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Boletim Mensal * Ano VII * Abril de 2009 * Número 70 |
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COLUNA DOS VINHOS
Ivo Amaral Junior |
O
friozinho está chegando e com ele uma penca de boas opções para o Inverno! Após
falar bastante sobre tintos jovens, vinhos verdes e espumantes, achei
interessante abordar um outro assunto, haja vista que nessa nossa região de
calor causticante tem excelentes localidades menos calorentas que podem ser
visitadas e, nessas regiões, podemos degustar um vinho num clima deveras
agradável.
As cidades serranas de Gravatá e Garanhuns, além de Triunfo e Bezerros, entre outras aprazíveis localidades, fazem com que nos sintamos com vontade de tomar um vinho e comer bem; são festas, eventos, shows e festivais que nos fazem lembrar as quermesses interioranas de nossa pretérita infância, que os anos não trazem mais...
Mas deixando de tergiversar, vamos ao que interessa: vinhos! Essa é a época dos tintos potentes, encorpados, daqueles de “morder” – e nada mais justo do que começar a coluna falando de uma degustação que participei na Cidade de Salvador com meus amigos André Rego e Cristiane, belo casal, que me convidaram a conhecer a sua residência (dentro da zona urbana, mas num condomínio só de casas, bastante arborizado, onde me garantiram que até capivara aparecia) e sua bela família, além da mais bonita e estruturada adega que já vi na minha vida, onde comecei tomando um Champanhe Veuvet Clicot Ponsardin, acompanhado de quitutes baianos especialmente feitos para ocasião – eram mini-abarás, casquinhos de caranguejo, mini-beijus, trouxinhas de carne-seca (charque), e toda uma série de brebotes e canapés, todos espetaculares e que harmonizavam perfeitamente com a melhor seqüência de vinhos que já tomei na vida: o português Pêra Manca, safras 2002 e 2003 tintos iniciaram a orgia vínica – a este vinho já dediquei uma coluna quase toda e posso dizer que além de um dos melhores vinhos que provei, tem na sua versão branca um dos mais frutados vinhos para acompanhar pescados. Seguimos com o argentino Caro (como o nome já diz não é um vinho para qualquer um), fruto da parceria das renomadas Catena Zapata e a secular Rothschild, que tem um corte de cabernet sauvignon e malbec e os especialistas dizem ser o vinho mais elegante já produzido na argentina, permanecendo um período em barricas produzidas na França, trazendo um gostinho da região de Bordeaux. Mas não paramos por aí! Após degustar várias garrafas desses dois excelentes vinhos, partimos para o Albis, um vinho chileno super premium, produzido pela vinícola Haras de Pirque (produtora do mundialmente famoso Equus), que também tem parceria com o conhecido produtor italiano Antinori, um dos mais famosos e renomados do mundo.
Com este último nós degustamos o jantar, que era um filé ao ponto, servido num molho especial, que estava divino (só coloquei um pouquinho de salada para acompanhar, pois os petiscos tinham me deixado cheio) e um bacalhau muito gostoso e que desfiava no garfo, mas corri da sobremesa (eram vários doces baianos – e apesar da boa aparência, meu estômago não aguentava), uma vez que não queria deixar nada atrapalhar aquele momento de êxtase que o vinho tinha deixado. Ah! Quase esqueci! Para finalizar tomamos um café das fazendas baianas, com vinho do Porto – Real companhia Velha - degustando um charuto Davidoff. Chato, né?
Todos os vinhos acima descritos são os que podemos chamar de potentes. São vinhos que adentram, de logo, em seu olfato, atingem o paladar de forma abrupta na língua e tem um gosto persistente no primeiro gole, permanecendo bastante tempo com seu sabor de frutas vermelhas, especiarias e frutas secas. Especiais para o inverno!
O
que me deixou muito feliz, além do convite que recebi para ser recepcionado na
casa deles, foi a beleza da adega (e da casa como um todo) e sua funcionalidade.
Ela foi especialmente projetada para lá estar, com climatização feita para ela – não era aquele velho split ou ar-condicionado adaptado com o velho jeitinho brasileiro – estando todos os vinhos acondicionados por país e região, num impecável madeiramento. O piso, as caixas de vinho de enfeite, toda sorte de apetrechos, como taças, saca-rolhas, decanters e outros tantos estavam lá de prontidão aguardando para serem utilizados. E como o foram! Quase pedi para me esquecerem lá dentro!
A vida é feita de todo tipo de momento, mas posso considerar que esse foi especial, só faltaram Celinha, minha esposa, e Rafaela, minha filha, para completar minha felicidade. Espero que o casal me convide mais vezes e, certamente, se bebermos um décimo do que tive oportunidade de provar, ainda assim será mais uma bela degustação. Agradeço aos amigos pela oportunidade!
Venho prometendo escrever uma coluna sobre azeites há muito tempo e
certamente o farei, peço mais um pouco de paciência aos compadres, pois estou
estudando e degustando um pouco mais desse precioso líquido amarelado, a fim de
falar com mais propriedade sobre o tema. Vinho e azeite sempre é uma boa pedida
(principalmente se também tiver bacalhau no meio), vamos nos valer desse inverno
e aproveitar para tentar juntar tudo de uma só vez.