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LEIS E POLÍTICOS
A busca de novas alternativas é tão natural quanto o dom da vida, o ato involuntário de respirar. É, portanto, natural que o homem seja essencialmente político, ciência com base na filosofia para o aperfeiçoamento das relações em sociedade. A pecha de que todo político é ladrão, reduz-se a um ditadinho menor, originário com certeza das classes menos favorecidas culturalmente e que se agarram num ou outro político desonesto, como desonestos são tantos profissionais, sendo a desonestidade uma distorção de caráter e não um atributo de representantes de determinadas profissões (como se fala, injustamente de policiais, advogados, etc. – eu conheço uma pessoa que acha os açougueiros desonestos!). Se procurarmos, essa impressão vem de épocas distantes, quando não se aferia corretamente o peso das mercadorias vendidas gerando desconfiança nos comerciantes, ou quando o uso do poder num cargo com autoridade sobre o Estado propiciava prerrogativas desonestas a seus ocupantes e não havia órgãos reguladores. Evidente que hoje em dia e, creio, em qualquer tempo futuro, o ser humano encontrará brechas para se locupletar daquilo que não é devido, nem corresponde às suas atribuições, etc. É do ser humano que não se purifica apesar de todos os deuses que tem para velarem por tais melhorias da alma, nem aproveita as sucessivas encarnações para purificação de sua alma, segundo ainda outras religiões. Esse homem religioso não encontrou ainda, não inventou a religião que contenha a sanha criminosa que vem junto a seu nascimento. Possivelmente a religiosidade é um princípio, um conjunto de leis ( a meu ver arcaicas) que ajudam a controlar e/ou aferir o grau de violência do homem. Assis como a justiça terrena também o faz. Em alguns casos, acredito até que as leis da religião atuem de forma mais atuante, partindo da premissa de que “de Deus e suas punições” o homem não teria como fugir (o inferno após a morte), enquanto as leis terrenas ele poderia ludibriar. Seguindo este raciocínio o ateu seria mais propenso à desonestidade, o que não acontece, pelo menos estatisticamente. Como dizia, a busca de novas alternativas é um movimento constante, circular, como os ponteiros de um relógio, que o ser humano persegue em benefício e aprimoramento do seu modus vivendi. Essa busca resulta no desenvolvimento tecnológico e no refinamento pessoal, na vida em sociedade, procurando códigos de ética que facilitem mensurar os gestos, as decisões solitárias ou em comunidade. O Filósofo, o intelectual de uma maneira geral, procura nortear esses conceitos éticos buscando nos anseios e necessidades da comunidade, subsídios para pensar esses processos e repassa-los aos que a ele não têm acesso. Esses homens, formadores de opinião, invariavelmente, usam dos cargos públicos para facilitar essa transmissão de códigos e por aí ingressam na política, tal como é entendida pela patuléia. Mas político o homem é essencialmente, desde o momento do seu nascimento. Se não o fosse, talvez não tivesse sobrevivido à natureza do planeta ou à sua própria, teria já se destruído. É interessante pensar um pouco antes de rotular pusilanimemente seus parceiros, ou aqueles que a maioria da população elegeu para representa-los. A democracia, única forma de governabilidade possível, tem um preço. Às vezes caro.
Geraldo Iglesias |
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