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Eólica Energia Eólica – uma
energia subaproveitada!
A falta de apoios financeiros relevantes e o reduzido estímulo
da actual política energética estão a dificultar o aproveitamento
integral das potencialidades da energia eólica do país. Considerada a
forma de «energia mais limpa» com importância comercial, apenas nos
últimos quatro anos começaram a surgir em Portugal os primeiros
parques para a transformação da energia dos ventos em electricidade. Contudo, os quatro parques já existentes - dois da
Enernova, em Lamego e no Marão, um dos japoneses da Tomen, em Vila do
Bispo, e um outro da Enersis, também em Lamego - apenas têm uma potência
total de 40 MW, quando segundo estimativas as capacidades eólicas
poderiam permitir os 400 MW. Um dos maiores constrangimentos para a construção de
novos parques eólicos tem sido a política tarifária praticada pelo
Grupo EDP na compra dessa energia. Segundo Afonso Proença,
administrador da Enersis, «criou-se a expectativa de que seria criado
um tarifário verde, mais favorável à energia eólica por não ser
poluente, mas até agora isso ainda não aconteceu». Com efeito, embora
por lei o Grupo EDP seja obrigado a aceitar a energia produzida - mas
apenas para os auto-produtores com menos de 10 MW, o que também é
outro constrangimento legal - sem redução de preço superior a 10 por
cento durante oito anos, esse valor é idêntico às demais formas de
produção energética, tendo-se situado em média nos 10$70 por KWh no
ano passado. Para Simões dos Reis, presidente do conselho de
administração da Enernova, do Grupo EDP, «o investimento nos parques
eólicos têm, regra geral, uma taxa interna de rentabilidade com as
tarifas actuais de cerca de 8 por cento com um período de retorno de 9
anos». «Não é um negócio ruinoso, mas comparativamente a outros será
menos atractivo», admite este responsável, sublinhando, contudo, que
«o Grupo EDP considera-o interessante, económica e ambientalmente». Para esta situação muito têm contribuído os reduzidos
apoios financeiros na sua implantação. Com efeito, cada um dos quatro
parques eólicos existentes rondou os 2,3 milhões de contos de
investimento, mas nenhum obteve qualquer financiamento a fundo perdido.
O Programa Energia apenas facultou um empréstimo entre 30 e 40 por
cento, com uma carência de dois anos e reembolsos ao longo de uma década.
«Com as actuais taxas de juro baixas, isso em termos práticos
significa um apoio efectivo da ordem dos 10 mil contos por ano,
manifestamente insuficiente para podermos apostar em força», salienta
Afonso Proença. Acresce a isto o facto da ligação à rede eléctrica
nacional ser da responsabilidade dos promotores, o que representa um
investimento suplementar que pode atingir os 200 mil contos, devido ao
facto dos parques se localizarem em zonas isoladas. A Enersis tem mesmo
um projecto parado, porque o custo de ligação à rede atingiria os 428
mil contos. Manuel Collares Pereira, docente do Instituto Superior Técnico
e director do Centro para a Conservação da Energia, lamenta que não
se esteja a dar o apoio devido a este tipo de investimentos. «Para o gás natural investiram-se 500 milhões de contos,
136 milhões dos quais a fundo perdido, para uma produção de energia
que representará apenas os 10 por cento dos consumos nacionais»,
salienta este especialista, acrescentando que «não se compreende a razão
para não se apoiar mais uma energia que é renovável, como acontece
com outros países europeus». Na realidade, alguns parceiros comunitários têm vindo a
intensificar a aposta nestas energias, praticando tarifários mais favoráveis,
como a Suécia e a Alemanha. Neste último país, este estímulo foi
mesmo responsável por um salto significativo na potência instalada: em
finais de 1995 possuía 1136 MW e apenas um ano depois já se situava
nos 1545 MW, sendo simultaneamente um dos países-líder desta
tecnologia. «Em Portugal só se torna rentável um parque com ventos médios
de sete metros por segundo, enquanto que na Alemanha basta atingirem os
quatro metros», refere Afonso Proença. Por outro lado, de forma a incrementarem a aposta neste
tipo de produção, algumas empresas de distribuição eléctrica
europeias têm vindo a assumir o compromisso perante os seus clientes de
introduzir uma percentagem mínima de energia renovável (denominado «non
fossil fuel obligation») na rede. A própria União Europeia
estabeleceu recentemente como meta para o ano 2010 a duplicação da
produção de energia renovável, nomeadamente eólica, solar, geotérmica,
biomassa e mini-hídricas. No entanto, tendo em conta que as mini-hídricas têm
vindo a ser contestadas por sectores ambientalistas - devido aos
impactes ecológicos nos rios - e as outras têm um crescimento mais
limitado a médio prazo, a aposta parece dever recair sobre os parques eólicos,
que são «uma das poucas formas de produção eléctrica sem
externalidades ambientais», segundo Collares Pereira. Para já, a
Enernova está em fase avançada de projecto de um parque no Cabeço da
Rainha, entre Oleiros e Sertã, estando a realizar estudos em várias
serras, como as do Barroso, Marão, Monchique, Açor, Alvão e Montemuro.
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