Música e Dança

Caranguejo Sereno Ladrão Manjericão   Saudade São Macaio
Samacaio O rema Boi-de-Mamão O Pau-de-Fita Navegador Links

 

Música

As "cantigas de ratoeira", fazem parte da herança lusa que a cultura açoriana, integrada à vida catarinense da Ilha, legou a seus filhos.
Caranguejo

Caranguejo não é peixe
Caranguejo peixe é
Caranguejo está na praia
À espera da maré
Sim sim sim
Não não não
Estou à tua espera 
E não me dás
Teu coração
O sereno
O sereno desta noite
Caiu na folha da palma
O dia que não te vejo
Não faço renda com calma
Meu cravo de rosa
Meu cravo de rosa
Meu manjericão
Dá três pancadinhas
No meu coração
O Fadinho
E o fadinho bateu na porta (bis)
Manjerona, quem está aí (bis)
É o cravo mais a rosa (bis)
A açucena e o jasmim (bis)
Lá iá lá lá
Lá iá lá lá
Lá iá lá lá
Cana-Verde
A cana-verde do mar
Anda à rota do vapor (bis)
Eu também hei de andar
Na rota do meu amor (bis)
A folha da bananeira
De comprida foi ao chão (bis)
A ponta deste teu lenço (bis)
Chegou ao meu coração
O Limão
O limão entrou na roda, ô limão
O limão de mão em mão, ô limão
Não chora, meu bem, não chora, ô limão
Não chora, meu coração, ô limão
Senhora dona Jorda, ô limão
Faz favor entra pra roda, ô limão
Diga uns versos bem bonitos, ô limão
Diga adeus e vá embora, ô limão
Ninguém deve plantar roça, ô limão
No lugar que tem ladeira, ô limão
Não se pode morar perto ô limão
Dessa gente faladeira, ô limã
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Cantoria da Dança do Pau-de-Fita na localidade de "Ribeirão da Ilha", Florianópolis

O amor quando nasce
Parece uma flor
É tão delicado
Tão cheio de amor
Seria tão bom
Que ele fosse uma flor
Sem ter espinhos
Da dor
Depois que tudo
É sonho ao luar
Começam os desencantos
O amor passa a existir
Nessa voz do nosso canto

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Sereno

( versos recolhidos no interior da Ilha, na localidade de Rio Tavares)

Sereno eu caio, eu caio
Sereno deixai cair
Sereno da madrugada
Não deixou meu bem dormir
Fui à praia passear
Ver o que o mar dizia
A maré me respondeu
Que o amor firme não havia
Amor firme não havia
Que a semente se perdeu
Todos plantam mas não nasce
Só no meu peito nasceu
Quando vires a garça branca
Pele céu ir avoando
São as saudades minhas
Que te vão acompanhando
Eu venho de lá tão longe
Descendo morro e ladeira
Somente para cantar
Nesta linda ratoeira
Eu venho de lá tão longe
Passando estradas e ladeira

Pra vir ao Ribeirão
Saudar nossas rendeiras
Moreno, moreno
Moreno querido
Não chores, moreno
Que eu caso contigo
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SOARES, Indalécio. Rendas e Rendeiras da Ilha de Santa Catarina. Florianópolis: F.C.C. 1987.

 

Modas e cantares regionais

Ilha de São Jorge

Apesar das semelhanças melódicas existentes com as demais ilhas, as cantigas da ilha de São Jorge são inconfundíveis sendo as suas modas e bailhos, geralmente de ritmo tranquilo, tendente para vagaroso. Elas distinguem-se por leves e muito subtis diferenças rítmicas, pelo esquena coreográfico e, até, pela maneira de as bailar.

Ladrão

Ó senhor ladrão,
Anda ligeirinho;
Não queiras ficar
Na roda sozinho,
Na roda sozinho
Não hei-de eu ficar;
Uma bela dama
Eu hei-de abraçar.
O ladrão do velho
Era da Calheta;
Namorava as moças
Da Ribeira Seca

Ó ladrão, ladrão
Ó ladrão maldito;
Tu falas e negas
Tudo o que tens dito
O ladrão do velho
Toda noite grita;
Que a filha mais velha
Matou a cabrita
O ladrão do velho
Já não tem, não tem;
Aqui nesta terra
Quem lhe queira bem.

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Manjericão

(a moda do Manjericão era imprescindível onde quer que houvesse bailho. A sua melodia varia de ilha para ilha e, no caso de São Jorge, de freguesia para freguesia).

1. Rua abaixo, rua acima
Não sei quantas ruas são;
Uma de cravos e de rosas
Outra de manjericão
2. O manjericão da serra
É comprido não faz moita
Também vós menina,
Sois uma e pareceis outra
3. O manjericão é sono
Quem tem sono vai dormir;
Eu tenho sono e não durmo
Para bem te assistir
Saudade


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Saudade

(O ilhéu, marcado pelo isolamento do mar, sente como nenhum outro a saudade. Saudade do que passou, saudade dos que partiram, saudade dos que ficaram. Com o nome SAUDADE, cantam-se por todos os Açores diversas modas populares, que têm em comum, apenas, serem tristes e de modalidade menor, variando bastante na sua estrutura rítmica).

Perguntaste o que é saudade
Pois então vou te dizer;
Saudade é tudo o que fica
Depois de tudo morrer
São tantas as saudades
Que nem as posso contar;
São tantas como as estrelas
Como as areias do mar.
Tenho tantas saudades
Como folhas tem o trigo;
Não as conto a ninguém
Todas consumo comigo
Samacaio

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São Macaio

(A este também é dado o mome de "São Macário". Segundo algumas opiniões esse nome teria sido de um navio que navegava entre o Brasil e as ilhas dos Açores, pelas referências que a sua letra faz a esses lugares).

Samacaio era um navio
No mar alto a navegar;
Ia dentro o meu amor
Com pena de me deixar.
Samacaio era velho
Era velho e marinheiro;
Andava sempre perdido
Por causa do nevoeiro.
Samacaio deu a costa
Deu a costa na Fundura;
Quebrou-se-lhe o tabuado
Ficou só na pregadura
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  Samacaio

Dança

Samacaio, samacaio é um navio
Samacaio, samacaio é um navio
É um navio que foi feito na Terceira
É na Terceira que foi feito na Terceira
Samacaio , samacaio é um navio
Samacaio, samacaio é um navio
É um navio que foi feito na Terceira
É um navio que foi feito na Terceira
Deu a costa, deu a costa e naufragou
Deu a costa, deu a costa e naufragou
Ai naufragou, numa praia brasileira
Ai naufragou, numa praia brasileira
Eu já vi, eu já vi o samacaio
Eu já vi, eu já vi o samacaio
O samacaio no mar alto a navegar
O samacaio no mar alto a navegar
Eu já vi, eu já vi o samacaio
Eu já vi, eu já vi o samacaio
O samacaio no mar alto a navegar
O samacaio no mar alto a navegar
Ia dentro, ia dentro o meu amor
Ia dentro, ia dentro o meu amor
O meu amor com pena de me deixar
De me deixar no mar alto a navegar
Ia dentro, ia dentro o meu amor
Ia dentro, ia dentro o meu amor
O meu amor com pena de me deixar
De me deixar no mar alto a navega
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Moda da Ilha das Flores

O rema

Eu a remar para te ver (bis)
E tu a fugires de mim (bis)
De certo que mais te quero (bis)
Que tu me queres a mim (bis)
Ora que remas....
Barquinha nova que vai pro mar ?(bis)
Eu navego e tu navegas (bis)
Ambos somos navegantes (bis)
Eu navego em mar de oiro (bis)
Tu em mar de diamantes (bis)
Ora que rema senhor piloto (bis)
Ai quem não rema não chega ao porto (bis)
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A coreografia popular

As chamadas danças folclóricas são, das manifestações culturais, as mais conhecidas do público.

No Município de Florianópolis, o folguedo do Boi-de-MamãoFotos alcançou, contemporaneamente, maior expressão do que qualquer outra manifestação da cultura local. O movimento de sua coreografia, a alegria da música, o colorido do figurino e o forte apelo lúdico encanta a todos. Outras expressões significativas são: o Pau-de-Fita , o Cacumbi e a Ratoeira.

Boi-de-Mamão

Ouça a música (arquivo MP3)
Cantiga do Boi-de-Mamão
pelo Grupo Vocal Licor de Pitanga

É um folguedo de apresentação alegre e graciosa, que causa encantamento, sobretudo nas crianças. O seu tema, épico, é a morte e a ressurreição do boi. 

Um chamador comanda a apresentação, cantando em versos tradicionais e improvisados, chamando as diversas figuras, que desenvolvem a trama dançada ao som da cantoria. O boi é o principal personagem que centraliza mais ou menos os demais; em determinado momento ele morre, para adiante, ser revivido milagrosamente. Não existe um número definido de figuras, dependendo do lugar e do grupo que apresenta a dança, não sendo rara a inovação.

A descrição mais antiga que temos do Boi-de-Mamão em Florianópolis, é, na verdade, uma descrição do Bumba-meu-Boi, indicando a filiação nordestina do nosso folguedo local que, com o passar dos anos, acabou por ganhar características próprias. Basicamente, o trágico e o dramático cederam aqui, no decorrer do tempo, lugar ao cômico e ao lúdico, criando um Boi-de-Mamão leve e alegre.

O espetáculo começa com o chamador fazendo a apresentação e pedindo a entrada do Boi em cena, seguindo-se as demais figuras:

Chamador - Olha lá, mestre vaqueiro
Faça sua obrigação
Vá buscar o boi malhado
Pro meio do salão
Cantoria - Olê, olá nosso boi qué vadiá
Chamador ....................
a dança continua com a entrada do Cavalinho,
Chamador - Ó meu cavalinho pode preparar
Entra no terreiro quando eu te chamar
Cantoria - Entra no terreiro quando eu te chamar
Chamador - ......................
prossegue com a entrada da Cabra
Chamador - Olha lá mestre vaqueiro
Cantoria - Ei, cabra, ei, cabra
Chamador - Arrepara o meu cantar
Cantoria - Ei, cabra, ei, cabra
Chamador - Vai buscar a tua cabra
Cantoria - Ei, cabra, ei, cabra
Chamador - Quero ver ela berrar
Chamador ...................
Continua com a entrada da Bernúncia,
Chamador - A Bernúncia é bicho bravo
Eu lhe digo porque é
Cuidado com esse bicho
Só dá de morder mulher
Cantoria - Olê, olê, olê, olê, olá
Arreda do caminho
Que a Bernúncia quer passar

Nos intervalos entre a saída de uma figura e a entrada de outra, o Vaqueiro e o Mateus se encarregam de teatralizar, com brincadeiras e palhaçadas, os espaços vazios de apresentação, cumprindo assim, importante papel para a harmonia e o conjunto da mesma.

A sensação causada no público pela Bernúncia, que, com sua boca enorme e uma fome infindável vai engolindo pessoal da assistência, é repetida pelo Boi ressurrecto que investe sobre os presentes, causando risadas e correrias, até ser laçado pelo cavaleiro, que o retira de cena sob aplausos.

Hora de terminar.
Chamador -Ó mestre da sala olê lê
Escutai o meu cantar
Cantoria - Nosso boi vai embora olê lê
Oi brinca oi meu boi oi á.
Chamador .......................
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  O Pau-de-Fita

A dança do Pau-de-Fita é apresentada por pares de damas e cavalheiros (de oito a doze pares) que evoluem à volta de um mastro, sobre cuja extremidade superior é aposta uma roda de madeira com furos, nos quais são presas fitas que os dançarinos manobram. No desenvolvimento da dança, os pares de damas e cavalheiros proporcionam um belo espetáculo, com alternados movimentos de trançamentos e destrançamentos das fitas.

O Pau-de-Fita encontrado em Florianópolis é originário dos Açores. Seus números são orquestrados e acompanhados de cantorias. Às vezes, os cantos são alusivos às próprias apresentações. No entanto, o mais comum é a adaptação de músicas populares à dança. O centro das apresentações é o trançamento das fitas que, na Ilha de Santa Catarina, desenvolveu numerosas formas. Algumas delas remontam a gerações bastante antigas, possuindo denominações tradicionais: o Tramadinho, a Rede-de-Pescador, o TrenzinhoTopo da página e a famosa Trança-Feiticeira.

Dança do Pau-de-Fita na localidade de "Ribeirão da Ilha", Florianópolis

Canto registrado por Doralécio Soares no Ribeirão da Ilha:

O amor quando nasce parece uma flor
É tão delicado tão cheio de amor
Seria tão bom que ele fosse uma flor
Sem ter espinho da dor
Depois que tudo e sonho ao luar
Começam os desencantos
O amor passa a existir 
Só na voz do nosso canto

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http://www.fcc.sc.gov.br/gfolcloric2.htm Grupos Folclóricos - Luso-Açoriano

http://www.guiafloripa.com.br/cultura/folclore.htm Pau-de-fita, boi de mamão, farra do boi

http://www.maria-brazil.org/boi.htm Bumba-meu-boi

http://www.matrix.com.br/rafaelpo/ Catharina uma ópera na Ilha

http://www.bdh.com.br/hoteis/praiatur/boi.htm Boi-de-Mamão

http://www.guiafloripa.com.br/cultura/folclore.htm Pau-de-fitas, boi de mamão, farra do boi.

Luiz Carlos Neitzel/Maria José Dozza Subtil/Rita de Cássia Guarezi Gomes]Topo da página