E como sempre, desde que optou pela vida saudável, o Zac acordou às
oito da manhã para fazer o seu tão querido e amado cooper. Terminando de
colocar a roupa apropriada para o esporte, ele desceu as escadas e pelo silêncio
na casa, percebeu que sua mãe Diana ainda não tinha acordado. Era Sábado, dia
de dormir até mais tarde. Foi quando estava indo para a cozinha tomar sua xícara
de café que ele viu a cena mais deprimente de toda a sua vida. A mais
degradante que já vira passar pelos seus olhos. Logo em frente à porta
principal, próximo ao sofá, estava Taylor caído no chão de bruço, dormindo,
com as chaves de casa embaixo de uma das mãos, de boca aberta, com a cara
amassada contra o chão, roncando. E ao chegar um pouco mais perto, o Zac notou
também uma simpática poça de vômito que o Taylor devia ter esquecido pelo
caminho, quando estava entrando em casa.
-
Gosh - o Zac sussurrou indignado. -
Ginaaaa! - ele chamou.
A empregada, que lavava roupa na área de serviço e nem tinha saído
para nenhum outro cômodo da enorme casa ainda, veio correndo ao ouvir o chamado
do Zac.
-
Aqui, aqui - ela apareceu em uma das portas do ambiente. - Que que aconteceu?
-
Isso aconteceu - o Zac disse, apontando para o chão.
A Gina que não via nada de onde ela estava, aproximou-se.
-
Meu Santinho Jesus Cristo, o que esse menino está fazendo aí?
-
Gina, você limpa, por favor, esse vômito? Eu vou levar o Taylor lá pra cima.
-
Pode deixar, eu vou fazer isso sim.
O Zac tirou as chaves das mãos do irmão e colocou sobre a mesa. Então
se agachou, pegou o Taylor com cuidado e o virou em seu ombro. Assim, o Taylor
ficou de ponta cabeça, meio que pendurado, com sua barriga no ombro do Zac. O
mais incrível é que Zackito fez tudo isso e o bêbado do irmão dele nem se
mexeu. A Gina apareceu com um balde e uma vassoura de pano.
-
Vai colocar ele aonde? - ela perguntou.
-
Na cama.
-
Cuidado para não derrubar o pobre.
-
Não se preocupe.
-
Será que ele não vai acordar com você carregando ele desse jeito?
-
Ih, Gina - o Zac disse, batendo no bumbum do Taylor. - Esse aqui não acorda tão
cedo.
Quando o Zac deu as costas para a Gina para deixar a sala, ela viu o
Taylor suspenso daquele jeito, totalmente mole, com os braços balançando e a
cabeça para baixo.
-
Tsc, tsc... - ela fez, começando a limpar o vômito.
...
Depois do almoço e da sua leitura tão sagrada, o Isaac convidou o Zac e
foram dar umas voltas de carro para ver o movimento da cidade. Já tinha sido
informado sobre como o Taylor foi encontrado aquela manhã e preferiu nem
comentar nada a respeito. Só o Zac que estava indignado mesmo e falando um
monte sobre o acontecido porque odiava quando o irmão do meio chegava em casa
naquele grau de alcoolismo.
-
Porra, o Taylor não toma vergonha na cara! Agora, pelo menos umas três vezes
por semana, ele chega assim em casa. Why
is he acting like a jerk?
-
Calma, Zac. Você tá muito nervoso. Um dia o Taylor aprende, você vai ver - o
Isaac disse, enquanto dirigia.
-
Quando ele vai aprender? Quando entrar em um coma alcoólico? - o Zac falava
nervoso.
-
Ele sempre bebeu um pouco a mais, desde que a gente tava na banda. E também,
ele só fica assim quando resolve comemorar alguma coisa.
-
O que ele foi comemorar ontem então? Não tinha nada pra comemorar. Eu falei
com ele e ele tava normal. Não comentou nada sobre comemorar.
-
Talvez ele tenha batido o Record de mulheres que ele agarrou numa noite. Vai
saber...
-
Eu ainda vou encher ele de murro por causa dessas histórias de beber demais.
-
Esquece isso. Onde você quer ir agora?
-
Sei lá... Por mim, eu voltava pra casa pra socar o Taylor e enfiar ele embaixo
do chuveiro.
-
Zac, forget about Taylor just for a second.
Eu sei que você o
ama demais. Mas agora, vamos fazer alguma coisa. Eu não tô a fim de ficar em
casa.
-
Não tem nada pra se fazer aqui de dia - o Zac falou, emburrado.
-
Toma - o Isaac estendeu o celular dele. - Liga aí pro Scott e pergunta onde ele
tá. Vamos reunir o pessoal. Mais gente pensando fica mais fácil.
O Zac concordou e discou os números.
-
E liga pra Patty também - o Isaac completou.
Ih, Isaac. Patty não estava em casa, não. E como ela era uma simples
mortal, ela não tinha celular. Havia combinado com duas amigas de se
encontrarem no shopping e como a casa dos Hanson era no caminho, ela decidiu
passar lá de carro antes de ir para o encontro. Tocou a campainha.
-
Olá - a Gina atendeu.
-
Oi, é... O Isaac está em casa?
-
Olha... Eu não sei te dizer porque eu voltei do mercado agora e não vi se tem
alguém lá em cima. Mas se você quiser entrar e dar uma olhadinha, o Isaac
deve estar no quarto dele.
-
Obrigada - a Patty sorriu e entrou.
A Gina mostrou para ela a escada, disse para ficar à vontade, etc,
etc... Aquela coisa toda sobre como receber bem um convidado em sua casa. A
Patty subiu aquela escadaria toda, chegando ao segundo andar. Já tinha ido na
casa dos Hanson, mas nunca tinha subido ao segundo andar. Era lindo, uma decoração
suave, com muitas plantas. Parou no corredor e ficou olhando uma foto grande
pendurada na parede da família Hanson toda reunida. A Patty riu baixinho ao ver
o tamanhinho do Isaac e do Zac na época. Havia ainda outra foto do mesmo
estilo, só que mais recente e com a Zöe, irmã mais nova, no colo da Diana.
Família bonita eles tinham. A Patty olhava encantada as fotos, mas sua
concentração é quebrada ao ouvir um barulho seco vindo de um quarto próximo.
Começou a se aproximar receosa de uma das muitas portas, lugar de onde ela
achava estar vindo o barulho. Ela ouviu uns gemidos e ficou um pouco assustada.
Ao chegar na porta do quarto, ela viu:
-
Taylor?
Ele mesmo. Tinha caído no chão quando fora tentar levantar da cama. Dá
até para imaginar o estado em que estava a criança, não é? A Patty se
agachou e o apoiou em seus ombros para tentar ajudá-lo.
-
Nossa, o que aconteceu com você?
-
Eu só tô meio tonto ainda... Mas eu tô legal - ele respondeu, olhando para a
Patty.
-
Sem querer ser grosseira, mas você precisa escovar os dentes urgentemente - ela
disse, fazendo careta do bafinho de onça dele.
A Patty estava segurando-o já em pé e o Taylor começou a jogar o corpo
querendo sentar na cama.
-
Não, espera. Primeiro você vai escovar os dentes.
-
Ah... Claro, claro. - Ele então deu um sorrisinho amarelo. - Sorry
about that.
-
Sem problemas. Desde que você não fale com a sua boca direcionada para o meu
nariz, tá tudo lindo.
E ajudando o coitado do Taylor a andar, a Patty levou-o até o banheiro e
ficou parada na porta esperando-o escovar os dentes. Ele escovava todo lerdo,
apoiando-se pelas mãos na pia, fazendo um esforço colossal para ficar em pé.
O problema de o Taylor ficar assim, na ressaca, é que ele ficava parecendo um
inválido. A cabeça dele parecia que ia explodir, ele não conseguia enxergar
direito, ficava fraco, tonto... Até os movimentos dele ficavam debilitados.
Às vezes, ele ameaçava cair no chão ou se desequilibrar, mas a Patty,
mais do que rapidinho, segurava o Taylor e o firmava em pé novamente. E o
Taylor, tadinho, cuidando um monte para não deixar cair pasta de dente no
babylook (aquele verdinho, escrito Marshall, lembra?), todo frágil, quase
quebrando ao meio. E vendo o estado de vulnerabilidade do Tay, a Patty sentiu um
carinho muito grande por ele naquele momento. Um carinho que quem precisa cuidar
de alguém sente. Ela passou a mão pelo cabelo dele e sorriu, com um pouquinho
de pena. Então ele ameaçou se desequilibrar mais uma vez. A Patty o segurou
novamente:
-
Taylor, como você é gordo, menino. Ainda bem que você só ameaça cair porque
se você caísse de verdade, ia nós dois pro chão - ela brincou, fazendo-o
rir.
-
Obrigado por me ajudar, Patty - o Taylor falou, depois de enxaguar a boca, com a
cabeça inclinada para a pia.
-
Vem, eu te levo para o quarto.
-
Não, espera. - o Taylor disse. A Patty então parou. - Me coloca embaixo do
chuveiro?
-
Mas... Ahm... Se você ficar pelado aqui vai ficar uma situação meio chata pra
mim, Taylor.
Ele riu todo fraquinho.
-
Eu sei, Patty. Só vou tirar a camisa e o sapato. Eu vou entrar de calça e
tudo.
-
Aaaah boooom. - Ele riu de novo. - Você tem certeza?
-
Absoluta - sorrindo, meio tonto.
Acho que o Taylor era o primeiro bêbado que gostava de tomar banho. Mas
a Patty obedeceu. Ele devia saber do que estava falando.
-
Ah, e por favor, Patty. Coloca no gelado.
Correção: o Taylor era o primeiro bêbado que gostava de tomar banho gelado.
-
Gelado, Taylor? Na boa, mas eu acho que você vai desmontar.
-
Não, pode colocar. Vai fazer um bem enorme pra mim.
-
Se você diz...
A Patty arrumou o chuveiro no gelado e virou para o Taylor. Ele estava
tentando tirar o babylook, meio de qualquer jeito, com a cabeça para dentro da
blusa, aparecendo só os cabelinhos saindo pela gola. A Patty riu e disse:
-
Quer ajuda?
-
Por favor - ele falou de dentro da roupa.
-
Ergue os braços que eu tiro.
Fazendo isso, o Taylor conseguiu sair de dentro do babylook com a
ajudinha da super Patrícia Futemma. Faltavam agora os sapatos. Ele se apoiou
nela e com os próprios pés, tirou-os facilmente.
-
Missão completa - ela brincou. Ele sorriu. - Agora, o chuveiro.
Ela puxou a porta pesada de vidro do box e colocou o Taylor embaixo da água.
Ele tremeu e se abraçou de frio.
-
Taylor, quer que eu coloque no quente? - a Patty perguntou, morrendo de dó do
garoto.
-
Nã...não, sério. E...Eu já mm...me acostu...umo - ele respondeu sorrindo e
batendo os dentes.
A Patty fechou a porta do vidro e ficou só cuidando para ver se ele ia
ficar bem. Depois de uns segundos, não teve mais como não reparar no corpo do
Taylor. Aquela barriga cheia de quadradinhos, o tórax trabalhado... E os braços.
Nossa, eles eram bem grandes e foram os braços do Taylor os responsáveis pela
maior parte da baba da Patty. Ela às vezes desviava o olho, um pouco sem jeito,
mas não adiantava. Não tinha como não olhar. O Taylor estava encostado na
parede do box, de perfil para ela. Caía água pelo corpo dele, escorrendo pelos
braços, barriga, ombros, as costas e encharcando a calça do Taylor. Ele olhava
para cima de olhos fechados, deixando a água molhar o seu rosto. A Patty pensou
em perguntar alguma coisa só para distrair um pouco, mas não tinha o que
dizer. A cena estava apreciável ao extremo para ser estragada com meras
palavrinhas.
Ele ficou lá mais ou menos uns vinte minutos.
-
Acho que eu já tô melhor - ele disse, desligando o chuveiro.
A Patty nem se mexia.
-
Patty?
-
Ãã? Oi? Quê? Que
que foi?
-
Aonde você tava?
-
Aonde? Bem aqui, ué.
-
Ah... Ok - ele riu da cara de perdida que ela fez.
-
PUTZ! - ela exclamou, batendo com a mão na testa.
-
Que foi? Que aconteceu?
-
As minhas amigas!
-
Que amigas? - o Taylor perguntou.
-
No shopping. Eu marquei com elas no shopping. Comecei a cuidar de você aqui e
acabei esquecendo do meu encontro com elas. Merda. Elas vão me matar - a Patty
levantou e começou a andar pelo banheiro.
-
Relaxa. Elas vão entender - falou, terminando de enxugar o cabelo.
-
Mas a gente ia ao cinema. - A Patty olhou no relógio morrendo de preocupação.
- Ai, tô ferrada.
O
Taylor não queria que ela fosse. Queria que ela ficasse lá, cuidando dele e
falando aquelas coisas engraçadas que faziam ele rir. E definitivamente era
melhor a Patty tratando da ressaca dele do que o Zac. Ela pelo menos não dava
porradas nele, nem gritava no seu ouvido e nem ficava puta só porque ele
sentia-se tonto.
Sendo
assim, nessas horas, nada como encarnar o ator e dar uma fingidinha básica:
-
Bom, Patty, se você quiser pode ir e... - Então o Taylor ameaçou cair no chão,
fingindo fraqueza. A Patty correu até ele segurá-lo.
-
Nossa, você tá fraco ainda.
-
Não, eu tô melhor já. Eu... - Ele fingiu querer cair mais uma vez. Claro que
a Patty o segurou. - Eu me viro aqui. Eu não quero estragar o seu passeio.
-
Imagine que eu vou te deixar aqui assim.
-
E as suas amigas?
-
Deixe. Depois eu falo com as meninas e explico toda a situação.
-
Você quem sabe, Patty. Eu não quero que você... Cof
Cof... - Tosses de crocodilo. - ...deixe de sair por minha causa.
-
Nah, tá tudo bem. Sério - ela sorriu. - Vem, vamos tirar essa calça
encharcada e colocar uma roupa decente.
-
Vamos? Você vai tirar a minha roupa, Dona Patrícia? - ele brincou, malicioso.
-
Taylor, se enxerga, tá? Eu estava só tentando ser simpática. - Ele riu. - E o
deficiente aqui é você. Não sou eu que precisei de ajuda pra tirar uma reles
camiseta.
Ele riu muito. A Patty sorriu e o levou para o quarto.
...
-
A Patty não tem celular? - o Zac perguntou.
-
Não tem - Isaac lamentou. - Estranho... Ela disse pra mim que ia sair com umas
amigas no shopping e que quando chegasse lá, me ligava.
-
Bom, se ela não ligou, provavelmente deve ter acontecido alguma coisa.
-
É, mas ela teria me ligado mesmo assim.
-
Tá, esquece a Patty então. Vamos...
-
Zac, olha o que você fala - o Isaac interrompeu, indignado.
-
O que eu disse? - ele perguntou, não entendendo.
-
"Esquece a Patty" você disse. Fale as coisas de um outro jeito, não
assim - ele explicou, sem desconcentrar-se do volante.
-
Porra, o que tem de errado no jeito que eu falei?
-
Não é assim que se fala das pessoas. Olha o jeito que você sai falando:
"Esquece o fulano". Você gostaria que falassem assim de você em uma
conversa? "Esquece o Zac".
-
What?! - o Zac exclamou.
-
Nós não vamos esquecer a Patty.
-
Eu sei que não, porra!
-
Então por que você falou pra nós esquecermos dela?
-
Isaac, eu pensei que você seria um pouco esperto e saberia que o que eu estava
tentando dizer era que... AH! - ele gritou e socou o painel do carro, forrado a
couro. - Porra, você sabe como eu detesto ter de ficar explicando as coisas!
Apenas entenda, ok?
-
Às vezes as coisas precisam ser explicadas, oras.
-
Fuck! Você consegue me estressar.
-
Qualquer um consegue, Zac. Não é nenhuma façanha conseguir te tirar do sério.
-
Oh really?! - sarcástico. - Sinta-se lisonjeado então porque você faz
isso melhor do que ninguém!
-
Até o Dalai Lama conseguiria te estressar.
-
Fuck
the damn Dalai Lama!
-
Zac, o cara é um sábio e você manda ele se foder?
-
Tô cagando pra isso.
-
Você sempre foi estressado, mas não costumava cagar pras pessoas - virando em
uma rua.
-
Eu não sou estressado, merda! Stop
saying that!
O
Isaac só olhou para o Zac levantando as sobrancelhas, como quem diz: "Ah não
é?".
-
O que você tá olhando?!
-
Viu como você é nervoso? Se você estivesse dirigindo provavelmente já teria
batido o carro.
-
Don't say bullshit.
O Isaac pensou um
minuto.
-
Zac, quando foi a última vez que você ficou com uma garota?
-
Por que tá perguntando isso? - o Zac retrucou.
-
Vai, responde.
-
Faz um tempinho já, por quê?
-
Aaahh... - o Isaac disse com um ar de quem tinha finalmente compreendido algo.
-
Por quê? - o Zac repetiu.
-
Por isso que você tá rabugento assim...
-
Rabugento?! Eu não tô rabugento!
-
Claro que não, imagina. Você quase nos proporcionou um acidente de carro com
os seus gritos, mas claro que você não está rabugento.
-
Tá, eu não fico com ninguém faz um tempo já e daí? Você nunca ficou na
seca, não?
-
Mas o Taylor comentou comigo que na danceteria você ficou com uma garota ruiva,
mais velha que você...
-
Eu não fiquei com ela.
-
Por que não?
-
Ela era lésbica.
-
Wow... What
a serious department, bro.
-
É, eu sei. Fiquei frustrado.
-
Mas você conhecia a garota?
-
Nunca tinha visto na minha vida - o Zac disse, amarrando o cabelo. Isso era bom
sinal porque, depois de uma discussão ou uma briga, se o Zac amarrasse o
cabelo, era porque ele já estava mais calmo. O Isaac aliviou. E continuou
conversando:
-
Nossa, então você estava mesmo desesperado. Você nunca fica com alguém
assim, sem antes conhecer, estar sentindo alguma coisa... Não faz o seu estilo
ficar com a garota porque ela é bonita.
-
Eu sei. Que merda, né?
-
Você é meio na sua, isso é verdade, mas você sempre estava empolgado com
alguma menina diferente - o Isaac comentou. - O que aconteceu? Alguma decepção
amorosa?
-
Não é isso. É que, meu, você já deu uma olhada nas mulheres de Tulsa? Não
tem ninguém interessante nessa cidade.
-
Mmm... Verdade. Parece que as meninas legais se mudaram todas daqui.
-
Yep.
-
E a Patty? Você poderia ficar com ela.
-
Nah... A Patty é muito legal, é bonitinha, mas faz meu tipo de amiga. Not
to be my date.
-
É, não faz mesmo. Ela é toda calminha, meiga... E você não é nenhum dos
dois, Zac - o Isaac riu.
-
Ha-ha-ha, muito engraçado. - O Isaac continuou rindo. - Eu posso ser meigo se
eu quiser.
Aí o Isaac soltou uma gargalhada bem alta.
-
Do que você tá rindo?! Eu posso ser meigo sim!
-
Claro, Zac. Assim como o Taylor pode ser muito macho - sarcástico.
Esse comentário do Isaac fez o Zac rir também. Ele disse:
-
Poor Taylor!
-
O Taylor nunca poderia ser como você - o Isaac comparou.
-
Not at all. He's pretty girly sometimes - o Zac observou.
-
Verdade. Mas ele consegue todas as meninas que ele quer.
-
Gay nós sabemos que ele não é.
-
Zac, olha o jeito que você fala. Pô, já te disse pra cuidar com a maneira que
você se refere às pessoas.
-
Porra, Clarke Isaac, não me enche o saco!
Silêncio.
-
Aliás, de gay ele não tem nada. Eu nunca vi alguém ficar com tanta mulher que
nem o Taylor - o Isaac acabou falando. O Zac riu concordando.
-
É, o Taylor é garanhão. Daqui a pouco ele vai querer ficar até com a Patty,
que é nossa amiga - o Zac comentou.
-
Ah, claro... Aí eu mato ele.
...
-
Numa fábrica? - o Taylor perguntou, impressionado. - Você trabalhou numa fábrica?
-
Numa fábrica - ela confirmou.
-
Nossa, isso soa meio, sei lá, escravo.
A Patty riu.
-
Nah... Os meus chefes eram legais. Só do chefãoãoão mesmo que o pessoal
tinha medo.
-
Ele era bravo?
-
Não, nem era, mas... Sabe como é, né? Como ele era dono de tudo lá, os
funcionários tinham um certo respeito. Ele intimidava.
-
Desculpe perguntar, mas... Você ganhava bem?
-
Pode perguntar, imagina - ela sorriu. - Ganhava. O problema era que o custo de
vida era muito alto. Carne então, nossa, era uma fortuna. A gente comprava
muito de vez em quando.
-
E por quanto tempo você morou lá?
-
Por dois anos.
-
Mas por que você quis ir pra lá morar com os seus pais? - o Taylor quis saber,
interessado.
-
Porque eu estava com muita saudade deles. E eu não agüentava mais morar com os
meus avós.
-
Pelo o que você contou, deve ter sido muito ruim mesmo - ele disse, mordendo o
lábio.
A Patty estava contando sobre o tempo em que ela morou no Japão com os
seus pais. Foram dois anos que ela sofreu muito longe dos amigos e das pessoas
que ela mais amava. O que ela mais detestou sobre o Japão foi a frieza que a
população tinha como principal característica. O Taylor ouvia tudo
impressionado com a coragem e força com que a Patrícia enfrentou todos os
problemas que ela passou por lá.
-
Pra você ter uma noção, eu até fiz uma música pras minhas amigas quando eu
tava lá - ela contou.
-
Uma música? Sério? Could
you sing to me?
- o Taylor pediu.
-
Cantar? Pra você? A minha música? - ela disse, apontando para o próprio
peito.
-
Ahan - o Taylor falou com naturalidade. - Por quê? Você tem vergonha?
-
Não, nem tenho, mas é que eu nunca cantei pra alguém que não tivesse
relacionado com a letra. Ou seja, cantei só para os meus amigos mais queridos.
-
Eu não sou um amigo querido?
-
Não, você é um amigo modesto - ela disse sarcástica. O Taylor riu.
-
Tudo bem, você não precisa cantar se não quiser.
-
Não é isso. Eu canto, mas é que você era músico profissional e... Well,
you know.
-
No, I don't. O
que tem a ver?
-
Ah, é que com a sua sabedoria musical, com certeza você vai achar a minha música
uma verdadeira bosta.
-
Patty, claro que não - o Taylor protestou. - Eu jamais acharia isso. A música
nem sempre é só uma letra competente ou uma melodia de acordes que se
encaixam. A música vai muito além disso. Se você escreveu com o seu coração,
escreveu o que você estava sentindo naquele momento e isso te fez bem, eu já
considero a sua música muito bonita.
-
Nossa, que profundo isso - ela disse, boquiaberta.
-
Profundo? Não... Na verdade, é mais simples do que você imagina.
A
Patty sorriu. E ele continuou:
-
Às vezes você está sentindo tanta coisa dentro de você, tantas coisas
juntas, e muitas vezes só compondo você consegue se expressar. Então você
faz uma melodia para aquele sentimento e está feita a música sobre o que você
estava sentindo.
A
Patty ficou pasma. O Taylor falava de música como se fosse um parente muito próximo
ou um melhor amigo que ele conhecia há anos, que ele entendia cada característica
de cor, cada sensação, cada expressão.
-
Na verdade, música é isso mesmo. É o teu sentimento acompanhado de
instrumentos - o Taylor explicou.
-
Por que você largou? - a Patty perguntou.
-
Larguei o quê?
-
A música.
-
Eu que dei a idéia de terminar com a banda.
-
Mas por quê? Se você ama tanto isso, por que você desistiu?
-
Ah, Patty, é complicado... - o Taylor mexeu no cabelo e desviou o olhar.
-
Me explica.
Para
o Taylor, esse assunto não era tão proibido quanto para o Zac, mas machucava
ainda. Fazia alguns meses só que eles tinham decidido acabar com a carreira de
fama e sucesso que eles vinham levando e tudo continuava muito recente. Dos três,
o Taylor era o que mais tinha amor pelo o que fazia e o que levava mais a sério.
Até as fãs sabiam do perfeccionismo exagerado que ele tinha na hora de
atarefar-se com qualquer coisa que fosse relacionada ao trabalho deles. E no
momento em que o Taylor subia no palco então? Era notável a familiaridade que
ele tinha com o ambiente. Segundo ele, performances ao vivo eram o único
momento em que se podia ver de perto e em tempo real a reação que a sua música
causava nas pessoas. Era o que ele mais amava de tudo.
-
Você não pode contar? - a Patty perguntou.
-
Posso, claro. - Pausa. - Eu fiz isso pelo Zac. - A Patty ficou quieta, esperando
que ele continuasse. - Ele odiava ser uma pessoa pública. E... Ele sofria muito
com isso. - Outra pausa. - Nossa, eu lembro que teve uma época, bem no
comecinho da Albertane Tour, que toda aquela badalação em cima da gente e
aquela história de "Taylor é o mais bonito, Taylor é o mais isso, mais
aquilo", tudo isso junto me deixou meio doente. E eu virei um filho da
puta. - A Patty ouvia atentamente. - Eu fiquei esnobe, fútil, sabe? Só para
você ter uma idéia como eu estava insuportável: eu não dava entrevistas sem
os meus óculos escuros. Eu tinha que estar usando óculos escuros.
-
Nossa...
-
E foi nessa época que eu e o Zac tivemos uma discussão muito feia por causa
disso. Ele veio me falar que eu estava um escroto, um porre e eu fiquei puto com
aquilo. Ele gritava que eu não era a mesma pessoa, que era tudo culpa da porra
da fama. - O Taylor abaixou a cabeça e riu de levinho. - Sabe o que eu disse
pra ele? Que ele tinha inveja porque eu era o melhor deles ali e que ele não
queria aceitar isso. Aí o Zac me deu um soco.
-
Um soco? Nossa... deve ter doído.
-
E como - o Taylor sorriu. - Depois disso, nós ficamos sem nos falar direito por
quase um mês. E foi isso que me fez voltar a ser normal e esquecer aquelas idéias
de que eu era o melhor. Foi a falta que o meu irmão estava fazendo pra mim que
me fez ver as merdas que eu tava fazendo. Aí eu lembro que, uma noite num hotel
de Milwaukee, todo mundo estava se preparando para dormir e o Zac estava sentado
na mesa da cozinha bebendo alguma coisa. Eu entrei para tomar água e dei de
cara com ele lá, nem sabia que ele estava ali. Ficou um silêncio, um clima
meio chato e... Bom, eu acabei pedindo desculpas pra ele, nós conversamos
aquela noite toda, a gente chorou, tal, mó drama - o Taylor brincou. A Patty
sorriu. - Depois disso, eu e o Zac ficamos muito amigos e nunca mais brigamos.
Claro, nós temos as nossas diferenças, como por exemplo quando eu bebo um
pouco a mais, ele fica bem puto, estressa, me tira da cama à força... Mas
mesmo assim, I love my brother. - A
Patty riu.
-
E como você decidiu que ia desistir da banda?
-
Desde essa época que nós fizemos as pazes, eu comecei a me importar muito com
o Zac e com as coisas que o influenciavam de alguma maneira. Eu me apeguei muito
a ele. E o fato de nós sermos famosos e fazermos sucesso estava realmente
acabando com o meu irmão. Ano passado, no fim do ano passado, ele até entrou
em depressão por causa disso. Patty, você não faz idéia de como ele ficava.
Ele não falava, não fazia piada, não comia direito, nunca estava comigo e com
o Ike... O Zac tem um gênio muito difícil, você já deve ter notado.
-
É, notei sim.
-
Então ele costuma ficar nervoso muito fácil. Ele nunca gostou muito de ser
famoso e ele vivia mal humorado por causa disso, ou reclamando, amaldiçoando as
fãs... Mas sei lá, a gente não ligava muito porque esse é o normal dele. Eu
e o Ike até nos divertíamos às vezes com os estresses do Zac. Mas quando ele
começou a ficar muito quieto, sempre sério, sem fazer nenhum dos comentários
sarcásticos dele, eu comecei a ficar preocupado. Tinha alguma coisa errada com
o meu irmão. Na época foi muito ruim e o Zac não estava querendo sair daquela
de jeito nenhum. Ele não via motivo para estar feliz porque a vida que ele
levava não fazia bem pra ele. Então a decisão ficou bem clara na minha cabeça:
eu não queria mais a banda. Se era pra fazer o meu irmão sofrer, eu não
queria mais. Nosso pai não gostou muito, ficou puto, mas depois ele entendeu as
razões minhas e do Isaac.
-
E o Zac? Como que ficou quando soube?
-
Logo nos nossos primeiros dias de ordinary
people, o Zac já se recuperou e voltou ao normal. Agora ele é feliz, faz só
o que ele gosta, fala só com quem ele quer falar... Porque o que ele mais
odiava era ter de ficar explicando tudo da vida dele pra jornalista e ficar
dando satisfação de tudo o que ele fazia pros outros. Isso era o que ele mais
odiava. O Zac é assim: ele não suporta ter de ficar explicando. Qualquer que
seja o assunto. Ele detesta explicar. Principalmente quando é ele que está
falando daquilo e a pessoa não está entendendo. Claro que se ele estiver
falando sobre um assunto que só ele domine, ele vai explicar, comentar... Bom,
se bem que é muito difícil você conseguir entrar em assuntos com ele que
tratem sobre o Zac como pessoa.
-
Tudo bem, eu entendi - a Patty sorriu.
-
Ah, que bom - o Taylor sorriu também.
-
E... Você se arrependeu?
-
Não. Nenhum pouco. Faria de novo se precisasse.
-
O Zac deve gostar muito de você.
-
Gosta sim. Ele demonstra do jeito dele, mas ele gosta. Fica puto quando eu faço
merda, me dá umas porradas quando eu bebo demais... Essas coisas. Mas é porque
ele se preocupa comigo. Ele não é do tipo de pessoa que sentaria comigo e
tentaria conversar amigavelmente para tentar me mostrar que eu estou errado
fazendo determinada coisa.
-
É... Isso não soa como o Zac - a Patty riu.
-
Não mesmo. Ele é uma pessoa única.
-
Você também é, Taylor.
-
Eu sou?
-
É sim. Uma pessoa incrível mesmo.
-
Nah... Eu sou normal - ele disse sem jeito.
-
Não é, não. Tudo isso que você fez pelo Zac, as coisas que você me
contou... Nossa. Só uma pessoa muito legal faria pelo irmão o que você fez.
-
Ah... Eu só fiz o que qualquer pessoa no meu lugar faria.
-
Taylor, não seja tão modesto.
-
Patty, não fica me elogiando que eu posso voltar a ser um escroto. Eu já fui
uma vez. - A Patty riu.
-
Não, mas sério... Você é muito legal.
-
Você acha? Nossa, nunca uma menina me disse isso.
-
Ah, tá, sei, já acreditei - a Patty disse. - Taylor, por favor... Todas as
meninas do mundo dizem isso pra você.
-
Te juro que não. Sempre me falam do meu cabelo, ou do meu olho, ou de como eu
sou fofinho... Meu, eu odeio esse negócio de fofinho. Porra, eu não sou
fofinho! - A Patty deu uma gargalhada. - Eu não sou, né Patty?
-
Ah, Tay, sei lá... - A Patty não parava de rir. - Mas não se preocupe, você
ser fofinho ou não, não te torna menos ou mais legal.
-
É, mas é incrível como "Taylor", o meu nome do meio, torna os meus
olhos muito mais azuis.
Nossa,
aí a Patty deu uma risada muito alta. Quer dizer, não que ela risse de fazer
escândalo. Quanto mais engraçado era a coisa e mais forte a risada dela, menos
som saía. Ela ria baixinho, com a boca bem aberta, saindo lágrimas dos olhos
de rir. Sabe quando te falta ar de tanto rir? Pois é, isso que acontecia com
ela. Era legal vê-la rindo porque dava vontade de rir também.
-
Nossa, mas o que está acontecendo aqui? - o Isaac perguntou parado na porta. -
Que alegria toda é essa?
-
Ike, hey! - a Patty disse, indo até ele abraçá-lo.
-
A Patty tá aí? - o Zac gritou das escadas logo que ouviu o "Ike,
hey" que ela falou empolgada.
-
A Patty tá! - ela própria gritou.
-
Hey girl! - o Zac veio correndo no corredor, vendo-a na porta do
quarto do Taylor, e estendeu a mão para que ela batesse. - Nós procuramos um
monte por você.
-
Sério? Putz, desculpe por não ter ligado pra vocês, gente... - a Patty se
desculpou.
-
Ela ficou cuidando de mim, o bêbado da família - o Taylor disse. Ele estava
sentado na cama, dentro do quarto, e por isso o Zac ainda não tinha o visto
ali.
-
Ah, 'cê tá aí? - o Zac falou. - E está até que apresentável. I'm
proud of you, Taylor.
-
Nah... Se eu estou assim, é por causa da Patty com certeza. Ela que me acudiu
hoje quando eu acordei.
-
Puxa, Patty. Eu agradeço em nome de toda a família Hanson - o Isaac disse. - O
Taylor provavelmente estaria caído em alguma esquina desta casa se não fosse
você ajudá-lo.
O
Zac entrou no quarto e parou ao lado da cama, próximo ao Taylor. E disse:
-
Putz, que vergonha ter um irmão assim. - Então o Zac bateu de leve na cabeça
do Taylor.
-
Porra, Zac. Não começa - o Taylor reclamou.
-
Então vê se toma vergonha nessa tua cara e pára de chegar bêbado em casa.
-
Guys, guys - o Isaac interveio. - Dá pra vocês não começarem com
essas merdas agora? Temos uma dama conosco. Respeitem pelo menos a Patty aqui.
-
Oh. Sorry Patty - os dois disseram juntinhos, envergonhados.
-
É bom mesmo - ela deu uma abusada no poder.
-
Ah, Patty! A sua música! - o Taylor lembrou de repente.
-
Música? Que música? - o Zac perguntou.
-
Ai... - a Patty quis morrer.
-
Uma música que a Patty fez e ela ia cantar pra mim.
-
Que música que a Patty fez e que ela ia cantar pro Taylor? - o Isaac perguntou.
-
Depois ela te explica da onde surgiu essa música. Porque agora ela vai cantar -
o Taylor disse, olhando para ela.
-
Gente, faz assim. Eu vou me preparar direitinho aí outro dia eu canto pra vocês,
tá?
-
Aaaaaah... - eles lamentaram em coro.
-
Prometo que canto outro dia. Mas hoje, assim, 'cês me pegaram despreparada.
-
Ela ia cantar pra mim. Foram só vocês aparecerem - o Taylor reclamou.
-
Ah, Taylor, cala a boca. Você chegou bêbado em casa hoje, você não merece
respeito - o Zac retrucou brincando.
O
Taylor fez cara de coitadinho.
-
Que fofo - a Patty falou para o Taylor.
-
Fofo, Patty?
- Descuuuulpe.
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