DO HOMEM

Ainda que de forma ambígua, existe uma proximidade entre o mito e o ícone, entre o sagrado e o profano, entre o desejo de imortalidade não dito do homem e sua perpetuação em sua obra.
Conforme já dissemos antes, hoje é possível recriar pessoas, cérebros e mundos onde a impossibilidade inexiste. O mundo cabe nas mãos do homem e ele, perplexo, ajoelha-se ex-machine ao mesmo tempo em que hordas ajoelham-se frente ao objeto que cultua e serve.
É tempo de discórdia e luta. Tempo também de progresso confuso quando o que cura, devasta. De todo modo, o homem, único no planeta, sobreviveu e venceu. Caminha agora para outros mundos ao mesmo tempo em que recria, de outra forma, o mundo aqui. Mundo impalpável nem por isso menos real.
Homero, bem o sabemos torna-se binário, quem sabe sempre o foi e o místico perde ser cerne tão próximos estamos da união extra mundos.
A cada cem anos uma grande obra do homem vai para o fundo do mar e a cada segundo nascem milhares de novos homens para prosseguir recriando-as.
E, apesar de tudo, renasce em cada homem, a cada dia, a certeza da liberdade, da criação, do belo. O homem é belo. Mesmo travestido, mimetizado e, em essência ou bites, a estética e o sentimento sobrevivem.
Geraldo Iglesias
Março 01
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