História
do Desenvolvimento Regional |
Fonte:
Jornal Cidade Araçoiaba da Serra (Ano1-nº21) 08 de Maio de
2004 < www.jornalcidade.com
>
Artigo
de: Júlio
Cesar Collaço Sani professor e pesquisador da Cultura e História Regional.
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A
velha história da cruz dos Jesuítas |
Desde os
primórdios do processo de colonização do Brasil, os jesuítas da
Companhia de Jesus tiveram uma presença relevante e significativa nos
primeiros contatos com os povos nativos desta imensa nação, na época,
densamente habitada, desde eras imemoriais, por nações ameríndias. |
Os
indivíduos dessas nações concentravam-se em comunidades, vivendo em
estado selvagem, valendo-se daquilo que a exuberante natureza lhes
oferecia. |
Possuíam
uma cultura própria embasada nos usos, costumes, tradições, modos de
vida, religião, etc. |
A
Coroa Portuguesa, com o objetivo de efetivar a posse sobre a nova e
desconhecida terra, destinou levas de jesuítas para efetuar a integração
dos povos nativos com os povos de além-mar, que fundariam povoações e
explorariam as riquezas que a nova terra pudesse lhes proporcionar. |
Os
jesuítas fundaram as chamadas Missões Jesuíticas em inúmeros locais
onde agregaram o maior número de ameríndios que puderam. Ali os jesuítas
lhes transmitiam o catolicismo, além de conhecimentos sobre várias áreas
e também ofícios úteis no dia a dia, transformando-os em tecelões,
oleiros, carpinteiros, seleiros, pedreiros, ferreiros, escultores e
pintores. |
A
Coroa Portuguesa concedeu aos jesuítas glebas de terras denominadas de
Sesmarias, medidas em léguas quadradas. |
Nessas
áreas os jesuítas, liderando os povos nativos, fundaram povoações,
desenvolveram atividades ligadas à agricultura, pecuária, produção
artesanal de objetos e artefatos para uso geral, visto as enormes
dificuldades e custos para importarem do Reino Português. |
As
missões representavam verdadeiras organizações em termos de disciplina
e desenvolvimento, com cada qual desempenhando suas funções dentro do
contexto. |
Porém,
o rei português, Dom José, contratou para seu Primeiro Ministro, o Marquês
de Pombal, que dedicava verdadeira aversão e ódio aos padres jesuítas,
decretando uma ordem para deportação sumária dos mesmos para os calabouços
de Portugal. |
Aos
poucos, as missões jesuíticas foram ficando entregues ao abandono e à
ruína, aqui no Brasil. |
Numa
determinada região, próxima à Campo Largo, Tatuí e Itapetininga, havia
na época do Brasil Colônia, uma extensa fazenda situada numa vasta
Sesmaria, concedida aos jesuítas pela Coroa Portuguesa. |
Era
conhecida como Fazenda dos Jesuítas. Dentre tantas benfeitorias construídas
pelos jesuítas, com auxílio dos caboclos e indígenas, havia uma bela
capela para as práticas religiosas. No interior uma grande, interessante
e artística crua, toda entalhada em madeira de lei, apresentando riquíssimos
e curiosos detalhes, raros em obras do gênero. |
Com
o exílio forçoso dos jesuítas, o local ficou à mercê do abandono. A
velha capela ameaçava ruir, juntamente com o precioso símbolo sagrado ao
Cristianismo. |
Como
a antiga rota das tropas de muares passasse nas proximidades, alguns
piedosos católicos do povoado do Campo Largo se compadeceram da crítica
situação da cruz e trouxeram-na para as proximidades da pequena povoação,
onde erigiram uma modesta capela para abrigar o santo madeiro. |
Esta
seria a segunda capela dedicada à Santa Cruz dos Jesuítas. |
Tempos
mais tarde, a tradicional família Vieira, importante no ramo comercial,
construiu uma outra capela para a cruz, em sua grande propriedade, na saída
de Campo Largo para Sorocaba. Ali a cruz era venerada por centenas de
devotos em sua terceira capela. |
Com
o passar do tempo, parte da propriedade rural onde se encontrava as
principais benfeitorias da família Vieira foi comprada pela Ordem
Religiosa das Irmãs Beneditinas (seguidoras da doutrina de São Bento). |
No
local, a entidade construiu um estabelecimento apropriado para abrigar as
religiosas, assim como também uma espaçosa capela para entronizar, em
local de hora, a antiga e histórica Santa Cruz. |
A
belíssima cruz, há pouco tempo, foi inteiramente restaurada e pintada,
seguindo a linha original, por um dedicado e consagrado artista plástico,
residente em Araçoiaba da Serra. |
Hoje
podemos admirar essa verdadeira relíquia, no interior da capela da Chácara
santa Cruz, onde residem as irmãs beneditinas em Araçoiaba da Serra. |
*** |
Nossos agradecimentos ao Prof.Júlio
Cesar Collaço Sani, |
Pesquisador da Cultura e História
Regional e Artesão conceituado. |
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