I
Seus caminhos eram paralelos. Seguiam-nos sem tomar conhecimento um do
outro. Por muito tempo permaneceram assim. Talvez houvessem se encontrado
algumas vezes e trocado olhares, ou algum "com licença?", "pois
não?" ou "desculpe", como acontece com algumas pessoas que só
se vêem uma vez na vida. Não mais. E cada um seguia seu caminho...
Mas quis um dia o Destino que eles se encontrassem. E os caminhos, antes
paralelos, juntaram-se. E eles se conheceram. E, ao se conhecerem, a amizade
nasceu. E cresceu. E pensaram que nada mais poderia separá-los.
O Destino, porém, é irônico. E, assim como os uniu, decidiu separá-los.
Ao se despedirem, não trocaram palavras, apenas olhares, e "adeus".
Os caminhos desmembrados separaram-se. Mas já não eram desconhecidos. Não
eram mais ignorantes da existência um do outro. A distância que os separava
era grande, mas viviam um no pensamento do outro. Distantes no espaço, juntos
em pensamento. Um dia - assim pensavam - seus caminhos haveriam de cruzar-se
novamente. E então nada mais poderia separá-los.