Amanheceu
um domingo cinzento. Nem muito quente, nem muito frio. Exatamente o clima que
fazia o Zac sorrir e pensar em como seria bom se cada manhã que ele fosse
correr o dia estivesse daquele jeito.
Colocou
as roupas apropriadas, amarrou os cabelos num rabo apertado, pegou suas coisas.
Quando estava quase saindo, ele ouviu um chamado:
-
Zac!
Ao
olhar para trás, ele vê a cena mais absurda já presenciada. Sim, era o
Taylor. Mas desta vez, vestido com um short preto mais curto, uma regata e tênis
de correr.
-
Ei, o que você está fazendo com o meu short? - o Zac perguntou. - Ele é
propriedade particular.
-
Eu vou com você - o Taylor disse, correndo sem sair do lugar.
-
Aonde?
-
Correr, oras - todo disposto.
O
Zac ficou quieto três segundos, olhando para o irmão desconfiado. Então
disse:
-
Are you kidding me?
-
Não. - O Taylor fazia uns movimentos desengonçados de aquecimento enquanto
falava. É, ele não estava brincando.
-
Taylor, você nunca correu comigo.
-
Você acha que eu não consigo te acompanhar, por acaso?
-
Sinceramente? Acho - o Zac falou, com as mãos na cintura. - Você é bonitinho
demais para esse tipo de coisa.
-
Shut up.
-
Ok, ok. Vamos comer
um cereal and let's go.
Antes
de saírem de casa, o Zac pegou uma garrafa de Gatorade
cheia, deixou o walkman e só então saíram.
Chegando
no parque, o Zac começou a fazer aquecimento em umas barras de ferro que haviam
por ali. O Taylor até imitava, meio perdido, tadinho. Mas não tinha jeito. O
Zac fazia tudo com uma exatidão incrível nos movimentos, como se se
comunicasse com os seus músculos para saber qual deveria alongar e quanto tempo
deveria dedicar a cada um deles. Fazia os exercícios com um porte todo
masculino, tendendo para o machão, o que levava ao delírio as garotas sentadas
mais ao longe.
-
O que é aquele bando de mulher sentada, olhando para cá? - o Taylor perguntou,
só então notando aquelas meninas todas os observando atentas.
-
Ah é, eu esqueci de te avisar. Nós temos platéia - o Zac falou, sarcástico,
como sempre.
-
Elas ficam aí todos os dias? - o Taylor perguntou, incrédulo.
-
Isso não é nada. Lastimável mesmo é quando elas resolvem se aproximar para
puxar papo. Gosh... "Oi, você não
é o Zac Hanson? Puxa, eu sabia que te conhecia de algum lugar. Olá, você vem
sempre aqui?" - o Zac as imitou com uma voz fininha.
-
Eu imagino o quanto você deve ser gentil com elas.
Então
o Zac agachou-se para tocar a ponta dos pés com os dedos, deixando a perna
reta. Isto não teria nada de mais, se a sua belíssima retaguarda não
estivesse virada exatamente na direção das garotas. Elas deram um gritinho,
que pôde ser ouvido pelos dois.
-
Nossa... - o Taylor riu.
-
Não tenho culpa, eu preciso alongar as pernas - o Zac explicou.
-
Yeah, right - o Taylor ironizou e o irmão riu.
Começaram
a correr. Nos primeiros minutos, silêncio. Então o Zac resolveu puxar papo:
-
Por que você resolveu vir comigo hoje?
-
Não sei... Deu vontade.
-
O que exatamente te motivou?
-
Zac, você se incomoda tanto assim por eu ter vindo com você?
-
Claro que não, Jordan. Eu só estou tentando entender o que fez você, uma
lesma bêbada e preguiçosa, levantar às oito da manhã para correr comigo.
-
Eu não posso correr de manhã com o meu irmão Zac?
-
Não quando o irmão do Zac é o Taylor.
-
Eu sei que eu nunca fui muito de correr e fazer esses exercícios, mas... Não
sei, deu vontade hoje. E pode ir se acostumando porque eu acho que eu vou correr
com você todos os dias.
O
Zac abriu um sorriso e disse:
-
Tay, se eu não levasse tão a sério esse negócio de esquema de vinte minutos
correndo sem parar e se eu não fosse um heterossexual tão convicto, eu juro
que parava agora e te dava um beijo - brincou.
-
That's ok, really. Você
não precisa me beijar para eu ter uma idéia da sua felicidade.
-
Good.
Continuaram
correndo. Foi quando, não tão inesperadamente, uma garota parou ao lado do
Taylor:
-
Oi, tudo bem? - simpática.
-
Tudo ótimo - o Taylor respondeu, amigável.
-
Eu sou amiga da Yohanna. Lembra dela?
-
Lembro, claro - ele sorriu. - Como ela está?
-
Está bem. Ela falava muito de você pra mim.
-
E falava bem?
-
Muito bem - ela sorriu, maliciosa. Neste instante, o Taylor já entendeu o que a
menina queria. Não era falar da Yohanna, nem conversar sobre como era divertido
ter uma amiga em comum com ele. Ela queria sexo. Só isso e mais nada. Na sua
forma mais escrota e promíscua: uma noite, quem sabe duas, e nada mais.
"Ela faz do tipo sexo experiente", o Taylor já pegou o jeito da
menina. Elas eram extremamente previsíveis. Mas é claro que o Taylor
continuaria conversando com ela até mesmo por horas fingindo não ter percebido
as intenções da fulaninha. Até a menina resolver agir, ele não falaria nada.
-
Olha, garota, se você quer dar pro meu irmão, ótimo. Entra na fila e pega a
senha. Mas agora não porque nós estamos ocupados. Vai, vai, chispa - o Zac
retrucou. É... o Taylor podia não falar nada, mas o Zac falava.
A
garota fez cara de ofendida e saiu dali toda puta.
-
Nossa, Zac. Você poderia ter sido um pouco mais escroto com ela?
-
Taylor, se você for dar trela para todas as que pararem para puxar conversa, a
gente não sai daqui hoje.
-
Quando você corre sozinho, muitas meninas tentam falar com você? - o Taylor
perguntou.
-
Muitas. Quer dizer, tem umas que quando estão se aproximando, olham para a
minha cara e desistem.
-
Eu imagino. A sua simpatia é algo evidente em você.
E
eles continuavam correndo. O Taylor começou a respirar ofegante.
-
Quer parar um pouco? - o Zac perguntou.
-
Não, claro que não. Eu estou só um pouco cansado.
-
Já, sua bicha?
O
Taylor nem comentou aquilo.
-
Se você quiser parar, não tem problema - o Zac reforçou.
-
Ok. Eu vou dar uma descansada então.
-
Eu vou correr mais uma volta. Eu já te encontro aqui.
Uma
volta depois...
-
Descansou? - o Zac perguntou, chegando ainda no pique.
-
Descansei. Mas agora eu estou com preguiça.
-
Eu imaginei mesmo - o Zac lamentou. - Eu suponho que você queira ir pra casa
então.
-
Supôs muito certo.
-
Ai, ai... Esses amadores...
Na
ida a pé para casa, conversavam.
-
Você vai com a mammy hoje à tarde
fazer compra de mês? - o Zac perguntou.
-
Só se ela fizer muita questão que eu vá. Porque eu não curto muito ir a
mercados.
-
Eu também não gosto, mas vai todo mundo - o Zac disse. - É sempre divertido
quando vai todo mundo.
-
Não, nem rola.
E o
Zac resolveu perguntar de novo:
-
Por que mesmo que você foi comigo correr hoje?
-
Porque eu quis, oras.
-
Taylor, você nunca faria isso por nada - observou, desconfiado.
-
O que é que tem de mais eu ter resolvido correr com você hoje?!
Um
minuto de silêncio.
-
É mulher, não é? - o Zac disse.
-
Zac, desencana, porra - o Taylor reclamou, começando a ficar nervoso.
-
Estranho porque, quando 'cê tá a fim de uma garota em especial, você sempre
comenta... Essa é secreta?
-
Zac, que merda! Eu não estou a fim de ninguém! Acontece que, well,
eu decidi parar de fazer as coisas boas para mim só quando eu quero ficar com
uma menina. Agora é tudo porque eu quero. E eu quis correr hoje com você, então
eu fui. Ponto final.
-
Como ela é?
-
Zac, could you stop with that? Já
falei que não é por causa de nenhuma mulher.
-
Tudo bem, resista o quanto você puder. Mas eu vou acabar descobrindo. - Pausa.
- Ela não tem nenhuma amiga?
O
Taylor riu.
-
Você tá mesmo precisando dar uns beijos, Zac...
-
O que é que tem? Você nunca ficou na seca, não?
-
Mmm... - o Taylor pensou um minuto. - Nunca.
O
Zac se irritou por demais com aquilo. Mas o Taylor acabou mostrando que era só
brincadeira.
À
tarde, a Patty estava se arrumando porque pensava em sair de casa para dar umas
voltas com os amigos, no shopping ou no boliche, um parque, quem sabe... Saiu de
casa, toda empolgada, com destino a casa dos Hanson. Ela fazia mil planos e
tinha muitas idéias de passeios, quando soou o primeiro relâmpago. A Patty
olhou para cima e viu o céu todo cinza. "Ó-ou", ela pensou. Não
demorou muito, começou a cair um toró muito forte. Mas muito forte. Daqueles
que parecem que vão derrubar a casa e o vento forte assovia na janela. Mas é
claro que isso seria se ela estivesse em baixo de algum teto. Como não era o
caso naquele momento, a Patty resolveu correr muito. Mas muito mesmo. A casa dos
Hanson já estava há alguns metros, ela só tinha que desviar das vacas
voadoras, das árvores que estavam sendo arrancadas e chegar viva. Sem exageros,
a tempestade estava forte. A Patty não pôde deixar de lamentar pela saia nova
que ela usava pela primeira vez e pelo cabelo dela que ela tinha lavado minutos
antes de ela sair de casa.
Finalmente
ela chegou na casa dos Hanson e correu tocar a campainha. Nossa, ela estava
encharcada. Mas ela não precisava se preocupar porque a Diana faria um chazinho
bem gostoso para ela se esquentar.
-
Oi, Patty - o Taylor atendeu, falando alto por causa do barulhão que a chuva
fazia. - Nossa, entra logo.
-
Licença!
Ele
fechou a porta.
-
Caramba, você está pingando - o Taylor disse, com peninha da Patty.
-
Pois é... Nossa, eu não sabia que ia chover desse jeito - abraçando a si
mesma.
-
Vem aqui se secar.
O
Taylor estava levando-a para o quarto dele, quando a Patty perguntou:
-
A sua mãe não está aí?
-
Não, ela saiu. Foi todo mundo no mercado fazer compra de mês.
Droga,
nada de chazinho.
-
Aaaahhh...
-
Você quer tomar banho? - o Taylor perguntou.
-
Não precisa, não. Eu só...
-
Mas você vai pegar uma gripe - ele disse, preocupado. - Melhor você tomar
banho.
-
Ai, Taylor... - um pouco sem jeito.
-
Pode ficar à vontade, Patty - ele sorriu, hospitaleiro.
-
Tá bom, vai. Eu detesto resfriados mesmo...
Nossa,
o chuveiro da casa deles era muito bom. Caía muita água e era bem quentinha. A
Patty ficou lá uns quinze minutos, até que o Taylor bateu na porta e gritou,
sem entrar:
-
Patty, quer chocolate quente?
-
Quero sim!
Então
deu aquela sensação de estar em casa na Patty e ela terminou o banho logo.
Colocou as roupas da Jessica que o Taylor emprestou e saiu com a toalha enrolada
no cabelo.
-
Estava bom? - ele perguntou, colocando o chocolate nas xícaras.
-
Estava ótimo. Ai, com esse tempo vai demorar muito para secar meu cabelo.
-
Também, com esse cabelão - ele brincou.
-
É, eu sei... Muito grande, né? Eu estava pensando em cortar curto.
-
NÃO! - Então o Taylor disfarçou um pouquinho. - Quer dizer, não. O seu
cabelo é bonito, Patty.
-
Mas é muito comprido.
-
Mas é bonito. Não corta, por favor - o Taylor disse, fazendo aquela cara de
piedade.
-
Tá, vai. Eu não corto.
-
Cool - ele sorriu. Estendeu a xícara para ela. - Toma que tá
gostoso.
-
Você que fez?
-
É, eu fiz pra tomar assistindo televisão - ele sorriu, todo fofo. - Mas agora
nem sou mais afim.
A
Patty sentou em uma cadeira.
-
Mas e aí? Como você tá? - ela perguntou.
-
Como eu estou?
-
É, oras.
-
Ah, estou bem, eu acho.
-
Não sentiu falta de sair ontem pra balada? - a Patty perguntou. - Eu sei que
você nem curte muito esses programas mais caseiros.
-
Imagine, eu me diverti muito assistindo filme com vocês - o Taylor sorriu.
-
Taylor, não força - a Patty não acreditou muito.
-
É sério, Patty. Eu não tô falando só pra agradar, não - ele pareceu
preocupado por ela ter duvidado.
-
Sério? Você se divertiu mesmo?
-
Muito - ele sorriu.
-
Que bom.
Silêncio.
-
Que chuva, né? - a Patty disse.
-
Pois é.
-
Vai sair hoje?
-
Você vai? - o Taylor perguntou quase que automático. A Patty achou graça.
-
Nossa - ela disse. O Tay ficou bem sem graça. - Não sei, tem que ver com os
meninos - ainda rindo.
-
Bom, aí o que vocês resolverem fazer, me avisem.
Ficou
um silêncio de novo.
-
Vamos subir lá para o quarto? - o Taylor ofereceu.
-
Vamos sim.
Eles
subiram, conversandinho, sem entrar em grandes assuntos. Quando entram no
quarto, o Taylor viu em cima da estante, bem à vista, o pacote com os brincos
que ele tinha comprado para a Patty. Ele voou pegá-los, sem a Patrícia
perceber, e guardou na gaveta rapidinho.
-
Que foi? - a Patty perguntou, ao perceber que o Taylor estava um pouco agitado.
-
Nada, por quê? - ele tentou disfarçar.
-
Esquece. - Ela então sentou. - Ai, que chuva, né?
Foi
a Patty falar, deu um trovão muito alto.
-
Ai, que medo - ela brincou.
-
Se quiser, eu protejo você - o Taylor disse, sorrindo, sentando ao lado dela.
-
Você pode tentar, mas... Eu não acho que tenha muita coisa que você possa
fazer a respeito - a Patty brincou de novo, não entendendo o comentário do
Taylor como uma indireta.
-
Te proteger talvez não, mas fazer você se sentir protegida eu garanto que eu
consigo.
-
Nossa - ela fez expressão de impressionada, sorrindo, ainda levando na
brincadeira.
Não
que a Patty estivesse se fazendo de difícil, mas com certeza dá para dizer que
ela não estava percebendo a tentativa heróica do Taylor de criar um clima.
-
Sabe onde eu queria ir hoje? - a Patty disse.
-
Aonde?
-
Dançar. Você gosta de dançar?
-
Gosto sim - ele respondeu. - Lembra até que nós dançamos aquela noite, na
danceteria?
-
Ah é, o dia que eu fiquei com o Eduardo, né?
O
Taylor, que estava tão animadinho, murchou quando viu o sorriso da Patty ao
dizer o nome do talzinho do concorrente.
-
Você ainda é a fim de ficar com ele? - ele perguntou, todo receoso.
-
Ah, sei lá... Eu acho que não rola mais, mas eu acho que ficaria sim.
-
Mmmmm... - como quem diz "seeeei".
-
Que foi?
-
É a segunda vez que você me pergunta isso hoje - ele disse, para mudar de
assunto.
A
Patty sorriu. Então ele deu a idéia de ouvirem alguma música. Ficaram
conversando um bom tempo. O Taylor jogava muitas indiretas para a Patty, mas ela
não pegava. Ele tentava ser mais direto e passava batido. Ele dizia na cara,
ela levava na brincadeira. Mas o Taylor era paciente. Ele queria muito ficar com
a Patty e esperaria o tempo que fosse pela oportunidade certa, nem que demorasse
horas. Tudo para fazer certinho e não machucar a Patrícia.
Então,
um certo momento, ele estava conversando com ela e ficou um silêncio. Ela
levantou para ver a janela, um pouco sem graça, enquanto o Taylor pensava em
como chegar nela. A Patrícia parada ali, olhando a chuva, só fazia a vontade
do Taylor de estar com ela aumentar e aumentar. Por ele, eles dois já estariam
se beijando, mas parecia que com a Patty não era só chegar agarrando. Tinha
que ir com calma para não assustar. Ele tinha que fazer alguma coisa, ele tinha
que beijá-la logo, senão era capaz de ter um ataque epilético ali mesmo de
tanta vontade.
-
Patty... - ele aproximou-se dela na janela.
-
Diga.
-
Eu posso fazer uma coisa? - o Taylor falou mais baixinho, já de frente para
ela.
-
Pode, claro.
-
Posso?
-
Pode sim.
-
Você não vai dizer "depende" ou perguntar o que é?
-
Não, eu confio em você - ela sorriu, serena.
Então
o Taylor retribuiu o sorriso com outro mais bonito ainda. Tinha gostado de ouvir
que ela confiava nele. Agora, era só beijar suave para tornar o momento
inesquecível. E isso era o que o Taylor fazia melhor e ele sabia que era bom
nisso. Tanto que a grande parte de garotas que ficavam com ele se apaixonavam
perdidamente. A outra parte, que não tinha nem sequer conversado com o Taylor,
apaixonava-se só de ouvir as histórias que as que já tinham estado com ele,
contavam. Ele era uma verdadeira lenda entre as meninas da cidade.
A
Patty estava esperando pela "coisa" que o Taylor disse que ia fazer, o
olhando tranqüila, nem imaginando o que pudesse ser. Ele tirou os cabelos dos
ombros da Patty, delicado, tocando o pescoço dela de levinho. Mexeu nos cabelos
longos e escuros mais um pouco e, sutilmente, contornou sua cintura puxando-a
para mais pertinho. Era agora. O Taylor ia beijá-la. E que perfeito seria. O
barulhinho da chuva, a casa escura, os dois sozinhos... Nada podia interrompê-los.
-
OLÁÁÁÁ? TEM ALGUÉM EM CASA??
Nada
além do George.
-
TAYLOOOOR?? VOCÊ TÁ AÍÍÍ?? - ele gritava, subindo as escadas.
-
Shit - o Taylor sussurrou.
-
Oi, Tayl... - o George já ia dizendo, quando viu a Patty junto com ele. - Ah,
você não está sozinho...
-
Como você entrou? - o Taylor perguntou, puto.
-
A porta estava aberta. E como estava chovendo muito, eu resolvi passar aqui
esperar a dita passar. Mas eu acho que não foi uma boa idéia. Eu não sabia
que você estava acompanhado - o George disse, sem graça.
-
Imagine, pode ficar - a Patty falou. - Eu sou Patrícia, amiga do Taylor - ela
sorriu, indo cumprimentá-lo.
-
Amiga? - o George perguntou, incrédulo. - Taylor Hanson não tem
"amigas".
-
Na verdade, eu conheci o Taylor porque eu sou muito amiga do Isaac. Aí eu
acabei conhecendo ele e o Zac.
O
Taylor nem abria a boca de tanta raiva.
-
Então vocês são apenas amigos?
-
Somos - a Patty sorriu.
-
Ah, que susto. Pensei que eu estava interrompendo alguma coisa - o George disse,
aliviado.
-
Não, claro que não. Eu e o Taylor estávamos só conversando. - Ela olhou para
ele. - Não é, Taylor?
-
Claro, claro - ele sorriu amarelo.
-
Mas por que está tudo escuro aqui então? - o George falou, acendendo as luzes.
- Vamos acender isso aqui.
Nossa,
o Taylor já estava muito mais do que apenas fulo da vida. Saía raios e
caveirinhas pelos olhos dele.
-
E aí, o que nós vamos fazer hoje à noite, Tayles? - o George perguntou.
A
essas alturas, a chuva já tinha passado um pouco, assim como o clima de beijo
que demorou tanto para rolar. A situação ficou um pouco pesada porque o George
falava, falava e falava e o Taylor quieto, revirando o olho, muito indignado. A
Patty até achou melhor ir embora. O Taylor se despediu da Patty, esperou ela se
afastar da casa e fechou a porta. Foi esta bater para ele começar a gritar:
-
Porra, George! De que merda de buraco você surgiu bem agora?!
-
Nossa, Taylor, calma.
-
Calma?! Cara, eu tava quase ficando com a menina and
you fucking appear to screw everything up!!
-
Mas eu pensei que vocês fossem só amigos.
-
O que você esperava que ela dissesse?! "Não, o Taylor estava aqui quase
me dando um beijo e você interrompeu, mas pode entrar, imagine" - disse,
sarcástico. - A Patty é tímida, for
God's sake!
-
So what?! It's just a chick anyway! -
o George retrucou, gritando também.
-
Eu queria ficar com ela, merda! Isso já a torna mais do que só mais uma!
-
Ah, claro! Você é muito bom, não é Taylor?! Eu esqueci o quanto você é
incrível com as mulheres! Como eu deveria saber que você estava tentando comer
mais uma aqui na sua casa?! Estava chovendo muito, porra! Eu precisava de um
lugar para me proteger! Eu achei que você, o meu melhor amigo, me receberia
pelo menos até a chuva passar! Mas não, a única coisa com que você se
preocupa é com o seu "sucesso" e com o seu pinto!
O
Taylor acabou sentindo-se mal de ter feito aquele escarcéu e disse:
-
I'm sorry, ok? Não
era a minha intenção gritar tanto com você.
-
É, mas gritou. You
know what?
Foda-se. Eu não
ligo. Talvez você deva mesmo ficar com a garota e deixar o seu melhor amigo na
chuva.
-
George, desculpe, eu...
Tarde
demais. O George saiu puto dali e foi caminhando para casa na chuva, que voltara
a aumentar. E o Taylor ficou se sentindo super mal por ter brigado com o melhor
amigo.
-
Eu nunca briguei com ele por causa de uma garota. Por que eu fui inventar de
brigar agora? - ele falou sozinho.
É,
Taylor, tem coisas na vida que nós só começamos a entender um pouco mais para
frente.
...
Não
demorou muito, a Diana chegou do mercado com toda a galera. O Taylor estava
assistindo a televisão, quando ouviu o barulho da porta abrindo acompanhado do
som das sacolas e da falação daquela família de oito pessoas. Aquilo soava
como uma música para ele. Era estranho como aqueles barulhos todos juntos o
faziam sentir-se melhor e mais seguro.
-
Mããããe! - o Taylor desceu as escadas correndo.
-
Taaaaay - ela gritou no mesmo tom que ele, para brincar.
O
Taylor estava sentindo-se tão pequenininho que a única coisa que ele queria
naquele instante era o colinho da mãe. Abraçou a Diana como há muito tempo não
fazia e encolheu-se ao sentir os braços dela ao redor dele.
-
Nossa, querido, o que aconteceu? - a Diana perguntou, ao sentir a força do
filho ao pressioná-la contra ele.
-
Nada, ué. Só estou com saudades da minha mãe - o Taylor respondeu, sem fazer
contato visual.
-
Ai, ele quer a mamãe - o Zac tirou sarro. - Você viu isso, Mackie?
-
Yeah. Meio maricas - o Mackie disse. Ele e o Zac bateram as palmas
das mãos, rindo.
O
Taylor soltou-se da Diana e peitou o Zac, como se quisesse briga. E disse:
-
Algum problema, moleque? Você se acha muito grande, mas lembre-se que eu já te
dei muita porrada nessa vida.
-
Era só brincadeira, foi mal - o Zac resmungou ao ver que o Taylor tinha ficado
puto.
-
Nossa, estou me sentindo com 15 anos novamente - o Isaac disse. - Eu via muitas
cenas como essa entre vocês naquela época.
A
Diana riu. E voltou a abraçar o filhinho Taylor.
-
E Zac, eu vou ter que concordar com o Tay. Você já apanhou muuuuuito dele - o
Isaac completou.
-
Shut up - o Zac reclamou. - Se eu quiser, eu quebro o Taylor no meio
agora!
-
Você jamais faria isso - o Taylor disse, abraçado à Diana. - Você me
respeita demais pra isso.
O
Zac resmungou umas coisas e saiu soltando fumacinhas. Ele sabia que era verdade.
Não encostaria no Taylor nem por questão de vida ou morte. O Taylor
significava muita coisa para ele. Foi por causa dele que o Zac conseguiu sair
daquela história toda de fama, com o psicológico não tão desestruturado.
Fora que o Taylor era sem sombras de dúvida a pessoa que o Zac mais amava e
confiava neste mundo.
-
Taylor, o que aconteceu com você? Resolveu voltar às raízes do colo da mãe?
- o Isaac perguntou.
-
Pois é, Meu Lindo - a Diana disse para o Tay. - O que houve que você está
assim?
-
Nada. É só que... O meu dia foi muito ruim.
-
Falei pra você ir conosco no mercado - a Diana falou.
-
É, acho que eu deveria ter ido mesmo.
-
A gente fez corrida de carrinhos hoje com a Avie e a Zöe - o Isaac contou. - Eu
com a Zöe em um carrinho e a Avie com o Zac.
-
Sério? - o Taylor sorriu. - Eu não acredito que perdi isso.
-
Perdeu. Porque estava incrivelmente engraçado. Nós fomos à sessão de frutas.
É mais largo lá.
-
O Zac inventou mais alguma regra hoje para ganhar?
-
Inventou. Eles perderam de novo. Então o Zac resolveu que, na sessão de
frutas, meninos mais velhos levando menininhas muito loiras em carrinhos de
mercado (no caso, eu e a Zöe) só poderiam ganhar quando estivessem vendendo
goiabas da Malásia. Então nós perdemos automaticamente.
-
Nossa. O Zac tem uma criatividade que às vezes até me assusta - o Taylor
falou, ainda abraçado à mãe.
-
E ele fala todo sério, na maior cara de pau, como se o que ele estivesse
falando não fosse absurdo - a Diana completou.
-
Verdade - o Isaac concordou.
-
Será que ele está muito bravo comigo? - o Taylor disse. - Acho que eu vou lá
ver.
-
Vá sim, querido porque eu preciso ajudar a Gina com a janta - a Diana falou,
soltando-se do filho.
-
Quer ajuda, mammy? - o Isaac perguntou.
-
Quero sim, honey.
Thanks.
...
A
Patty tinha chegado em casa fazia algum tempo. E ainda estava um pouco nervosa
sobre o acontecido na casa do Taylor. Ela havia percebido que um beijo quase
havia rolado, mas não entendia como aquilo se sucedeu. Nunca o Taylor tinha
demonstrado nada além de amizade. Pelo menos, era o que ela pensava. Quando o
George entrou no quarto do Taylor no instante do beijo, a Patty foi
excessivamente simpática com ele. Mas isso tinha uma explicação: era porque
ela ficara nervosa, sem saber o que fazer.
Ela
sentou na cama e ficou pensando. Só de lembrar daquele momento perto a janela,
que o Taylor começou a se aproximar e a deslizar as mãos pelo cabelo dela, a
Patty sentia um arrepio gelado.
-
Aquilo foi quase um beijo?
Com
certeza você deve estar pensando "PUTZ, MAS QUE GAROTA BURRA! É LÓGICO
QUE ELE QUERIA TE BEIJAR, SUA JAGUARA!". Calma, por favor. Nós que estamos
vendo de fora, tiramos conclusões facilmente porque estamos assistindo o que
está acontecendo com cada um dos lados. Mas a Patty, ela só via o lado dela. E
não tinha certeza de nada sobre o que tinha acontecido lá no quarto com o
Taylor.
E como melhor opção, ela preferiu esquecer isso até o dia que tivesse oportunidade de falar sobre o assunto com ele.
Capítulo 08 / Índice / Capítulo 10