-
Patty, seja bem-vinda.
-
Uau - a Patty olhava ao redor, encantada. - Você mora nisso tudo sozinho?
-
Pra você ver... - o Isaac riu.
-
O apartamento é lindo, Ike. Parabéns.
-
Pode ficar à vontade.
Já que podia, a Patty sentou-se no sofá branco e esticou as pernas. O
Taylor e o Zac sentaram nas poltronas.
-
Vocês querem beber alguma coisa?
-
Mmm... - o Zac pensou. - Gatorade você não tem, tem?
-
Eu acho que o Zac nasceu de tênis Adidas e agasalho - o Taylor brincou.
O Zackito só direcionou um olhar. E o Taylor entendeu: alguém estava
mal-humorado.
-
Toma, Patty - o Isaac estendeu-lhe um copo.
-
O que é isso?
-
Copo, Patty. Patty, copo - o Zac afiou as ferraduras.
-
É água com gás - o Isaac respondeu rápido para que a Patty não desse
ouvidos ao Zac.
-
Ah, obrigada.
-
Tá, e agora? O que a gente vai fazer? - o Zac quis saber, impaciente.
-
Se você continuar com o seu mau-humor? Te colocar num estábulo - o Taylor se
encheu.
-
E você quer saber aonde eu te colocaria? Já te adianto que eu sou bem criativo
para essas coisas - o Zac rebateu.
-
Zac, quando você fica menstruado assim, só pode ser uma coisa neste mundo:
insuficiência de Alynne Lóide - o Isaac disse. - Vem, vamos, eu vou te levar
pra casa, lá você pega o seu carro, vai pra casa dela e eu volto pra cá.
-
Tudo bem - ele levantou sem contestar um "A".
O Isaac apanhou a chave e posicionou-se na porta.
-
Patoríxia, até - o Zac se despediu, dando um beijo em seu rosto. - Se cuide, vá
pela sombra, use camisinha e diga não às balas de gengibre. - Virou-se para
ir, quando se lembrou de algo. - Ah! Se eu não voltar em 24 horas, mandem uma
equipe de resgate para o riacho mais próximo para encontrarem o meu corpo. Em
outras palavras, a Lynne não terá me perdoado.
A Patty riu e desejou boa sorte ao Zac.
-
Eu já volto, gente - o Isaac disse, fechando a porta.
Silêncio. O Taylor batia o pé, sentado na poltrona e a Patty bebia
golinho por golinho da sua água com gás.
-
Gostou do restaurante? - o Taylor finalmente perguntou alguma coisa.
-
Adorei - ela sorriu. - Muito bom mesmo.
-
A Ló sabe que você está indo? - o Isaac perguntou.
-
Não tem idéia - o Zac respondeu.
-
E se ela não estiver em casa?
-
Ela vai estar.
-
Se você tem tanta certeza…
-
E...
-
E o quê?
-
Não, eu ia perguntar alguma coisa.
-
Perguntar o quê?
-
Não lembro agora - ela inventou.
Silêncio.
-
Patty... - O Taylor então se levantou da poltrona e sentou ao lado da
Futemminha no sofá de quatro lugares. - Por que você não fica mais tempo aqui
em Tulsa?
-
Eu não posso.
-
Você não pode ou não quer?
-
Mmm... Digamos que além de eu não poder, eu também ache melhor não ficar.
-
Por quê?
Olhou então para o copo vazio em suas mãos. Aquela pergunta faria com
que eles entrassem em outros assuntos mais delicados. E a Patty não tinha
certeza se era isso que ela queria.
-
Sinceramente?
-
De preferência.
-
Eu não sei se eu quero responder essa pergunta.
-
É por minha causa?
-
Por sua causa o quê?
-
Que você não quer ficar.
-
Taylor, eu não quero falar disso.
-
É por minha causa? - ele repetiu.
A Patty riu olhando para o copo:
-
Você continua chato que nem antes...
-
Chato, não. Insistente.
Ela pensou um minuto.
-
É, é por sua causa sim.
Silêncio
-
Não sei... É estranho - a Patty começou. - Tem alguma coisa errada, alguma
coisa no ar que... - Ela parou de falar. - Talvez ainda não fosse a hora de
voltar.
-
Eu acho que você voltou na hora certa.
-
Por que diz isso?
-
Se você tivesse voltado alguns meses antes, você me encontraria completamente
vidrado no passado e apegado a tudo o que tinha acontecido há dois anos atrás.
Acho que não seria um Taylor muito interessante de se rever... - A Patty riu. -
Se você tivesse voltado há alguns meses pra frente, provavelmente eu teria de
me esforçar um pouco para lembrar de você. E eu não queria isso. E imagino
que nem você.
-
E como você está agora? - a Patty arriscou.
Ao invés de o Taylor responder, ele permaneceu olhando-a. E lentamente,
abriu um sorriso.
A Patty desviou o olhar para o copo em suas mãos novamente. E colocou o
objeto sobre a mesinha de centro.
-
Nossa, mas que trânsito - o Isaac suspirou.
-
Merda de trânsito, merda de trânsito, merda de trânsito - o Zac cantarolava.
-
Você gostou quando recebeu os brincos pelo correio? - o Taylor quis saber.
-
Gostei. Claro que eu gostei.
-
Então por que não me ligou? Ou respondeu a carta?
-
Porque se eu fizesse isso, estaria com certeza me correspondendo com você até
hoje. - O Taylor sorriu, compreendendo. - Criar vínculos com você era a última
coisa no mundo que eu queria.
-
Parece que no nosso namoro, você era a única que tinha visão das coisas. Eu
sempre pensava só no presente e no que eu estava sentindo naquele momento...
-
Foi por isso que a gente terminou, não foi? - a Patty sorriu serena.
-
Eu senti tanto a sua falta... - ele desabafou.
Mais uma vez, os olhinhos puxados no copo vazio sobre a mesa.
-
E a Beatriz? - ela mudou de assunto.
-
Não sei... Me diz você.
A Patty o olhou espantada.
-
Eu não posso responder isso.
Mais uma vez, o Taylor permaneceu olhando para a Patty. E respondeu,
depois de uns segundos quieto:
-
É, eu acho que nem eu.
-
Ela sabe quem eu sou?
-
Sabe. Você é a Patrícia Futemma.
-
Não, mas... Ela sabe quem eu fui?
-
Ela só precisa saber quem você é.
-
Ela sabe que você está aqui comigo?
-
Sabe. Eu não minto, Patty.
-
Eu sei que não...
Silêncio.
-
A gente não vai chegar nunca na nossa casa? - o Zac se irritou.
-
Eu não estou entendendo o motivo desse engarrafamento na avenida.
Mais do que depressa, o Zac abaixou o vidro e se sentou na abertura da
janela, colocando quase todo o seu corpo para fora.
-
E aí, está vendo alguma coisa? - o Isaac gritou.
-
Olha... Parece acidente.
-
Sério?
Voltou a sentar-se no banco do passageiro e, com aquele arzinho sarcástico
de sempre, o Zac respondeu:
-
Teria tido alguma graça se eu dissesse "não, é brincadeira, não foi
acidente"?
-
Ahm... Não.
-
Então é lógico que é sério.
-
Você está muito diferente, sabia? - o Taylor comentou.
-
É, você também está diferente. Mas nem tanto.
O Taylor sorriu.
O sofá branco era mesmo confortável. A Patty, sentada de frente para o
copo na mesa de centro da sala. O Taylor, jogado ao lado dela, com a cabeça
meio caída, com seus olhos voltados na direção do ombro dela.
-
Eu sei que eu estou um pouco... - a Patty começou a falar.
-
Um pouco o quê?
-
Um pouco... Receosa. Mas isso não significa que eu não queira falar também.
-
Estou ouvindo - ele sorriu.
-
Bom, eu... Eu sinto um clima errado por aqui.
-
Eu sinto o mesmo clima que você. Mas não vejo nada de errado nele - disse,
sereno.
Ai,
como a Patty odiava essa segurança do Taylor.
-
Ah, deixa pra lá... - a Futemminha falou.
-
Não, por favor - o Taylor suplicou, se aproximando mais um pouco. - Fala, eu
quero ouvir.
Muito perto, muito perto! Mayday,
mayday, mayday, mayday!
Antes de dizer qualquer coisa,
a Patty o fitou um instante. Então perguntou:
-
Alguma vez a Beatriz foi ameaçada por alguma garota daqui?
- Não,
nunca. Uma vez no The SS alguém
disse alguma coisa, mas a Beatriz foi tirar satisfações e, de repente, não
estava mais ali quem tinha falado.
-
Ela age como você gostaria que a sua namorada agisse. Você deve estar feliz
então...
-
É, eu tento.
-
Talvez eu devesse ligar para a Patty e para o Taylor, avisar que eu vou demorar
um pouco - o Isaac pensou em voz alta.
O Zac ficou quieto.
-
O que você acha? - o Isaac perguntou.
-
Você quer avisá-los de verdade? Ou saber o que eles estão fazendo?
Silêncio.
Silêncio também no apartamento do Isaac. Assuntos até poderiam ser
discutidos, mas a Patty e o Taylor simplesmente optaram por não usá-los.
Permaneceram quietos por um bom tempo. A essas alturas do campeonato, a
Futemminha não tinha idéia do que realmente acontecia nas regiões misteriosas
do sofá branco. Sua barriga já não fazia barulhos estranhos. Na verdade, já
estava bem mais calma e controlada. Sentindo-se bem sobre isso, a Patty sorriu
internamente, orgulhosa de si, e inclinou sua cabeça para o lado contrário ao
que Taylor estava. E fechou os olhos um instante.
Até que os sensores de temperatura e pressão localizados na pele da
Patty mandaram uma mensagem alarmante para o seu cérebro: um dedo indicador
deslizava sutilmente suas digitais pelas costas de uma das mãos da japonesinha.
A Patty abriu os olhos na mesma hora.
Discretamente e sem virar a cabeça completamente em direção ao Taylor,
a Patty olhou para a sua mão descansando no sofá. Seu coração começou a
bater mil por hora quando observou que o Jordan fazia carinhos nas costas da sua
mão, agora com quatro de seus dedos. Ele olhava para a mão da ex-namorada e
fazia desenhos imaginários, escorregava a ponta dos dedos pelas juntas da Patty
e entrelaçava levemente seus dedos aos dela. A respiração da Patty acelerou,
fazendo companhia ao seu ritmo cardíaco.
Então o Taylor posicionou seu indicador na mão da Patty e foi subindo
devagarzinho pelo braço dela. Durante o percurso, a Futemminha ia sentindo todo
seu corpo se manifestando num arrepio só.
Lá no pescoço da Patrícia, o Taylor subiu os dedos pelo rosto dela e
colocou seus cabelos lisos e escuros atrás da orelha esquerda. A Patty estava
vulnerável, pois agora podia ser vista.
Ajeitou-se ao lado de sua ex-namorada e inclinou-se para ficar o máximo
possível em frente a ela. Uma das mãos ele colocou sob os cabelos dela, em sua
nuca, enquanto a encarava de menos de seis centímetros de distância. O peito
da Patty subia e descia rápido, denunciando sua respiração acelerada.
Suavemente, o Taylor a beijou no canto dos lábios. Parou e a olhou. Sorriu um
sorriso de eu sonhava com isso
todas as noites e com a ponta do
nariz, passeou pelas bochechas da Patrícia, carinhosamente, chegando a
tocar-lhe os lábios e as orelhas.
Os olhos azuis agora fitavam a boca da Futemminha. E o Taylor estava sério,
também respirando rápido. Algum tempo assim, a Patty notou como aqueles olhos
azulados brilhavam, cheios de lágrimas e receio. Examinou-os mais um tempo e
sorriu ao concluir que para o Taylor aquilo também não estava sendo fácil.
Assim como ela, o Cumprido sentia uns 700 medos dentro dele, o que fazia da ação
de tomar a iniciativa naquela situação uma missão bastante difícil.
-
Taylor...
-
Mmm...?
-
E a Beatr...?
Com a pergunta sobre a Beatriz, o Taylor entendeu que a preocupação da
Patty eram as conseqüências do ato e não o ato em si. Era só o que precisava
saber, que ela queria estar com ele tanto quanto ele queria estar com ela. E
ignorando completamente o que a Patrícia disse, ele beliscou o lábio inferior
dela com os seus, interrompendo-a. E com todo o carinho, deslizou seu nariz no
da Patty, num daqueles beijinhos de esquimó. Uma corrente de ar frio percorreu
cada poro, cada centímetro do corpo dela e a fez tremer. De olhos fechados, ela
ia se rendendo às ternuras naquele ritmo de seja o que Deus quiser.
Beliscou mais algumas vezes o lábio inferior da Patrícia, até que
finalmente a beijou. Encaixou sua boca na dela de maneira tão firme, que a
japonesinha foi com sua cabeça para trás no sofá. A cada movimento da língua
do Taylor, ficava mais claro nas memórias da Patty como seu ex-namorado beijava
bem.
-
Olha, acho que está andando! - o Zac exclamou.
-
Finalmente! - o Isaac comemorou.
-
Porra... Quase quarenta minutos que a gente está parado nessa bosta.
O fluxo de carros voltou ao normal e o Isaac acelerou para sair logo
dali.
Agora os beijos do Taylor percorriam o pescoço da Patty. De corrente de
ar frio, ela passou a sentir verdadeiras erupções dentro dela só de sentir os
lábios e a língua do loiro em seu pescoço. Era tão gostoso...
Ao contrário do que a Patty imaginava como seria se voltasse a ficar com
o Taylor, tudo selvagem e apressado, ali nas regiões do confortável sofá
branco, as coisas ocorriam sem pressa alguma. Beijavam devagarzinho, curtindo o
momento e matando as saudades. Saudades de estar com alguém por quem realmente
se importa. E no caso dos dois, ainda não tinha aparecido ninguém na vida
deles que os completasse como ambos o faziam.
Por alguns segundos, ele parava e a observava. E sorria. Nada deixava a
Patrícia tão feliz.
-
Tá tudo bem? - ele perguntava baixinho.
-
Tudo bem - ela sorria.
Ele deslizava os dedos pelo cabelo dela.
-
No que você está pensando?
-
Eu estou pensando... - Ela dizia, olhando para o rosto do Taylor. - Eu estou
pensando... Que eu já tinha esquecido como o seu cabelo é macio na parte de trás...
De como eu gosto do seu perfume... E do quanto eu gosto das pintinhas no seu
rosto.
A maneira com que o sorriso brotou no rosto do Taylor, seus olhinhos
apertados, porém não menos iluminados, fez a Patty perceber o quanto aquele
seu comentário o havia agradado. Ele fez beijinho de esquimó novamente e
beijou a ponta do nariz da Futemminha. Então beijou a bochecha. A outra
bochecha. Mordeu o queixo dela devagarzinho e, por fim, colou seus lábios nos lábios
da Patty.
-
Tchau, Zac.
-
Valeu pela carona, Ike.
-
Filho! - a Diana acenou da janela. - Não quer descer para tomar um café com a
gente?
-
Não, mãe, valeu - o Isaac agradeceu, gritando do carro. - Outro dia eu passo
aqui.
Então acelerou e voltava para o seu apartamento, ouvindo um pouco de rádio.
Não demorou a estacionar em frente ao edifício. Pegou o elevador e subiu até
seu andar. Abriu a porta da cozinha sem fazer barulho e entrou, também em silêncio.
Assim que colocou o pé na sala, viu o Taylor quase caído sobre a Patty,
beijando-a carinhosamente, ambos sorrindo. Meio sem saber o que fazer, o Isaac
olhou para as chaves em suas mãos e voltou a sair do apartamento. Entrou em seu
carro e dirigiu para a casa da família.
-
Oi, gente.
Todos da casa vieram cumprimentar Isaac.
-
Ike, que surpresa - Diana comemorou. - Você disse que voltava para tomar café
outra hora, mas não sabia que seria tão rápido.
-
É... De repente me pareceu uma boa idéia.
-
Está tudo bem, meu anjo? - a Gina perguntou. - Você parece aborrecido.
-
Não, está tudo bem, Gina - ele sorriu.
-
Gina, coloque a mesa. Vamos tomar um café bem gostoso.
-
E o Zac?
-
Acabou de ir para a casa da namorada.
Lá estava o Zackito parado em frente à casa da Ló, esperando alguém
atender a campainha que ele havia tocado fazia uns minutinhos. Estavam
demorando. Tocou de novo e nada. Andou até a lateral da casa e olhou pelo vidro
da janela. Viu a sala escura e vazia. Porém, conseguiu enxergar uma iluminação
vinda dos quartos. Tinha gente em casa sim. Tocou a campainha mais uma vez.
-
Se é você, Zachary, pode ir embora porque eu não vou abrir pra você! - a Ló
berrou lá de dentro da casa.
Mordendo o lábio inferior, o Zac pensou em alguma coisa. Então tossiu,
fez voz de criança e respondeu:
-
Aqui é o Manfredinho, tia.
-
Manfredinho? - ela gritou. Pela distância, dava para ver que ela deveria já
estar na sala. - Que Manfredinho?
-
Eu... Eu estou vendendo biscoitos.
-
Não estou interessada.
-
...e torta de limão.
-
Torta de limão? - Ela pareceu mais pacífica. - E quanto está?
-
Apenas cinqüenta centavos.
Silêncio na casa.
- Vai,
Lynne, abre de uma vez... - o
Zac sussurrou.
Então, o barulho de chaves e de porta sendo destrancada. Enquanto abria,
a Ló ia dizendo:
-
Espero que a sua torta esteja boa, porque o preço está ótimo e... Zachary?
-
Oi - ele sorriu e acenou.
Ela foi fechar a porta, mas o Zac segurou.
-
Lynne, não, espera.
-
Eu não quero falar com você.
-
Calma, vamos ser civilizados e...
-
Civilizados? Você acabou de abusar da imagem do Manfredinho, um garotinho
indefeso, para fazer eu vir até aqui e abrir esta porta (!) - ela apontou para
o objeto - pra você. Isso é fraude, sabia?
-
Lynne, ele não existe.
-
Continua sendo fraude!
-
Tá, Lynne, esquece o Manfredinho. O seu pai está em casa?
-
Está sim.
-
Então vem aqui fora um pouco pra eu conversar com você.
-
Conversar? Você acha que depois do que você fez, eu vou conversar com você?
Um ser humano que finge ser uma criança vendedora de biscoitos e tortas de limão
só para conseguir o que quer deveria ser severamente punido!
-
Alynne Lóide, vem logo aqui pra fora pra gente conversar.
-
Eu não quero conversar com você, seu... Seu fraudulento!
-
Por favor, não faz isso... - ele suspirou impaciente, passando a mão pelo
rosto.
-
E outra, hoje você saiu sem me convidar, sendo que a Patty também é minha
amiga! Foi passear e me deixou aqui, esquecida, completamente abandonada! Isso não
se faz com a garota que se gosta! Não se faz!
-
Lynne, Lynne... - o Zac interrompeu. Ela parou de falar. - Será que pelo menos
essa vez a gente pode resolver as coisas de um jeito decente?
-
Ah... Claro... - a Ló desarmou.
-
Você pode vir aqui pra fora um pouquinho? - convidou com um gesto das mãos.
Desconfiada, ela obedeceu. Fechou a porta e sentou-se nos degraus na
entrada. O Zackito posicionou-se ao lado dela.
-
Desculpe. Eu não deveria ter saído sem você. Eu tinha que ter te chamado, a
Patty é sua amiga também. Desculpe, eu errei. Desculpe. Desculpe, desculpe,
desculpe - o Zac falou calmamente.
-
T...Tá.
-
Tá?
-
É. Está desculpado.
-
Estou?
-
Está.
-
Mas assim tão rápido? - ele estranhou.
-
É que eu não esperava que você fosse se portar de um jeito tão... Maduro a
respeito. Eu me senti meio idiota.
-
Puxa... - ele sorriu. - Então é esse o segredo? Fazer você se sentir idiota?
-
Cala a boca, Zachary, que hoje você não está podendo comigo.
Silêncio.
-
Ai, ai... - a Ló suspirou, olhando para o céu.
-
O que foi, Malinha?
-
Sinto falta do Manfrendinho. Afinal, querendo ou não, ele tinha tortas de limão
para vender...
O Zac não segurou o riso. E disse:
-
Lynne, você quer torta de limão agora?
-
Ah... Quer dizer, você sabe... Eu comeria...
-
Quer que eu te leve naquela confeitaria?
-
Mmm... - A Lynne pensou e pensou. - Eu acho que eu preferiria comer vendo filme
lá no seu quarto, debaixo dos seus edredons.
-
Você quer ir lá em casa?
-
Quero sim - ela sorriu. - Eu estou com saudades das minhas cunhadinhas e da
minha sogra querida. - Então, a Ló cochichou: - E de mexer no seu cabelo
debaixo das cobertas.
O Zac deu uma tremidinha, de quem sentiu arrepio, e sorriu. Então a
beijou.
-
Vamos então?
-
Eu vou me trocar e avisar o meu pai. Entra. Senta aqui na sala esperar. Eu não
vou demorar.
Quando a Lynne voltou, não voltou sozinha. O seu pai a acompanhava. No
mesmo instante, o Zac levantou do sofá todo desajeitado, em sinal de respeito,
e o cumprimentou com um aperto de mão:
-
Boa noite, Senhor Green.
-
Olá, Zachary - o homem sorriu. - Como vai?
-
Tudo ótimo.
-
Será que você poderia trazer a Ly para casa não tão tarde hoje?
-
Sem problemas - o Zac apertou os lábios, num sorriso estranho.
-
É que amanhã nós vamos acordar cedo para fazer umas compras...
-
Sem problemas - o Zackito repetiu, ainda desconfortável.
-
Então até mais, filhinha. - O pai beijou a Ló na testa. - Te vejo mais tarde.
-
Até mais, pai - ela sorriu. - Vamos, Zackito?
-
Vamos, vamos sim. Boa noite, Senhor Green.
-
Boa noite, Zachary.
O pai da Ló acompanhou da porta, com os olhos, o casalzinho até o
carro. Assim que o Zac deu a partida, o homem sorriu e entrou em casa.
-
Você perto do meu pai fica a coisa mais engraçada deste mundo, Zachary - a Ló
riu.
-
Ah, eu fico um pouco sem jeito, sei lá...
-
Eu sei. É liiiiindo - ela apertou as mãos ao lado do rosto.
-
Pára com isso, Lynne - o Zac pediu.
-
Mas é. Você é todo envergonhadinho, educado, meigo... Por um segundo eu chego
até a quase acreditar que você é desse jeito mesmo - ela brincou.
-
Ah, Malinha, eu sou meigo com você... Não sou? Quer dizer, eu me esforço.
A Ló o olhou suspirando, babando totalmente no namorado. Ai, como ela
amava aquele ser humano eqüino... Então o beijou na bochecha e acariciou seu
cabelo.
Capítulo 45 / Índice / Capítulo 47