História
do Desenvolvimento Regional |
Fonte:
Jornal Cidade Araçoiaba da Serra (Ano1-nº20) 24 de Abril de
2004 < www.jornalcidade.com
>
Artigo
de: Júlio
Cesar Collaço Sani professor e pesquisador da Cultura e História Regional.
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Ciclo
da Mandioca no município de Campo Largo
-
hoje Araçoiaba - |
Com
a implantação de um grande e poderoso parque industrial do setor têxtil
em Sorocaba, durante a 2ª metade do século XIX, motivada pela Guerra
Civil Americana (Secessão) que afetou totalmente a economia agrícola dos
Estados Unidos, grande produtor e exportador de algodão para as indústrias
têxteis da velha e poderosa Inglaterra, uma outra atividade econômica e
fabril desenvolveu-se que foi a produção a da produção do polvilho
(amido derivado da mandioca). |
Os
municípios nos entornos e próximos à Sorocaba, passaram a produzir em
larguíssima escala, algodão e mandioca. |
A
safra dos extensos mandiocais era toda destinada à produção do polvilho
(amido), empregado para engomar os tecidos produzidos nos teares
sorocabanos. A goma mantinha os tecidos lisos, desamassados e bem
conservados. |
Campo
Largo foi, por longo tempo, um importante centro produtor de algodão e de
polvilho para abastecer as ávidas indústrias do setor têxtil de
Sorocaba. |
Próximo
a área central de Araçoiaba da Serra, houve no passado um grande e
importante estabelecimento destinado à produção de polvilho, derivado
da mandioca. |
Tratava-se
do polvilheiro da tradicional família do Senhor Ângelo Florenzano, o
maior e mais bem estruturado do município. Gerava um grande número de
empregos e era importante fonte de renda para o município. |
As
máquinas e instrumentos usados para o beneficiamento da mandioca, foram
feitos através da criatividade e necessidade do proprietário em adaptar
meios para produzir polvilho, visando quantidade e qualidade. |
Ainda
nos dias de hoje, as dependências do estabelecimento industrial, se
encontram no mesmo local e com as mesmas características dos períodos áureos
dessa importante atividade agroindustrial. |
Nos
poucos córregos dos Bairros Rio Verde e Araçoiabinha, houve um grande número
de pequenas fábricas artesanais de polvilho, além de áreas
representativas, cultivadas com mandioca. |
Muitos
agricultores não possuíam polvilheiros, porém forneciam mandioca aos
donos das inúmeras fábricas espalhadas pelo município, destacando como
o melhor e mais bem aparelhado, o polvilheiro dos Florenzano. |
Caminhando
pelas margens dos córregos de certos bairros, em meio a capoeira
crescida, podemos notar em estado de ruínas, restos do que outrora foram
antigos polvilheiros, como barragens construídas com pedras e tijolos, a
maioria delas arrombadas pela força das enchentes, canais para conduzirem
água até as rodas hidráulicas que moviam as máquinas de ralar
mandioca, assim como também velhos eixos, mancais, polias, parafusos,
semi-enterrados e consumidos pela ferrugem, além de cochos ou tanques de
tijolos para lavagem da massa. |
As
etapas da fabricação do polvilho eras as seguintes:
Primeiramente
as raízes das mandiocas eram descascadas e lavadas, em seguida raladas
para a obtenção de uma massa pastosa. |
Essa
massa era ensacada e em seguida passava pelo processo da prensagem que
resultava na extração de um líquido branco e denso, que ficava
armazenado e descansando nos tanques ou cochos. Através do processo da
decantação, as partículas sólidas assentavam no fundo e a água ficava
limpa. |
Cuidadosamente,
a água era retirada e o material sólido (amido), mais conhecido como
polvilho era posto para secar ao sol, sobre tabuleiros ou jiraus, forrados
com pano branco. |
De
vez em quando, era remexido para ter uma secagem uniforme.
Em
seguida, era ensacado e guardado em local seco e bem arejado, até ser
transportado às fábricas de tecidos de Sorocaba. |
Infelizmente
o desenvolvimento de fibras sintéticas pelas indústrias petroquímicas,
substituiu de maneira mais econômica o algodão. As indústrias têxteis
de Sorocaba chegaram à extinção, assim como também o fornecimento de
polvilho para engomar tecidos. |
Os
polvilheiros de Araçoiaba da Serra morreram, permaneceram vivos apenas na
memória de pessoas que fizeram parte dessa importante atividade
industrial. |
Nessa
vida, tudo passa ou se modifica, apenas o nosso "Patrão Velho
Celestial" permanece eterno e inabalável, como um
"Maestro", à reger a "Orquestra do Universo", onde
todos nós estamos inseridos.
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*** |
Nossos agradecimentos ao Prof.Júlio
Cesar Collaço Sani, |
Pesquisador da Cultura e História
Regional e Artesão conceituado. |
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