Julho



Sabugal
Coimbra

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Coimbra

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Coimbra |
Dia
6
pelas 17.00 Horas
Sabugal
Momento I C.
Capdeville
Regente, fl, harp,
v, va, vc, perc e tape
Quinteto
(1ª Audição) F.
Monteiro
Fl, cl, v, vc e pf
Voz, 2 cl, v, va,
vc, harp e perc
O Caminho de Orfeo
C. Rosa
Harp, fl, cl, v,
va e vc
Llanto por Mariana J.
Peixinho
Sop, pf, fl, cl, v, va, vc
Dia
7
Coimbra
-
Festival de Música de
Coimbra
Momento I C.
Capdeville
Regente, fl, harp,
v, va, vc, perc e tape
Leves Véus Levam J.
Peixinho
Sop, fl, vla, harp, marimba;
Voz, 2 cl, v, va,
vc, harp e perc
O Caminho de Orfeo
(1ª Audição) C.
Rosa
Harp, fl, cl, v,
va e vc
Llanto por Mariana J.
Peixinho
Sop, pf, fl, cl, v, va, vc
Notas de
Programa
MOMENTO I
C. CAPDEVILLE
"Momento I"
(1970/71) foi originalmente escrito para barítono e conjunto instrumental,
mas, a pedido do Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, a que foi
dedicado, a compositora preparou em 1974 uma versão que dispensa o cantor
solista; é esta versão que aqui se apresenta. O texto, escrito pela
compositora, resume o seu credo artístico: "Liberta o instante móvel; não
queiras criar o tempo; deixa o tempo ser". O esforço criativo concentra-se
em instantes superficialmente desarticulados entre si mas completos em si
mesmos, e unificados tanto pela intensidade e dinamismo da vivência como
pela economia dos meios musicais utilizados; o espaço concedido pela
compositora ao acaso é muito limitado, destinando-se apenas a propiciar o
maior envolvimento possível do intérprete tirando partido da sua
espontaneidade musical.
Manuel Pedro Ferreira
LEVES VÉUS VELAM...
JORGE PEIXINHO
Baseada no poema homónimo de Fernando Pessoa, esta obra ( escrita para
soprano, flauta viola e marimba ) pretende construir um universo sonoro
autónomo, no qual a voz e o conjunto instrumental assumem funções igualmente
relevantes e inter-dependentes. Os fundamentos da peça residem na aplicação
de um sistema de campos harmónicos variáveis - os quais funcionam como véus
envolventes do tecido sonoro ( " Leves véus velam") - daí derivando e aí se
inserindo todos os elementos constitutivos ( sons prolongados, grupos" em
arco" ou direccionais, células em "ostinato", etc ). Os elementos
"centrífugos" do sistema (glissandos, movimentos de sons não-determinados,
percussão ) constituem uma "projecção" dos elementos-matriz, na fronteira
dos campos harmónicos estruturais. A notar ainda a inclusão estilizada de
fragmentos do Pierrot Lunaire de Schönberg, assinalando os momentos de
convergência de Fernando Pessoa e de Albert Giraud (a utilização comum de
palavras como "lua", "noite", "céu")
Jorge Peixinho
CUATRO CANCIONES DE F. GARCIA
LORCA F. LOPES GRAÇA
Escritas em
1953, as “Cuatro Canciones de Federico Garcia Lorca” para barítono, dois
clarinetes, harpa, violino, violeta, violoncelo e percussão, formam uma
perfeita unidade, não obstante as diferenças contextuais e a muito maior
amplitude da última peça que, no seu forte dramatismo, respira uma atmosfera
de Guerra Civil. No seu todo, a colecção dir-se-ia imagem musical de um
avançar de ondas sucessivas, aumentando progressivamente de envergadura e
relacionando-se entre si, num jogo alternado de semelhança e contraste. A
primeira e a terceira correspondem-se de algum modo, pelo carácter mais
leve, enquanto a segunda nos avisa de que o próximo e derradeiro influxo
trará consigo a tragédia.
Na “Canción tonta”, o
elemento lírico move-se entre a frieza metálica dos deselos da criança (Mamá.
Yo quiero ser de plata) e o cálido amor de mãe e filho.
Em “Sorpresa”, a protecção
materna é solicitada para algo de bem diferente: esse homem morto se quedou
na rua, com um punhal cravado no peito.
A “Serenata” (Homenagem a
Lope de Veja) propõe-nos outro quadro argenteo (“... la noche de anis y
plata...”) em cuja sensual galanteria se confundem a “noche desnuda”,
molhando-se “por las orillas del rio”, e a encantadora Lolita, por quem “se
mueren de amor los ramos”.
Mesmo sem o título “Muerte
de Antoñito, el Camborio”, os trítonos melódicos e harmónicos, e o agrume
dos clarinetes, no princípio da quarta canção, anunciar-nos-iam alguma coisa
de terrível. Vozes de morte soaram cerca do Guadalquivir.
Três golpes de sangue teve,
“y se murió de perfil” E quando os quatro primos chegaram o Benameji, “voces
de muerte cessaron/cerca del Gualdalquivir”.
Lopes-Graça dá-nos a
completa equivalência musical da ardente poesia de Lorca. Significa isto a
identificação com um mundo feito de lirismo, de força dramática, de profundo
e apaixonado sentimento popular, da clássica nocção de elegância, de uma
épica e nobilíssima grandeza. Significa também, e antes de tudo, a expressão
dum espanholismo genuíno. Os meios utilizados são evidentes. Por exemplo,
nos ornamentos e na figuração conclusiva, com a tercina de semicolcheias (nº
1), no desenho melódico-modal “y que no lo conocia nadie” (nº 2); ou, na
última canção, a melodia mixolídia, e ainda, claro está, em estruturas
rítmicas como as das secções em compasso 5/8 (terceira canção).
Porém, o que torna esta
música verdadeiramente hispânica é a sua afinidade interna com o génio
poético de Lorca. Não me surpreenderá que músicos espanhóis inscrevam estas
“Canciones” de um compositor português entre as congéneres obras primas do
seu património nacional.
João de Freitas Branco
O CAMINHO DE ORFEO
C. ROSA
Esta obra, para
harpa solista e conjunto instrumental é dedicada à harpista Andreia Marques
e ao GMCL, grupo do qual ela faz parte.
Tentei, sem trair a minha
linguagem, tirar partido das belas potencialidades da harpa, instrumento de
tão difícil execução no campo da escrita atonal, mercê da complicada técnica
de pedais, razão da dificuldade em escrever para este instrumento. O
Caminho de Orfeu, desenrola-se dentro de cadências e diálogos entre a harpa
e o conjunto instrumental com novas experiências harmónicas,
interligando-se entre si; situações mais líricas e outras mais rítmicas e
marcantes, num caminho árduo, como o de Orfeu se tratasse, em procura de
Euridice. A obra acaba com glissandos muito harpísticos sustentados por um
paralelismo de acordes nos outros instrumentos.
Clotilde Rosa
LLANTO POR MARIANA (1986)
JORGE PEIXINHO
Esta peça foi estreada no Festival "Spaziomusica" de Cagliari (Sardenha) de
1986, nesse ano dedicado justamente à obra e à personalidade de F. Garcia
Lorca. Toda a obra baseia o seu percurso, articulação e material de base na
poética lorquiana. Além da inserção de textos poéticos ( extraídos
nomeadamente da Mariana Pineda ) e de células e inflexões melódicas,
a organização formal da peça inspira-se nos processos e modelos de
estruturação dramática levados a cabo pelo grande poeta andaluz,
particularmente nas suas peças de teatro. Llanto por Mariana , que
contém e apresenta muitos pontos de contacto com uma obra anterior ( A
idade do ouro de 1973), utiliza e desenvolve princípios de integração e
conjugação coerente entre diversos níveis de linguagem e características
estruturais divergentes.
Jorge Peixinho
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