Mais
um lindo e novo dia. Uns em um hotel de luxo, outros na casa do sogro, outros na
casa da mãe.
Este último trata-se do Isaac, que resolvera passar mais um dia na casa
dos pais. A Diana estava achando ótimo, já que agora que seu filho tornara-se
um homem de negócios ocupadíssimo, deixara de vê-lo com a freqüência de
antes.
Naquela manhã, o Isaac acordou sentindo-se ótimo. Uma daqueles dias em
que você está defecando em seus problemas e adubando o que podem estar
pensando sobre você. Que dia feliz... Definitivamente acordar assim era o que o
Isaac estava precisando.
Pegou as chaves do carro sobre a geladeira e estava saindo, louco para
dar uma volta de carro. Pouco antes de fechar a porta, ouviu sua mãe gritar lá
da sala "Filho, você vai sair sem tomar café?", mas não parou para
responder. Apenas devolveu um "Tchau, mãe" despreocupado e correu
para o seu carro antes que a Diana aparecesse com o brioche nas mãos tentando
convencer seu filho a comer alguma coisinha.
Não que o Isaac não estivesse com fome. Ele só... Queria comer fora.
É, era isso, ele queria comer fora. Ele queria não só comer fora, como queria
também estar fora, queria se sentir excluído, apenas por alguns segundos que
fosse. E era isso que ele pretendia quando pisou fundo no acelerador (mas sem
passar dos 80 Km/h, claro) e se mandou para o asfalto.
No som da Mercedes, tocava em último volume a música Stand By Me,
cantada por Ben and King. Nada mais perfeito podia trilhar seu humor
eu-sou-mais-eu, naquela manhã passarinhos-cantando-forever.
Concentrado no volante, ele pensou e pensou. Refletiu sobre sua vida,
sobre seus sentimentos, suas vontades... E pensou em como seria ótimo se a
Isadora estivesse ali com ele, naquele momento tão singular. Ela saberia
aproveitar aquela sensação com o Isaac, só ela entenderia. Sentiu falta da
sua barwoman...
-
Tomara que ela esteja feliz - falou dando um breve intervalo ao refrão da música.
- Acho que eu devia ter casado com ela.... Definitivamente, eu devia ter casado
com ela. Eu só precisava ter gostado um pouco mais dela e tê-la conquistado.
Se eu tivesse feito isso, talvez agora... - Ele parou um minuto e riu. - Do que
é que eu estou falando?
Agora era meio tarde para o Isaac querer descobrir a resposta para isso.
Já estava bem distante do bairro em que morava. Avistou então um
restaurante desses meio vagabundos, mas limpinhos, e resolveu parar para comer
alguma coisa. Estava vazio.
-
Estão servindo café da manhã? - o Isaac perguntou assim que a garçonete se
aproximou.
-
Estamos - a velha respondeu seca.
-
Bom, eu vou querer então...
-
Café com ou sem leite?
-
Sem. E bem forte, por favor.
- Já
trago - ela respondeu, dando um suspiro por fim que dizia "Eu vou te enfiar
esse café lá naquele lugar onde o sol não bate".
Não demorou muito, a senhora voltou com uma bandeja.
-
Aqui - a velha resmungou, dispondo na mesa um prato com omelete, pão na chapa e
a caneca com o café.
-
Parece bom - o Isaac sorriu.
-
Parece bom? - a velha perguntou, puta.
-
É - o Isaac ficou sem graça. - O aspecto está ótimo.
-
Olhe rapazinho, eu vou te contar exatamente o que me parece bom: um marido que não
te trai aos 59 anos de idade e 37 de casado, filhos que se preocupam com você e
não te largam trabalhando numa espelunca como essa e aposentadoria. Isso sim
tem um aspecto ótimo para mim. Uma merda de omelete, pão na chapa e café
preto são só comida.
O Isaac arregalou o olho e não deu um pio. A garçonete resmungou mais
algumas coisas e saiu bufando dali.
E o aspecto da refeição condizia com seu sabor. Estava uma delícia.
Ele comeu tudo rapidinho e ficou lá sentado mais um pouco. Cantarolando ainda a
canção que escutava em seu carro, o Isaac olhava para a janela ao seu lado e
pensava... Sentia um aperto em seu peito e uma angústia. Queria acabar com
aquilo, sabia o que era preciso ser feito, mas estava perdido.
- O
que é que eu faço? - sussurrou para si.
Enquanto isso, na suíte presidencial, a Patty e o Taylor degustavam o
café chiquérrimo do hotel na enorme cama de casal. Chic e na cama. Nada
perfeito.
-
Que horas o seu avião sai hoje? - o Taylor perguntou.
-
Às 15:00.
-
Eu te levo ao aeroporto.
-
Eu sei que sim - a Patty sorriu, antes de colocar um morango na boca.
-
Ai, droga! - o Taylor bateu em sua própria testa. - Hoje faz quatro meses
que... - Então o Taylor parou de falar.
- O
quê?
- Não,
nada... É só que eu tenho que fazer uma coisa antes de te levar.
- O
que você tem que fazer? Faz quatro meses o que?
Um suspiro. Foi a única coisa que a Patty conseguiu arrancar do Taylor
de imediato. Mas ela não desistiu:
-
Fala, Taylor. Quatro meses o quê?
-
Quatro meses meu e da Beatriz.
-
Ah...
-
Desculpe, Patty, eu juro que...
-
Você não pode vê-la depois que eu embarcar?
-
Depois ela tem aula de balé e espanhol. Daí só volta à noite para casa.
Silêncio.
-
Eu odeio essa situação, sabia? - a Patty disse, meio puta.
-
Eu sei, Pá... Eu também. Desculpe, eu juro que...
-
Tudo bem, tudo bem. Quatro meses são quatro meses.
-
Desculpe, Pá... É só uma passadinha, depois aeroporto direto.
-
Bom, de qualquer jeito, eu não ia poder te deixar me levar ao aeroporto porque
esse restinho do dia eu vou passar com as meninas. E elas vão me levar ao
aeroporto. Eu acho melhor eu e você nos encontrarmos lá direto.
-
É, eu acho uma boa idéia.
- Aí
eu saio com as meninas, você vê a Beatriz e fica tudo bem pra todo mundo.
-
Eu não gosto de falar da Beatriz com você, Patty, mas é que...
-
Tudo bem, Tay, esquece isso.
Totalmente sem graça, o Taylor sorriu amarelo, não sabendo como se
desculpar. Percebeu que a Futemminha ficara chateada, mas era o tipo de coisa
que ele sabia não ter como compensar ainda.
...
Era quase meio-dia quando o Taylor pagou a conta do hotel e saiu com a
Patty de carro. Ele a deixou no apartamento das amigas para que almoçassem
juntas e foi embora.
-
Filho, bom dia - o Walker cumprimentou o Taylor empolgado, assim que este entrou
na sala. Lia jornal sentado no sofá.
-
Oi, pai.
- E
aí? Como foi?
-
Foi ótimo - o Taylor sorriu rapidinho e piscou os olhos algumas vezes, tentando
parecer casual.
- E
a Beatriz? Ela já sabe? - interessado como dona-de-casa quando assiste novela.
-
Ainda não, pai. Mas eu pretendo acabar com isso logo.
-
Mas por quê? Você está se saindo tão bem - Walker não entendeu.
-
Pai, o senhor acha mesmo que eu estou orgulhoso do que eu estou fazendo?
-
Se não está, deveria.
-
Por que eu deveria?
-
Porque você está em plena adolescência. É época de galinhar, de sair com várias
garotas ao mesmo tempo... Não é saudável namorar na sua idade.
-
Pai, eu não sou mais tão novo assim.
-
Imagina, claro que é! - o Senhor Hanson discordou. - Eu só parei de aproveitar
quando conheci sua mãe depois dos meus 26 anos.
-
Bom, pai, então eu acho que nós somos diferentes porque eu gosto mesmo da
Patty e não pretendo namorar ninguém além dela.
-
Taylor! - a Gina chegou nervosa. - Graças a Deus você chegou.
- O
que aconteceu, Gina?
- A
Beatriz ligou aqui umas 40 vezes já. Ela está desesperada atrás de você. Diz
que vocês precisam falar sobre uma coisa muito séria. Ela pareceu bem nervosa,
Cumprido.
-
Eu estava sem meu celular, por isso que ela deve ter ficado preocupada.
Obrigado, Gina, eu vou ligar pra ela.
-
Ligue mesmo, querido. Porque o assunto parecia sério.
Alguns minutos mais tarde, chegaram Isaac e Zac em casa. A família almoçou
toda reunida, como há tempos não se via. Assim que terminou a refeição, lá
foi o Taylor. Subiu as escadas rapidamente, fechou-se em seu quarto e discou os
números da casa da namorada.
-
Alo?
-
Taylor?
-
Oi, Bia. O que aconteceu?
- A
gente precisa conversar.
-
É, a Gina já me disse isso. Aconteceu alguma coisa?
-
Por que não me responde você?
Taylor calou-se imediatamente.
-
Eu acho melhor nós conversarmos quando eu chegar aí.
-
Estou esperando - a Beatriz respondeu, seca.
-
Estou indo. Tchau.
Estacionou em frente à casa da Beatriz, desceu e apertou a campainha.
-
Oi - a Beatriz disse.
-
Oi, Bia. Será que eu...?
Nesta hora, o Taylor olhou com mais atenção para a namorada e percebeu
que ela tinha chorado.
-
Bia, o que aconteceu?
-
O que aconteceu?! Você sai jantar com aquela japonesa, vai para um hotel passar
a noite com ela e me pergunta o que aconteceu?!
O Taylor ficou chocado.
-
Como você sabe disso?
-
Você acreditou de verdade que ia sair com aquela putinha por aí e eu não ia
ficar sabendo? Hein, garanhão? Achou que ia me fazer de palhaça até quando?
Ele suspirou.
-
Calma, Bia.
-
Calma? Calma?! - ela berrava. - Você acabou de me pedir calma? Calma, Taylor?!
Como eu vou ter calma? Você saí com outra garota nas minhas costas e quer que
eu tenha calma?
-
Eu vou te explicar tudo e...
-
A-há! Aí está você!
Esse era o pai da Beatriz, que surgiu do nada junto da esposa, ambos
olhando para o Taylor com reprovação.
-
É melhor você entrar, rapazinho. E explicar tudo bem explicado sobre estar
traindo a minha filha - a mãe da Beatriz, Liza, ordenou.
Por livre e espontânea pressão, o Taylor entrou.
-
O que você está pensando, rapaz? - Karl, o pai, indagava. - Que pode magoar a
minha filha só pra ter uma noitada de diversão com outra garota?
Beatriz chorava envolta pelos braços da mãe enquanto seu pai tentava
recuperar sua honra. A cena estava cinematográfica.
-
Olhe o estado em que você a deixou! - o homem gritava. - Ela passou horas e
horas chorando e tentando te ligar, Taylor Hanson! E você estava aonde? Hã?
Aonde você estava?
-
Senhor Karl, por favor, deixe-me explicar...
-
Explicar? Você ainda quer explicar? O que você vai dizer sobre isso, Taylor
Hanson? Não há defesas para você.
-
Mãe... - a Beatriz soluçava.
-
Calma, minha querida - Liza consolava. - Você não tem coração. Como pôde
magoar um anjinho como este? - a mãe se referia à sua cria.
-
Que cara será que o seu pai fará quando ficar sabendo sobre o filho mau-caráter
que ele tem em casa? Hein, Jordan Taylor? Imagine o quanto ele ficará
decepcionado e devastado em saber que o filho dele trai suas namoradas.
-
O meu pai? Bom, eu não definiria exatamente dessa maneira, mas...
-
É bom você ter um ótimo discurso de misericórdia preparado, Senhor Taylor
Hanson - Karl avisava. - Senão eu vou conversar com o seu pai.
Aquela seria uma longa conversa. E tempo era algo que ele não tinha
disponível. Taylor olhou em seu relógio de pulso. 14:20. Ele tinha que correr,
então era se explicar rapidinho e sair voando para o aeroporto.
No apartamento das amigas, a Patty terminava de ajeitar suas coisas.
Estava quase tudo pronto, faltava apenas algumas coisinhas como escova de dente,
roupas sujas, alguns Cds...
-
Ah, Patty, mora aqui - a Lary disse, com voz de choro, o que fez a Patty rir e
abraça-la.
-
Olha, morar eu não te garanto, mas voltar de vez em quando, isso eu posso
fazer.
-
De vez em quando... Você demorou dois anos pra finalmente vir nos visitar - a
Lary protestou.
-
E só por quatro dias - a Belle completou.
-
Eu sei, gente... Mas olha, eu prometo que vou tentar vir com mais freqüência.
Quer dizer, eu acho que vou começar a vir com mais freqüência - ela sorriu,
maliciosa -, eu só não tenho certeza disso ainda. Tenho que ver como vão
ficar as coisas com o Taylor porque... Bom, ele não falou nada sobre namorar de
novo.
-
Taylor, Taylor, Taylor... A razão
da vida de todos aqueles que respiram - a Lary filosofou. - A razão de Tulsa
ser Tulsa, a razão de eu ser eu e você ser você.
-
Ai, Lary, não fala merda - a Belle cortou, rindo.
-
Os olhos que representam o amor mais puro por alguém, os cabelos angelicais, as
mãos que equivalem à verdadeira sensualidade.
Elas riram.
-
Talvez eu deva lembrar que o Taylor não está podendo tanto assim - a Patty
comentou. - Ele é bonito e tudo mais, mas ainda não é a razão da existência
de ninguém. Só da minha. - E riu baixinho, toda apaixonada.
-
Ai, Patty, como você é egoísta - a Lary protestou.
-
Bom, mas vamos indo para o aeroporto porque já são 14:30 e nós não podemos
nos atrasar - a Belle adiantou-se pegando a mala da Patrícia.
-
Vamos, eu te ajudo com isso - a japonesinha disse, pegando uma das alças da mão
de Belle.
-
Por favor, me perdoe, Bia - o Taylor pedia, sentado no sofá, olhando para
Beatriz pelos ombros de Karl, que o encarava bravo, em pé na sua frente. - Eu
sei que eu errei, eu não podia ter feito isso com você. Mas por favor, tenta
entender...
-
Entender o quê? - o pai dela perguntou, firme. - Você ainda não disse porque
fez isso com minha filha. Você pediu perdão, pediu para ela entender, mas não
falou o quê ela precisa entender.
O Taylor olhou no relógio. 14:35. Suas mãos começaram a suar frio.
-
A Patty, ela... Ela foi a primeira garota por quem eu me apaixonei.
-
E...? - Karl cobrava, puto da vida.
O Taylor transpirava tenso. Ele não sabia o que fazer.
A Patty chegava no portão de embarque com as amigas. E sua expressão de
surpresa não se conteve em seu rosto quando avistou, não tão longe, o Isaac,
o Zac e a Ló.
-
Gente! - a Patty acenou de longe e saiu correndo em direção a eles, deixando
Lary e Belle para trás. - Eu não acredito que vocês vieram. Eu pensei que ia
embora sem me despedir de vocês em pessoa.
-
Eu até tentei não vir, mas a purgante aqui não deixou - o Zac brincou,
referindo-se a namorada.
-
Ah, Zachary, pára com isso. Era você quem mais queria estar aqui - a Ló o
entregou.
-
Nós não podíamos deixa-la ir sem dar um abraço em você - o Isaac sorriu.
-
Obrigada, pessoal. - Então ela olhou ao redor. - E o Taylor?
-
O Taylor não veio com a gente - o Isaac respondeu.
-
Não? Mas vocês falaram com ele?
-
Não conseguimos. O celular dele está quebrado, então... - o Zac explicou.
-
Nossa, mas... - a Patty olhou no relógio. - O meu avião daqui a pouco vai sair
e ele jurou que estaria aqui.
-
Bom, eu me apaixonei por ela quando eu tinha 19 anos, aprendi a valorizar
sentimentos, aprendi a senti-los, amadureci...
-
Claro, nota-se o quanto você amadureceu - a mãe da Beatriz revidou.
-
Tudo graças a Patty - o Taylor continuou, como se não tivesse ouvido o comentário
de Liza. - E nós terminamos de um jeito horrível, eu sofri muito porque eu
ainda a amava demais e... - A Beatriz ainda chorava. - Bom, a verdade é que eu
me apaixonei pela Patty com 19 anos e voltei a me apaixonar por ela com 22.
Desculpe, Bia, eu sei que não é justo com você. E eu sei que o que eu fiz foi
desprezível, mas... Eu amo a Patty. E não terminei com você antes porque
enquanto ela estivesse em Tulsa, eu não teria cabeça pra te explicar isso
tudo.
-
Eu vou voar nesse moleque - Karl disse. - Como você tem a cara-de-pau de dizer
isso pra minha filha?
Mais uma vez, Taylor olhou no relógio. 14:45.
-
Na verdade, eu nunca diria isso assim, mas é que eu estou com muita pressa. Eu
preciso ir - levantou-se e arrumou o casaco.
-
Não, o senhor não vai a nenhum lugar - Karl protestou. - Essa conversa ainda não
terminou.
-
Senhor Karl, eu sei que o senhor está bravo pelo o que eu fiz, mas, com todo o
respeito, isso é entre eu e a Beatriz. Eu vou voltar, eu não estou fugindo.
Mas agora eu preciso ir. Eu estou muito atrasado para levar a Patty ao aeroporto
e, se eu não correr, ela embarca sem eu me despedir.
-
Não se atreva a sair desta sala, Taylor Hanson - Karl ameaçou.
-
Desculpe, eu adoraria ficar, mas não posso. - Virou-se para Beatriz. - Bia, a
gente conversa mais tarde. Desculpe mais uma vez.
Então sem nem dizer tchau direito, o Taylor saiu correndo pela porta da
casa da ex-namorada e acelerou o carro até os pneus fritarem no asfalto.
-
Patty, até. Se cuida lá em Albuquerque, viu? - a Ló dizia enquanto abraçava
a amiga.
-
Pode deixar, Ló. Obrigada.
-
Tchau, Patty. A gente se vê - o Zac sorriu e a abraçou.
Lary e Belle já haviam se despedido e já tinham ido embora, pois
queriam deixar a amiga sozinha para quando Taylor chegasse.
-
Tchau, Patty - a Ló e o Zac gritavam enquanto iam se afastando.
-
Eu estou logo atrás de vocês - o Isaac gritou para o casal.
-
Tudo bem - o Zac fez um positivo com o dedo.
-
Obrigada por terem vindo se despedir, Isaac - a Patty sorriu. - Porque pelo
jeito, o Taylor não está pensando em aparecer.
No caminho, Taylor ia olhando no relógio de cinco em cinco segundos.
14:54. Ele estava em pânico, correndo com o carro como se sua vida fosse acabar
caso não estivesse às 15:00 no portão de embarque do aeroporto.
-
Imagine, Patty. Eu não ia deixar você ir embora sem te dar tchau.
-
Que bom - ela sorriu.
O Taylor estava há alguns metros do aeroporto. Entrou no estacionamento.
Lotado.
-
Merda! - ele gritou.
-
Vê se liga - o Isaac disse.
Arrasada, a Patty olhou uma última vez para a porta automática que dava
entrada para o portão de embarque. Então disse:
-
Bom, Isaac, eu vou indo. O meu avião já está saindo e eu acho que o Taylor não
vem mais. Mas obrigada por tudo. Você é um amigo incrível, eu nunca vou
esquecer tudo o que você já fez por mim.
Então ele a abraçou forte e disse, enquanto a segurava contra si:
-
Eu amo você, Patty. Eu amei você desde o dia em que você apareceu na minha
vida.
14:57. O Taylor conseguira estacionar. E agora, corria pelo aeroporto
desesperadamente, tentando alcançar a mulher da sua vida para dizer uma última
vez que a ama, antes de ela partir para longe dele.
-
Isaac...
-
Fico feliz que a minha amizade seja importante pra você. Porque de alguma
maneira, eu entrei no seu coração. E te causei algo de bom.
Última chamada para o vôo 252, da América
Airlines.
-
Eu... Eu preciso ir - a Patty gaguejou.
O Isaac sorriu concordando. Um pouco perdida, a Patty deu um sorriso e
sumiu com suas malas pelo corredor de embarque.
15:00.
-
ISAAC! - o Taylor berrou de longe.
-
Taylor? Onde você esteve?
-
Por favor, diz que a Patty não embarcou ainda. Diz que ela foi no banheiro, que
ela foi comprar algo pra ler no avião, ou... - ele falava atropelando as
palavras, com voz de choro.
-
Taylor, se acalma.
-
Ela foi embora, não foi? - disse, caindo sentado em uma das cadeiras atrás
dele. - Eu não consegui chegar a tempo. Eu sou um idiota. Eu deveria ter
mandado aquele velho calar a boca, eu deveria ter saído de lá e ter vindo pra
cá correndo ver a Patty - ele desabafava, olhando para o chão.
As dores no peito do Taylor tornavam as lágrimas que escorriam pela sua
face cortantes em suas bochechas e talhantes em sua alma. O Cumprido estava
arrasado e, segurando seu rosto entre as mãos, aos soluços, fez com que sua
angústia atingisse o irmão mais velho. O Isaac sentou ao lado dele e colocou a
mão sobre seu ombro.
-
Ela foi embora achando que, que eu não vim porque eu não quis, Ike - o Taylor
misturava as frases com o choro, tornando suas palavras quase incompreensíveis.
- Que eu estava com a Beatriz e não vim me despedir porque eu não a amo. - Então
o Taylor levantou o rosto e o Isaac viu em seus olhos toda a aflição e o
sofrimento que seu irmão do meio sentia pesar em seu coração. - Eu amo a
Patty, Isaac. Se eu perde-la mais uma vez, eu acho que... Eu acho que eu morro.
-
Você não vai perde-la, Tay. Ela, ela também ama você.
-
Ela não vai me perdoar por isso.
-
Ela vai sim. A Patty é uma pessoa compreensiva. Você vai explicar tudo pra ela
e as coisas vão ficar bem.
-
Eu quero vê-la... - ele chorou baixinho. - Eu queria ter dito pra ela o quanto
eu quero que ela seja minha namorada de novo. Que eu terminei com a Beatriz e
que...
-
Taylor, vamos para casa - o Isaac interrompeu. - De lá você liga para a Patty
e explica pra ela o que aconteceu.
-
É, eu... Eu vou fazer isso.
O Isaac abraçou o irmão pelos ombros enquanto saíam da área de
embarque, em direção ao estacionamento.
-
Mas se acalma, cara. Senão ela vai achar que você é um maricas chorão.
O Taylor sorriu frouxinho.
No avião, a Patty olhava para a brancura infinita predominando na janelinha e comia os biscoitinhos trazidos pela aeromoça sem prestar a menor atenção neles. Naquele momento, os biscoitos eram a informação menos relevante a ser ingerida.