Infelizmente Weasley, o Potter está certo – falou Draco em total convicção – Finalmente os grifinórios não deixaram a ousadia lhes subir a cabeça num momento crucial. Resolverão usar a frieza para planejar estratégias decentes.
- Obrigado pela parte que me toca – Harry forçou um sorriso a ele – Mas já está decidido, dois ficam procurando novas informações e atentos a qualquer pedido de socorro. Como jogadores reservas, esperando a vez de entrar em campo.
- Eu não quero ser um jogador reserva – afirmou Rony.
- Eu fico – concedeu Hermione. Ela parecia ter certeza do que estava falando – Eu vou procurar em alguns livros, e talvez vou falar com o professor Dumbledore. Não é possível que não exista em nenhum lugar o contra-feitiço para a Maldição... e eu juro que vou achar!
- Certo – Harry lançou um olhar afetuoso a amiga – A Tathy vai comigo, porque ela é a dona do talismã e eu preciso dele. Qual é o outro voluntário?
Rony sabia que se ele não fizesse nada, Gina acabaria se oferecendo. Sua consciência não permitia que ele deixasse sua irmã caçula e Hermione sozinhas numa hora tão crítica. Ele sabia que elas se exporiam a qualquer perigo atrás da resposta certa, ou procurando Dumbledore enquanto o diretor fazia suas pesquisas. Ele não permitiria isto, se alguma coisa de mal acontecesse a alguma delas, Rony não seria capaz de se perdoar. Então alguns motivos o persuadiram a tomar esta decisão:
- Está bem – assentiu com a voz arrastada – Eu faço parte do time reserva, mas não pense que irei abandonar você por isso. Quando você menos esperar a gente pode entrar em ação e tirar vocês dessa enrascada!
- Eu tenho certeza que vocês dois estão prontos pra isso – encorajou Harry – Se alguma coisa der errado, vocês são as pessoas em que mais confio, eu sei que posso acreditar em vocês.
- Resumindo somos perfeitos para o papel – Hermione deu uma piscadela.
- Vocês vão fazer falta... – admitiu Harry com uma nota triste – Mas agora eu não posso agir precipitadamente e nem pensar em perder mais tempo! Acho que finalmente chegou o dia da gente se separar.
- Por favor, Harry tome cuidado – aconselhou Hermione num tom nervoso – Se lembra daquilo que eu te disse no primeiro ano? Que você é um grande bruxo? Isto não mudou ainda, você tem as qualidades mais importantes como bravura e amizade, e eu sei que você vai conseguir.
- Ela tem razão – concordou Rony e suas orelhas ficaram vermelhas – Às vezes temos que fazer sacrifícios para deixar o caminho mais fácil... – depois que suas orelhas voltaram ao normal Rony ficou estranhamente pálido – Naquela vez foi o xadrez, hoje eu tenho que confiar que você saberá dar o xeque-mate sozinho. Então, não demore a ganhar a partida.
- Eu tive um bom treinador! – disse Harry alegre tentando espantar a atmosfera pesada que pairava sobre eles – E vocês podem ser as peças que me salvarão de novo...
- Bem, _ disse Tathy estendendo a mão e entregando dois besouros vermelhos muito, muito pequenos – Isto são rastreadores mágicos. Se vocês apertarem a terceira pata – ela fez uma demonstração – ele abre completamente revelando-se um mapa. Aqui somos nós, vêem? Esses pontinhos vermelhos, isto vai ser útil para nos localizar... não há muitos segredos, sempre um mapa exato da região que estamos pode levar vocês até nós.
- E se por acaso vocês estiverem em algum lugar imapeável, ou uma passagem secreta igual da outra vez? – perguntou Hermione.
- Eu fiz alguns ajustes – respondeu Tathy orgulhosa – Será possível nos rastrear em qualquer lugar do mundo ou fora dele, porque nós mantemos uma ligação direta com o objeto que vocês tem em suas mãos. E por esta razão é extremamente perigoso que vocês percam seus rastreadores, quem o achar terá a nossa localização... tomem cuidado com isso.
- Ok – disse Rony confiante – Mas como você conseguiu essa “ligação direta?”
- Eu simplesmente fiz um
Feitiço de Virtonum, é como uma espécie de encantamento que reúne as principais características da personalidade de cada um de vocês - explicou calmamente.
- Eu conheço esse feitiço – espantou-se Hermione, ela estava muito impressionada – O nome deriva de virtudes, é complicado de fazer, aliás, nós só teríamos aulas teóricas sobre ele no último ano em Hogwarts.
- Qual é o mistério desse feitiço? – intrometeu-se Rony explodindo de curiosidade.
- Ele reúne em uma única palavra mágica tudo aquilo que nós representamos, todos os pontos fortes e fracos das nossas qualidades – disse Hermione em tom prestativo - Geralmente é praticado por alguém que já conheça há muito tempo uma certa pessoa, porque é muito difícil perceber corretamente os pontos marcantes de alguém. No entanto parece que a Tathy não teve problemas...
- Não foi tão fácil quanto você está pensando – disse Tathy relembrando – Eu demorei algumas horas, mas funcionou. O que importa é que isso vai ajudar bastante!
- Você poderia me ensinar depois? – falou ansiosa.
- É claro – Tathy sorriu.

      **   **

- Eu tenho que ir embora – disse Harry fitando seus dois amigos, ele estava preocupado.
Os outros três estavam prontos esperando na frente da lareira, agora o céu estava laranja assim como naquela tarde em que Hermione estava assistindo o treino de Quadribol de Harry e Rony. Naquela época eles mal sabiam de tudo que teriam que enfrentar, dos encontros com Voldemort e todos os problemas.
Hermione e Rony estavam lado a lado, e Harry sentiu uma pontada em seu estômago quando se deu conta que teria que deixar seus melhores amigos para trás. Eles sempre o haviam apoiado, Rony com seu companheirismo e Hermione com sua inteligência, agora ele iria seguir sem eles.
Ele ruim pensar nisso, mas havia chegado a hora de se despedir.
- Me prometa, Harry que você não irá fazer nenhuma bobagem? – um canto da boca de Hermione estremeceu junto com todo o seu corpo – Seja cuidadoso, eu realmente não quero precisar ir te salvar... e logo eu e o Rony vamos achar a solução e te resgatar.
- Positivo – foi a única coisa que Harry conseguiu pronunciar enquanto retribuía o olhar da amiga, ele fez um grande esforço para não desistir de tudo e acabar ficando com eles.
- Não é uma boa idéia. – alertou Rony mantendo a compostura.
- O quê? Eu ir sem vocês? – disse Harry vacilante.
- Não – respondeu Rony apressadamente, ele ficava cada vez mais lívido – Você não quer deter Voldemort antes que ele te encontre? Olhe, se você não se apressar ele vai acabar achando o talismã!
Harry suspirou infeliz.
- Não olhe pra trás, nós estaremos bem – garantiu – Pra dizer a verdade estaremos mais a salvo do que vocês, e isto me incomoda. Não se preocupe eu cuido de Hermione, eu cuido das coisas por aqui... – Rony parou de falar por uns instantes e quando Harry desviou seu olhar ele acrescentou urgente – Ah, boa sorte!
- Eu vou precisar – murmurou fracamente.
- Ah, Harry! Você é tão... confuso! – lamentou Hermione angustiada e desabou num abraço apertado com o amigo.
- Hermione! – ralhou Harry sem graça.
Depois das devidas despedidas, porque não era somente Harry que estava partindo. Draco, Tathy e Gina, que também era irmã de Rony estavam indo com ele. Seriam os quatro lutando diretamente contra Voldemort, contra todas as forças do mal.
Era um grupo considerável, tinha Tathy que conhecia muitos feitiços e era a dona do talismã. Draco, que possuía astúcia e fibra para decidir nos momentos fatais a escolha certa, era uma das qualidades que Harry mais admirava nele. Gina apesar do jeito meigo, ela tinha frieza para elaborar soluções cuidadosamente planejadas, ela conseguia lidar com seus problemas e achar a melhor maneira de resolve-los. Harry é o herói principal. Aquele que é o líder e que tem coragem de se sacrificar pelos outros, que nunca se dá por vencido por mais que ele esteja quase morrendo. E algo que todos tinham era lealdade, isso era muito importante.
Um a um foi jogando o Pó na lareira e gritando “Beco Diagonal”, e eles foram até que só sobrou Harry.
Ele deu um último olhar a Rony e Hermione, os dois sorriram vacilantes. Harry retribuiu o olhar com algo que traduzia coragem, ousadia e determinação misturadas. Ele repetiu o mesmo processo dos outros, e assim que entrou na lareira nos últimos instantes em que viu seus amigos, ele gritou:
- Juízo! – Harry disse travesso e Hermione corou dos pés a cabeça.
- Pode deixar, Harry seu sacana! – respondeu Rony em tom trivial.

**   **

Inesperadamente Harry surgiu dentro da passagem do Beco Diagonal, não precisou atravessar o Caldeirão Furado e nem os tijolos. Logo em frente, no meio da rua de pedrinhas estavam Gina, Draco e Tathy gritando por ele. Harry olhou distraído a sua volta, e depois de se certificar que haviam parado no lugar certo, ele andou até o grupo.
- E agora você sabe aonde fica a loja do Lupin? – perguntou Tathy desconfiada.
- Pra falar a verdade... eu não tinha pensado nisso – admitiu Harry fracamente.
- O quê? Harry seu demente, você está maluco? – gritou Draco indignado – Eu não devia ter confiado que um plano feito por um grifinório seria perfeito! Embora esquecer onde fica a loja do Lupin, seja colocar praticamente todo o resto no lixo...
- Calma, Malfoy – murmurou Harry irritado – Estamos no Beco Diagonal e o Lupin tem uma loja aqui sobre livros velhos... foi isso que eu li na carta... então vamos procurar!
- Harry, eu não quero ser pessimista – falou Gina num tom amigável – Mas quantas lojas com pilhas de livros antigos não existem aqui? Isso não vai facilitar muito pra gente.
Harry em resposta apressou o passo, andando num ritmo rápido por aquela rua que serpeava e desaparecia de vista. Eles passaram por lojas cheias de corujas, por artigos para quadribol, globos de ninfas, vidros de poções, telescópios, pratarias e até pelo Gringotes.
- Harry – chamou Draco num tom sério – Vamos reconsiderar essa proposta, que tal a gente ir até o Caldeirão Furado e passar a noite lá. Amanhã temos o dia inteiro para procurar.
- Não! – replicou Harry obstinado – Eu acho que agora estamos perto, já andamos praticamente por tudo... não podemos desistir a qualquer hora...
- Harry! – gritou uma voz distante, mas contente.
Esta voz era familiar, ele estava reconhecendo. Era a voz de... Remo Lupin.
Quando Harry se virou, viu ele saindo de uma loja de formato irregular, com a porta de madeira com vidro no meio, a vitrine cheia de livros grandes e grossos com uma pequena cortina bege. Lupin vestia vestes surradas e o tecido gasto, de modo que mal dava para se notar as costuras, ele estava idêntico há dois anos atrás. Exceto pelo cabelo castanho-claro que havia ganho mais fios brancos.
- Harry! – ele repetiu alegremente enquanto o abraçava – É bom ver você aqui... e hã... você trouxe seus amigos também! – os dois de Lupin correram pelos três e pararam confusos em Draco Malfoy, mas ele logo desviou o olhar.
- Oi, aluado – cumprimentou Harry como se estivesse falando com seu velho amigo e não com o antigo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas – Você poderia nos levar até a sua loja para guardarmos essas bagagens?
- É, claro – respondeu gentilmente – Sigam-me.


Quando todas as pequenas malas estavam encostadas num canto, Lupin convidou os quatro a subirem para o segundo andar da casa. O lar modesto, mas confortável e com um aspecto que lembrava muito o dono.
Eles sentaram em frente à mesa, e foi um pouco difícil arranjar cadeira para todos. No final, Lupin servia uma xícara de chá muito bem-vinda e alguns biscoitos.
Harry explicou discretamente a ele porque Rony e Hermione não estavam ali, e principalmente porque no lugar deles estavam Gina, Tathy e Draco. Como sempre Aluado não fazia muitas perguntas e entendeu a intenção de Harry isto facilitou as coisas.
- Diga-me, Harry novos resultados sobre a Maldição?
- Não – respondeu tomando um gole – Mas nós viemos aqui para tentar descobrir alguma coisa, dizem que você tem muitos livros lá embaixo.
- Eu trabalho com antídotos para animais das trevas, dicas, feitiços para doma-los e também dou aula de treinamento para bruxos – Lupin explicou calmamente – Os livros são uma conseqüência, a maioria venho alugada junto com a casa... aliás eu nem sei se tratam sobre animais, seria bom que vocês dessem uma olhada.
- Acho que nós realmente precisamos pesquisar, mas hoje estamos cansados. – concluiu Draco.
- Malfoy, soube que você teve problemas com o professor do ano passado, Olho-Tonto-Moody? – disse Lupin ligeiramente soturno – Dizem que ele te transformou numa doninha quicante, desculpe essa foi a versão do Ronald...
- Ah, o Weasley e seu grande senso de humor! – murmurou Draco – Isto já serve de indicação para o próximo ano? Quero dizer, se você voltar a ser o nosso professor posso esperar coisas piores?
- Eu receio que não – Lupin deu um sorriso enviesado – O fato de você estar com o Harry, já não faz de você alguém tão egoísta com um temperamento medíocre, que gosta de atazanar pessoas mais fracas que você.
- Ok, você já me lembrou de tudo que eu tenho que voltar a fazer – disse pensativo – Ah, você esqueceu do mimado e inescrupuloso!
- Você era isso mesmo... – admitiu Lupin concordando com Draco – Mas a respeito de ter um lobisomem ensinando, eu acho que você não mudou nada.
- Parece que você não conhece absolutamente nada sobre mim – corrigiu Draco com um pouco de enlevo – Eu sempre achei bacana esse idéia de lobisomem, que sai revoltado quebrando tudo e machucando criancinhas inocentes... pelo menos você teria uma desculpa pra isso! Na verdade a minha intenção era chatear o professor favorito do Harry e oprimir a minoria!
Lupin lançou um olhar divertido a Draco, certamente ele tinha outra resposta para rebater ao Malfoy, mas havia percebido que se fizesse isso o humor sarcástico de Draco o prenderia por horas ali, conversando e replicando.
- Só um minuto, eu já volto – disse formalmente e foi até a cozinha. Então, Aluado voltou com mais um grande pacote de biscoitos e colocou sobre a mesa.
- Você conhece isso? – perguntou Tathy estendendo a mão e lhe passando o talismã.
Ele olhou seriamente para o objeto e o pegou da mão dela. Lupin parecia perturbado, mas vagamente consciente do que aquilo representava e determinado a agir.
- É óbvio que eu sei o que é isso – respondeu chocado – só não imaginava que tivesse essa aparência tão tenebrosa. É a união do mais puro mal.
- Bela descrição – falou – Realmente é horrível! E lúgubre... É o mais puro mal, destilando a morte.
- Há uma profecia, vocês sabem? – disse Lupin em alerta, e eles confirmaram – Isso não é nada bom para o Harry, precisamos agir logo. Eu quero saber se aconteceu alguma coisa anormal com você?
- Sim – respondeu Gina lançando um olhar sensato a Harry, que provavelmente omitiria algumas coisas achando que não havia importância – Ele teve um pesadelo com Você-Sabe-Quem, no qual ele nos procurava na floresta de Godric´s Hollow, eu não sei se é coincidência, mas por sorte tínhamos ido embora no mesmo dia.
- Então foi uma premonição – Lupin refletiu – Esse talismã é capaz de atrair Voldemort.
- Sim – disse Tathy com vigor – Ele quer ser achado pelo seu dono, ele quer voltar a se unir com a sua outra metade.
- Objetos que têm inteligência própria são pouco confiáveis, e nesse caso toda a força dele é usada para o mal – Aluado franziu as sobrancelhas enquanto dizia isto. Depois olhando com prudência adicionou – Definitivamente vamos precisar de muita capacidade para desviar os poderes disso...
- É tão terrível assim? – replicou Draco impressionado – Talvez houvesse outro jeito de deter a Maldição, sem destruir o talismã.
- Teoricamente não – negou Aluado e suas últimas palavras entoaram – Não podemos permanecer com este talismã, ou usa-lo se nosso objetivo não for destruí-lo. Qualquer hipótese é descartada quando não nos leva a acabar com a Fonte do Mal, e seria recomendável vocês não continuarem carregando isto.
- Ok – assentiu Harry pegando objeto das mãos de Lupin e o devolvendo para Tathy – Mas não seria sensato a gente continuar sem o talismã, temos que ficar com ele para destruí-lo... E isso não é tão terrível assim, podemos cuidar desse problema!
- Vocês têm quinze anos, e são apenas adolescentes – disse Lupin pegando um biscoito – É nessa fase que os hormônios sobem a cabeça, e vocês pensam que conseguem resolver tudo sozinhos. Harry, você lembra muito o seu pai, tão obediente como ele.
- Deve ser genético... – Harry sorriu sem graça.
- É o que dizem: Quando as pessoas aconselham que é para você ficar longe de algo, faça exatamente o contrário, não obedeça. Por que é ali que estão as melhores coisas da vida... – disse Draco.
- Muito sábio – replicou Lupin revirando os olhos – Por enquanto eu acompanho vocês, mas vou ficar em alerta com esse talismã.

**   **

Hermione olhava aflita pela janela. Ela estava no quarto Percy, que era seu provisoriamente, o Sol do meio-dia pairava bem no centro do céu e entrava em todos os cômodos da casa, iluminando tudo.
Hermione estava praticamente comendo seus dedos, as unhas todas ruídas, em nenhum jogo de Quadribol e nenhuma véspera de provas ela havia se sentido tão ansiosa. Rony entrou no quarto, e Hermione se virou para encara-lo. Ela tentou disfarçar com um sorriso torto, mas Rony já a conhecia há muito tempo para se deixar enganar.
- Qual é o problema? – perguntou solidário.
- Quando o Harry voltar, eu vou lançar o Feitiço do Corpo Preso nele, e deixa-lo assim durante uma semana sem piedade – reclamou indignada – Faz três dias que ele foi atrás do Lupin e não mandou notícias!
- Eu não discordo totalmente de você – garantiu Rony – Mas você deve levar em conta o fato dele não ter levado nenhuma coruja, nem Edwiges.
- Pode ser... – admitiu envergonhada – Mas, no Beco Diagonal tem tantas corujas para vender e certamente o Lupin deve ter uma.
- Conhecendo ele, eu posso quase assegurar que não – disse Rony.
- Eu estou preocupada com o Harry, eu não sei o quê está acontecendo, eu odeio me sentir isolada, me sentir perdida... – Hermione manteve seus olhos em Rony.
- Você não está sozinha, você está comigo – protestou Rony – Tudo bem, _ ele disse compreensivo – Eu também não consigo tirar os olhos desse rastreador, pelo menos é uma garantia de que ele ainda está em Londres.
Hermione olhou com medo para Rony, ela queria achar algum conforto nos olhos dele, alguma certeza de que tudo terminaria bem.
- Eu não vou agüentar – Hermione murmurou num tom desesperado – Eu vou embora daqui, eu preciso ir junto com eles... – ela olhou apressadamente para os lados procurando sua mala – Agora.
- Não – retrucou Rony terminantemente e ele obstruía a passagem dela – Ponha a cabeça no lugar, Harry não precisa de mais pessoas atrapalhando a busca dele. Ele precisa de nós aqui. E se sairmos daqui, não estaremos cumprindo o quê prometemos pra ele.
- E se estiver acontecendo algo ruim? – Hermione soou evocativa – Eu acho que nós não o atrapalharíamos, se Você-Sabe-Quem estiver lá?
- Você-Sabe-Quem está tentando matar Harry há quinze anos, desde que ele nasceu, e até agora ele não conseguiu nada – Rony olhou profundamente nos olhos dela – Eu tenho que admitir que o talismã é realmente perigoso, mas não é eficiente para matar Harry.
-
Rony! – ralhou Hermione como se não quisesse ter ouvido aquilo.
- É a verdade – ele falou firmemente – Harry não irá nos decepcionar desta vez, se ele não fosse páreo para Você-Sabe-Quem já teria morrido da primeira vez, ou quem sabe ano passado quando esteve cara a cara com ele!
- Você não tem medo de pensar nisso? – os olhos de Hermione encheram-se de angústia.
-  Por isso eu evito ter esse tipo de pensamento, e acho que você deveria fazer o mesmo.
Hermione fechou os olhos, e a escuridão invadiu sua vista. Ela estava com medo. Ela se lembrou de algumas coisas que já havia vivido com Harry, a marcante aventura do primeiro ano, os fatos estranhos do segundo, a incrível descoberta de Sirius Black e Pedro Pettigrew. Quando ela voltou a abri-los, Rony a encarava hesitante.
- Não é estranho que Draco, Gina e Tathy tenham ido com ele? – perguntou Hermione decididamente inconformada – Faria mais parte do contexto a gente estar com ele.
- Eu preferia que fosse assim... – disse Rony num tom desanimado – Mas se o Harry tem que seguir sem nós, eu só espero que ele se dê bem, e consiga impedir de novo que o Lord das Trevas ressurja novamente – ele estremeceu um pouco – Vamos ficar alertas e torcer por ele, porque se a gente parar pra pensar, no final o Harry sempre decidiu as coisas sozinho, neste momento isto só está acontecendo antes do esperado...
-  Você tem uma certa razão – assentiu Hermione com má vontade – Eu só não consigo dizer isso pra mim mesma...
Inesperadamente, ela correu até a janela e se apoiou nela deixando grande parte do corpo de fora. Rony, numa mistura de preocupação com susto foi na direção dela e disse numa voz que ela ouviu de muito perto e que voltou a atenção dela para ele:
- Você está bem? – perguntou suavemente.
Hermione apenas lançou um olhar dolorido a ele, e abraçou Rony. Ele ficou confuso num primeiro momento, porque Hermione estava precisamente perto demais dele, ela estava buscando proteção em Rony. Então ele a segurou com mais força, envolvendo-a sem sombras de dúvidas em seus braços, foi um abraço muito sincero.
De repente ela o soltou, como se já tivesse recuperado todas as energias.
-  Eu vou ler alguns livros... – anunciou com o mesmo tom de voz determinado que ela tinha em Hogwarts quando precisava cumprir uma tarefa extra complicada que os professores haviam passado – Nem que eu tenha que ficar até de madrugada lendo, eu ainda sim vou encontrar uma solução, você vai ver!
Rony estava atordoado, ele havia mudado completamente de uma hora pra outra. Antes ela não aceitava que Harry estava correndo perigo e nem ao menos eles não podiam estar do lado dele para ajudar, depois ela tinha se transformado na antiga aluna que eles sempre conheceram, obstinada e mergulhada em suas próprias decisões, convicta de que não iria desistir.
- Tem muitos livros, é impossível que nenhum sirva! – argumentou tentando reforçar seu posicionamento diante da expressão perplexa de Rony – Anda, me deixa passar! Eu não vou ficar aqui de braços cruzados e você devia fazer o mesmo... isso vai resolver, sempre deu certo, eu já estou atrasada!
E dizendo isso, praticamente atropelou Rony e desceu as escadas numa velocidade que quando Rony se deu conta que estava parado perto da janela, ainda imóvel olhando surpreso para o chão. Ele franziu as sobrancelhas.
Mulheres! pensou dando de ombros Cada vez eu me convenço mais que elas são incrivelmente incompreensíveis.
E ainda admirado se jogou em cima da cama de Percy, e ficou um bom tempo olhando para o teto e pensando nas repentinas mudanças de comportamento, será que isso era normal em todas as mulheres?
Rony não entendia porque elas agiam desta maneira.

     **   **

Era uma noite quente como todas as outras de verão, já eram altas horas da noite, ele não conseguia ver quase nenhuma pessoa andando nas ruas de pedrinhas irregulares, além do Nôitibus Andante passando com uma invisível velocidade entre os postes. Só o Caldeirão Furado permanecia funcionando, alguns bruxos bêbados saíam em estado deplorável de lá, e foi nesse lugar que Remo Lupin entrou.
Lupin se espantou com o número de pessoas que ocupavam o bar de madrugada, muitos apostando jogos e discutindo, encontravam-se os tipos mais esquisitos da face da Terra. Numa mesa ao canto, que quase não foi percebida por ele, um homem estava sentado. Apesar do intenso calor ele usava uma manta que encobria praticamente todo o seu rosto, era o homem mais assombroso do lugar, parecida um tanto quanto abandonado.
Pouco era possível ver da sua face, porém Lupin sabia que atrás de todo o disfarce havia cabelos negros e levemente embaraçados, alguém jovial com bochechas cheias e um olhar penetrante. Cada vez ele recuperava mais a sua aparência antiga, seus olhos não pareciam mais órbitas fundas e escuras, tinham um brilho alheio que lhe dava vida.
Era o velho amigo e padrinho de Harry, Sirius Black.
- Como vai, Almofadinhas? – perguntou Lupin vagamente afetuoso e apreensivo.
- Apenas bem, até quando isso é possível – respondeu com seus olhos negros instáveis.
- Pelo jeito você continua inconseqüente... – reprovou Lupin com olhar censurado – Você não pensou na hipótese de alguns desses bruxos te reconhecer? Vir até aqui! Francamente, e nem me deixou discordar de você decidiu as coisas
e pronto.
- Se eu esperasse que você concordasse com alguma de minhas idéias, nós nunca iríamos nos reencontrar a não ser que fosse numa cidade fantasma no meio do deserto – garantiu inconformado.
- Pelo menos seria mais seguro... – enfatizou Lupin olhando significantemente para Sirius.
- Não tem problema, todos aqui pensam que estão tendo alucinações de tão bêbados. Não iriam perceber se o próprio Lord das Trevas entrasse aqui e pedisse uma cerveja – ele sorriu com seu comentário.
- Pelo menos você teve o bom senso de vir de madrugada, porque eu temo que te encontrem novamente, dessa vez não teremos como escapar e você corre o risco de...
- Chega – interrompeu Sirius totalmente descontraído – Isto não vai acontecer, é claro se você não parar de especular as possibilidades que eu tenho de ser capturado poderemos falar sobre o assunto que realmente interessa.
- Certo. – concordou Lupin indignado – O Harry. Ele não está nada bem, é a primeira vez que Voldemort tem chances reais de vence-lo. Ele até que está lidando bem com isso, mas o cerco está se fechando, Sirius.
- Eu atravessei a Travessa do Tranco inteira e nem as piores lojas das trevas tem algo sobre essa Maldição, nem os bruxos mais malignos não sabem da existência dela – disse frustrado – Eu acho que devíamos resolver isto do meu jeito.
- Você tem que ter paciência – Lupin estava muito sério – Não podemos simplesmente explodir o talismã com um feitiço, e se isso acaba tendo um preço a ser pago.
- Se esse preço for a minha vida eu estou disposto a fazer – Sirius soou mortalmente decidido – Quero pagar a dívida que eu tenho com o Tiago, eu jamais deveria ter confiado num imundo igual ao Pedro... eu influenciei eles, eu acabei participando do plano de morte dos dois...
- Não – protestou Aluado terminantemente – Não faça loucuras, e nem pense besteiras. Sirius, se você acaba agindo por impulso quem pode pagar o preço fatal é o Harry.
- Você sabe que eu jamais causaria nada que o prejudicasse. Mas se Voldemort consegue se recuperar, eu tenho certeza que Harry concordaria com tudo para impedi-lo de voltar. Por que se isso acontecer é uma questão de tempo até todos nós estarmos mortos... – lia-se uma expressão perigosa de determinação nos olhos de Almofadinhas.
- Por enquanto isso está fora de cogitação – cortou Lupin definitivamente – Eles estão lendo alguns livros sobre Maldições Antigas, sem nenhum resultado positivo. Amanhã eu irei ajuda-los, nesse caso tudo o que puder ser feito ter que ser feito logo. E... eles já têm uma metade do talismã.
- O quê? – exclamou Sirius pasmo.
- É um objeto extremamente maligno, quando eu peguei consegui sentir uma energia inacreditavelmente perigosa, quase não consegui segura-lo por muito tempo. Segurar aquilo me deixou perturbado, como se a cada segundo a mais eu ficasse depressivo e perdesse as esperanças, um efeito parecido com o dos dementadores – Lupin fez uma pausa e percebeu que Sirius iria ouvi-lo até o final, porque seus olhos estavam arregalados e ele prestava muita atenção – No entanto o mais impressionante é que uma simples menina consegue carrega-lo no pescoço sem se dar conta de nada.
- Você acha que ela tem algum poder em especial? – indagou Sirius.
- Eu não sei... – disse num tom reflexivo – É estranho ela não se sentir indiferente ao talismã, a magia dele é devastadora e se alguém consegue usa-lo isso quer dizer que há uma barreira protetora nessa pessoa, ou algo que não a afeta do mesmo jeito que afetaria qualquer pessoa normal.
- Isso é intrigante... – Almofadinhas mordeu seu lábio, ele estava confuso – Se essa menina está junto com o Harry, não temos com que se preocupar.
- Eu concordo, é um problema a menos... – falou Lupin aliviado – Eu não faço idéia até que ponto é confiável não saber nada sobre a Tathy, mas isto é um indicador que do lado das trevas possivelmente ela não está, senão o Dumbledore saberia... e nós também, os Comensais da Morte carregam uma marca irreparável com eles.
- Falando em Comensais da Morte, eu ouvi boatos de que finalmente eles souberam notícias do seu Mestre e agora estão tendo alguma atividade relacionada com o Harry. Porque desde do ano passado que Voldemort andava sumido, eu receio que todos estejam empenhados com a Maldição.
- Tem lógica. Mas você acha que deve contar isso ao Harry pessoalmente?
- De maneira nenhuma – negou Sirius franzindo as sobrancelhas – Não conte nada sobre o Harry de eu estar por perto.
- Por quê? – seu tom de voz era indefinido – Eu achei que você gostaria de vê-lo e ele ficaria feliz com a sua presença, talvez isso o encorajasse mais...
- Harry já tem coragem suficiente sem mim – disse Almofadinhas completamente seguro – E eu tento não me intrometer mais nesses assuntos diretamente. É óbvio que eu não veria Harry morrer de braços cruzados, mas até quando eu não precisar interferir eu vou deixar que ele resolva por si mesmo. Harry tem potencial e ele não poderá prosseguir sempre com a proteção de um de nós, se algo acontecer ele estará preparado.
- Então, por enquanto a minha ajuda será suficiente nessa história – falou Lupin bastante determinado.
- Dumbledore pediu para que eu ficasse observando tudo de longe, qualquer situação mais grave eu entro em ação. Eu vou segui-los para aonde quer que eles vão, mas a princípio, eu sou como um agente oculto que só deve aparecer em casos extremos.
- Espero que isso não estimule o seu espírito de adolescente encrenqueiro e irresponsável – aconselhou Lupin com uma piscadela travessa.
- Quando você vai acreditar que eu cresci? – Sirius soou indignado, ele comia uma porção de batatas fritas – Eu não vou fazer disso um filme de ação de James Bond.
- À parte que você se preocupa com o futuro do Harry diz que não, mas o fato de você ter me chamado aqui sem ter noção do quanto esse lugar é popular e que a qualquer momento alguém pode focar e reconhecer o seu rosto prova totalmente o contrário – lembrou Lupin meio que repressor.
- Ainda pensando nisso? – falou com a voz esganiçada – Sinceramente, Aluado podem se passar dez milhões de anos que você continuaria sendo cauteloso demais, meticuloso demais e preocupado demais.
- O que há de errado em ser assim? – replicou.
- Que quando se trata de Voldemort por mais que você planeje, vem um ataque inesperado e te derruba. A única vantagem é que isso demora um pouco mais, porém no final ele sempre te pega de surpresa.
- Você dizer que não existe remédio para escapar dos planos de Voldemort? – disse num tom suspeito.
- É claro que existe – Sirius sorriu excitado – E Harry tem a resposta certa. Ele tem as qualidades que Voldemort sempre invejou, no momento certo ele age da maneira correta e acaba se dando bem! Isso se chama improvisar perfeitamente, gente cautelosa demais não sabe fazer isso – Lupin fez um ar de superioridade como se a indireta não tivesse sido para ele e Sirius provocou – E nem vem se encontrar com o melhor amigo num bar, só porque ele é um fugitivo e assassino perigoso!

**   **

- Olhe! – disse Gina num tom irônico – Esse livro parece interessante
“Como detectar a mentira de seu namorado em 1001 formas”.
- Deixe-me ver – Tathy disse alegremente pegando o livro vermelho berrante da mão da amiga – Eu não acredito muito nesses manuais, sei lá me parece que eles tratam a vida real como um teatrinho idiota...
- É – concordou Gina com energia na voz – São exageradamente superficiais.
- Eu sinto muito interromper essa análise tão interessante – Harry fez uma careta – Mas será que vocês poderiam se concentrar no
meu problema? Por favor, minha vida depende disso.
- Não seja tão trágico! – Tathy soou levemente entretida – Mas nós vamos fazer isso por você, OK?
- Oh! Vocês são realmente gentis – agradeceu um pouco aborrecido – Obrigado.
- Potter, isto me faz querer dizer duas palavrinhas a você! – disse Draco firmemente – Dívida e Recompensa.
- Se essas palavras servem como uma espécie de lembrete, eu tenho apenas uma frase pra você: _ Harry olhou de lado para Draco – Cala a boca, Malfoy!
- Ninguém nunca te disse que Voldemort finalmente está conseguindo te transformar num cara chato e frustrado? – os olhos de Draco estavam cheios de malícia – Tome cuidado, Potter! Ficar de mau-humor só vai estragar a sua reputação.
Harry não respondeu, nem sequer olhou para Draco que estava com uma expressão de divertimento alucinado no rosto, Harry sabia que Draco queria irrita-lo e ele não cairia no jogo dele.
- Será que vocês não poderiam parar de repetir Voldemort a toda hora? – Gina parou horrorizada com o próprio atrevimento – Trabalhem mais e não digam tantas bobagens!
- Bom dia! – Lupin havia acabado de descer as escadas e ele tinha um ar disposto.
- Bom dia! – respondeu Tathy no mesmo tom – Embora você não possa dizer o mesmo aos três, hoje eles estão exageradamente zangados.
- Hã... tudo bem com vocês? – perguntou Aluado hesitante observando-os.
Gina pegou dois livros cobertos de pó, e tossiu fortemente tirando com a mão a poeira.
- É... – ela franziu as sobrancelhas entediada – BEM, e coberta de pó – e tossiu.
- Tenham paciência... – recomendou Lupin com um olhar severo, mas não para Gina e sim, para toda a sujeira – Eu vou ajudar vocês, porque hoje é o meu dia de folga, então temos um longo e feliz dia no meio dessa sujeira.
- Legal – lamentou Harry – Eu estou me arrependendo profundamente de não ter trazido a Hermione, ela adoraria ficar cercada por tantos livros, acho que sempre foi o sonho dela...
- O quê vocês acham? – perguntou Draco com uma expressão de quem estava com dor de estômago.
- Eu acho que isso são dois livros e que você devia começar a ver o que tem aí dentro de uma vez, você tinha outra sugestão? – Gina sugeriu com um sorriso.
- Sim – ele lançou um olhar engraçado a ela –
“Transfigure sua mão” ou “Dicas Práticas para Eliminar Gnomos”? Qual desses é mais desnecessário? – Draco mostrou os dois livros e depois colocou num amontoado perto dele.
- Harry, eu tenho novas notícias – anunciou Lupin concentrado – Dumbledore falou comigo ontem à noite.
Harry olhou desconfiado para Aluado, e viu que ele sustentava uma expressão muito séria:
- Por quê Dumbledore não falou comigo? – indagou Harry suspeitoso.
- Era extremamente tarde, você já estava dormindo e ele disse que era para deixar você descansar, assim pouparia energias – Lupin não gostava de mentir, e em toda a sua vida ele não foi o melhor mentiroso e Harry notou isso. Então para desviar a atenção dele, Aluado fez um gesto frenético com a mão e prosseguiu – O que importa é que você deve saber que os Comensais da Morte estão ativos novamente, Voldemort deve ter avisado a eles, tome cuidado há muitos bruxos querendo te encontrar.
Eu acho que é melhor eu me acostumar a ouvir esse nome horrível! Pelo jeito eles vão fazer isso até o final pensou Gina conformada.
- Não tem problema – garantiu Harry – O quê poderia piorar agora? Poucas coisas me parecem tão certas ultimamente.
- Potter, – comentou Draco em tom de reprovação – Eu não sabia que havia tantas pessoas querendo sua cabeça... Isso me faz sentir culpado.
- Não precisa se comover comigo – falou Harry.
- Culpado em outro sentido – respondeu Draco com veemência – Todo mundo querendo te matar, e eu fiquei parado esses anos todos... pelo menos poderia ter ajudado.
- Seu senso de humor é inacreditável, Malfoy! – desdenhou.
- Veja pelo lado bom – Draco soou cauteloso – Isso mostra o quanto sortudo você é! Você está vivo, está na minha frente e ainda ganhou uma cicatriz idiota para fazer sucesso!
Tathy, Gina, Harry, Draco e Lupin ainda continuaram por algumas horas folheando livros e vendo uma camada de poeira se formar na atmosfera da loja. Até que Aluado chamou a atenção de todos, ele tentava com esforço abrir um livro grande de uns 40 cm de comprimento por 20 cm de largura. Ele era todo preto, um preto desgastado pelo tempo e as bordas provavelmente foram corroídas por traças. Tinham detalhes em prata, vivo e luminoso, não possuía título apenas uma espada desenhada com o mesmo material prateado.
O estranho é que parecia tão fácil de manejar, tão simples de abrir de longe e, no entanto Lupin estava tendo dificuldades para empurrar a capa.
- É... – disse olhando por cima – Agora temos uma coisa interessante para se preocupar. Harry e Draco por favor, me ajudem a abrir essa coisa.
Harry e Draco se entreolharam decididos e foram até a mesa de Lupin, Gina e Tathy acompanhando de longe com olhares curiosos.
Eles apoiaram seis mãos para levantar a tal capa, e mesmo usando toda a força parecia que não havia levantado nem um pouquinho.
- Droga! – pestanejou Draco furioso – Afastem-se!
-
Allorromora! – disse e quando o jato de luz prateado bateu, o objeto continuou imóvel como se nada tivesse acontecido.
- Boa tentativa, Malfoy – disse Harry – Mas isso só serve para destrancar portas.
Eles ainda usaram o feitiço do
Arrombamento, o do Enfraquecimento, o do Rompimento, o de Volver e simplesmente não mudava.
Como se cada folha tivesse o peso de ferro, nem Hagrid com todo o seu tamanho e força conseguiria mover uma página sequer. E isso era intrigante, eles estavam convencidos que alguma coisa importante estava escrita ali. Eles precisavam descobrir, mas antes tinham que vencer esse obstáculo.
Tathy observava silenciosa e atenta, seus olhos demonstravam que ela estava longe, procurando algo em sua mente. De repente ouviu-se ela gritar:
- É claro! – Tathy deu pulinhos de felicidade – É tão fácil, mas temos que pensar de maneira correta.
- O quê é? – disse Harry ansioso.
- Eu vou abrir isso pra vocês – ela tirou o talismã do pescoço – Esperem um minuto.
Ela colocou o talismã em cima da espada do livro, e ainda segurando disse:
- Abra! – e um estalo milagroso fez a capa virar e as páginas amareladas finalmente podiam ser lidas.
- Muito inteligente – concluiu Lupin enquanto os outros sorriam perplexos.
Eles se amontoaram em volta de Lupin, que começou a folhear calmamente. As páginas estavam desbotadas e escritas a mão, numa letra às vezes ilegível. Não parecia letra de humano.
O capítulo principal possuía o mesmo desenho da espada em prata no canto superior da folha, e a letra se tornou mais apressada e menos legível. Dava para sentir a gota de ódio e revolta em cada palavra, quem quer que tenha escrito aquilo, não era do bem.

“... a arma fatal para destruir os bruxos. Demoramos meses para materializa-la, fizemos pactos com seres menos significantes e inteligentes do que nós. Demônios também colaboraram, quantos venderam sua alma para construí-la”.
Porém, finalmente chegou o dia. A
Espada Bélica está pronta.
Nenhum bruxo é capaz de derrota-la, sua lâmina cortante carrega todo o nosso ódio e poder aumentados em mil vezes. Ela será usada para cortar definitivamente nossas ligações com os bruxos. Nem os feitiços mais poderosos conseguirão corrompê-la.
Eles conhecem Maldições capazes de matar e torturar, essa espada é a própria sentença de morte e ida para o inferno. Ela ultrapassa o Avada Kedrava, o Cruciatos e termina com o Umbrarroma.

- Harry! – exclamou Tathy excitada – Esse é o nome antigo da Quarta Maldição Imperdoável!
- Espere – interrompeu Lupin com um sorriso – Harry, acho que encontramos a solução para acabar com os planos de Voldemort.
Harry se sentiu estranhamente feliz, como se tivesse acabado de ganhar a liberdade. Mas ele queria ler mais, ver como poderia derrotar Voldemort.

Ela foi feita para destruir os feitiços mais perversos dos bruxos, e rasgar impiedosamente seu cardio (coração em grego) em mil pedaços nojentos espalhados pela Terra.
Nada pode ser mais forte do que a nossa espada da vitória.


- Era por isso que ninguém conseguia achar a resposta certa – disse Harry meio atordoado – Eu pensei que só um feitiço pudesse acabar com outro.
- Essa espada é feita por feitiços, então indiretamente ela também é um – respondeu Tathy. 
- E como e aonde vamos achar essa Espada? – disse Draco.

“... ela tem 45 cm de comprimento, sua lança chega a brilhar de tanto poder em tons prateados. O cabo é pesado e maciço em tons verde e preto, dificilmente uma pessoa normal conseguirá segura-la por um tempo prolongado. Já que por natureza ela rejeita os bruxos, só com dons especiais ou alma não-totalmente bruxa a pessoa será capaz de encostar-se à espada constantemente.
Ela tem inteligência própria, uma sabedoria que a leva a destruir quem tem sangue mágico humano, por esta razão é extremamente perigosa a pessoas que a tiverem em mãos erradas.
Pode ser aprisionada em uma redoma de vidro com feitiços a prova de lâminas cortantes, a única maneira de mantê-la dormindo e dócil...”.

Abaixo havia uma réplica que dava a impressão de ser perfeitamente igual à verdadeira.
Draco particularmente ficou mais interessado nessa figura, ele olhava de um jeito muito estranho para ela.
Como se já tivesse visto essa espada em algum lugar, como se tivesse uma vaga lembrança dela e não conseguisse lembrar totalmente.
Era verdade que Draco sempre visitava lugares tenebrosos com seu pai, ele poderia ter visto em qualquer lugar desses. Ele se concentrou e fitou determinado a figura.
Onde?
Estava mais próximo do que ele imaginava, precisamente em um das salas da Mansão Malfoy, acima da lareira coberta por um grosso vidro impenetrável.
Não havia dúvidas, não poderia existir outra parecida com aquela. Draco parou de pensar, ele estava muito confuso, seus olhos estavam arregalados.
- O quê foi, Malfoy? – disse Harry preocupado – Parece que você está enfeitiçado, você está bem? Viu um espírito agourento?
- Pior do que isso – falou perplexo – Nós vamos ter que ir para o centro de Reuniões dos Comensais da Morte, ficar no meio das trevas e enfrentar os perigos mais sinistros.
- Eu não estou entendendo o que você que você quer dizer... – replicou Gina nervosa – Você está me assustando.
- Mas isso é motivo para você ficar apavorada – os olhos cinzas de Draco reluziam terror – Essa espada pertence ao meu pai. Ela está guardada na minha casa, e nesse momento ela deve estar repleta de carinhas querendo matar o Potter.
Gina ficou terrivelmente pálida, e Tathy e Lupin somente encaravam os dois sem saber como agir e sem ter o quê dizer.
Harry estava perturbado, seus olhos verdes traduziam algo como confusão. Se era possível definir o que Harry sentia, era uma mistura de pânico com louca ousadia.
Ninguém disse nada depois de Draco, mas todos estavam atônitos, seria mais difícil do que eles imaginaram ser. O caminho de uma longa jornada apenas começa a partir desse instante, e talvez nem todos voltassem vivos. Não havia garantia de que eles iriam vencer.
Harry teria que lutar em desvantagem, no campo do inimigo. E Draco seria obrigado a enfrentar seus pais cara a cara.
Não seria uma batalha fácil, pelo contrário era desafiadora e complexa.
Será que Harry e os outros estavam prontos?

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