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Brinco, brinquedo, brincadeira

Crescer é juntar camadas ao que a gente já nasceu sendo.

Ë como vestir tanta roupa que se esquece o que está por baixo delas. Por isso, se conhecer parece com descascar uma cebola, mas uma cebola dura de roer.

Primeiro porque ninguém pensa em “se conhecer” a não ser quando já se perdeu. Daí começa o trabalho de desidentificação: eu não sou o que o meu patrão pensa, nem o que minha mulher pensa, ou o que meus pais pensam, ou meus filhos... Num primeiro momento vem a sensação de “então eu não sou nada ...”

Mas em seguida se descobre outros valores dentro de si mesmo: que se é um cara honesto, leal, corajoso, justo. Mas quase junto vem a dúvida: nem sempre tão honesto ... E aquela vez, há vinte anos, que eu dei em cima da namorada do meu melhor amigo? E no fundo eu gosto mais da minha filha que do meu filho. E, também, nunca fiz nada de errado pelo medo de que descobrissem...

Aí se passa alguns anos oscilando entre o cinismo que perdoa os que levam vantagem em tudo e a esperança um tanto desesperada de que ainda se vai descobrir alguma coisa em que acreditar. Nesse meio tempo, distraidamente, se observa. E se percebe que a lealdade, a coragem, a justiça, não são virtudes cuja prática vem acompanhada do badalar de sinos, troar de cornetas e rufar de tambores, mas são estados de espírito que se expressam em cada pequeno gesto do dia a dia.

Então se retoma a imagem de si mesmo com outros olhos. Não mais o pai-patrão severo, pronto para castigar qualquer ato que considere um deslize, segundo um sistema de valores arbitrário e que nunca chegamos a compreender; agora vemos a nós mesmos e à vida com espírito lúdico, com leveza, com graça.
Neste momento estamos em contato com a criança que vive dentro de nós, que vê na vida o enfeite, a brincadeira, aquilo que é feito pelo gosto de fazer.

Aqui você está dizendo: mas eu nunca fui criança, porque tive que trabalhar desde cedo, ou porque meus pais eram muito exigentes, ou porque eu nunca tive amigos na escola, etc. Claro, ninguém foi criança na infância, porque brincar era muito sério, era treino para a vida de gente grande. Criança imita o que vê, e a neurose é o estado “normal” da sociedade desde bem antes de Freud.
Ser criança é uma coisa que a gente só pode se permitir depois de adulto.
Perto de 23 de julho o Sol entra no signo de Leão, signo da criança, da brincadeira, do enfeite, da criatividade.
Relaxe e aproveite!

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Coração e boca e ato e vidaPietá - Michelangelo

Ontem eu conversava com uma amiga sobre gravidez na adolescência. O tema era o pai adolescente - tema pertinente ao mês de Leão. O Sol simboliza a luz do pai, como a Lua simboliza a luz da mãe. Mãe e pai de quem? Da Terra, de tudo que é feito de terra, da matéria. O pai aqui representa a consciência, o trabalho, a visão; a mãe representa o sentimento, o amor, a nutrição. Futuro e passado se unindo no presente. Presente que é a única coisa que pode ser experimentada, tocada, cheirada, saboreada.

O Sol simboliza o pai - o modelo do masculino. Não daquele masculino “macho”, briguento, movido pelo sexo e pela raiva, mas do masculino como força estável, que se expressa pelo que é, não pelo que faz. Que se expressa pela duração, pelo apoio generoso, que dá segurança e estabilidade porque simplesmente está ali. Que tem força porque vê, tem consciência, e traz consciência - mostra, ensina.

Mas depois de Leão vem Virgem. Que etapa da vida e do ano Virgem representa? A natureza pujante, plena em seu potencial mas ainda intocada. Como a mata virgem. É característico que nossa cultura baseada em valores do “macho” já não tenha deixado nenhuma floresta virgem. A energia “machista” é infantil, no sentido de querer tudo para si e imediatamente. É agressiva, como a criança precisa ser agressiva para sobreviver, quando recém-chegada a um mundo hostil.

Diz um mito que Astréia era a deusa da justiça da natureza - a ordem natural -, e andava pelo mundo conversando com os homens para lhes ensinar a sabedoria da terra. Quando os homens passaram a colocar sua própria vontade acima das leis da natureza, Astréia ficou tão desgostosa que se retirou para o céu, onde se tornou a constelação de Virgem.

Da mesma forma, os virginianos podem ser submetidos pela ordem social, ou hierárquica (hierarquia quer dizer governo sagrado), ou patriarcal - qualquer ordem que não seja a da mãe-terra. Existe uma discussão em suspenso - quem rege o signo de Virgem? Mercúrio, todo mundo diz. Cabe uma dúvida. A seriedade, o critério, a limpeza de Virgem não correspondem à descrição do mensageiro dos deuses, freqüentemente mentiroso, ladrão e embusteiro. O Mercúrio da terra parece ferido, suas sandálias não têm asas porque não sendo do ar ele não voa, parece até ferido na perna. É o Mercúrio dos médicos, que cura, mas é preciso lembrar que o que cura e o que mata são da mesma substância - é só uma questão de dose. A crítica do virginiano também é uma faca, que corta para os dois lados: o do bem e o do mal.

Em Virgem a criança amadureceu, mas ainda não é um adulto. A passagem só se realiza com dor, por isso a necessidade do ritual - para que a dor tenha significado. Quem já realizou a passagem sabe que a dor é necessária, mas quem ainda não atravessou a ponte não sabe o que tem do outro lado. Virgem é meticuloso porque sente a importância de viver o cotidiano como um ritual. Cada dia que nasce é um ritual de passagem do sono para a vigília, cada dia que termina é uma passagem da consciência para o mundo do inconsciente. À soma de tudo o que é sentido, dito, feito, se dá o nome de vida. Vida, também, é aquele mistério que a natureza pôs em cada um de nós e que permite que eu escreva e você me leia.

A paternidade e a maternidade são ritos de passagem. Começar a trabalhar também. A doença também. E a morte. A adolescente “morre” ao se tornar mãe, porque nasce a mulher adulta. A energia de Virgem é tensa porque o virginiano sabe que seu estado é temporário, ele vai ter que se tornar alguma coisa. Não poderá ficar para sempre como um potencial não realizado.

Em algum lugar de nossas vidas, cada um de nós é Virgem. À espera de que algo nos toque e provoque a transformação, que queremos mas tememos. À espera de que algo nos toque e faça vibrar a corda que existe no fundo de nosso coração, à espera de que algo extraia de nós a melodia única da vida de cada um.

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A organização interna do trabalho

Virge! Que quer dizer isso?

Quando fui preparar uma palestra sobre astrologia aplicada ao dia-a-dia coloquei como um dos temas profissão. A discussão era sobre a diferença entre profissão, carreira, trabalho, serviço, emprego, meio de vida e idéias correlatas.

Um tema tradicional do esoterismo vem da cabala hebraica, e diz que tudo começa no mundo das emanações, se reveste de uma forma mental, de energia emocional e então se manifesta no plano físico. Também o ser humano possui uma mônada espiritual que se reveste de um conjunto de idéias vindas do repositório coletivo, forma um corpo emocional que molda um corpo físico. Esse corpo físico precisa de nutrição material. O corpo emocional tem suas preferências, de paladar inclusive. O corpo mental cria outras tantas necessidades materiais baseadas na comunicação com a coletividade.

Uma pessoa se insere no mundo físico de forma - claro - pessoal. Como cada um de nós lida com o aspecto material da vida? Para alguns o importante é o status, ou o reconhecimento, ou a fama. Para outros é o dinheiro, a propriedade, a segurança ou o conforto. Para outros ainda é fundamental estar ocupado, produzir, ver a materialização das suas idéias.

Olho o mapa de nascimento de uma pessoa invejada por ter dinheiro e vejo que sua insatisfação vem do fato de não ocupar uma posição importante. Em outro a insatisfação vem de ser empregado, quando tem habilidade para empreender alguma coisa por si mesmo. Outro, pelo contrário, herdou o negócio do pai mas seria mais feliz cumprindo ordens.

Dinheiro: o necessário para viver de acordo com os próprios padrões verdadeiros, isto é, ser você mesmo e desenvolver suas habilidades pessoais. Posição: a que lhe permita assumir a responsabilidade da qual pode e quer se desincumbir. Trabalho: o que lhe proporcione satisfação no dia-a-dia, garantindo sua saúde no sentido mais amplo da palavra. Para cada um de nós, um desses temas é mais importante do que os outros dois.

Qual é o seu caso?

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O sabiá enlouqueceu tentando imitar o cuco do relógioIshtar

De vez em quando me lembro da primavera. As azaleas, onde ainda existem, florescem, e como! Em todo lugar tem violetas à venda, e são baratinhas. A fortuna que eu ganhei em junho está toda florida de novo, e também uma planta anual, cujo nome desconheço. Hoje uma borboleta pousou na minha varanda. É, a primavera está perto. Quando eu era criança, nunca entendi a primavera, precisava pensar muito sobre o fim do inverno e o tempo mais quente, mas ainda não como o verão. Não entendia as poesias - afinal, as férias não eram na primavera, a praia, quando tinha, não era na primavera. Ainda hoje não sei se os poetas brasileiros falaram da primavera, ou se os poemas da minha infância eram traduzidos de algum clima frio, como os do natal com neve. Ainda penso em coisas como Ouvindo o primeiro cuco da primavera e nunca ouvi um cuco, é um sabiá que canta de madrugada perto da minha rua, e é em agosto. Um sabiá solitário, que nunca encontra resposta, e que canta uma a duas horas antes do sol nascer, no meio das lâmpadas da rua. O único cuco que eu já ouvi foi num relógio, e faz tempo. Aliás, por que o passarinho do relógio é um cuco, alguém aí sabe?

Vi um filme que mostra o mecanismo de um relógio, antigo, de um mosteiro. Enorme. É muito velho, e ainda funciona perfeitamente. Se vê as engrenagens girando. Os relógios digitais de hoje funcionam fora do alcance da vista; a gente nem precisa mais aprender a ler hora, vem escrito, não é mais aquela roda em que se lia diferente o ponteiro das horas e o dos minutos.

Assim é o signo de Libra: civilização, cultura, refinamento, seleção, julgamento segundo padrões sociais, discriminação. Em Libra nós entramos na primavera, mas o hemisfério norte entra no outono. Como será a nossa primavera? Fomos descobertos - já se perguntou se estávamos cobertos antes - por aventureiros a serviço dos interesses do norte. A intenção deles era predatória, não civilizatória, mas eles encarnavam uma cultura, que trouxeram consigo. Fomos descobertos pela Europa, que nos cobriu com sua civilização. Trouxeram o relógio mecânico (nós tínhamos o de sol) e dentro dele o cuco. Trouxeram o pardal também, em carne e osso. Os colonizadores cobriram os índios com suas roupas, seu conceito de decência, sua forma de sentir o próprio corpo.

Libra, o signo da diplomacia: o que faz um diplomata? Acordos que beneficiam o poder que representa, obtendo o máximo de vantagens com o mínimo de concessões. É tão elegante ... Na aparência. No fundo, é uma guerra: feroz, violenta, desleal.

A natureza também é feroz e violenta, não desleal. Todo ser vivo come. Os passarinhos voam na primavera, procurando comida, porque estão se reproduzindo e precisam alimentar os filhotes. As borboletas voando estão se acasalando, e as lagartas vão comer aquelas plantas sobre as quais seus pais voaram num dia ensolarado. As flores atraem nossos olhos, e os dos beija-flores famintos à procura de néctar, e o olfato dos insetos que se alimentam do mesmo néctar e do pólen.

Há um acordo tácito na natureza. Os insetos comem o pólen, mas não todo o pólen: parte eles carregam para fecundar outras plantas. A planta dá ao beija-flor o açúcar, em troca do mesmo tipo de transporte. Algumas plantas sabem se defender da destruição pelas lagartas. Outros animais comem essas lagartas. Todo ser vivo come outro e é comido por um terceiro.

Nós também comemos, mas esquecemos disso porque não matamos o boi ou a galinha - compramos morto. E porque não competimos pela sobrevivência no sentido literal da palavra, muitas vezes entramos em competições por outros motivos. Porque não usamos o instinto de sobrevivência para caçar animais de outras espécies, lutamos irrefletidamente contra nossos iguais.

Libra, a balança, mostra o equilíbrio, e também a necessidade da escolha. Há dois pratos, qual deles eu vou eleger? Quando os portugueses chegaram aqui, havia índios; eu fico do lado de quem? Do sabiá ou do cuco? Ou escolhemos, ou os fatos escolhem por nós. E é impossível ficar com um pé em cada canoa muito tempo. E também não adianta brincar de “minha mãe mandou bater ...”, porque depois vai vir o teste da responsabilidade pela escolha feita. A vida não é para espectadores.

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Eu ou nós?

O que é defender a natureza? Pense. Estou perguntando, mesmo.
O que é a “natureza”? E o que é a “natureza humana”?
É da natureza humana matar? Roubar? Cometer uma infração de trânsito porque não tem nenhum guarda olhando?
É da natureza humana exterminar a jaguatirica e o mogno, para criar galinhas e fazer móveis? É da natureza humana poluir os mananciais que abastecem milhões de pessoas, ou matas que representam um dos últimos redutos da vida selvagem, além de regularem o regime pluvial de extensa região, sob a alegação de que algumas dezenas de pessoas resolveram morar ali, por não terem casa em outro lugar?
É da natureza humana ser racional? E o que é “razão”? É por acaso que razão, em matemática, também se chama proporção? E a razão é diferente conforme o ponto de vista do observador?
E cultura? O que é “cultura”? Um general do ditador Franco disse: “toda vez que ouço a palavra cultura tenho vontade de sacar o revólver”.
Falando de general, o que é civilização? E civilidade?
Trotski escreveu que dentro da moral burguesa não se pode fazer uma revolução. E o que é “moral”? E “revolução”? (Para não perguntar de onde vem a palavra “burguês” ...)
O que quer dizer “trocar idéias”? Se eu sempre converso com pessoas que pensam como eu, que troca está havendo?
E, afinal, onde termina a minha liberdade e começa a do outro?

Você sabia que a hipótese de Gaia, formulada por Lovelock e Margulis, considera a Terra como um organismo vivo, já que manteve uma atmosfera favorável à vida no decorrer dos últimos milhões de anos, quando a quantidade de radiação cósmica recebida por nosso planeta variou muito? E que a deusa Gaia cujo nome foi usado era, para os gregos dos tempos homéricos, a própria Terra? E que essa deusa, cansada de gerar filhos de um Urano insatisfeito que depois os destruía, armou seu filho Saturno - o tempo, a responsabilidade, a disciplina - com uma foice para castrar seu pai? E que do falo decepado de Urano nasceu Vênus, a deusa do amor e da beleza?

Libra, signo da civilização, do nós, é regido por Vênus e nele Saturno está exaltado. A civilização, o estabelecimento de cidades, foi a ampliação da convivência humana além dos limites da tribo, e exige amor - união, atração, fazer junto - e disciplina, limitação. Civilização, cultura, história, o nós regulando os instintos primitivos representados pelo sangrento símbolo da relação entre Urano e Saturno. O filho que castra o pai para garantir seu próprio direito à existência é quem gera o amor - amor que permite e ao mesmo tempo regula as relações humanas e do ser humano com a natureza. Amor conhecido pelas sociedades matriarcais anteriores às invasões arianas no Peloponeso, no vale do Indo, na China central. Amor representado pelo cobre, metal que conduz, mas que foi vencido pelo ferro, metal mais duro e frio. Amor que é a base do nós necessário para reverter a perspectiva de fim da espécie humana e daquelas cujo modo de vida está ligado ao nosso, fim a que chamamos de “fim do mundo”, esquecendo que somos apenas uns macacos nus que parasitam outras espécies indefesas, num planeta menor de uma estrela de quinta grandeza na periferia de uma galáxia muito distante do centro do universo.

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A Medusa e o aprendiz de feiticeiro Medusa

Walt Disney, em 1936, fez Fantasia. Stokowsky regeu a trilha sonora, incluindo orquestrações suas, como a de Bach, que Disney ilustra com desenhos abstratos. O filme foi um fracasso, mas até hoje é assistido. Algumas cenas são lindas, como a peixinha na Dança Árabe do Quebra Nozes. Outras assustadoras, como Uma noite em Monte Calvo. E outras engraçadíssimas: A dança das horas, com as hipopótamas e avestruzes vestidas de bailarinas, e O aprendiz de feiticeiro, com o Mickey começando uma magia que não sabe parar. Sempre que ouço as músicas vejo as imagens - é assim que funciona a memória.

Escorpião nunca esquece, se diz que nunca perdoa e freqüentemente se vinga. Pobre do escorpiniano - o mais sensível dos seres - que acreditar nisso, porque vai estar vestindo o preconceito coletivo em vez de se tornar uma pessoa inteira, um indivíduo. O homem não nasce animal racional, porque a razão exige esforço para ser desenvolvida. O homem nasce com potencial para a razão. Ninguém precisa tanto desenvolver seu lado racional como os nascidos com o Sol, Ascendente ou Lua em Escorpião.

Escorpião representa a batalha entre a luz e a escuridão. Um mito grego ligado a ele é o da luta de Perseu com a Medusa. Por que Perseu se dispôs a matar a Medusa - uma mulher com cabelos de serpentes, cujo olhar transformava os homens em pedra? Para que sua mãe não fosse obrigada a se casar ele tinha que vencer essa figura feminina sombria. Para vencê-la precisava de ajuda, sua coragem apenas não era suficiente. A deusa da sabedoria lhe deu um escudo polido, para que não olhasse a Medusa diretamente mas apenas seu reflexo no espelho - a reflexão é necessária para se lidar com o ódio. O deus-mensageiro lhe deu uma foice inquebrável para cortar a cabeça do monstro e uma bolsa mágica para guardá-la depois. O deus das regiões subterrâneas lhe deu um capacete que o tornava invisível. E ele enganou as três fiandeiras do destino para obrigá-las a lhe indicar o esconderijo da Medusa. Com a ajuda da reflexão, da discrição, da mente afiada, da prudência e do engenho, ele matou o monstro. Do corpo da Medusa morta saiu voando Pégaso, o cavalo branco alado.

A Medusa fora uma bela mulher, mas foi violentada por Possêidon e o horror que sentiu ficou gravado em seu rosto. Ela se tornou a expressão pura da raiva, do ódio. Esse ódio a impedia de dar à luz o cavalo alado gerado nela pelo estupro. Com a morte, parte dela se transforma nesse ser livre que sobe aos céus, mas sua cabeça continua sendo usada por Perseu para petrificar seus inimigos.

Como a Medusa, todos trazemos dentro de nós o bem e o mal, como as duas faces de uma moeda. Negar-se a ver em si mesmo esses dois lados é escolher viver pela metade. E é se expor ao encontro com o mal em alguma esquina, ou no companheiro, ou numa bactéria. É correr o risco de se tornar - pela ofensa, a mágoa e o ódio - uma Medusa. Quem tem Escorpião ou a casa VIII fortes em seu mapa de nascimento sente isso claramente. O mal surge em nossa vida para nos obrigar a ver aquilo que nos falta para sermos uma pessoa inteira - um indivíduo.

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Quem é responsável?

Faz pouco tempo o Hubble localizou galáxias há 12 bilhões da anos-luz da Terra. Isto significa que suas estrelas têm quase a idade do Universo. Nós, exemplares da espécie que se convencionou chamar de Homo sapiens, estamos neste planeta há pouco mais de 1 milhão de anos. História, que só pôde nascer com a invenção da escrita, temos há cerca de 5 mil. A democracia foi inventada há pouco mais de 2 mil. O voto feminino tem menos de 100 anos. O passaporte obrigatório também: antes o planeta Terra não parecia tão pequeno, pouca gente se aventurava a sair do lugar onde nascera.

Faz pouco tempo, também, se apresentou no Memorial da América Latina o coral da Febem, parte de um projeto recente da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo. O projeto de educação musical inclui o ensino de instrumentos, inclusive violino. Como disse a soprano brasileira Celine Imbert, “um ensaio de coral ou de orquestra proporciona treino nas virtudes necessárias para formar um cidadão: disciplina, paciência, tolerância, perseverança e fé.”

Uma metáfora antiga, A nau dos insensatos, foi muito usada como exemplo da ação do homem no planeta. Já somos quase 6 bilhões, muitos vivendo em regiões sem água, ou geladas, ou tórridas. A água vai diminuir, o calor e o gelo vão aumentar. Quem é responsável?

Quando a gente começa um casamento, um trabalho, uma sociedade, ou uma amizade - qualquer relação -, tudo é bonito, poético, prenhe de possibilidades. O outro tem poucos - se é que algum - defeitos, e nos aceita como somos. O tempo, esse portador da verdade, muda o idílio amoroso em aceitação madura e senso de realidade, ou em ressentimento, culpa e acusação. Isso dá samba, dá interpretação psicológica, dá poesia, como a de Fernando Pessoa

Mas... quem é responsável?

Tudo que é vivo muda. Morrer faz parte da mudança. A criança morre para dar nascimento ao adolescente, que morre para dar lugar ao adulto. A criança não pode ser responsabilizada, mas a gente vê como uma criança saudável se esforça por assumir responsabilidades. A criança quer crescer.

Joseph Campbell, em O poder do mito (adoro citar):

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A prosperidade e a balada sobre a inutilidade do esforço humano  Pégaso

Em 1962 a pastora norte-americana Catherine Ponder escreveu Leis dinâmicas da prosperidade, o primeiro livro que li sobre o assunto. Tudo o que vi depois era repetição. O que é prosperar?

No panteão hindu, Vishnu, o deus que mantém o mundo, tem como shakti Lakshmi, a deusa da prosperidade. Shakti é a esposa, a força geradora de um deus: sem sua esposa e shakti nenhum deus pode fazer nada. Vishnu dorme no oceano primordial. Dorme e sonha, e seu sonho é o mundo. Do seu umbigo brota um lótus no qual Brahma medita. Brahma, o criador, é parte do sonho de Vishnu. Para os hindus, todo o mundo criado é maia, ilusão. O nirvana, a bem-aventurança, é o vazio. Meditar é perceber a ilusão e mergulhar no vazio, na bem-aventurança.

O que é prosperidade? Paul Getty foi, no seu tempo, o homem mais rico do mundo. Walt Disney se inspirou nele para criar o tio Patinhas. Um neto dele foi seqüestrado e pediram um resgate ao avô. Ele negou. Os seqüestradores ameaçaram matar o menino. O avô continuou negando. Os seqüestradores cortaram uma orelha do menino e mandaram para o avô, provando que estavam falando sério. O que era prosperidade para o neto do homem mais rico do mundo? Brecht, na Balada sobre a inutilidade do esforço humano, fala que Cleópatra, a mulher mais amada do mundo, acabou como acabou. “Melhor não ter nenhum amor ... nenhum poder”, conclui.

Cada coisa no universo tem seu dharma, sua lei. “É melhor morrer no seu próprio dharma do que viver no dharma do outro”, diz Krishna - a oitava encarnação de Vishnu - ao guerreiro Arjuna, no Bhagavad-Gîtâ. Vishnu encarna para ensinar a verdade quando os homens se esquecem dela. Tem um filme muito bonito sobre esse mito, o Mahabharata, de Peter Brooks.

Sagitário é o signo da busca da sabedoria. Da busca da verdade. Do viajante que se põe à prova. Do homem que aceita os desafios, que quer conhecer seu próprio estofo. Signo da lei. É o signo da religião, e que ligação existe entre a lei e Deus? É também o signo da Inquisição, da intolerância religiosa, do homem que se julga superior aos outros e dono da verdade. Dos homens cuja prosperidade precisa da ruína de outros.

Sagitário é o conhecimento de si mesmo, que permite o crescimento. É a arte de viver em companhia, pois o homem, animal social, só se conhece no contato com outros homens. É a filosofia, postulando que só se conhece algo pelas suas diferenças, pois o que é idêntico não pode ser distinguido.

O que o arqueiro, metade homem e metade cavalo, ensina a todos nós? A seta mira o céu, o homem se apóia na sua parte animal, instintiva - forte e livre - e, sendo homem, pensa, relaciona e aprende. “O homem é um animal com a potência da razão”. Pensar se aprende, ninguém nasce sabendo.

Júpiter, regente de Sagitário, planeta da prosperidade, simboliza a expansão, o otimismo, a vontade, a sabedoria, a intuição, o significado. O que é a prosperidade de Júpiter, o rei dos deuses? É receber da vida e do universo as condições favoráveis para ser o que você tem que ser e fazer o que você tem que fazer. É ser ajudado a seguir seu próprio dharma. E qual é esse dharma?

Vai procurar. Levanta daí e faz alguma coisa. Buscar a sabedoria é o caminho para achar sua lei, sua verdade. Dizia a inscrição no oráculo de Delfos: “Homem, conhece-te a ti mesmo”. O secretário do Ministério da Cultura, José Álvaro Moisés, disse que a cultura permite o auto-conhecimento.

Júpiter é o rei dos deuses, mas os deuses gregos simbolizam forças que cada um de nós tem dentro de si. O homem deve ser o imperador de si mesmo.

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Ética

do grego ethos = comportamento. Etologia é a parte da biologia que estuda o comportamento animal. Tradicionalmente se atribui qualidades humanas aos animais domesticados: o cão é fiel, o gato traiçoeiro, o macaco esperto, o veado meigo, o jacaré cruel. Mas na análise psicológica dos sonhos o cão representa a agressividade, o cavalo a sexualidade, o gato a sensualidade.

A ética é parte importante da filosofia ocidental, como atestam Pitágoras, Sócrates, Platão, Aristóteles, Epicuro, Cícero, Sêneca, Sto. Anselmo, Thomas More, Espinosa, Leibniz, Hume, Kant, Nietzsche, Stuart Mill, Bertrand Russell, Bergson, Nicolai Hartmann, Jacques Maritain entre outros.

Nem todo ser humano é capaz de definir princípios éticos para sua atuação no mundo, apenas aqueles que conseguem desenvolver uma personalidade definida, que não muda ao sabor das injunções sociais.

Para Confúcio os costumes regulam a convivência humana, porque a beleza está neles. Costumes, em latim mores, de onde vem moral. Outra filosofia chinesa, o taoísmo, centra-se na descoberta, pelo homem, da natureza dentro de si mesmo e de si mesmo dentro da natureza. O Tao é o caminho e o significado - muito maior do que o campo abrangido pelo pensamento. O taoísmo é uma filosofia mística.

E na Índia não há separação entre religião e filosofia. Entre as filosofias hindus, o budismo prescreve como começo do caminho o reto pensar e o reto agir. Também da Índia vem o conceito de dharma, lei, que se opõe a karma, ação. O karma é definido na lei de Newton “a cada ação corresponde uma reação de igual intensidade e em sentido contrário”. A definição de dharma aparece no Rei Leão: “seja aquilo que você nasceu para ser”. Você não sabe o que nasceu pra ser??? Consulte um astrólogo, ora, por que você acha que eu estou escrevendo isto?

Post scriptum: os termos em itálico são palavras estrangeiras; sublinhado indica isso mesmo, que se quer sublinhar uma idéia; citações vêm entre aspas. Isto é convenção, quero dizer, combinou-se usar desse jeito e quem vê, reconhece. Neste artigo nem sempre indiquei as citações: não respeitei a propriedade intelectual.
O editor reclamou que no artigo passado não citei nenhuma vez o signo de Escorpião, ao qual me referia. Portanto, aqui vai: edição, filosofia, religião, política, lei, cultura, trabalho intelectual, o estrangeiro, animais, costumes, convenções, a busca do significado, a arte de viver em companhia, são alguns dos temas ligados a Sagitário.

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O solstício de verão Janeiro

Advento é o nome dado a esta época do ano pela antroposofia - movimento fundado por Rudolf Steiner, profundo conhecedor da obra de Goethe e de Blavatsky. As escolas Waldorf dão grande valor a esse solstício, de inverno no hemisfério norte. De verão para nós paulistanos, que tendo o privilégio de estar situados sobre o trópico de Capricórnio vemos, no Natal, o sol sobre nossas cabeças, no meio do dia.

O ano acaba no inverno europeu, quando os dias são curtos. Tomando de Zoroastro a idéia de que existe um deus do bem e um deus do mal, Árimã, deus da sombra, triunfou. Mas, para os chineses e depois deles Heráclito, “tudo flui”. No solstício o sol parece mudar seu movimento, os dias começam a crescer de novo. A luz renasce, e nasce em Capricórnio o redentor da era de Peixes. A cruz em que é morto representa a matéria, com seus quatro braços indicando os quatro elementos - fogo, terra, ar e água.

O teste de todo ser humano na casa de Capricórnio é o da posição: “que fizeste com os talentos que teu pai te deu?” Como os administraste, que iniciativas tomaste para empregá-los? Este é um signo de ação, não vale só conservar o que se tem. O capricorniano que assume a fama de avarento e mesquinho é um fracassado do signo: não usou o lugar que ocupa para sustentar, apoiar, ser exemplo. Capricórnio representa a montanha, o ápice - ou a cova.

Agir para ocupar seu lugar no mundo - seguir seu dharma -, não aquele que você pensa que deveria ser o seu lugar. Ninguém tem diante de si possibilidades ilimitadas, porque existe o tempo, o lugar, existem os outros, existe o corpo humano que é perecível, sente dor, não voa... Crianças pensam que podem tudo: voar como Batman, girar a Terra ao contrário como o Super-homem, calçar o sapato da Cinderela. Quem cresce deixa de ter todas as possibilidades para se tornar alguém limitado pelo lugar que ocupa. Alguém que se tornará velho e deverá ceder seu lugar. Culturas agrícolas antigas celebravam o sacrifício do velho rei para que seu filho tomasse o lugar, fertilizando a terra. O ano velho é o rei morto, o ano novo, o novo rei sagrado.

Cristo é o símbolo da totalidade, obtida com esforço, disciplina, perseverança - e na solidão. Ela começa pela aceitação da cruz da matéria, realizando dentro de si próprio os quatro elementos: o fogo da imaginação e da vontade, a terra da percepção e da ação concreta, o ar do pensamento compartilhado, a água dos sentimentos. O nascimento de Cristo dentro de cada um de nós é responsabilidade individual e sagrada, que inclui o sacrifício voluntário.

O Advento traz a oportunidade de interiorização, de perceber que no microcosmo humano se realiza a totalidade dos doze signos do zodíaco, na qual o papel de Capricórnio é planejar, organizar, aceitar as limitações.

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A coletividade

Os mapas chineses mostravam o sul em cima e o norte embaixo. No hemisfério norte o sol de verão está no sul, portanto sol e sul ficam em cima. No norte fica o frio - e os deuses. Imagine o frio do norte, com neve, vento gelado. O que alguém podia fazer senão ficar em casa, meditando, ou rezando para que a primavera chegasse antes de acabar a comida estocada desde a colheita do outono passado? O norte é o lugar onde o homem presta contas do que realizou.

Continue imaginando o inverno europeu: no frio se fica em casa - fazendo o quê? Tecendo, por exemplo. Fazendo planos para quando o calor voltar. Administrando com severidade a casa para garantir que as provisões durem todo o inverno. Consertando a casa, reforçando sua estrutura, já que não dá para trabalhar fora. Quem sai na neve é só aquele que é forte, resistente, que se propõe a enfrentar situações duras para conseguir alguma coisa, aquele que é muito esforçado, que se sacrifica por uma meta ou pela coletividade. Aquele que se previne levando agasalhos e comida.

E por que alguém faria isso? Porque precisa, porque é o seu dharma. Porque ele é um capricorniano, por exemplo. Capricórnio é o signo de Cristo, que se sacrificou voluntariamente pela coletividade. É o signo das pessoas com forte senso de dever, que conhecem o seu lugar na comunidade e as responsabilidades inerentes a esse lugar. Os melhores capricornianos usam sua posição de autoridade e o poder que possuem para servir à comunidade. O dharma deles é servir. Se eu falasse em karma todo mundo saberia o que é. Karma quer dizer ação: toda ação provoca uma reação de igual intensidade em sentido contrário. Dharma é a lei de cada um.

Capricórnio é o signo da busca do dharma. Não do prazer, mas do dever. Dever para com quem? Consigo mesmo. Mas o capricorniano sabe que é previdente, que enxerga - como a cabra em cima da montanha - longe. Que nasceu para as coisas que exigem esforço. E que tem uma autoridade inata que precisa ser usada no mundo. Quando não exerce autoridade alguma, não realiza nada, não se esforça por coisa nenhuma, o capricorniano se deprime. Ou se torna aquele velho - tenha a idade que tiver - ranzinza, o estraga-prazeres perfeito.

Onde Capricórnio está no mapa de cada um de nós é uma área da vida onde somos cobrados. Onde temos que ser prudentes, mas realizar. Onde não podemos simplesmente deixar as coisas acontecerem. E onde mais temos para dar à coletividade.

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"Teu futuro será igual a teu passado"A roda da fortuna

Assustador? A insustentável leveza do ser começa citando Nietzsche: “E se ... esta vida como tu a vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e inúmeras vezes; e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo há de te retornar ...”

A astrologia é a mais otimista das ciências, mas não se trata de otimismo cego. O passado deixa marcas na psique e no corpo - “verdade tão final, sede tão vária”. Imagine uma estrada de lama. Os carros que passaram fizeram trilhos no barro, e a roda escorrega para dentro deles. Nós fazemos assim, seguimos cegamente os mesmos caminhos. Gurdjieff dizia que a alternativa é estar sempre acordado. Passamos a vida dormindo, inconscientes, funcionando no automático, por isso repetimos o passado até a náusea.

O Brasil é o país do futuro - para sempre, o futuro nunca é presente, por definição. O ascendente do Brasil é Aquário. Urano, regente de Aquário, é um deus muito antigo. Foi destronado por seu filho Saturno, que o castrou. O tempo castra o futuro de Aquário. Mas Prometeu, que era um titã e não um deus, é um aquariano mais perto de nós. Roubou o fogo dos deuses - a razão - e o deu para os homens. A razão e a intuição são os dons que encontramos na área onde está Aquário no nosso mapa natal. E a era de Aquário, já chegou ou vai chegar? O que importa é entender o que ela significa. A era de Peixes foi a do sentimento religioso, a de Aquário será a do pensamento inovador. Comparando: um peixe é um animal irracional, de sangue frio, muito distante do sentimento humano (ninguém consegue ter um peixe de estimação que atende pelo nome). Aquário no céu é a figura de um homem que despeja água de um vaso (porque nessa época do ano chove na Mesopotâmia). Ë um homem, portanto alguém que pensa, sente, e então age. Distribui a água necessária à vida. A boa chuva cai sobre todos. A era de Aquário deve ser a era da liberdade, igualdade e fraternidade.

Então um aquariano deve ser assim? Deve. No melhor dos casos é prestativo, amistoso, mas independente. Não se envolve emocionalmente porque se distancia das situações, de modo a compreendê-las. É racional, e só se torna insensível quando tem que lidar com o emocionalismo exagerado da - por exemplo - era de Peixes. É um visionário, que não segue as convenções porque enxerga o que está por vir.

Aquário é o anjo, o homem melhorado, que refinou o corpo etérico. Se carrega presa aos pés a bola de ferro de seu passado pessoal e familiar, o aquariano não voa. Ë difícil conviver com ele: tudo está errado, ele teria feito melhor; sai sem dizer quando volta, não assume compromissos, gosta de chocar as pessoas. É intratável. Dá para vislumbrar como vai ser a era de Aquário, se vivida sem consciência? Sem se estar desperto?

Roda do zodíaco

Autora desta página: Lígia Prado.

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