MUDANDO DE IDÉIA
Uma pobre viúva, muito enferma, trabalhava muito mais do que suas forças permitiam. Para dar conta do enorme amontoado de tarefas, ela não podia dispensar a ajuda do filho de dez anos. Porém, acontecia que a cada novo dia o garoto demonstrava sempre uma insatisfação crescente por causa do tempo despendido naquela ajuda insignificante até. Por mais que a mãe procurasse fazê-lo entender a real situação econômica da família, ele menos aceitava o fato de precisar prestar-lhe alguma ajuda. Certa manhã ele estava mais revoltado ainda e, de repente, deixando cair algumas lágrimas, implorou para que a mãe o deixasse encontrar-se com um colega que iria ajudá-lo no preparo dos deveres escolares. Obtida a permissão, saiu feliz por haver enganado a pobre mãe com a história que soube simular tão bem. Antes de chegar no lugar onde os companheiros estavam brincando, ele passou em frente a um casebre quase em ruínas e ali viu sentado um menino menor do que ele.
Trazia ao colo uma cesta e tinha a mão direita enfaixada e metida numa tipóia. Curioso, ele indagou:
- O que é que você está fazendo?
- Oh, estou vendendo fósforos, botões e agulhas para ajudar um pouco a minha mãe. Coitada, está doente mas assim mesmo tem de trabalhar para o sustento da casa, porque não tenho mais meu pai - respondeu a criança.
- Mas você só trabalha com a mão esquerda? - continuou o menino.
- Tem que ser - respondeu. - Eu escorreguei, quando ajudava mamãe a estender a roupa, e fraturei um dedo. Mas continuo ajudando agora, vendendo estas miudezas. É duro não ter pai. Você tem pai?
- Não - respondeu envergonhado o curioso. - Minha mãe também é lavadeira e como a sua também trabalha doente. Preciso voltar agora mesmo para casa e ajudá-la a estender a roupa...
Virando-se, correu em direção à casa. Limpava agora as lágrimas sinceras que rolavam pelas faces e cabisbaixo entrou pegando a caixa de prendedores, para começar a estender as peças já lavadas. A partir daí, o menino aprendeu a ajudar a mãe com alegria e compreensão.
Autor não mencionado
Enviado por Paulo Barbosa - Reflexões
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