Como diz aquele ditadinho, a vida continua. E continuou para todos os nossos queridos amigos de Tulsa. Mas para o Isaac... Para ele a vida estava continuando de uma maneira diferente.

            O Isaac estava vivendo todos os dias como se fossem os últimos. Sempre saía de casa, conversava com as pessoas, fazia amigos novos, reforçava os laços de amizade antigos. Era sempre ele quem vinha agitando para todos saírem à noite dançar, conversar... E se não saía de casa também, tudo bem. Ele dava um jeito de tornar tudo suuuper divertido.

            E um dia, numa conversa entre ele, os irmãos, a Patty e a Ló, debatendo sobre a chatice que era a noite de Tulsa, o Isaac resolveu tomar mais um passo grande na sua vida:

- É incrível, aqui nunca tem nada para fazer - o Zac reclamou.

- E quando tem, são aquelas mesmas festas, com aquele mesmo povo, aquele mesmo esquema - o Taylor disse.

- E os bares então? Que coisa mais podre - a Patty comentou, deitada no peito do namorado.

- Ah, se eu pudesse abrir um barzinho, nossa, seria totalmente diferente - o Isaac suspirou. - Teria música ao vivo de qualidade, nada dessas eletrônicas terríveis que tocam por aí. E outra, seria um ambiente agradável, nada de aperto, falta de lugar para sentar. Teria atendimento rápido, serviço de qualidade, sabe?

- E os banheiros, Ike? Porque olha, mulher sofre nos banheiros desses lugares. É sempre apertado, fedido, desconfortável... - a Ló observou.

- Não, os banheiros seriam de luxo. E eu promoveria festas temáticas com temas inteligentes. E não esses temas cretinos tão comuns por aqui – o Isaac completou.

- Festa do Terror, Festa do Pijama, Festa do Cabide, Lady’s First... - o Taylor citou alguns temas comuns.

- Nada de temas assim. E...

- Ai, abre a porra do bar de uma vez! - o Zac se encheu dos projetos do irmão mais velho.

- Imagina... não tem como.

- Por que não? - a Ló não entendeu. - Você é rico, muchacho. Você pode tudo.

                O Isaac ficou uns quinze segundos olhando para ela sério. E dois meses mais tarde, o bar estava pronto.

            Um dos maiores dilemas para começar a construção do projeto foi o Seu Walker simpatizar com a idéia. Depois disso, ficou tudo mais fácil. Como disse a Ló sabiamente, eles tinham o capital. O resto era só questão de força de vontade e trabalho.

            O Isaac convidou para ser sócios seus dois irmãos, lógico. Eles adoraram! Afinal, boa parte de sua adolescência foi passada ao lado de empresários, discutindo grandes quantias de dinheiro, visando sempre lucros, tudo isso somado a uma profissão em que faziam o que gostavam. E mais uma vez a cena se repetia. Portanto, eles sabiam muito bem como lidar com dinheiro, publicidade, divulgação, advogados... Nada era um bicho de sete cabeças para os irmãos Hanson, já tinham visto de tudo neste ramo empresarial.

            Além deles, convidaram o George para participar da contabilidade e administração. O melhor amigo do Taylor poderia ser imaturo em vários aspectos, irresponsável em outros, mas se tinha uma coisa de que ele entendia era de números. Entendia e gostava, o que fez com que sua resposta fosse um "SIM!" antes do Isaac terminar de formular o convite no telefone.

            E juntos também decidiram o nome do lugar. Quer dizer, eles tentaram pelo menos... Eles não conseguiam entrar num consenso.

- Que tal Zac’s Paradise? - Eu preciso dizer quem sugeriu isso?

- Cala a boca, Zac - o Taylor mandou. - E ITZ? - sugeriu. - São nossas iniciais.

- Nah... Está muito batido esse negócio de dar nome para as coisas com iniciais - o Isaac argumentou.

- Verdade... - o Zac concordou. - Então que tal 3 Hats For The Fats?

- Três Chapéus Para os Gordos? Zac, que espécie de nome é esse? - o Taylor disse.

- Ah, sei lá... Pelo menos rima.

- JÁ SEI! The Shabby Sexton - o Taylor anunciou empolgado.

- Soa bem - o Ike disse. - Mas... O Sacristão Mal-vestido? Quem iria num bar chamado O Sacristão Mal-vestido?

- É só um nome, oras - o Taylor deu de ombros. - Você não falou nada sobre ter algum sentido.

- Não, precisa ter um sentido...

- Que tal... - o Zac coçou o queixo, pensando. - Bottom of a Blond Bottle!

- Jesus - o Taylor exclamou. - Fundo da Garrafa Loira?

- Mas gente, rima, porra!

- Zac, tem que fazer sentido.

- E faz! Olha só, vai ser um bar, o que explica o fundo da garrafa. E a garrafa é loira porque o dono do bar e os irmãos dele, nós no caso, somo loiros. Bottom of a Blond Bottle.

- Zac, eu vou começar a te proibir de dar sugestões - o Isaac disse.

            Horas de discussão e nada de nomes legais apareceram. E assim eles ficaram uma semana. Tudo e todos a sua volta inspirava para um nome. Mas nenhum deles servia.

            Uma tarde, daquelas bem gostosas, com ventinho fresco e sol fraquinho, o Zac estava sentado na varanda da casa da Ló conversando com a própria. Ele de costas para ela e ela fazendo uma trança no cabelo do Zackito. No começo da amizade deles, o Zac nem deixava a Ló tocar no cabelo dele, mas agora... As madeixas loiras estavam o tempo todo entre os dedos da Lynne.

- Pô, eu dei um monte de idéias legais para o nome do lugar, mas o Ike é muito chato.

- Qual foi o último nome que você sugeriu? - perguntou, concentrada na trança.

- Lacucaratcha.

- Zachary, mas esse nome não combina com um bar.

- Claro que combina.

- Combina nada. Você diz que combina só porque foi você quem inventou.

- Nada a ver, Lynne.

- Tudo a ver. E eu não te conheço, Zachary, por uma acaso? Você é cabeça-dura pra caramba.

- Eu não sou cabeça-dura!

- Tá bom, tá bom, Zachary, você não é - a Ló suspirou. - Depois sou eu a mala sem alça.

- Isso mesmo.

            Silêncio.

- Esse bar do Isaac vai ser a salvação dessa cidade - a Ló comentou. - Tipo... Calda de chocolate em sorvete de creme bem sem-graça.

            O Zac, que estava quase dormindo, arregalou os olhos e virou para trás na mesma hora, com aquele puta sorriso.

- É isso!

- É isso o que, minino? - não entendendo.

- Você é um gênio, Lynne!

- Ah é? E por que mesmo?

- Amo você, sabia?

- Ama?

            O Zac deu um beijo estalado na bochecha da Ló e saiu correndo com a meia trança no cabelo, caída toda torta nas costas dele. Nasceu então o nome do bar: Syrupy Salvation. Algo como "Salvação Docinha". Para os mais íntimos, The SS.

            No mesmo dia, o nome foi registrado. O próximo passo era organizar uma baita campanha de divulgação somado a uma festa de inauguração. Daí  pronto. O sucesso seria garantido. Assim como tudo que tinha por trás o sobrenome Hanson.

 

...

 

- George, cadê esse pessoal com os forros dessas cadeiras? - o Isaac berrava lá do bar para o amigo.

- Relaxa, Ike. Eles estarão aqui em alguns minutos.

- Você disse isso há meia-hora atrás.

- Não, eu disse isso há três minutos atrás. É você quem está neurótico.

- E a banda?

- A banda vem, Isaac. Just relax, man.

- Você está me dando ordens? Seu empregadinho de merda - o Isaac brincou.

            Todos riram.

- He's the boss - o Taylor disse.

- He's totally the boss - o Zac completou.

            E nesse clima de descontração é que a arrumação do local ocorria maravilhosamente bem. Funcionários por todos os lados, gente telefonando, zeladoras fazendo a faxina...

            O tema da decoração era... Inauguração. O tema era esse e só podia ser esse. E o clima condizia exatamente com a temática. Todos ansiosos, mas o Isaac mais. Todos com aquele friozinho na barriga, o Isaac com um iceberg no estômago. Todos agitados e ansiosos, o Isaac roendo as suas unhas e as dos outros. Os irmãos e amigos orgulhosos, o Isaac contente e satisfeito em dobro. Tudo para ele era em maior escala porque apesar de uma parceria aqui, ali, a ajuda na contabilidade dali, o apoio de cá, o bar na verdade era dele. Era realização dele, idéia dele, esforço e trabalho em maior grau do Isaac. Portanto, maior nervosismo e alegria para ele.

            Quando faltava uma hora e meia para a casa abrir, a Patty e a Ló chegaram. Arrumadas e lindas, prontas para estarem ao lado dos, respectivamente, namorado e melhor amigo. E claro, para dar aquele apoio para o Ike. E a circunstância pedia um visual adequado. Estavam lindas. O Taylor, ao ver a Patty entrando pela porta principal, correu até ela e a beijou daquele jeito clássico entre eles: ela envolvendo-o com as pernas pela cintura e ele a segurando nas pernas. Os cabelos escuros e longos da Patrícia caindo sobre os ombros do Taylor permitiam que ninguém visse o beijo carinhoso entre o apaixonado casal.

- Zachary, por que você não faz isso também quando eu chego? - a Ló disse, referindo-se a Taylor e Patty.

- Sai fora, Kid Malinha - ele retrucou, apoiado no balcão. - A Patty é leve. Você é gorda.

- O quê? - muito brava.

- Eu estou brincando, Lynne.

- Zachary, você está morto.

- Lynne, era brincadeira. Desencana. O que eu estava querendo dizer é que a Patty é magra demais. E você perto dela chega a ser gorda de tão seca que ela é.

- Ahan...

- É sério, Lynninha. Acredita no seu amigo aqui.

            A Patty desceu do colo do Taylor, permanecendo de mãos dadas.

- E aí, como você está? - o Taylor perguntou, sorrindo.

- Estou bem.

- Você está linda, sabia?

- Achou?

- Achei. Eu gosto dessa sua blusa.

- Frente única?

- E de cordõeszinhos - ele sorriu.

- Eu sei. Por isso eu coloquei.

- Come here - o Taylor sussurrou, puxando-a para perrto.

            Então a beijou.

- Hey exotic, quer namorar comigo? - ele disse.

- Todos os dias, babe - a Patty sorriu.

            E outro beijo.

- Ai, que melosos - o Zac resmungou.

- Olha o jeito que você fala do namoro feliz do seu irmão - a Ló se indignou.

- Ih, Ló... Isso aí é só o jeito do Zac de manifestar inveja. Porque faz meses que ele não sente o perfume de uma mulher - o Isaac entregou.

            A fúria do Zackito nesse momento foi algo indescritível. Ele ficou tão puto da cara, que só não voou em cima do Isaac porque este saiu correndo, se matando de rir, e porque a Ló se meteu na frente do amigo.

- Shut the hell up Isaac Hanson! - o Zac urrava.

- Zachary, se acalma! - a Ló ordenava.

            Algum tempo mais tarde, as pessoas já começavam a chegar. Pessoas que traziam pessoas, as quais foram convidadas por outras pessoas, cujas companhias eram mais pessoas. Conclusão: casa cheia. Muito cheia.

            Todos comentavam a estética do lugar. Móveis brancos, teto de vidro, o que permitia admirar-se as estrelas, bar equipado com funcionários competentes, preparados para fazer qualquer drink. Mesas de mármore preto, cadeiras de alumínio com estofado branco, sofás de mesma cor em ambientes diferentes e de maior conforto. O palco já estava pronto para a banda. E como era inauguração, o Isaac contratou ninguém menos que The Strokes para tocar. Tudo bem que os músicos cobraram bastante, mas o Ike queria coisa de primeira. E conseguiu.

            Como um bom anfitrião e proprietário do lugar, Isaac recebia os clientes como quem recebia visitas em casa. Inclusive, outro detalhe que merece destaque era o excelente atendimento. Era de extrema importância a simpatia e o sorriso estampado na cara dos funcionários.

            A Patrícia e o Taylor conversavam, sentados em uma mesa mais ao canto, observando o movimento constante do povo para lá e para cá, agitados, falando alto, rindo, bebendo...

- Parece que o lugar agradou - ela comentou.

- Mas também, quer cidade mais estacionada do que Tulsa? Agora com o The SS a galera vai ter aonde ir à noite. Eu não me espantaria se o prefeito aparecesse por aqui.

            A Patty riu. Então comentou:

- Nossa, está enchendo rápido.

- É. E o Ike está empolgado. Todo mundo está o parabenizando pelo The SS.

- Fora que ele está, assim, suuuuper badalado. Olha de mulher em volta dele - a Patty apontou com o olhar.

            O Taylor sorriu ao ver aquele monte de garotas rodeando o irmão mais velho. Então disse:

- Acho que esse lugar era exatamente o que estava faltando para ele.

- E essa banda que vem, é boa?

- Você não conhece os Strokes?

- Não.

- Eles cantam aquela musiquinha Laaast Niiiiiight she saaaaid...

- Mmm... Ahm...

- Sua perdida - dando um selinho nela, rindo. - Esquece, vai...

            Silêncio. A Patty aproximou seu rosto ao de Taylor e puxou o lábio inferior do namorado com os seus. E mais uma vez e mais uma vez e mais uma vez. Mordendo os próprios lábios, ele a encarou. Brincou, batendo os narizes delicadamente, e encaixou sua boca na da namorada. Com a língua acariciava o céu da boca da Patrícia, movendo-a lá dentro com suavidade. As mãos a Patrícia largou dentro do babylook do Taylor, tocando-lhe a pele carinhosamente. O beijo tornava-se intenso silenciosamente, ali naquele cantinho escondido.

            Mas os dois não estavam assim tããão escondidos. Estavam sendo vistos. Mulheres de todo o canto do ambiente assistiam a cena e loucas da vida com o que viam.

            O Zac dançava empolgado com umas meninas, fazendo graça para a Ló que ria, sentada em uma mesa próxima. Zackito estava feliz que só vendo. Tinha certeza que era naquela noite que sairia da seca de mulher. A Ló estava dando o maior apoio, como era de costume, e sempre que tinha a oportunidade, enchia as paciências dele sobre alguma garota simpática que avistava por perto.

            Então, alguém parou na mesa da Ló e disse:

- Oi.

- Dave? Nossa, oi.

            O Zac ficou observando.

- Tudo bem com você, Ló?

- Tudo. Você?

- Tudo ótimo. - Pausa. - Posso sentar?

- Depende do que você quer - ela disse, ríspida.

- Eu imaginei que você reagiria assim.

- Assim como?

- Seca.

- Eu estou ótima. Mas não te vejo há meses. Como você queria que eu te recebesse? Como eu recebo o... - olhou ao redor. - ...o Zachary, por exemplo?

- Vocês estão juntos?

- Não. Ele é só meu amigo.

- Certeza?

- Eu acho que sim, né? - sarcástica.

- Ok... - Outra pausa. - Não quer dançar?

- Dave, fala logo o que você quer e pára de enrolar que eu conheço esse teu jeitinho. Você só vai devagar assim quando está querendo alguma coisa.

- Eu senti sua falta.

            A Ló ficou quieta. E o Zac só observando.

- Sentiu?

- Senti. E muita.

            Ela não sabia o que dizer. O Dave perguntou:

- Será que eu posso sentar agora?

- Pode.

            Ele sentou-se. Ficou quieto um tempo, olhando para ela.

- Veio celebrar a inauguração do bar do seu amigo? - o Dave perguntou.

- Pois é... O Zachary disse que se eu não viesse, ele me socava.

- Ele não faria isso... Não comigo por perto.

            A Ló deu aquele sorrisinho amarelo, cheio de nervosismo. O Dave completou:

- Você está linda.

            E o Zackito olhando...

- Dave, o que você quer?

- Eu quero que você namore comigo de novo.

            Nessa hora, o Zac quis se aproximar, mas hesitou.

- Só para te lembrar, eu continuo chata e continuou ficando brava por qualquer coisa. Eu não mudei, Dave.

- Que bom, Ló - o Dave sorriu, irresistível.

            A Ló estava caindo pelo Dave de novo. Agora com os cabelos cortados, caídos por todo o rosto, o Dave estava ainda mais bonito que o seu sósia. Quer dizer, com o novo visual, ele e o Zac já não podiam mais ser facilmente confundidos. Mas apesar das semelhanças físicas, com ou sem cabelo comprido, eles eram completamente diferentes. Ao contrário do Zac, o Dave era meigo, doce, suave. E atencioso. No tempo em que ele e a Ló namoraram, ela sentia-se como a rainha do mundo para o namorado o tempo todo. O Dave a tratava como se ela fosse a mulher mais bonita e importante do planeta.

            E o Zackito ali olhando...

- Dave, já se passaram meses desde que você terminou comigo. Você tem certeza de que...

- Tenho, Ló.

- Eu não sei se é uma boa idéia...

- Por quê?

- Eu não sei o que eu sinto por você, se é que eu ainda sinto alguma coisa.

- É o Zachary, não é? You like him. I knew it.

- Já te disse que eu e ele somos amigos. Que teimoso.

- Tá, mas não é porque vocês não têm nada, que você não pode gostar dele.

- Faz sentido - a Ló ficou pensando, com cara de perdida. - Mas eu acho que isso não tem nada a ver com o Zachary. Então pare de colocá-lo no meio.

- Pois eu ainda acho que tem.

- Dave, deixe-me ver se eu entendi bem o que você está fazendo: você terminou comigo, me ofendeu e me magoou, e agora reaparece, meses depois, querendo se meter na minha vida e achando que sabe alguma coisa sobre o que aconteceu comigo nesse tempo em que a gente ficou sem se falar?

            O Dave riu. E disse:

- Você não mudou mesmo.

- É, eu não mudei. E sinceramente, eu acho que você não sabe mais como lidar comigo.

- Eu posso nunca ter sabido. A diferença é que agora eu não vejo a hora de aprender.

            A Ló ficou boba. Só não babou porque chegaram antes para impedir a saliva de escorrer:

- Será que eu posso interromper? Obrigado - o Zac se aproximou já sentando.

- Zachary?

- Oi, Zachary - o Dave cumprimentou.

- Beleza, cara? - o Zac disse, estendendo a mão para que eles pudessem se cumprimentar de bater as mãos, como os homens fazem sempre. É, ele foi até simpático. - Lynne, será que você podia sair um minutinho para eu falar com o Dave em particular?

- Lynne? Por que ele te chama de Lynne? - o Dave questionou.

- O quê? - ela fez expressão de incompreensão. - Mas o assunto é entre eu e o...

- É só um pouquinho, Lynne. Por favor - o Zac pediu.

            Vendo o esforço do amigo em ser educado, a Ló deixou a mesa completamente desconfiada. O que o Zac poderia querer com seu ex-namorado? Sentou-se então no bar e ficou olhando para os dois conversando, mais ao longe. Apenas o Zac falava, Dave só ouvia. Vez ou outra, o Dave fazia cara de “nossa, sério?”, surpreso. O Zac balançava a cabeça e confirmava. A Ló roia as unhas de nervoso. Pediu então um suco e continuou observando os dois, esforçando-se para, quem sabe, conseguir ler uma palavrinha sequer do lábio de algum deles. Não obtendo resultados, tentava então encontrar uma posição que facilitasse em algo a sua missão. Mas que nada, tudo em vão.

            Zac falava, gesticulando calmamente. Parecia estar explicando algo, tentando mostrar um ponto de vista. Mas o que? Que ponto de vista? As expressões nos rostos de ambos demonstravam que o papo era amigável, sem alterações de humor ou sentimentos de hostilidade. A Ló espremia os olhos, desconfiada. E o Zac falava, falava, falava... Até que o Dave interrompeu e disse algo curto. O Zac rapidamente pareceu justificar o que o ex-sósia havia dito. E novamente, só o Zac falava.

- O que o Zachary poderia querer falar com o Dave, meu santo? - a Ló pensou em voz alta.

            Um certo momento, os dois começaram a rir com algo que o Dave disse. Riam cúmplices, como se fossem grandes amigos. Como se tivessem algo considerável em comum. Aquilo deixou a Ló ainda mais ansiosa.

            Conversaram por alguns bons e longos minutos. A Ló não estava mais agüentando de ansiedade quando o Dave levantou, cumprimentou o Zac com um aperto de mão e veio vindo na direção dela. Quando estava próximo o suficiente, a abraçou com carinho e disse:

- A gente se vê.

- Co...como assim? O que você e o Zachary...?

- É melhor você falar com ele sobre isso - riu.

- Ahm... Ok. See you.

            O Dave saiu dali. O Zac continuava sentado na mesa, olhando de longe para a Lynne, como num convite para que ela se aproximasse. E foi o que ela fez.

- Zachary, posso saber o que você conversou com o Dave?

- Eu só disse o que ele tinha que saber.

- Desde quando você está comandando a minha vida amorosa?

            O Zac ficou quieto, olhando para ela.

- Hein, Zachary?

- Eu não estou comandando nada, Mala Sem Alça - o Zac suspirou, olhando para pontos ao redor, inquieto.

- Então por que o Dave saiu e desistiu de voltar comigo?

- Você queria voltar com ele?

- Você está respondendo a minha pergunta com outra pergunta para fugir da... pergunta - ela mesma se perdeu. O Zac riu.

- Você queria ou não voltar com ele? - o Zac voltou a perguntar.

- Não é isso que a gente está discutindo.

- Whatever...

- O que vocês conversaram, Zachary? Olha aqui, se eu descobrir que você falou mal de mim para ele, eu te capo. E outra, se eu descobrir que você ameaçou bater nele ou alguma coisa assim, eu vou pegar esse seu nariz de batata e vou fritar no óleo quente para ele aprender a não se meter mais onde não é chamado. E tem mais...!

            A Ló ficou lá falando, falando, e o Zac só ria dela. Ela insistiu para ele contar o que havia conversado com Dave, mas o Zackito era cabeçudo. Nada no mundo fazia o garoto falar.

 

...

 

            A banda The Strokes continuava tocando na casa. O acordo que haviam feito com o Isaac era de aproximadamente uma hora e meia de show. Mas a banda estava curtindo tanto tocar naquele lugar agradável como era o The SS que, além de cobrarem um precinho camarada pela performance, ficariam mais do que o tempo combinado. O Isaac achou ótimo, é claro.

            Tudo estava dando mais do que certo. Pessoas não paravam de chegar, o movimento aumentando e o sorriso no rosto do Ike despontando. Sentou um momento no bar para tomar alguma coisa.

- E aí, patrão? Como está se sentindo como um verdadeiro empresário? - a barwoman perguntou.

- A questão não é se sentir um empresário, Isadora, é se sentir um empresário bem-sucedido - ele sorriu.

- Em meus 23 anos de vida e em meus seis como barwoman, eu te juro que nunca vi uma inauguração tão bem freqüentada assim.

- Você ainda não viu nada, Isadora.

- Então enquanto eu não vejo, o que eu posso preparar para o meu patrão querido? - ela brincou.

- Um coquetel de frutas would be great.

- É pra já - ela espremeu os olhos cor de mel num simpático sorriso. - Vou preparar um especial para você, Ike.

            Alguns minutos depois, o colorido coquetel estava pronto. Era visualmente agradável e chamava a atenção pela decoração incrível que Isadora sabia fazer.

- Você é boa mesmo nisso, hein garota? - o Isaac disse, encantado com a bebida.

- Garota? Eu sou três anos mais velha que você, patrão.

- É, eu sei... Mas sou eu que ainda pago o seu salário.

            Os dois riram. Então Isaac perguntou:

- Já veio algum bêbado te encher as paciências?

- Não. E é essa uma das coisas que me impressionou. Ainda não apareceu nenhum cozido.

- Mas já vieram dar em cima de você, certo?

- Bom, em relação a isso eu já estou acostumada. E tem gente bonita aqui.

- Tudo bem, eu sou um chefe legal. Pode paquerar. Desde que você não esqueça de atender as pessoas por causa disso, está ótimo.

- Eu não paquero em serviço, Ike.

            O Isaac riu. Ele disse:

- Bom, então... Cuidado com os don juans.

- Pode deixar - Isadora disse, batendo continência.

            Um cliente apareceu, pedindo por uma cuba, dando a deixa para o Isaac sair e deixar sua funcionária trabalhar. Andando pelo local, encontrou com Taylor conversando com George.

- Hey guys - o Ike cumprimentou. - E aí, o que estão achando?

- Está demais, Ike, meus parabéns - o George disse.

- Pelo jeito, o The SS vai detonar - o Tay observou.

- É o que eu mais quero - o Ike sorriu. - E a Patty? Cadê?

- Ela disse que ia ao banheiro, mas até agora não voltou.

- Faz tempo isso?

- Nossa... - o Taylor se tocou, olhando no relógio. - Já faz uns 20 minutos.

- Pelo o que eu sei, não faz muito o estilo da Sra. Jordan Taylor Hanson ficar tanto tempo assim no banheiro se embelezando - o George observou.

- Eu acho melhor ver se está tudo bem.

- Eu também acho - o Isaac concordou.

- Calma, gente, está tudo bem. Ela deve ter encontrado com alguma amiga e... - o George tentou tranqüilizar os amigos.

- Desde que ela começou a namorar comigo, a Patty não tem mais amigas em Tulsa, George.

            Só então George começou a ficar preocupado também.

            O Isaac, o Taylor e o George correram em direção ao banheiro feminino. A porta estava fechada. Indecisos sobre entrar ou não, bateram. Ninguém dando sinal de vida lá dentro, eles entraram. Estava vazio. E ao procurarem parte por parte do grande banheiro, checando em cada porta, encontraram a Patty caída no último quadradinho, onde ficava um dos muitos sanitários.

- Patty! - o Taylor gritou, desesperado.

            Ela estava acordada, mas bastante tonta. Com a mão na cabeça, gemia de dor. Pela posição em que estava, caída com as mãos sobre a tampa do sanitário, percebia-se que vinha tentando se levantar há algum tempo.

- Oh my God... - o Taylor falava com voz de choro. - Patty, o que aconteceu? Honey, are you ok?

- Nossa, mas… Como? - o George estava completamente assustado. - Será que ela caiu e bateu em algum lugar com a cabeça ou...?

- Caiu? Para mim derrubaram a Patty - o Isaac disse.

            O Taylor a pegou no colo. Ela estava mole, sem firmeza no corpo, gemendo baixinho de dor.

- Patty, Patty.

- Ai, Tay... Graças a Deus você chegou. Eu não estava conseguindo levantar.

- O que aconteceu, Pá? - o Taylor perguntava, com ela no colo.

- Umas meninas entraram aqui e começaram a me trancar no canto, falar umas coisas sobre você, Taylor... - A Patty falava bem pausado, num baixo tom de voz. - até que eu disse algo que as deixou nervosas e uma delas veio para cima de mim e me empurrou. Eu caí e bati com a cabeça no granito do vaso. Depois que eu caí, ela tentou me levantar pelo cabelo e me largou.

- Aw Patty - o Taylor a apertou contra ele. - Gosh... I’m so sorry...

- Eu quero ir para casa, Tay.

- Eu te levo, dear, pra onde você quiser - ele sussurrou protetor. - Mas você precisa me dizer quem foi. Quuem fez isso com você.

- Eu não sei o nome dela, mas... - pausa longa. A Patty estava tonta ainda. - Mas ela ficou dizendo que já tinha abortado um filho seu, que vocês eram namorados na outra vida e que esse filho morto era um presente divino que foi tirado dela por culpa sua...

- ...por eu ter terminado com ela nessa vida - o Taylor completou. - Mas que como eu e ela somos feitos um para o outro, ela me perdoa e me exige de volta.

- Não acredito. Ela ainda anda espalhando isso por aí? - o George mostrou-se indignado.

- A Gisely. Puta que pariu, essa garota é uma perturbada mental - o Isaac disse. - Pior que todo mundo acha que ela realmmente abortou um filho do Taylor por culpa dele.

O sangue do Taylor começou a ferver. E o Isaac só percebeu isso porque, quando o irmão do meio ficava nervoso, ele ficava mudo. E a cor do olho dele mudava, ficava respirando alto, puto da vida.

- Ike, cuida da Patty um pouquinho que eu já volto - o Taylor disse.

- O que você vai fazer, Taylor?

            O Taylor abriu a porta do banheiro com a força de quem abre uma porta de cimento.

- Ai, a minha porta nova - o Isaac levantou os ombros com o barulho.

            Procurou no bar, nas mesas e nos grupinhos de gente. Olhava, olhava... E nada. Foi quando o Taylor viu, dançando na pista de dança toda vitoriosa, a Gisely. Foi andando até ela com os passos pesados, cego de raiva, indignado e furioso. Não disse nada, apenas a pegou pelo braço e com violência, a arrastou até o banheiro feminino, entre os gritos da própria e de suas amigas histéricas.

- Tay, o que você quer? - ela questionava enquanto era arrastada.

            Ele não dizia nada. Ao chegar ao banheiro, a jogou com força para dentro do WC feminino, fazendo do corpo da garota o abridor de portas mais eficiente já visto.

- Ai! - ela reclamou. - Que é isso?!

            Vendo a Patty apoiado no Isaac, já acordada, a ruiva Gisely começava a entender tudo.

- Gisely, Gisely... Eu não queria estar na sua pele agora - o George riu sarcástico. - Acredite, eu já não gostei da Patty umma vez e olha... Não foi uma das épocas mais agradáveis na minha amizade com o Taylor.

- Do que vocês estão falando?

- Peça desculpas para a Patty - o Taylor ordenou firme.

- Pedir desculpas? - a Gisely fingiu não entender. - Por que eu faria isso?

- Você sabe muito bem - o Isaac se intrometeu. - Vai, Gisely, anda.

- Eu não vou pedir desculpas para essa garota.

            O Taylor respirou fundo, tentando se acalmar. Então disse, raivoso, apertando os dentes:

- Pede desculpas para ela.

- Foi ela quem caiu. Eu não fiz nada.

- Pede desculpas agora, antes que eu dê uma porrada nessa tua cara - o Taylor aumentou o tom de voz, se aproximando de Gisely de um jeito intimador.

            A Gisely concluiu com o pouco de cérebro que lhe foi herdado que o negócio era sério. E, com todas as razões do mundo, começou a ficar com medo do Taylor.

- Desculpe - ela disse de qualquer jeito.

- Pede direito.

- Mas eu pedi.

- Eu disse pede direito.

- Desculpe, Patrícia.

- De joelhos - o Taylor ordenou de novo.

- O quê? Você está louco?

- De joelhos - ele repetiu.

- Eu não vou me ajoelhar.

- Você não só vai se ajoelhar e implorar pelo perdão da Patty, como vai dizer para a minha garota que ela é a garota mais linda da cidade e que você perto dela não passa de uma piranha invejosa Zé-ninguém e escrota.

- Eu não vou fazer isso.

            O Taylor a agarrou pelo braço com violência e disse, cerrando os dentes:

- Pede!

            E lá foi a estúpida da Gisely. Ajoelhou-se, mas sem perder a pose de patricinha, e disse:

- Patrícia, me perdoe. Você é a garota mais linda da cidade e eu perto de você não passo de uma...

- Fala - o Taylor ordenou.

- Não passo de uma piranha invejosa Zé-ninguém e escrota.

- Está desculpada - a Patty disse com a superioridade que a situação lhe oferecia.

            A Gisely levantou, agora completamente humilhada e rebaixada, com aquela expressão de choro falso no rosto.

- Posso ir? - ela perguntou.

- Não.

            Então o Taylor a puxou mais uma vez pelo braço, e a levou até entre as pessoas. Todos já estavam olhando porque a maneira com que ele carregava a Gisely pelo povo era chamativa ao extremo.

- Agora você vai contar pra todo mundo a puta mentira que é esse negócio do aborto.

- Não mesmo! Você está pedindo demais!

- Vai logo antes que eu perca a paciência com você.

            A banda estava tocando algo mais lento quando o Taylor pediu para parar tudo e disse no microfone:

- A Gisely tem algo muito importante para contar a vocês.

            E a Gisely mais uma vez falou contra a vontade. Todos riram muito dela naquela noite. A pobre ruiva tingida virou motivo de piadas nas bocas dos cidadãos de Tulsa. Mas também, convenhamos... Filho divino, aborto de outra vida? Merecia risadas.

            Terminado o espetáculo, o Taylor voltou ao banheiro, pegou sua amada nos braços e foi direto para sua casa. O silêncio na mansão dos Hanson denunciava que todos dormiam. O Taylor entrou com a namorada no colo e subiu as escadas rapidamente.

- Ainda bem que você é levinha - ele brincou sorrindo. A Patty riu baixinho.

            Colocou-a deitada em sua cama e arrumou-lhe a cabeça no travesseiro com todo o carinho e cuidado. Preocupou-se em trancar a porta do quarto. Voltou à namorada e tirou suas sandálias cuidadosamente, acariciando os pés da Patty.

- Que pezinho pequenininho - ele sussurrou, sorrindo.

- O seu que é muito grande - a Patty falou baixinho.

            Continuou com a massagem por mais algum tempo. Parou assim que percebeu que a Futemminha estava quase dormindo. Levantou-se, tirou o babylook preto, ficando assim sem camisa, e o cinto, ambos para sentir-se mais à vontade. E deitou ao lado da Patty. Ao senti-lo tão pertinho, tratou de aconchegar-se no namorado.

- Você é tão cheiroso, sabia...? - ela disse baixinho.

            O Cumprido sorriu. E ficou observando-a por um minuto. Ela usava a blusinha vermelha frente única que ele tanto gostava. Passou então a deslizar os dedos pelas costas da Patty, para cima e para baixo, de levinho, daquele jeito que dá um sono misturado com aquele arrepiozinho gostoso por todo o corpo. Vendo o sorriso no rosto da namorada (nada mais claro para mostrar que se está gostando) ele começou a beijar seu pescoço suavemente com aquelas bitoquinhas meigas, bem diferentes dos chupões ou línguas que estamos acostumados a ver quando a questão é “beijos no pescoço”.

            Enquanto ele beijava, dizia:

- Pá, você é a garota mais linda do mundo. - Um beijinho. - Eu te amo, babe. - Outro beijinho. – E nunca mais ninguémm vai tocar em você, honey. - E mais um beijinho.

- Promete, Tay? - a Patty sussurrou.

- Prometo. Eu nunca mais vou te deixar sozinha e vulnerável. Minha japonesinha linda...

            Então ele segurou o rosto da Futemminha e virou delicadamente com as mãos até que seus olhos ficassem alinhados. E segurando-lhe pela cintura, o Taylor a puxou com certa força, encaixando-a perfeitamente em seu corpo. E a beijou. Beijou aqueles beijos que só de olhar, dá muita vontade de beijar também. Aqueles beijos que faz barulhinho e parece que tem sabor de alguma coisa. O Taylor puxava o lábio dela, acariciava seu queixo com os lábios, mordia a orelha da Futemminha. Beijou também aqueles beijos com a boca bem aberta, cheios de brincadeiras com a língua por lugares que iam além da boca. Pescoço, orelha, ombro, tórax, seios, barriga.

            E beijavam, beijavam...

            A Patrícia desabotoou a calça do Tay devagarzinho, como se não quisesse que ele percebesse. Mas ele percebeu. E dando continuidade ao ato, desamarrou a blusinha frente única, jogando-a no chão em seguida.

            E beijavam, beijavam...

            Então o Taylor ficou de joelhos, olhando para a Patty. Queria, mas não sabia se podia. Porém, mais um tempo observando-a, viu que aquele era um daqueles momentos em que a permissão para fazer o que se quisesse estava no ar. Havia permissão por todos os lados para ser bem exata. E ele fez: deitou-se sobre ela.

            E beijavam, beijavam...

            Sentir o peso do corpo do Taylor sobre ela foi uma das experiências mais incríveis para a Patty. O peso e o contato mais puro, de proximidade tamanha, de calor indescritível. Nada de roupas ou outras vestimentas, apenas pele na pele, seu corpo sendo pressionado por alguém que ama tanto, a sensação forte de proteção, a ausência de medo e a certeza de que aquilo é o certo. O quarto parecia que tinha ficado mais quente. Na verdade, era a temperatura deles que estava subindo. Nada deixava o Taylor tão estimulado quanto sentir o corpo da namorada febril devido aos toques tão cuidadosamente executados por ele. E os sussurros, os gemidos, a expressão no rosto da Patty demonstrando todo o prazer que sentia.

            E beijavam, beijavam...

            O cheiro úmido no quarto, a cumplicidade e o respeito um pelo outro. Era gritante. Seria naquele minuto.

            E beijavam, beijavam...

            De repente, numa espécie de susto, a Patrícia sentiu. O seu corpo foi para trás na cama. E voltou para frente em seguida. O ritmo tão esperado, a conivência nos beijos afobados pelo prazer supremo, a sincronia. A respiração deles era intensa, o gemido era denso, porém reprimido para não acordar ninguém. A Patty molhou os lábios e mordeu o inferior. O Taylor a beijou. Os beijos no durante eram os melhores...

            E o corpo para frente e para trás, para frente e para trás...

            Uma vez, uma autora bem importante disse em um de seus livros sobre adolescentes que “o orgasmo é o ápice numa relação sexual, é o momento máximo de prazer. É como... ver a luz”.

            E ali no quarto do Taylor, quase quatro da manhã... Bom... A Patrícia estava vendo sóis por todos os lados.

 

...

 

- Caracas. O seu irmão sabe mesmo como expor alguém ao ridículo - a Ló disse, brincando com o gelo dentro do seu copo de suco.

- Eu acho que nunca me senti tão orgulhoso do Taylor como eu me senti hoje - o Zac sorriu.

- Claro. Ele fez exatamente o que você faria na situação.

- Bem por aí.

            Os dois estavam sentados no bar do The SS, vendo o movimento e curtindo a música.

            E o jogo tinha que continuar. Isaac, o técnico, já começava a demonstrar sinais de fadiga, porém a equipe mostrava entrosamento, o que o fazia querer continuar com a partida. Afinal, o gol já tinha saído fazia tempo.

            Traduzindo, tudo estava às mil maravilhas no seu estabelecimento.

- E aí, patrão? Firme? - a barwoman Isadora perguntou, preparando um Martini para um cliente.

- Eu preciso admitir que eu estou podre de cansaço.

- Pudera... Você não parou desde às...

- Sete da manhã - o Isaac completou. - Mas eu só saio daqui quando a última pessoa deixar o The SS.

- É assim que se fala.

- Prepara alguma coisa para mim, por favor. Aquela bebida com café.

- Está saindo.

            Isadora apanhou os ingredientes, colocou tudo no liquidificador e misturou tudo. Acrescentou vodka, dispôs tudo num belo copo azul turquesa e serviu para Isaac.

- Obrigado - ele agradeceu.

- Espero que o movimento seja esse todas as vezes que a casa abrir - a Isadora falou.

- Vai ser. Você vai ver, Isadora.

- Pode chamar de Zara, patrão.

- Zara? Esse é o seu apelido para Isadora?

- Desde a faculdade.

- Você se importa se eu te chamar de Isadora mesmo?

            Ela ficou um tempo olhando para o Isaac, um pouco perdida, mas acabou rindo do pedido:

- Tudo bem, você escolhe.

- Eu prefiro Isadora. É mais bonito. - Tomou um gole da bebida. - Ah, pode me chamar de Ike se quiser.

- Mas eu não quero.

- Não quer? - ele freou a bebida no caminho para a boca.

- Nah... Isaac é mais sonoro.

- Isso foi uma provocação? - ele sorriu.

- De modo algum... patrão.

            Os dois sorriram.

- O seu irmão é bastante genioso, não?

- O Taylor? Nah... Ele é muito sossegado...

- Mas e aquilo hoje?

- ...até que mexem com a garota que ele ama.

- Então ele namora mesmo com a Patrícia? Eu ouvi tanta coisa sobre esse namoro que optei por achar que era mais uma invenção dessas problemáticas daqui de Tulsa.

- Não, ele namora a Patty sim. E gosta muito dela.

- Bom, se isso que ele fez hoje foi por ela, realmente...

- Ele é todo preocupado com ela. A Patty não gostou? Então muda. A Patty não quer? Então some com isso. A Patty namora comigo e estão dizendo que eu abortei o filho de outra garota? Então traz a garota que eu vou faze-la desmentir na frente de todo mundo. Por aí...

- Nossa - ela se surpreendeu. - Que bom para ele. Encontrar alguém para se estar apaixonado aqui nessa cidade é façanha de gênio.

- Porra, e como... - o Isaac disse, tomando mais um gole da sua bebida.

- Você fez uma cara de quem sabe como é isso, patrão - a Isadora riu.

- Isadora, se você está comprometida, meus parabéns - A barwoman já começou a rir. – mas eu não estou. Portanto, SIM, eu sei como é.

- Eu estava apenas brincando, Isaac. Eu também não encontrei exatamente o amor da minha vida por aqui. E do jeito que essa cidade anda promíscua, eu duvido que o meu futuro amado seja natural de Tulsa.

- É... - tomou o gole final. - Obrigado pela bebida - agradeceu batendo o copo no mármore. - Eu vou andar um pouco e ver como estão as coisas.

- Ok, see you later - ela sorriu.

            O Isaac sorriu de volta. E quando já estava saindo, reparou que ao ficar próxima a luz, os olhos cor de mel da Isadora se destacaram. Pensou em elogiar os olhos da sua funcionária, mas já estava um pouco distante do bar. Deixou para lá, guardou o comentário para si e logo o esqueceu, assim que uma belíssima morena aproximou-se para elogiar o The SS.

 

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