Lisboa - Madeira - 1921
O Capitão-Tenente aviador Sacadura Cabral apresentou em 26 de Maio de 1919 um requerimento para a realização da Travessia Aérea Lisboa-Rio de Janeiro. Tratava-se de uma idéia que o piloto tinha vindo a acalentar, e que se fortalecera com a passagem por Lisboa, nesse mesmo mês, do hidroavião NC-4 do comandante Read, que acabara de atravessar o Atlântico Norte.

No ano seguinte, a 8 de Maio, Sacadura Cabral traz de Inglaterra (Calshot-Southampton) para Portugal, juntamente com o comandante Pedro Rosado, dois hidroaviões bimotor Felixtowe F.3.

É com um destes aviões, a que coube a matricula 4018, que realiza, a 22 de Março de 1921, a ligação aérea Lisboa-Funchal, com o objectivo declarado de testar o sistema de navegação aérea entretanto desenvolvido por Gago Coutinho, tendo em vista a ligação aérea de Lisboa ao Rio de Janeiro.

A tripulação era consituída, para além de Sacadura Cabral (como comandante e piloto) e Gago Coutinho (como navegador), por Ortins Bettencourt (2º piloto) e Roger Soubiran (mecânico).

A viagem decorreu sem incidentes e provou a fiabilidade do sistema de navegação, pois encontraram o arquipélago com grande exactidão, sendo de salientar que para além do sextante adaptado por Gago Coutinho, tinham ainda de lançar bóias de fumo para calcular o ângulo de deriva provocado pelo vento e corrigir as leituras feitas a bordo.

Percorreram 983 km em 7 horas e 40 minutos de voo.

Estava previsto que a viagem de regresso se reaalizasse no mesmo avião, apesar dos ventos contrários a tornarem mais difícil que a de ida. No entanto, um acidente aquando da descolagem causou um rombo, seguido de incêndio provocado pelas bóias de fumo, que acabou por ditar a completa destruição do hidroavião.