VERMELHO
E AZUL: CORES DE UM NOVO ALVORESCER.
É o homem que olha para o passado. São as estrelas que repousam firmes no firmamento.
Mas são os seres que ainda descobrirão novos modos de se ver (e viver) a vida. Repousando sobre uma erma terra, de marros tons, aplainado por dias miseráveis que se foram...tentando resgatar lembranças de músicas esquecidas.
Lendários barcos que singraram terras que viriam a ser (re)vistas muito depois...desde que lembranças de Atlantes pervadiram mentes gregas...mas antes destes, os fenícios que pintavam vermelhos de murex pé-históricos...
Desde aquelas épocas fomos Um que se tornaram muitos!
Ele (Eu), Deus esquecido, tal qual Fênix renascia das terras de marrons ocres, onde em seus sub-solos navegavam grandes formigas vermelhas (in)conscientes de seu trabalho.
O homem, então, jazia, e depois, por fim, nascia, emergindo do solo...nu, e de peito reluzente! Aguardava poder caminhar mais uma vez...sentir a brisa dos simples ventos marítimos...
Mas de repente se esquecera de tudo!
Entre as árvores frondosas e o cantarolar dos pássaros, o homem perscrutava à procura das canções apagadas pelas distantes memórias...sua mente racional desejava ser algo mais...e quando este homem se lembrou, tocou seu coração com uma mão...e depois cobriu-a com a outra, fazendo seu pensar se calar, se fechar, para ouvir outro tipo de manifestação: a expressão de seu próprio coração, se lembrando que não era sua mente quem comandava...não era seu intelecto que fazia ou criava...ou melhor, estas coisas ele fazia, mas somente porque este outro “cérebro” mandava...sim, o coração, esquecido, que de sangue vermelho por veias azuladas transformava seu corpo num cosmo microestruturado...mas em conjução com o cosmo macro-criado.
E então...lentamente...o homem se ergueu aos céus (mas mantendo as mãos no seu peito)...e não clamou, não pediu, mas só chorou...e de seu choro veio o riso, que veio a compreensão e o fim da dor...e adveio por fim algo que ele não pensava que estivesse esperando: de seu coração, destacou-se um ser gracioso, de igual pensamento e manifestação...um ser que trazia algo que ele havia pensado que não tinha.
E este ser era a mulher.
E o que ela trazia, que o homem julgava não ter, era simplesmente a fonte da vida: o Amor!
E este ser (a mulher) era ele mesmo, de outro modo de se ver e sentir. E ambos tinham suas mãos nos corações...mas desta vez, cada um com suas mãos no coração do outro, perfazendo a coligação cósmica e o amor eterno!
E que ambos, vermelho e azul, sangue e veia, mulher e homem, sejam sempre o violeta-róseo dos céus da inocência consciente da vida.
Gazy
São Vicente, 25/08/2000, sempre com as mãos no coração.