Numa região montanhosa fora construída uma via férrea para transporte de
minérios e passageiros. Perfurar cada montanha e fazer túneis era impossível.
Assim as curvas não puderam ser evitadas. Muitas vezes o trem precisava
contornar as montanhas sobre aterros que cobriam uma vasta extensão de
estrada. Esses contornos formavam algumas curvas consideradas perigosas e
muita gente era tomada de pânico no decorrer da travessia. Não era sem causa
o costumeiro estado de pavor dos passageiros; é que alguns acidentes sérios
já haviam sido registrados naqueles trechos, com grande número de vítimas.
Num final de semana prolongado, um trem cheio de passageiros, que rumava para
as praias, seguia por aquela estrada. Não havia um só lugar vazio. As crianças
menores, fugindo ao aperto, corriam pelos corredores enquanto o trem se
locomovia deslizando sobre os trilhos. À medida que se aproximava dos trechos
mais perigosos da estrada, cada mãe procurava aconchegar ao colo a sua criança,
enquanto a conversa cessava para dar lugar ao temor que invariavelmente tomava
conta das pessoas. Entretanto, naquela manhã, uma garotinha de cinco ou seis
anos continuou sozinha, correndo e brincando nos corredores. Os passageiros
estavam sérios, tensos e preocupados. Começaram então as curvas, com seus
aterros tão altos que transformavam os vales em verdadeiros abismos. Todavia,
indiferente e despreocupada, a menina não se deixava atingir por nada. Foi
então a essa altura que um senhor de olhar austero lhe indagou:
- Escute, minha garota, você não está com medo dessas curvas tão perigosas?
Ainda não percebeu que o trem avança numa velocidade acima daquela que é
permitida e que todos poderemos morrer no meio da viagem?
Com um sorriso largo e olhar confiante, a menina respondeu com segurança e
graça:
- Não, não tenho o menor medo porque meu pai é o maquinista!
Autor não mencionado
Enviado por Paulo Barbosa - Novos Mensageiros
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