LIVRO DA VIDA

 

CAPITULOS 26 a 35

 

por Joanus + Frater

 

 

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26

 

XXVI

 

A Palavra do Senhor é como uma noz. Aquele que quiser ir até Ele terá de quebrar a casca para alcançar o fruto. O fruto é o segredo, o fruto é o Senhor. O Senhor está oculto por detrás do véu que é a casca e que é o mundo.26/1

 

Só aquele que ousar quebrar as mil cascas do mundo poderá ir até Ele e comer do fruto oculto. Este fruto chama-se Sabedoria. E a Sabedoria está na Palavra e a Palavra é o sinal do Senhor. O sinal que Ele põe sobre as coisas que ama, para que aqueles que O procuram 0 possam achar e para que não se percam na busca.26/2

Tal é a promessa do Senhor aos Seus filhos: que aqueles que O procuram O achem.26/3

 

O amor do Senhor é grande. Ele ama aquele que procura, aquele outro que se perdeu na sua busca e aquele que O encontrou.26/4

O amor do Senhor é um sinal sobre o coração do homem. Um sinal que queima, que devora a carne, até que ela se transforme em espírito, para que o Senhor possa ter voz aí.26/5

E quando a voz do Senhor encheu o homem, este transborda de si e dá-se aos outros. Torna-se num rio sem margens, num rio caudaloso que busca o mar sem fim. O mar é o Senhor e aquele que nele desagua torna-se um só na eternidade.26/6

Eis o que o Senhor preparou para os Seus filhos: um mar sem fim, pois não há limitação no espírito e toda a carne é espírito quando o Senhor lança o Seu fogo sobre ela. Espírito e Luz. E Vontade do Pai também, para que nada esteja separado, pois não seria bom que a criatura desconhecesse o Criador. E conhecendo-O e sabendo-se parte dele, que outra coisa lhe resta do que consumar-se nele?26/7

Consumação: eis a Palavra Oculta que o Senhor semeou nos Seus filhos. E todo o seu impulso reside nela. E toda a sua busca é por ela existir, pois que filhos e Pai há muito são uma só coisa, mesmo que os filhos o não saibam.26/8

 

Vinde a mim e eu vos farei ver: diz o Senhor àquele que está perdido no mundo. Vinde a mim e eu vos farei saber. Tal é a Palavra do Senhor.26/9

E aquele que a escuta já não está perdido, antes passou das trevas para a Luz e pode olhar a face do Senhor, se de tanto for digno. Essa face que é como um sol no meio das estrelas, um sol de raro brilho.26/10

Eis a recompensa para aquele que O buscou: ser absorvido no Seu amor. Morrer na carne para nascer no espírito.26/11

E aquele que olha o Senhor face a face, morre e nasce mil vezes, pois o olhar do Senhor é como uma vertigem, um abismo sem fundo, onde tomba aquele que quer ser.16/12

E se não tombar, de que lhe serve ter ido até aí? que caia e vá até ao fundo: é a vontade do Senhor para ele, para que nasça então e possa falar.26/13

 

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27

 

XXVII

 

A carne do homem é como um campo por lavrar. Um campo que espera pela mão que o faça passar das trevas para a luz. Um campo que espera pelo seu Senhor.27/1

Receptiva e inerte, tal é a carne do homem que ainda não nasceu. E assim permanecerá enquanto o Senhor aí não lançar a Sua semente, pois só a semente dá a vida.27/2

 

O Senhor é como uma semente de imortalidade. Uma semente que aduba a terra daquele que está pronto.27/3

A semente cai na terra e penetra-a profundamente. Então, partindo do centro do mundo, uma luz nasce pouco a pouco: é a sabedoria do homem que ultrapassa o entendimento. É a luz do Senhor que brilha na escuridão. E o homem colhe-a como uma flor e recebe-a de mãos abertas. E depois planta-a no seu coração e no seu cérebro - para que o amor e a razão se esclareçam. Munido com esta dupla verdade o homem pode ver.27/4

 

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28

 

 

XXVIII

 

A génese dos seres começa em Adam, repete-se em Abraão e continua em João. Ela começa na Mãe e prolonga-se através dos Seus filhos. Estes são as colunas de um templo que nunca teve início nem terá fim, pois não foi feito pela mão do homem, mas pela mão de Deus.28/1

Com estas colunas a Mãe se realizou no meio dos homens e lhes deu a conhecer o Seu sagrado fruto: esse fruto é a realização do Seu amor, é o Seu filho, o Cristo mil vezes renascido e mil vezes sacrificado.28/2

Ela o deu a conhecer por intermédio das Suas colunas e dos Seus profetas e de todos aqueles que A amam. Ela o deu a conhecer para que entre Ela e o mundo haja um caminho. Esse caminho é o do sacrifício. Que aquele que queira ir até Ela o entenda e realize.28/3

Todo o dom da morte que vem da Mãe é ainda uma benesse que Ela concede. E todo aquele que Ela sacrifica sobre a terra e a quem faz derramar o sangue, esse Ela elege de entre os outros. Assim a Mãe se aproxima dos Seus filhos e lhes revela o Seu coração. Assim Ela os ama e glorifica.28/4

 

O templo da Mãe é o mundo. O Senhor o gerou por um acto de vontade e o arremessou de si e o colocou no espaço; e lhe deu um movimento próprio e uma lei.28/5

No seu centro Ele colocou um carvão incandescente, que é o Seu coração. E junto a esse carvão Ele fez um trono onde colocou a Mãe, para que Ela guiasse os destinos dos homens e de todas as criaturas do Seu mundo.28/6

E da Mãe fez sair todas as criaturas. Assim, Adam, o primeiro antes do princípio, foi concebido e realizado pelo Senhor; ele que não teve origem na raça do homem, mas na semente que o Senhor lançou no útero da terra.28/7

E a terra procriou Adam, que procriou os muitos que há e houve. E desta geração sagrada nasceu Abraão, que foi segundo no tempo. E Abraão cobriu a terra com a sua semente e esta deu flor; e o Senhor lançou a Sua mão sobre ela e colheu os seus frutos. Então o Senhor a contemplou e viu que ela era boa e a aprimorou e a devolveu ao útero da terra com o nome de João. E da geração deste nasceu o futuro.28/8

 

Com João veio o tempo do homem. E este tempo se realizou naqueles que guardaram o segredo da Mãe e que velam por ele. A este segredo alguns chamaram o Graal.28/9

E alguns dos seus se juntaram numa nação nos confins da terra e em cavernas profundas, esconderam os seus testemunhos. Estes hão-de ser revelados quando a Mãe se unir ao Filho, para procriar o Santo Espírito; esse que não tem semente de homem e que já nasceu oculto.28/10

A ele, quando vier, alguns renderão homenagem, e essa homenagem os há-de salvar, pois com ele está o Senhor e na Sua sombra está Aquela de quem tudo partiu: a Mãe.28/11

Isto há-de acontecer nos últimos dias, e depois pouco distará do fim.28/12

 

João lançou a sua geração e esta tomou forma numa nação de esplendor, de esplendor oculto; pois essa é a vontade do Senhor. Mas dia virá em que a luz se mostrará aos homens para que eles a vejam e se deixem guiar por ela, e por aqueles que a guardam, nos últimos dias; nos dias da revelação do Senhor.28/13

E esses dias serão de luz e de trevas e de grande aflição. E ai daqueles que, na sua soberba e vaidade, não virem esses sinais e não os entenderem, pois o Senhor se mostrará neles, e essa visão só durará um hausto. E depois voltarão as trevas e tudo será engolido.28/14

Que aquele que tem fé medite e ore, pois o tempo do Senhor será como o relâmpago e o trovão e durará menos que um instante. Mas para aquele que for digno e que se entregue na Sua mão, esse tempo será sem fim, e nunca mais a luz se apagará nele.28/15

 

Altas são as colunas do templo do Senhor e eterno é o seu esplendor, pois que têm a sua base no centro da terra e o seu cume no firmamento; e alimentam-se nas raízes do mundo e a Mãe as sustém no Seu ventre farto, donde partem, quais aves diáfanas e transparentes. Aves do Senhor. Anjos Seus. E o Senhor as suporta na Sua mão e as arremessa sobre o Seu mundo, para que elas levem ao conhecimento do homem o Seu Santo Nome. E eles vão de alma em alma falando Nele. Assim o mundo se realiza.28/16

 

Da nação oculta nascerá o Ungido. Ele vem para anunciar a redenção. Ele vem para falar em nome daquele que há-de vir, Esse que é primeiro antes dele. Esse que vindo no fim já era antes.28/17

O Senhor o enviou à frente do Seu Filho, para que a terra inteira saiba e espere na fé e na esperança. E para que as trevas não tomem o lugar que pertence à luz. Pois está escrito: só eu sou o vosso Senhor, só eu sou a vossa Lei. E onde eu puser a minha mão e soprar o meu hálito, esse será um comigo e nenhum poder da terra terá forma aí.28/18

Ai daquele que atentar contra mim e contra aqueles que eu envio em meu nome. A esse até o meu fogo negarei, pois o meu fogo devora e dá a luz. Esse entregarei às trevas e as trevas o devorarão e tomarão para si. E será esquecido.28/19

 

Olhai, vós que procurais o rasto do Senhor. Ele lançou o Seu fogo no meio dos homens e esse fogo tomou corpo. E é corpo de homem e tem nome.28/20

Abri o vosso coração ao amor do Senhor e realizai a Sua Lei, para que Ele se vos revele como coisa natural, para que Ele vos revele o Seu segredo: o segredo do Seu Filho e daquele que veio para o anunciar; o segredo dos últimos dias. Tudo isso vos será revelado se fordes dignos.28/21

Fazei claro o vosso coração, pois o Senhor vê nele como por uma porta aberta, nada lhe podendo ser oculto. Que o vosso segredo seja apenas este: o amor que tendes ao mundo e a espera que fazeis do Senhor do mundo. E tanto vos há-de bastar.28/22

 

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29

 

XXIX

 

E no terceiro mês e no terceiro dia o profeta foi devorado. Ido perante a Mãe, Ela se desvelou e revelou-lhe a Sua face resplandecente, a Sua face nocturna: aquela que só é visível quando a noite vem sobre o mundo e o discípulo passa a porta e descerra o véu.29/1

Sobre as suas mãos estendidas, Ela derramou fogo vivo e lhe deu o dom da cura e o dom da vida e o dom da norte, mas este Ela o reservou para si própria. E tendo-lhe dado estes dons, Ela se transformou perante os seus olhos e o profeta viu a esfinge milenar e o dragão: E sob esta forma Ela o interrogou.29/2

 

Tendo o profeta dito a tudo a verdade, Ela lhe disse que seria devorado. Um fogo rubro o penetrou em todas as células da carne e esta foi consumida. Veio então o Pai por detrás, qual coluna ardente, e a Mãe pela frente, unindo-se ambos no profeta e o tomaram à carne e o devoraram nela. E tudo isto ele o assumiu perante Eles e perante o seu Mestre, que também é um só com Eles. E assim se fez.29/3

 

Eis o profeta do Senhor, eis o Seu bordão. O Senhor é um peregrino sobre a face do mundo. Ele percorre a terra em busca daqueles que trazem o sinal do céu sobre a cabeça e daqueles que trazem o sinal da terra sobre o ventre.29/4

E perante uns e outros o Senhor lhes sopra sobre os olhos e os faz ver os mistérios e tudo o mais que está oculto ao homem. E depois de verem as coisas tais como são, o Senhor os leva consigo, para servos da Sua casa e sacerdotes do Seu templo e mestres do Seu ministério.29/5

Assim o Senhor semeia o mundo com uma semente pura e imaculada, para que em cada estação haja fruto e haja colheita. E assim o mundo permanece. Isto tudo o Senhor faz por amor ao homem e para respeitar o desígnio que tem para ele.29/6

 

O Senhor o escolheu para bordão. E com esta vara Ele penetra o céu e a terra e une ambos. Eis a árvore do Senhor. Ela sustenta o firmamento, e o Senhor senta-se à sua sombra e descansa.29/7

Quando a noite chega, o Senhor colhe os seus ramos e lhes lança fogo e com eles ilumina a escuridão. E depois da escuridão passar e da manhã nascer, o Senhor ergue-se novamente sobre a face do mundo, como um sol imenso, e se põe a caminho para Ocidente, para o país dos mortos.29/8

 

Com Ele caminha o Seu servo, aquele que foi por Ele ungido e devorado. Aquele que é a Sua voz e o Seu rosto. Pois o Senhor o tomou há muito e o refez para si e só lhe deixou um corpo vazio. E tendo-o tomado, lhe soprou o Seu fogo nos olhos e na boca e em todas as aberturas do corpo, para que nada houvesse ali que não fosse parte Sua.29/9

E desde então o Senhor o envia à Sua frente, em cada ciclo das coisas, para que desbrave os Seus caminhos e anuncie o Seu santo nome, e assim tem sido feito.29/10

 

Este é aquele que foi chamado de João. E no seu nome está a essência do seu espírito e o segredo da sua geração. Ele é uno com o Senhor. E vindo à manifestação, ele vem para baptizar em nome daquele que há-de vir: o Cristo muitas vezes renascido.29/11

O Senhor o envia à frente do Seu Filho; o envia com o mistério da água que dá a vida e com a palavra que dá a esperança. Ele o envia como um sinal para os que esperam.29/12

E o profeta escreve o Livro da Vida, que é o livro do Senhor e da Mãe, e baptiza em nome daquele que vem depois dele, mas que é primeiro que ele perante o trono do Pai.29/13

E aqueles que ouvirem o seu chamado, o chamado do Livro, esses não perecerão, antes ficarão repletos da Palavra do Senhor e aguardarão a vinda do Seu Filho.29/14

Tal é a missão que o Senhor deu ao Seu servo, aquele que foi devorado e ungido.29/15

 

Um espírito de fogo contido em carne: eis o profeta perante o seu Senhor. Um espírito que o Senhor moldou pelas Suas mãos e que encerrou com os sete selos da profecia, para que desse testemunho.29/16

 

E o Senhor lhe deu a forma de uma ave de olhos de ouro e o lançou, como uma lança, por entre as estrelas e o céu, rumo ao infinito.29/17

Este é o sinal do Senhor, que brilhará no céu nos últimos dias: uma lança de fogo ardendo, para que todos vejam e saibam que a hora chegou: a hora do Senhor, a hora do Seu Filho. E o Senhor empunhará a Sua lança e a atirará sobre a terra. E ela trará fogo e dor ao homem, mas sementes de esperança também, pois nesse fogo e nessa dor há uma transformação e uma nova aliança entre o Senhor e os Seus filhos.29/18

 

Eis a vontade do Senhor para os Seus filhos: dor e esperança. E comunhão também. E na dor se há-de encontrar a esperança da revelação e na revelação se há-de encontrar o caminho que leva ao Senhor. E encontrado, toda a busca e toda a dor cessam e toda a esperança se revela inútil, pois o amante e o amado são uma só coisa e aquele que procura e aquele que encontra são um só e como unidade se realizam no Senhor: eis a aliança que o Pai tem para os Seus filhos.29/19

Por isso Ele envia o Seu profeta e o faz nascer de mulher e ter nome e destino e terra de nascimento, para que todos o possam receber e entender. E quando a sementeira está pronta, Ele envia o Seu Filho para a colheita e lhe dá uma foice e uma gadanha e um archote de fogo vivo, para que colhido o cereal e separada a boa da má semente, o fogo devore e envie ao Pai o que dele veio.29/20

 

Assim o Senhor abre e encerra os ciclos da manifestação do homem e de tudo aquilo que nasce do homem, pois só há uma Lei e uma Verdade, e ambas são o Senhor.29/21

Lei e Verdade e, no meio, para as temperar, o Amor. Assim o Senhor as criou.29/22

 

De pé, majestoso e infinito, tendo a eternidade por fundo e o abismo sob os pés, o Senhor abriu os braços e as mãos se suspenderam, imóveis. Então três sóis que eram forças e que eram seres, nasceram: pela Sua mão direita, a Lei, que também é Justiça. Pela Sua mão esquerda, a Verdade, que também é Rectidão. E entre ambas, incerto e indefinido, suspenso sob o abismo, o Amor, que também é Compreensão. Depois, o Senhor as fitou por muito tempo e vendo que havia perfeição ali, lhes soprou a Palavra e as arremessou de si.29/23

Eis porque, algures entre os mundos visíveis e invisíveis, três sóis que também são seres, formam entre si os bordos de um triângulo. Desse triângulo partem os três raios que, tocando em cada ser e em cada coisa, vão animar e dar coesão àquilo que é essencial existir: um pensamento, um sentimento e um destino. Por isso tudo é triplo.29/24

 

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30

 

XXX

 

No Princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. E o Verbo desocultou-se perante a face do Homem e o Homem não O conheceu.30/1

E Deus disse: que o segredo seja velado sob o disfarce do símbolo e que no coração do Homem nasça uma semente de medo e temor a mim, para que ele me procure no símbolo e, por não me achar aí, me procure onde verdadeiramente sou. E então achará o Verbo e se fará Luz. Eis a minha vontade para ele.30/2

 

Está escrito que o Homem me buscará onde não estou e me amará por aquilo que não sou. E por não me encontrar e por não me amar, há-de encontrar e amar a minha sombra e nela se perderá por muito tempo. Mas eu estarei vigilante e esperarei e ele há-de descobrir o seu erro e virá para mim. Pois eu sou o começo e o fim dos seus passos e tudo o que tem origem em mim a mim tem de voltar para se realizar.30/3

O mundo do homem é o mundo da sombra, é o mundo da penumbra. E entre o homem e a sombra há pactos. A sombra o vela de realidade e essa realidade é a carne, e essa realidade é o mundo. A sombra o esconde da minha luz, mas a minha luz não consente na sombra. Rasga a sombra, queima-a e torna-a em luz. Eis porque o homem virá até mim, quando a sombra já não o enganar. Então a minha luz o devorará e ele será transformado em fogo vivo, em fogo ardente. E o meu espírito habitará nele.30/4

 

Eis o que é o homem: um fogo errante, um fogo aprisionado. O homem está cativo das trevas, porque ama as trevas. Elas o seduziram com o mundo e a carne do mundo e a sombra do mundo. Elas o encerraram numa gaiola de silêncio e solidão e ele está lá, ignorado. Mas eu o libertarei.30/5

 

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31

 

XXXI

 

E no sétimo dia e na sétima hora o Senhor desceu ao Seu mundo e vendo-o pleno de espírito se congratulou. Mas tendo-se retirado da face da terra, eis que ela mergulhou no abismo e à luz se sucederam as trevas e ao Senhor se sucederam os Senhores da Escuridão. E veio a hora oitava e nona, para encerrar este ciclo.31/1

Tudo isto aconteceu para que o justo pudesse servir o Senhor no seu coração e testemunhar que a obra era boa e que a semente está viva. E o justo ergueu-se sobre a terra e anunciou a vinda do Pai. Porém os homens não o entenderam e o supliciaram. Mas depois dele muitos vieram, e muitos mais virão ainda, pois a obra do Pai não tem fim.31/2

 

O justo é uma semente que o Senhor lança à terra, uma semente de fogo e de luz, uma semente de plenitude. Se a terra está pronta para a receber, a semente será multiplicada e o seu fruto intenso. Mas a terra está mergulhada na escuridão e a alma do homem é pequena. Eis porque a semente dá pouco fruto, e esse vive mergulhado no olvido. Mas dia virá em que os justos serão tantos como as estrelas no firmamento e a sua semente não terá fim.31/3

 

No justo eu me realizo, diz o Senhor. A sua carne é como barro mole entre as minhas mãos. Eu o moldo com o barro mais puro que existe no centro do mundo e lhe sopro o fogo que o anima.31/4

Carne ou barro ou fogo: Eis o homem para mim. E sangue, que é o meu espírito derramado nele, pois a carne que não tem sangue não vive e o barro que o meu hálito não cozeu, está morto.31/5

 

Barro sem vida, eis o homem que não me conhece - e poucos são os que me conhecem ainda - pois a hora da destruição soou e a trompa do caos ecoa sobre o abismo.31/6

Quem responde à chamada? quem escuta o meu grito? Só o justo pode distinguir entre mim e a minha sombra; só ele sabe ver para lá do brilho do rosto. E há brilho que é falsidade e ilusão, como uma máscara de cristal e gelo.31/7

Cuidado, vós que me buscais entre as ruínas do mundo: pode enganar-vos essa busca de cegos. Aquele que me procura tem de me saber olhar face a face, sem temor de mim, pois o meu espírito é como uma aragem suave que se move entre tudo o que vive, e só na doçura e no amor me encontrareis.31/8

 

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32

 

 

XXXII

 

O Verbo é a carne. O Senhor proferiu a Palavra e esta fez-se carne de homem e carne de terra. O Senhor a proferiu para crescimento dos seres e crescimento das almas dos seres, pois só no crescimento há vida, e só na vida há comunhão, e só na comunhão há lugar para a realização do Pai e das criaturas, em união profunda, para que não se distinga o que é de um e o que é de outro. Antes sejam uma só coisa perante o Céu e perante a Terra. Assim o Senhor o quis e o realizou. Bendito seja o Senhor.32/1

 

Uma palavra de fogo: eis a Palavra do Senhor, que Ele arremessa de si rumo ao infinito, para que rasgue as trevas e confunda aqueles que vivem na escuridão e os obrigue à reflexão e ao aprofundamento do ser; para que os obrigue à revelação do Pai neles.32/2

Só assim as trevas podem ser confundidas e, aqueles que nelas se escondem, derrotados. Pois só a luz tem poder sobre as trevas e só aquele que porta a Palavra do Senhor e que a traz guardada como um tesouro muito santo e oculto, no centro da alma - só esse - pode ir ao encontro das trevas e devorá-las, mostrando-lhes o erro em que vivem, pois tudo é erro quando a Palavra está ausente.32/3

 

A Palavra do Senhor é como uma fornalha ao rubro. Que aquele que procura o Senhor, procure primeiro a Sua Palavra e nela penetre como numa casa amiga, na certeza de ser esperado. Assim o Senhor é como um amigo que nos conduz no caminho da revelação e nos prepara o leito nupcial, pois o fogo deve consumir a carne (que é fogo gelado) e libertar o espírito que há nela. Tal é o presente que o Pai concede àqueles que O buscam: o dom do Seu amor, que também é libertação.32/4

 

Na taça está a vida. O Senhor a leva aos lábios no começo do tempo e no seu fim. Assim os ciclos começam e terminam no Senhor e, através do Senhor, em cada uma das criaturas, pois o Senhor é a medida de todas as coisas e a chama que as alimenta.32/5

Na taça o Senhor deposita a semente. Essa semente é a alma. Então Ele ergue a taça sobre o firmamento e ela brilha como mil sóis juntos. Uma serpente, que também é uma rosa de fogo, ascende da taça e enrola-se sobre si. É a eternidade que se manifesta. No centro dela, como uma jóia, um losango branco vive. Através dele o Senhor envia, partindo do Seu olho, uma luz muito branca, que vai dar vida às coisas e aos seres.32/6

Isto o Senhor realiza no início e também no fim dos ciclos, pois tudo aquilo que sai do Senhor a Ele há-de tornar, multiplicado na alma e no espírito.32/7

Esta é a Obra alquímica dos filósofos e todos os seres a realizam.32/8

 

Que o fogo do Senhor vos devore! é a minha prece para todos vós. Que ele vos reduza à essência!32/9

 

O Senhor abre os braços sobre o infinito. Quatro sóis marcam as Suas extremidades ígneas. Dentro de cada sol, alimentando-o, um ser distinto vive. Nas mãos de cada um, erguidos bem alto, quatro símbolos os representam no mundo dos homens. Ar para o primeiro, fogo para o segundo, água para o terceiro e terra para o quarto Senhor. Elementos que o Senhor tornou vivos e a que deu forma e representação própria. Símbolos que são o Graal Místico.32/10

Momento a momento o Senhor os torna vivos, soprando sobre cada um deles. Então as eras se manifestam no mundo dos homens, umas depois das outras, segundo uma ordem de imensidão e segredo, de que só o Eterno é a chave.32/11

No centro do Senhor arde ígnea a rosa de fogo. Das suas pétalas dimanam os sete raios da manifestação divina. Em cada ciclo do Senhor, os Seus servos vêm perante a rosa e a consagram, pondo nela as mãos abertas.32/12

Assim, ele é o centro imóvel da roda que gira parada, onde os quatro sóis são os vértices duma cruz sem fim. Isto o Senhor mostra àqueles que escolheu para O servirem, pois todo o segredo está nisto.32/13

 

Que mortal pode ver isto e não temer? Ou recusar a visão do Senhor, na Sua gloria ígnea, por amor aos homens?32/14

Pois muita terá de ser a coragem daquele que for tão perto da verdade, que a olhe de frente, e depois amar mais a Obra do que o Senhor de Obra; mais o homem que o Senhor do homem.32/15

Ou não amando já o homem, voltar para ele para servir o seu Senhor, já que o espírito, chegando perto da realização, só quer esta e nada mais. E tendo visto tudo que é visível, e tudo está no Pai e só nele está, voltar aos homens ainda. Eis o sacrifício.32/16

 

Portugal é uma semente. Nele o Senhor tem o Seu bordão posto, bordão que há-de florir quando a nova raça herdar a terra. Raça de fogo com olhos de poente, feita da Mãe e do Pai, em união. E os primeiros desta raça virão em breve para dar testemunho do que há-de vir. Que não se turve o entendimento daqueles que esperam um sinal, pois o momento está próximo.32/17

 

Portugal é uma semente: essa semente chama-se realização do Plano do Pai para o Seu mundo.32/18

No coração da semente vive uma rosa de esplendor e brilho. Vive também uma Virgem que dará à luz, nos últimos dias, o Cristo. Virgem do homem mas não do Senhor. Antes serva Dele, e recolhida no centro do mundo, que é onde a semente tem a sua raiz.32/19

Mar e Mãe é o seu nome. E na caverna da Senhora está um cálice que a contém, onde o sangue foi recolhido ao longo das eras e os séculos fizeram rubro e vítreo: como um rubi. Tudo isto é verdade e há-de ser visto.32/20

 

A rosa é o símbolo do Senhor. Ele se inebria no seu odor, como o homem se inebria no odor da mulher e esta no dele, para que o casamento das forças se realize e daí saia o fruto da continuidade. Do mesmo modo o Senhor se realiza na rosa, que é a Sua esposa mística e nela gera a perpetuidade do Seu nome e da Sua geração entre os homens.32/21

Esta é a origem dos profetas e dos santos e de todos aqueles que tem a marca do Senhor sobre si: uma rosa. Assim os podeis distinguir daqueles que mentem e profanam. Pois só o Senhor pode dar vida àquilo que está morto e só Ele pode pôr o fogo, que é a rosa, sobre a cabeça de quem ama e quer para si.32/22

 

Que aquele que fala em nome do Senhor traga a rosa rubra e ígnea no peito, para que o seu amor seja um testemunho da sua fé, pois não há amor fora da fé do Pai e tudo o que não vem Dele só pode vir das trevas.32/23

Um sinal: é isto que o Senhor vos dá pela via da rosa. Ela que vive em cada servo, por reflexo longínquo daquela outra que é a mãe de todas: aquela que brilha no centro do Senhor, pois o alto espelha-se no baixo e só vinda do alto pode a luz existir.32/24

Assim e cruz do homem não é dele, mas do Senhor seu pai, cruz que é o próprio Pai na Sua imensidão e glória. Tudo foi concebido segundo essa medida e nela está a base de cada ser e de cada coisa.32/25

Assim também, a rosa que vive no coração do homem, só vive por amor à rosa que vive em Deus, que é Deus vivo e eterno.32/26

 

Portugal é uma rosa de fogo. Tal fogo já não cabe nele, antes cresce sem cessar consumindo e devorando tudo. Assim o Senhor o quis, assim o realizou. E neste livro O diz para que outros o saibam, pois chegou o momento de desocultar o segredo e de realizar a nova aliança entre o Pai e os filhos.32/27

Para altar do mundo o Senhor o escolheu, pois aqui se fará o sacrifício e se derramará o sangue na Taça, que depois se transformará em espírito: o espírito do Senhor. Espírito que dará a vida àqueles que vivem, ou a morte àqueles que a trazem consigo. Para separar justos e injustos, a semente da palha e lançar a palha ao fogo e dar o mundo àqueles que hão-de vir.32/28

 

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33

 

XXXIII

 

Vejo uma rosa que cresce sem cessar. Uma rosa que primeiro foi semente que o Senhor lançou no coração do homem. E o homem a imaginou e amou aquilo que viu. E o Senhor a fez dar fruto dentro do homem e, quando este fruto cresceu e se multiplicou, o Senhor a fez transcender o homem e a lançou nas terras do mundo. E as terras do mundo a acolheram.33/1

 

Vejo uma rosa que começou por ser semente no Pai e depois no coração do homem e agora já é semente do mundo. E quando todo o mundo tiver sido coberto por esse roseiral, no centro do mundo há-de acontecer um milagre: o milagre da rosa, o milagre do amor universal.33/2

E esse será o momento por que os deuses esperam. O momento da renovação do mundo e do homem. O momento da celebração da nova eucaristia, da nova aliança entre os deuses e os homens. O momento do Senhor.33/3

 

Tudo isto a rosa fará. E há-de alimentar-se dos homens que julgam alimentar-se dela, e há-de lançar neles uma semente de renovação e de vida eterna, julgando eles que a lançam no terreno do profano e do tempo que passa.33/4

E muitos virão para destruir e serão destruídos nas suas esperanças e no seu amor mal dirigido.33/5

E muitos virão para a proteger e serão protegidos, pois o caminho do homem nem sempre é o de Deus e aquilo que o homem quer realizar, o Senhor já viu e realizou.33/6

Muita será a confusão e o escárnio em redor da rosa, mas muito será também o amor. E tudo isto acontecerá para que alguns despertem e outros sejam postos à prova.33/7

 

Vejo uma rosa que começou por ser semente e depois raiz e essa raiz teve nome e foi nome de coisa. E em redor da rosa se juntaram alguns.33/8

E esse movimento cresceu com o passar dos anos. E a rosa cresceu também. Para alguns no seu coração, para outros na sua mente e para os restantes na sua esperança. E tudo isso a rosa multiplicou.33/9

 

Vejo uma rosa de fogo que lança as suas raízes no corarão do homem, e se alimenta do seu sangue e por isso é vermelha.33/10

E vejo também um pequeno país que cresce em redor da rosa e daqueles que, ciclicamente, a alimentam e fazem renascer.33/11

E vejo ainda o Senhor que, do alto, vigia a Sua sementeira e aproxima uns e afasta outros, pois nem tudo é bom e digno de servir.33/12

E vejo alguns que, vindo humildes, se tornam grandes, e outros que julgando-se mais do que são, são confundidos.33/13

Tudo isto a rosa opera neles, pois a sua luz é como mil sóis juntos, e para aqueles que lhe chegam ao cume, é a visão do Senhor que os espera. E retomam o seu lugar à mesa do Pai.33/14

 

Vejo uma rosa que é uma coluna de luz, cuja base nasce do centro da Mãe, do Seu ventre cristalino, e cuja cúpula sustenta o firmamento, tocando os pés do Senhor.33/15

E vejo também uma árvore carregada de frutos doces e amargos; de esperanças e de ilusões. Muitos tentam a sua escalada e alguns ficam pelo caminho e dormem e sonham que chegaram ao fim. E outros desistem do seu intento, mal deram os primeiros passos. E outros vão até ao fim e, chegados ao castelo que guarda o Graal, são feitos cavaleiros e guardiães, por sua vez, ali ficando até que o tempo do homem cesse e o Senhor se realize. Tudo isto eu vejo e muito mais.33/16

Vejo uma rosa que desabrochou no coração de uma nação pequena. E vejo que essa nação é, ela própria, uma rosa maior que por sua vez há-de dar fruto.33/17

E tudo isso acontecerá quando as nações se unirem nela, e os filhos das nações se juntarem nela e nela fundirem os seus corações e as suas esperanças e tudo aquilo que faz o homem grande e pequeno.33/18

Então algo acontecerá: o Senhor há-de mostrar-se a todos eles e, no meio deles, há-de aparecer aquele que é a Sua voz e o Seu reflexo. E aqueles que O escutarem serão salvos.33/19

Esse falará da rosa e da semente que foi lançada no mundo e daqueles que, anónimos e desconhecidos, tem velado por ela sem cessar. Pois só há um Senhor e só há um fruto, e esse fruto tem o nome de amor.33/20

Tudo isto o Senhor fez por amor ao homem, pois não é bom para o homem estar só.33/21

 

ao INDICE do LIVRO

           

           

 

 

34

 

XXXIV

 

Vejo um dragão alado cuspindo fogo sobre a terra, e a terra geme ferida e ensanguentada. Os seus filhos precipitam-se para a morte. O sangue corre como as águas dos rios. A taça está cheia.34/1

Mil taças se enchem entre a noite e a alvorada. Mil virgens as erguem ao céu, para que o Pai as abençoe. O sacrifício é grande. Maior será ainda, antes que o fim venha. E antes que ele venha não haverá sossego sobre a terra, só lágrimas e dor e desespero.34/2

A Mãe sofre pelos Seus filhos. As Suas lágrimas tombam sobre a face do mundo e juntam-se ao sangue derramado pelo homem: e o futuro nasce disto.34/3

Sangue e lágrimas: eis o Homem. E, secreto e esquecido, um fogo. Na caverna do ventre, na caverna do coração, na caverna da mente um fogo arde, branco e rubro, arde sem fim. Pois o Pai e a Mãe têm de se unir para gerar o Filho, e, onde houver carne ou barro, tem de haver fogo que purifique a carne e coza o barro numa forma viva. Tal é o mistério dos opostos que formam a síntese.34/3

Assim é o homem, súmula de gelo e de fogo unidos e em equilíbrio, para que a humanidade seja o fiel da balança onde os deuses pesam os seres, pois o homem está a meio de tudo e aí deve ficar até ao fim.34/4

 

A terra é um ovo onde dorme secreta uma cria. O dragão a guarda e a alimenta. O fogo que ele cospe é o mesmo do alquimista sobre o seu atanor, para que a matéria se transforme em energia e a Obra chegue ao fim.34/5

Assim o dragão vela pela sua obra, e velará até que um pequeno dragão rompa o ovo e retome o seu destino aqui interrompido. Pois a terra é como um ninho: a Mãe o traz dentro de si e vela e ora pela sua gestação. E chegado o momento do nascimento, Ela própria rompe a cortina que A vela e o Seu fruto fica exposto aos olhos das criaturas. Assim os Cristos nasceram feitos da semente do Pai e do ovo da Mãe, unidos no ventre do mundo.34/6

Um dragão alado: eis o Senhor dos Mundos. O Seu fogo nos alimenta e aquece, o Seu hálito (que é a Sua Palavra) nos deu a vida antes que a criação fosse.34/7

Fogo e barro, eis os opostos tornados carne de homem e alma de homem e vida de homem. Fogo e barro juntos: eis o altar do dragão, onde a Senhora sacrifica, sem cessar, as esperanças e ilusões dos Seus filhos. Pois só a pureza importa. A pureza e o espírito. E quando o espírito está pronto, a carne (que é barro) rompe-se e a luz ascende rumo ao Senhor. E Ele o acolhe e o recebe em si e dele se alimenta.34/8

 

Espirais sem fim: eis o segredo do dragão. A sua energia gera e destrói os mundos. O processo não conhece início ou fim.34/9

No início do homem, o dragão se une à terra e a terra procria os filhos que a povoam, e geram as criaturas. E a Obra do Pai começa. Então, o dragão aquece o ovo. Primeiro com temperança e depois, à medida que a Obra avança, com mais fulgor, para que a criatura conheça a morte e se transforme nela; e vá, de degrau em degrau, até aos pés do Senhor. Por isso o ovo é aquecido e o seu conteúdo misturado, pois três (como os Poderes) serão as fases da Obra a realizar. Primeiro a do Caos e dos Senhores do Abismo, depois a da Alma e dos Senhores da Ilusão e, por fim, a do Espírito e dos Senhores da Luz. Três fases, mas uma só verdade. Quem puder entender que entenda.34/10

 

Perante a face do Grande Dragão não há ilusão, ou luz, ou sombra. O seu hálito, feito da luz que consome e alimenta os mundos, atravessa o espaço e o tempo como o Verbo atravessa o coração do homem: para dar a vida e a morte.34/11

E os seres, que se julgavam eternos perante a Sua face, são reduzidos a cinzas e aqueles que lhe suplicam34/12

o dom da continuidade são confundidos na sua esperança, pois o dragão só ama o fogo, e a menos que o homem ascenda a ele, transformado em fogo, o fogo o consumirá em vida.34/13

Um espelho: eis o dragão para o homem. Um espelho que se chama alma e que se chama espírito e que se chama carne ou terra.34/14

E o homem mede-se dia a dia no espelho e une-se ao seu reflexo, que é também o seu ideal de Deus, até só restar o espelho e o ideal e nada reflectido. Então o espelho se fecha sobre a ilusão do homem (que é o seu Deus) e leva consigo a imagem absorvida.34/15

 

Um espelho no qual se reflecte um dragão: eis o mistério que o Senhor lança ao coração do homem, para que ele o decifre ou se lhe submeta. E o homem recua ou avança consoante a sua casta. Se o seu sangue foi temperado na guerra, ele ama a luta e combaterá pela posse da vida e irá enfrentar o enigma do espelho e do dragão, que dá a vida ao homem; mas se teme a luta e o sangue da luta e a dor, ele fugirá do espelho e o dragão irá no seu encalço e o submeterá.34/16

Duas são as castas do homem perante o dragão: a do que ama o fogo e que só vive para ser consumido nele, e a do que teme o fogo e que foge sem cessar. Um vive de rosto coberto, o outro de rosto destapado. Sobre a face de um, o Senhor traçou o signo da terra que é uma serpente adormecida. Sobre a face do outro, o Senhor traçou o signo do céu que é uma serpente acordada.34/17

E quando o homem vai perante o dragão e rasga o espelho que é uma cortina de ilusão, a serpente que há na sua face transforma-se e ganha as asas do voo que o Pai dá àqueles que O amam e vão até ao fim: transforma-se num Filho do Dragão. Esta é a forma que o Senhor usa para dar continuidade à Sua voz e à missão que tem para o homem.34/18

A sombra do Senhor: um dragão. Uma sombra sobre a terra, pejada de morte e de carnificina, onde a Mãe ora sem cessar no altar que é o homem e a carne do homem e o sangue do homem. Um altar com as dimensões do mundo. E sobre o altar, transformados em archotes vivos, aqueles que servem o Pai e a Mãe: os servos, os sacerdotes, os que sabem e vêem. E quando a faca do sacrifício tomba sobre os corpos, o Senhor vem como uma coluna de fogo para recolher a alma e dar-lhe vida. E vem também para santificar a morte e dar o seu assentimento, pois mal seria para o homem se o Senhor não purificasse essa morte e não a tomasse para si. E quando o Senhor não vem, e antes esconde a Sua face e passa adiante, esse está condenado e a sua alma será dada a beber aos Senhores do Abismo.34/19

 

O Senhor é uma coluna de fogo. Os Seus olhos são diamantes rubros. A Sua face é resplandecente. Quando Ele repousa sobre um mundo, mil servos O vêm acolher e adorar. Então o Senhor sonha acordado, e no Seu sonho o mundo repousa também. E os ciclos param e a espiral descansa, e mil eras se somam no esquecimento, antes que o Senhor desperte e parta. Quando tal acontece, de cada mundo vem um servo que fica perante o Senhor e o Seu dragão e é levado perante o Livro Negro, para que saiba o nome das coisas e o seu próprio nome e os nomes do Senhor. E quando viu tudo isso, é levado perante o espelho que separa o Senhor dos Seus mundos, e lhe é dito que passe a cortina da ilusão e da esperança.34/20

Aqueles que vão e não temem a escuridão, nem a morte, nem o silêncio, esses passam e cortina e o Senhor os recebe em si e viverão Nele; mas aqueles outros que na sua pureza tiverem ainda a sombra do medo e da escuridão do medo, esses não passam a cortina e são condenados a vaguear entre a realidade e a ilusão. E o Senhor lança o Seu dragão sobre eles e são devorados.34/21

Que aquele que vai perante o Senhor se purifique primeiro no Seu dragão e no espelho que reflecte as trevas que existem em todas as coisas vivas, e no fogo que o Pai e a Mãe lhe deram no início do mundo, pois o olhar do Senhor vê para lá da forma e da figura da forma e da vida da forma. E ai daquele que procure o Senhor no seu sonho e não O receba no seu despertar, pois a luz só consente em si e tudo o resto lhe é distinto.34/22

 

ao INDICE do LIVRO

           

           

 

 

35

 

XXXV

 

E no terceiro dia e na terceira hora o anjo soprou a trombeta e a desolação caiu sobre a terra. E foi grande a dor e o desespero.35/1

Assim as trevas caíram sobre o mundo e o Senhor se retirou da sua face e o deu às Sombras para que o devorassem. E elas o fizeram por doze luas.35/2

E, quando o seu tempo terminou, a terra estava morta e o homem escravizado, e toda a obra do homem deitada por terra.35/3

E o Senhor considerou que a prova tinha bastado e ordenou às Sombras que se retirassem do visível, e eles o fizeram também. E o sol voltou a brilhar nos céus e sobre a terra e as estações foram retomadas.35/4

Assim se cumpriu o tempo da expiação e se fechou e abriu o ciclo do Senhor.35/5

 

 

 

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INDICE   DO LIVRO DA VIDA

 

 ao PROLOGO 

CAPITULOS:

I-  El Libro de la Vida es

II-  Este es el Libro de IOAN 

III-   He aquí el Libro de la Generación de los Seres

IV-  La Vida de los Seres es el Dolor del Alma

V-  La Gran Madre es el Alma   

VI-  El Libro de la Vida

VII-  Cuando la Palabra Suene 

VIII-  En el Huevo Está el Germen

IX-  He aquí la Génesis de los Mundos

X-  Las Huestes del Señor

XI-  El Espíritu del Señor Vigila

XII-  La Verdad del Señor

XIII-   He Aquí el Libro Hace Mucho Esperado

XIV-   Este es el Libro del Señor

XV-   La Palabra del Señor

XVI-   En el Corazón del Mundo

XVII-  El Señor es Fuego

XVIII-  La Palabra del Señor Quema en los Labios

XIX-  La Mano del Señor está Suspendida

XX-  En Tu Generación Escribiré un Libro

XXI-   Este es el Libro que ya Era

XXII-   Que Aquel que Camina

XXIII-   La Vida de los Seres es la Gloria del Señor

XXIV-   La Sangre es el Espíritu Crucificado

XXV-    El Fuego del Señor Cae Sobre el Alma

XXVI-  La Palabra del Señor es Como una Nuez

XXVII-  La Carne del Hombre es Como un Campo

XXVIII-  El Génesis de los Seres Comienza en Adan

XXIX-  Y en el Tercer Día

XXX-   En el Principio Era el Verbo

XXXI-  Y en el Séptimo Día

XXXII-  El Verbo es la Carne

XXXIII-   Veo una Rosa

XXXIV-    Veo un Dragón Alado

XXXV-    Y en el Tercer Día

XXXVI-   El Ángel del Señor

XXXVII I-  El Señor es un Guerrero

XXXVIIII-  En las Entrañas del Mundo

XXXIXI-  Hay Siete Naciones Sagradas

XL-  En el Centro del Mundo

XLI-  Sobre el Promontorio Sacro

XLII-  Un Dragón de Fuego

XLIII-   En el Principio Era el Caos

XLIV-   Todo Parte del Padre

XLV-    Un Gran Atanor

XLVI-  Sobre el Mundo

XLVII -    La Palabra del Señor

XLVIII-  Y en el Tercer Día

XLIX-  El Reino del Padre

L-  Siete Ángeles el Señor Envió

 

 

 

LII-  He aquí el Libro del Señor

LIII-  El Señor es Como un Jardinero

LIII-   Tres Fuegos hay en el Hombre

LIV- El Camino del Hombre

LV-  Ante el Señor Tres Símbolos

LVI-   Una Cruz de Fuego

LVII-  El Espíritu de Dios Habló

LVIIII-  Una Columna Ardiente

LIXI-  Cuando el Libro Estuviera Escrito

LXXI-  En Un Templo Ignorado y Oculto

LXI-  Lo Que es el Mundo

 LXIII-  Exultad, oh Hijos de la Lusitania

LXIIII-  Exulta, oh Lusitania

LXIV-  Alégrate, oh Lusitania

LXV-    Un Libro Sellado

LXVI-   Tres Medicinas hay en la Rosa

LXVII-   Un Consolador yo os Envié

LXVIII-  La Palabra del Señor

LXIX-  El Señor lo Concibió

LXX-  Sólo hay un Señor y un Siervo

LXXI-  Sobre el Borde del Abismo

LXXII-  Sobre un Libro Cerrado

LXXIII-  El Mundo es Como Una Torre

LXXIV-  El Espíritu del Señor

LXXV-    Una Vara Bajo el Firmamento

LXXVI-   Entre el Cielo y la Tierra

LXXVII-  El Conocimiento de las Cosas de Cielo

LXXVIII-  He Aquí el Gran Vacío

LXXIX-   Todo el Comienzo es Involuntario

LXXX-  Una Llama en el Medio de un Círculo

LXXXI-    El Espíritu del Señor

LXXXII-   El Alma es como una Perla

LXXXIII-   Hay la Obra y hay el Hacedor de la Obra

LXXXIV-   Y en el Tercer Día

LXXXV-   Toda la Obra es Incierta

LXXXVI-  En la Sombra se Agacha

LXXXVIII-  Hay la Obra y hay el Señor de la Obra

LXXXVIIII-  A Qué se Ha de Comparar la Obra

LXXXIX-   Es el Mundo Como una Esfera

XC-   No hay Mayor Alquimia

XCI-  El Libro no es la Obra

XCII-  En el Medio de una Esfera de Negrura

XCIII-  El Espíritu del Señor

XCIV-  Del Limbo el Señor Llamó

XCV-   El Espíritu de la Obra

XCVI-   Una Mano Ardiente en El Cielo

XCVII-  Sólo Hay un Secreto bajo el Cielo

XCVIII-  El Espíritu del Señor es Como una Luz

XCIX-   La Palabra es Vida

C-  Sangre y Lágrimas

CI-   El Espíritu de las Tinieblas

CII-   El Hombre es como una Cáscara Vacía

CIII-  Una Zarza Ardiente

CIV-   Una Vara de Fuego contra el Firmamento

 

 

   A UNHA AMOSTRA  EXTRACTADA DOS TEXTOS

 

EN ESPAÑOL

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   ao PROLOGO 

  

 

 

 

 

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