Dois
dias depois, o Zac estava fazendo Cooper pela manhã, distraído, concentrado em
sua respiração corretíssima. Olhou para o lado e viu, na pista mais distante,
correndo também, a Patty. Espremeu os olhos para ter certeza e arregalou-os
quando finalmente teve. Usava os cabelos presos em um coque mal-feito, agasalho
da Adidas e Gatorade em mãos. Sem parar de correr, foi indo na direção da
amiga:
-
Com licença, eu queria encomendar um Yaksoba, por favor?
-
Oi, Zac - ela riu, surpresa. - E aí, menino?
-
E aí pergunto eu. Você parece que está tendo um ataque cardíaco. Não quer
parar um pouco?
-
Não, se eu parar eu acho que eu morro.
-
Oh, ok - o Zac riu. - Certeza?
-
Absoluta. Mas caso você veja os meus pulmões caídos por aí, por favor, me
avisa.
-
O seu e os do Taylor. Nunca vi ninguém mais lerdo para correr como aquela bicha
do meu irmão. - A Patty sorriu amarelo e pareceu desconfortável. O Zac mudou
de assunto rapidamente. - Desde quando você corre?
-
Desde hoje de manhã. Eu não consegui dormir direito, estava muito inquieta em
casa... Então decidi correr um pouco para, sei lá, correr.
-
Está fugindo do quê, hein Patrícia Futemma?
A
Patrícia parou um minuto. Suspirou, colocou os fios do cabelo liso e preto caídos
em seu rosto atrás das orelhas e perguntou:
-
O Taylor te contou, não contou?
-
Ele contou que te contou.
-
Zac, eu não pretendia falar sobre isso com você, o irmão do Taylor, mas... Eu
não tenho nem idéia do que fazer e isto está realmente me matando.
-
Eu não costumo aconselhar as pessoas, mas... Larga aquele cara de cabelo
desengonçado e fica com o meu irmão.
-
Eu nem sei o que eu sinto por ele - a Patty disse.
-
Pelo Eduardo?
-
Pelo Taylor.
-
Você já ficou com ele, o que nos dá uma estatística exata de 85% de
sentimentos amorosos.
-
E sobra só 15% de amizade? E eu posso saber por que você chegou a essa conclusão?
-
Porque amigos não se beijam na boca.
-
Não mesmo. Isso não é argumento, Zac. Às vezes, rola, oras. Mesmo entre
amigos que são só amigos.
-
Patty, alguma vez já rolou beijo entre a gente? Ou entre você e o Ike? - A
Patrícia ficou quieta. - Não. E por quê? Porque nós sim somos amigos que são
só amigos. Se rolou entre você e o Tay, e isso inclui os quase também, é
porque vocês já deixaram de ser amigos que são só amigos faz teeeempo.
-
Pode ser...
-
Pode ser não. É. - Pausa. - Até porque eu sou ótimo com estatísticas.
A
Patty sorriu grande. Então disse:
-
Eu adoro você, sabia Zackito?
Ele
riu.
-
Eu também adoro você, Patoríxia.
-
Se as suas fãs não estivessem olhando agora, eu juro que te dava um abração.
Sabe como é... Eu já tenho problemas demais com as do Taylor, então...
-
Problema nunca é demais.
Então
o Zac a abraçou bem forte. E eles continuaram correndo felizes da vida.
Chegando
em casa, o Zac subiu as escadas correndo, pois pretendia ir direto para o
chuveiro. Mas quase chocou-se com Taylor na porta de seu quarto. O Zac
estranhou:
-
O que você estava fazendo no meu quarto?
-
Estava procurando aquele sapato que nós compramos na Indonésia. Você não viu
por aí?
-
Da última vez, estava no quarto do Isaac.
-
Oh, ok.
O
Taylor já estava saindo, quando o Zac disse:
-
Eu encontrei com a Patty agora no parque.
-
Com a Patty - o Taylor voltou.
-
É, com a Patty.
-
Droga, justo hoje que eu resolvi não ir correr com você.
-
Pra você ver como a preguiça não compensa.
-
E o que vocês conversaram?
-
Ah, você sabe... As coisas de sempre.
O
Taylor suspirou sem paciência para as provocações do Zac. E disse:
-
E o que são as coisas de sempre?
-
Você não se pergunta o que a Patty estaria fazendo no parque às oito da manhã?
-
Nossa, é mesmo. E o que ela estava fazendo?
-
Correndo.
-
Correndo? - o Taylor se espantou. - Desde quando ela corre?
-
Desde hoje.
-
Nossa, que estranho... Por que será que ela resolveu fazer Cooper agora?
-
Bom, aí eu já não posso te contar. Conversa de amigos.
O
Taylor espremeu os olhos, entendendo do que aquilo se tratava.
-
Você conversou com ela sobre mim - disse, se aproximando do Zac. - Conta.
-
Não. É segredo de amigos - o Zac provocou.
-
Zac, você quer morrer agora ou daqui a dois minutos?
-
Ok, ok. Ela disse que está perdida, que não sabe o que fazer, que não sabe o
que sente por você... Ela não sabe de nada.
-
O que mais ela não sabe?
-
Na verdade, ela só não sabe isso. Eu disse para ela que se vocês já ficaram,
é porque algo mais que amizade ela sente. E ela disse que pode ser.
-
E o que mais, e o que mais?
-
Taylor, você acha que informação sai assim, fácil? É preciso certos estímulos
e...
-
Porra, Zac, conta logo, merda - o Taylor se irritou.
-
Foi só isso, calma.
-
Eu queria tanto falar sobre isso com ela...
-
Deixa ela descobrir as coisas que ela não sabe que aí vocês conversam.
-
Eu não queria ter deixado a Patty confusa assim...
-
Taylor, faz parte. É como aquelas histórias que as nossas fãs escrevem com a
gente na Internet e você é o principal. No final, você sempre consegue a
garota.
-
Zac, cala a boca.
O
Taylor saiu do quarto e o Zac foi rindo para o banheiro tomar banho.
...
O
sol já estava indo embora e começava a escurecer. A Patty caminhava triste
pela rua, pensando e relembrando da noite em que o Taylor se declarou para ela.
"Eu amo você. E não é como amigo. É daquele outro jeito". A frase
ecoava em sua mente. Ela chutava as pedrinhas na calçada e cantarolava baixinho
uma música triste qualquer, desanimada. Eram uns 700 sentimentos diferentes
martelando em sua cabeça. Não tinha a menor idéia do que fazer com todos eles
e isso a fazia querer chorar. O Taylor era tão incrível, mas...
-
Patty!
A
Futemminha virou para trás e viu o Taylor vindo em sua direção.
-
Oi - ele sorriu.
-
O...oi, Tay.
-
O que está fazendo na rua há essa hora e sozinha?
-
Estou dando uma volta - ela sorriu, sem graça.
-
Posso te acompanhar?
-
Ahm... claro.
Eles
começaram a andar devagarzinho. Silêncio por uns segundos.
-
O Zac me contou que encontrou com você no parque hoje de manhã.
-
Ele contou? E o que mais ele contou?
-
Contou que você estava correndo. Não sabia que você corria.
-
Ah, pois é... Eu não tenho o costume, não. Eu estava só... correndo um pouco
para... Sem motivo. Só por correr - a Patty explicou entre pausas, timidamente.
-
Eu corro às vezes também, mas só com o Zac.
-
Não sei como ele consegue fazer isso todo dia. É cansativo.
-
Ele leva isso bastante a sério.
-
Eu sei - a Patty sorriu forçado. - Eu vi hoje o esforço dele e... - Então ela
finalmente fez contato visual com o Taylor. Ficou sem jeito de novo e abaixou a
cabeça. - Bom, você sabe.
-
Patty - o Taylor parou de andar. -, essa conversa está horrível.
-
Está?
O
Taylor a olhou e cruzou os braços.
-
Tá, eu sei - ela admitiu.
-
Você está brava comigo por eu ter te contado sobre...
-
Não! Nossa, não - a Patty negou preocupada. - Eu estou sentindo milhões de
coisas, mas raiva de você não é uma delas.
Ele
apenas sorriu. E disse:
-
Quando você quiser falar sobre isso, eu vou estar aqui, louco para ouvir.
-
Obrigada. Eu só preciso pensar um pouco e...
-
É, eu sei. Não precisa se explicar.
-
Thanks - a Patty agradeceu.
O Taylor sorriu mais
uma vez. Colocou as mãos nos bolsos e levantou os ombros, tímido.
-
Posso te acompanhar até em casa? - ele pediu.
-
Claro. Pode sim.
O
resto do caminho eles foram conversando. Chegaram então na casa da Patty e
pararam em frente ao portão.
-
Eu gosto da cor do seu telhado - o Taylor observou.
-
Azul? - a Patty disse olhando para cima. - Eu também gosto.
-
É.
Silêncio.
-
Obrigada por vir até aqui comigo, Tay.
-
O prazer foi todo meu.
A
Patty sorriu.
-
A gente se vê amanhã? - ela perguntou.
-
Claro.
-
Cool.
Silêncio
de novo.
-
Posso te dar um beijo de boa noite? - o Taylor perguntou.
-
Ahm...
-
É só um beijo de boa noite. A
little polite one.
-
Oh,
ok.
Colocando
uma das mãos no rosto da Futemminha, o Taylor inclinou-se devagarzinho e tocou
os lábios dela. Puxou seu lábio inferior lentamente e mais uma vez e mais uma
vez. Olhou-a. A Patty demorou um pouco mais para abrir os olhos. Silêncio um
tempo.
-
Boa noite - ele disse.
-
Good
night, Tay.
O Taylor esperou que a Patty entrasse em casa para então voltar caminhando para a sua.
Capítulo
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