UM DILEMA PARA REFLEXÃO


Digno de atenção especial o artigo do economista Claudio de Moura Castro, articulista da Revista Veja em sua edição n°1697, quando lembra a qualidade das televisões brasileira e mexicana e sua extrema competência em produzir programas educativos. Não restam dúvidas de que a televisão cobre enormes extensões territoriais e populacionais. Verdade ainda que parte desta população não lê e na Internet prevalece a forma escrita, principalmente pela falta da banda larga.
Cláudio de Moura Castro pede então que nos acautelemos das promessas dos países desenvolvidos no tocante a Internet usada para a educação e prestemos mais atenção ao que temos de bom e concreto: a televisão.
Ainda que concordando com o teor do artigo, preocupa-me o que isso representa hoje e o que pode representar no futuro. Não vou repetir aqui o que os leitores deste site já acompanham em minhas diversas observações sobre novas tecnologias. Evidentemente a Internet é o veículo perfeito para a informação e a cultura porque abrange um universo de saberes praticamente infinito, porque permite a ação, o questionamento, a resposta rápida, a dúvida dirimida, a interatividade que resultam no poder de opinião, de critica, de civilidade, de cidadania enfim.
O articulista tem razão ao dizer que grande parte da população não lê ( e a Internet é basicamente escrita), que as imagens são pífias (porque necessita da banda larga) e eu acrescento ainda o preço do produto ponta, o computador.
Estamos diante de um dilema: temos hoje de um lado a televisão com qualidade para levar a educação ao país e de outro a internet que, de fato, não é hoje viável para este fim. Mas a Internet, por tudo o que se sabe, é, por excelência o veículo perfeito, correto, absoluto.

Deixo então para refletirmos sobre o dilema: o que o governo, a economia privada a sociedade como um todo deve fazer diante dos fatos? Descobriu-se a cura de uma doença fatal, mas o remédio é caro, precisa ser transportado a locais longínquos e parte da população não sabe aplicá-lo.
Evidente que hoje se continuará colocando Band-Aid ou até mesmo fazendo curativos mais eficientes, mas sabemos que a cura existe e essa cura, realmente inacessível no momento, precisa chegar urgentemente ao povo sob pena de não resistirmos ao mal e, sem ‘remédio/educação’, perecermos.
Geraldo Iglesias
Abril de 2001
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