MÍDIA, VIOLÊNCIA & CRIANÇAS

Há que avaliar que criança, em que meio ela vive, quem a educa, que estruturas ela tem para sua formação. Se viver em condições difíceis, com família desestruturada e sem acesso a educação formal, bem como se viver em ambiente propício à agressividade, a marginalidade, a mídia, com certeza, será devastadora, péssima.
Uma criança que conviva num ambiente de pobreza e ignorância sendo bombardeada pelo apelo comercial tem grandes chances de se marginalizar para conseguir aquilo que vê (não só nos comerciais como no conteúdo violento da programação como um todo da TV, por exemplo), não pode adquirir e, ao mesmo tempo, não tem quem a oriente.
Numa família estruturada a coisa muda completamente. A criança sofre a mesma interferência da mídia (tanto a programação violenta quando o apelo para o consumo), mas possui mecanismos que a defendem, como a própria família e o ambiente escolar. Ela tem acesso aos bens de consumo possíveis e, quando não, é orientada em como esperar para obtê-los através do estudo e do trabalho. Desnecessário dizer que existem exceções nos dois casos.
A mídia sempre existiu. Os meios é que mudam. O rádio, o cinema, a televisão e internet são muito mais agressivos, atingem milhões, bilhões de pessoas, às vezes ao mesmo tempo (copas do Mundo, Olimpíadas, Guerras, Entrega do Oscar, etc).
Entretanto, esses mesmos meios, essa velocidade na informação tem um aspecto extremamente benéfico pois educa, informa, permite a pesquisa, a cultura geral, à formação de estruturas como ética e estética. Ainda seguindo um ponto de vista pessoal, acredito que a influência da mídia é muito mais positiva do que maléfica. Ela permite que a criança conheça o mundo que a cerca de verdade e não através da ótica dos outros (pais, amigos, orientadores, etc.). A criança tem a possibilidade de, muito mais informada, ser mais crítica, ser um espectador crítico do mundo que a cerca.
Se ela pode acessar sites de sexo, pode também de religião, ou de história ou museus e assim por diante. Em breve, a própria Internet vai se autogerir, vai dar a cada um o que ele necessita. Por enquanto, ainda vale a orientação das pessoas que educam.
De qualquer forma, para bem ou para o mal, não resta dúvida  que a criança de qualquer classe, vivendo em qualquer condição sócio econômica e cultural, é hoje muito mais exposta ao mundo do que há dez anos atrás. Isso é incontestável e irreversível.
Principalmente no caso da Internet (onde existe um mundo paralelo, virtual) é uma mudança como nunca houve na história e teremos que trabalhar daqui para a frente, sem referências anteriores, é um novo mundo.
Evidente que existe um batalhão de pedagogos, psicólogos e filósofos trabalhando nisso (não sou nenhum deles, sou apenas um estudioso “autodidata” dos meios de comunicação)e essas influências e "acertos de rota" vão acontecer passa a passo, caso a caso, até que existam teses completas.
Geraldo Iglesias
Setembro/2000

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