A
notícia se espalhou há anos luz por segundo. Foi questão de dias para que
toda a população feminina da cidade ficasse sabendo: Taylor Hanson estava
namorando. A lenda da cidade, um dos irmãos super populares, o garoto que só
festava, estava apaixonado. Não havia um ser humano em Tulsa que não estivesse
exclamado a frase: "Taylor Hanson? Namorando? Nããão...". Era um
total espanto. Ninguém entendia como isso podia ter acontecido. As milhares de
pretendentes do garoto sentiam-se perdidas e desoladas. Como elas iriam viver
sem o Taylor?
Mas
além dessas questões, havia a mais intrigante: quem conseguiu fazer isso? Quem
era a garota por quem ele estava apaixonado? Quem era a tal menina que vinha
sendo a única coisa que os olhos do Taylor queriam ver?
A
Patty voltava do mercado dando pequenos saltinhos, toda faceira. Com uma sacola
nas mãos, cantarolava uma música qualquer, bem animada. Passou um carro. Isso
não seria nada se o veículo não tivesse passado em tão pouca velocidade. A
Patty estranhou e virou o olhar para o veículo. Uns quatro ou cinco
adolescentes olhavam-na espantados, entre cochichos. A Futemminha enrugou a
testa, não entendendo. Aquele momento durou alguns segundos. O carro então
acelerou e foi embora.
-
Nossa, que foi isso? - a Patty falou sozinha.
Continuou
andando e rapidamente recuperou o espírito animado de antes. Voltou a
cantarolar e a saltitar. Foi quando algumas meninas do outro lado da rua, que
conversavam, pararam com o falatório assim que avistaram a Patty. Encaravam com
os olhos arregalados. Mais um tempo, elas viraram a cara e saíram em passo
acelerado. A Patrícia não entendeu nada. Continuou andando.
Quando
estava há algumas quadras de casa, avistou um grupinho de garotas, todas
emperiquitadas, maquiagem forte e roupas curtas, encostadas em uma caminhonete
preta, conversando. Pelo o que já tinha acontecido até ali, a Patty ficou um
pouco insegura de passar por elas. Atravessou a rua e, de canto de olho, ficou
observando se provocaria algum tipo de reação no grupo. Batata! Todas
direcionaram o olhar para a Patty e ficaram encarando-a até que esta virou a
esquina, com o mesmo espanto.
-
Meu Deus, eu estou brilhando, por acaso? - falou para si mesma.
Entrou
em casa rapidamente e foi para o seu quarto. Discou os números da casa dos
Hanson.
-
Alo?
-
Hey babe.
-
Oi, Tay - a Patty ficou feliz.
-
Não é o Taylor, é o Zac.
-
Zac, de novo? Por que você sempre faz isso?
-
Because
I'm a looser.
-
Bom, isso explica muita coisa. Agora deixa eu falar com o Taylor, vai.
-
Tchau, cunhada.
Segundos
depois...
-
Patty, oi - o Taylor atendeu.
-
Tay, será que a gente podia se ver agora?
-
Pensei que nós fossemos nos ver só à noite...
-
E nós vamos, mas... Será que 'cê não podia vir para cá antes?
-
Claro que eu posso. Aconteceu alguma coisa, honey?
-
Não. Eu só quero te ver.
-
Estou indo.
-
Não demora, tá?
-
Quando você estiver terminando de colocar o telefone no gancho, eu já vou
estar chegando aí.
A
Patty riu. E disse:
-
Ok. Te amo.
-
Eu também. Tchau.
O
Taylor pegou as chaves do carro, o carro e se mandou para a casa dos Futemma.
Tocou a campainha e a Patty atendeu:
-
Você está atrasado. Eu coloquei o telefone no gancho umas 35 vezes para ver se
você aparecia mais rápido e nada.
O
Taylor riu e a pegou no colo para beijá-la. Ela entrelaçava as pernas na
cintura dele e o envolvia o pescoço. Cena clássica entre eles. Após o beijo
demorado, a Patty fez carinho no nariz do Taylor com o seu e sussurrou:
-
Quer namorar comigo?
-
Todo dia.
Então
se beijaram de novo.
-
E aí, como foi o seu dia? - o Taylor quis saber.
-
A aula tava um saco, queimei o arroz da minha mãe no almoço e fui agora no
mercado comprar mais. E a tarde eu passei todinha no colo de um loiro lindo que
não desgruda mais de mim.
-
É mesmo? - o Taylor sorriu. - E faz quanto tempo que ele está te perturbando?
-
Há 1 mês, 2 semanas, 4 dias e... - olhou no relógio. - 5 horas.
-
Se quiser, ele pode ir embora.
-
De jeito nenhum!
O
Taylor riu. E a beijou mais uma vez.
-
E entrar, você quer? - ela convidou.
-
Não sei, eu estava pensando em dar uma volta de carro...
-
Tudo bem. - A Patty então desceu do colo do namorado. - Eu vou colocar um tênis,
já venho.
Sapatos
colocados, eles entraram no carro e foram dar uma volta.
Os
dois conversavam e riam juntos. Todas as meninas na rua olhavam enciumadas,
invejosas, desejando de todo o coração que a Patty sumisse. E se não era
isso, eram cochichos e comentários paralelos. A Patty tinha virado uma espécie
de ponto turístico. Todo mundo queria ver a japonesinha que mudou a vida do
Taylor. Todos queriam saber quem era ela.
A
Futemminha? Ih, nem aí. Ela desconfiava de nada. Nem percebia que tinha virado
assunto na cidade. Não relacionava os olhares na rua ao seu namoro com o
Taylor. Na verdade, estava tão bem com o namorado que nem prestava muita atenção
no que poderiam estar pensando sobre eles.
-
Oi, Taylor - uma garota parada na calçada cumprimentou quando eles estavam
parados no sinaleiro.
-
Oi - ele respondeu.
-
Você e o seu carrão, não é Taylor...? - a garota brincou, maliciosa.
Ele
apenas levantou as sobrancelhas, indiferente ao comentário.
-
Oi - a Patty cumprimentou também do banco de passageiro, toda simpática, dando
um tchauzinho. A garota virou a cara, ignorando.
O
sinal abriu e o Taylor acelerou.
-
Credo - a Patty reclamou. - Que garota antipática.
-
Pá, você não tem que ser legal com essas garotas.
-
Eu só quis ser simpática com a sua amiga.
-
Ela não é minha amiga.
-
Aaahh... - a Patty compreendeu. - Você ficou com ela, não foi?
-
É, digamos.
-
Ahan... Sei...
-
Se quiser, eu te conto o que aconteceu.
-
E a Patty aqui quer dor de cabeça? Não, obrigada. Eu opto pela ausência de
informação.
...
Era
quase dez da noite. O Zac e a Gina aguavam as plantas dos vasos no jardim com a
mangueira. Era muita planta. A Gina ia dando as instruções para o Zac para ele
não fazer nenhuma besteira. Foi quando este olhou lá para fora e viu o Taylor
e a Patty conversando parados no portão, se enrolando para entrar.
-
Gina, empresta a mangueira um pouquinho? - o Zac pediu.
-
Mas por quê? Quer molhar as plantas um pouco também?
-
Não, eu quero molhar outra coisa agora.
Apontou
a mangueira para cima e se preparou.
-
Zac, não faça isso - a Gina pediu.
-
Ssshhh - o Zac sussurrou, com o dedo nos lábios.
Quando
o Taylor e a Patty estavam se beijando, o Zac abriu mais a abertura que liberava
a água e fez chover no casal. Então gritou:
-
Meidei! Meidei! Incêndio!
-
Zac! - a Patty berrou, entre risos.
-
Porra, Zac, desliga isso! - o Taylor protestou.
-
Quê? Eu não estou ouvindo!
-
Zac, querido... - a Gina pediu.
-
Tá bom, vai - o Zac se rendeu e desligou. - Pô, Gina, estava divertido.
-
Desde quando molhar as pessoas é diversão?
-
Desde quando "as pessoas" comportam o mala do meu irmão entre elas -
o Zac respondeu.
O
Taylor entrou no jardim todo molhado e só não voou no pescoço do Zac porque a
Patty não deixou. Ela tinha adorado a chuva de mangueira. E acompanhado da Gina,
o casal entrou na casa.
Sentindo-se
vitorioso por ter feito o Taylor ficar puto, o Zac foi até a torneira do jardim
para fechá-la, com aquele sorriso enorme no rosto. E quando já estava
voltando, viu a Ló parada no portão, prestes a apertar a campainha.
-
Mala Sem Alça? O que faz aqui? - o Zac gritou de longe.
-
Oi, Zachary. Será que eu posso falar com você um pouquinho?
-
Claro, espera que eu vou abrir para você - correndo em direção a ela.
A
medida que foi se aproximando, o Zac foi notando um vermelho nos olhos da amiga.
E através das barras de ferro do grande portão, pôde ver que ela chorava.
-
Lynne, o que aconteceu? - Abriu finalmente. - Por que você está chorando?
-
O Dave terminou comigo.
-
Quando?
-
Agora.
-
I'm... I'm so sorry.
-
Você pode conversar?
-
Entra.
A Ló
obedeceu. Foram até o quintal, pelo caminho de pedras rodeado de plantas.
Sentaram-se no banco branco perto das orquídeas.
-
Desculpe aparecer a essa hora - ela disse.
-
Tudo bem. - Pausa. - Por que ele terminou com você?
-
Eu já tinha notado que ele andava estranho comigo. Meio frio, distante. Eu
estava decidida a falar com ele sobre isso, perguntar o que estava acontecendo.
-
Você perguntou?
-
Perguntei hoje. Aí ele disse que queria terminar comigo. Eu perguntei por quê,
e ele disse... Ele disse...
-
Ele disse...?
-
Ele disse que eu sou muito estranha e que eu fico brava por coisas estúpidas -
ela chorou, colocando a cabeça no ombro do Zac.
-
Ele disse isso?
-
E disse que eu falo demais e que eu sou muito chata. Disse que, no começo,
achava isso bonitinho em mim, mas depois ele não agüentava mais.
O
Zac tentou segurar, mas não deu. E começou a se matar de rir. A Ló parou um
instante e ficou olhando, puta da cara, para ele.
-
Por que você está rindo? - ela perguntou, enfurecida.
-
Lynne... Por que você acha que eu te chamo de Mala Sem Alça? Com certeza não
é porque você tem o formato de uma ou soa como uma ou usa um penteado...
-
ZACHARY! - ela levantou. - Eu não acredito! What's
the matter with you?! Eu
venho até aqui, chorando, precisando de um amigo, e é isso que você tem a me
dizer para me consolar?!
-
Mas Lynne, você é chata, você fala demais e você fica
brava por coisas estúpidas. Isso não é mentira. Você é assim.
-
O
QUÊ?!
-
E você é estranha. E é terrível com karaokês. Ah! você é teimosa e ingênua
também.
O
sangue da Ló ferveu. E sentindo que aquela raiva sairia do corpo dela a
qualquer momento em forma de facas, ela resolveu tomar uma atitude para
extravasar. Socou o Zac bem no meio do nariz dele. E enquanto ele segurava o
rosto, morrendo de dor, ela gritou:
-
Você é um, um, um garoto... um garoto... horrível com conselhos!
E
saiu dali soltando fumaça até pelas unhas. Bateu o portão e foi embora.
-
God... - o Zac gemia. - Nariz? Está tudo bem?
O Zac entrou em casa correndo porque estava doendo demais o lugar atingido pela direita delicada da Ló.
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