RESPEITO GERA RESPEITO
Um velho galo experiente e matreiro, percebendo certo dia a aproximação da raposa, empoleirou-se para evitar que cenas desagradáveis pudessem nascer do encontro indesejável. A raposa, desapontada, vendo frustrados os planos, procurou disfarçar sua decepção tratando de elaborar o mais rápido possível, uma saída inteligente. Contudo, interiormente ela repetia amargurada:
- Deixe estar, galo covarde, que eu ainda vou lhe pegar... Você não perde por esperar... e assim se retirou, como quem nada percebeu.
Ocultando-se atrás de um arbusto espesso, ficou esperando que o galo descesse do poleiro. Como isso não acontecesse, ela tomou outra atitude: retornou serena e cautelosa, falando com a máxima naturalidade:
- Amigo galo, estou voltando só para lhe comunicar a grande e feliz novidade que acaba de aparecer em nosso mundo. Foi decretada a paz entre os animais. Agora, lobo e cordeiro, gavião e pintinhos, onça e veado, raposa e galinhas, enfim, todos os inimigos já andam se abraçando como namoradinhos apaixonados. Diante do ocorrido, eu lhe peço que desça do poleiro e venha receber o meu abraço de amor fraterno, como símbolo da paz perene que há de reinar entre todos os animais.
- Mas que notícia alvissareira! - exclamou o galo.
- Não pode imaginar como essa nova me alegra e comove. Quanta harmonia há de reinar no mundo assim livre de guerras, traições e crueldades. Claro que descerei para abraçar a amiga raposa, mas... como estou avistando três cachorros que se encaminham para cá, acho justo esperá-los, para que também eles possam se confraternizar conosco, nesse momento de tão significativo regozijo.
Ao ouvir falar em cachorros, a raposa perdeu imediatamente o entusiasmo pela comemoração do evento. Tratou de se pôr ao fresco, desculpando-se desconcertada:
- Infelizmente, amigo galo, lembrei-me agora de um compromisso inadiável e por isso não posso esperar pelos cães, embora tivesse um prazer todo especial nesse encontro. Ficará para uma nova oportunidade, essa nossa comemoração em conjunto. Até loguinho, amigo...
E assim falando, a raposa raspou-se em disparada!
Autor não mencionado
Enviado por Paulo Barbosa - Reflexões
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