CLUBE DOS ANARQUISTAS - Padre Justiniano da Cunha Pereira - Barbacena - 1838

 

 

 

COMÉDIA
INTITULADA
O CLUBE DOS ANARQUISTAS
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CENA PRIMEIRA.

Narigão só.

Não perco as esperanças. A empresa é difícil, é embaraçosa; bem o sei; porém o que não vence a incansável perseverança? As almas grandes se elevam, se fortificam no meio dos perigos e dos obstáculos. Serei eu menos feliz em Minas, do que Sabino na Bahia? Terá ele mais capacidade? Não sou eu Doutor formado? Mas o êxito de uma revolução é duvidoso... seja embora. Entretanto ficam os cofres a minha disposição; posso enricar-me, e se as águas correrem turvas, não custa muito montar a cavalo, voar a Itaverava, e de lá...

CENA SEGUNDA.

Narigão, Tiple e Macaco.

Narigão. Amigos! Estamos firmes no nosso plano?

Macaco. Mais firmes do que rochedos.

Tiple. Resta organizarmos a Administração. Nomear os empregados da Repilha, os Ministros de

Estado, os Generais de Exércitos, consignar os vencimentos, ver o estado do Tesouro, enfim providenciar a tudo; sem regularidade nada pode marchar em termos. É necessário também organizarmos a lista dos proscritos. Não queremos gente suspeita no novo Estado.

Narigão. Tudo isso são objetos secundários. Façamos primeiro a instalação; desviemos os obstáculos, e consolidemos a Repilha em bases duradouras, e ao depois cuidaremos nessas disposições particulares. Decidiram já quem será o Presidente ou Ditador?

Tiple. Infalivelmente, serei eu.

Macaco. Mais firmes do que rochedos. Esse cargo me pertence em primeiro lugar; porque eu enfim...

Narigão. E eu então? Pois vocês querem esbulhar-me de um posto que por todas as razões me compete? Não sabem o prestígio que se une a este título de Doutor, que nenhum de vocês possui? Quem sustenta Francia no Paraguai? Não é o brilhante título de Doutor com que se adorna?