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       As casas

Isolamento

A coisas mais importantes da vida - nascer e morrer - se faz sozinho. Mas cada pessoa não nasce de uma vez só. Os dravídicos, antes das invasões arianas à Índia, localizaram no corpo sete centros de energia, cada um sede de um dos sete corpos que nos constituem. Os três primeiros centros e corpos são bem conhecidos, porque servem à sobrevivência física, à sexualidade e à luta pelo poder. Compartilhamos todos com os animais. O quarto centro, da compaixão, é o primeiro realmente humano. Compaixão = sofrer junto.
Até a metade da vida o ser humano tende a um isolamento cada vez maior. Cresce fisicamente, se relaciona com entusiasmo a partir da imagem que tem de si mesmo, interpreta o mundo de sua própria perspectiva, monta sua família, tem sua profissão. Isto é, ele se afirma como pessoa, contra a natureza - cuja lei é: todo ser vivo é alimento.
Cada indivíduo nasce em algum momento como ego, que reage de forma pessoal ao seu ambiente. Algumas pessoas reagem principalmente pelos pensamentos, outras pelos sentimentos.
Toda experiência é um nascimento. Pode aumentar o isolamento e a singularidade da pessoa, se ela realmente se experimenta. A personalidade consistente sabe quando ceder sem deixar de ser ela mesma. Como no judô, ceder é um ato de inteligência, um ajuste à experiência para sobreviver como pessoa.
Todo indivíduo é isolado, o que não é o mesmo que solitário. Ser isolado é ter características definidas. É ser o que se é através de todos os impactos da vida. É ser um eu. Não é ser diferente dos outros seres humanos, é ser distinto. Não é individualismo, é integridade.
Diante de qualquer desafio há três atitudes possíveis: Ou continuamos nascendo a cada experiência e a cada dia, ou nos cristalizamos como nome e forma. O excêntrico, o “original”, embalsama as diferenças. Todo novo nascer do sol cria um vazio para o espírito encher. A originalidade é uma glorificação de nossos complexos inconscientes, mas a criatividade é a vitória do vazio que se sabe eternamente cheio de espírito. É isolamento em que o Um e o Todos enchem plenamente nosso próprio eu. É ser sempre um sol nascente.
A imortalidade é dinâmica, não estática: é a capacidade de continuar sendo o que se é, e no entanto renascer, eternamente.
(Texto relacionado com a casa I, análoga a Touro; extraído de Tríptico astrológico, Dane Rudhyar, Editora Pensamento.)

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Abundância

Cada ser humano individual é uma solução potencial de um problema constituído por tendências naturais, forças desarmônicas, pontas soltas, negócios por acabar. O indivíduo recém-nascido se defronta com esse problema, com um determinado campo de experiência, com as ferramentas que poderá usar: os poderes e faculdades que pode chamar seus, o potencial de energias cósmicas, sociais, psíquicas e orgânicas que pode explorar.
Isso tudo são suas “posses”: utensílios, privilégios sociais, vigor muscular, órgãos saudáveis, dotes mentais, energias psíquicas - ou os aspectos negativos dessas coisas. Constituem a seção da natureza de que ele é encarregado no nascimento. Sua atitude em relação a essas posses é uma de suas provas fundamentais.
Recusar a responsabilidade de ter sido encarregado de uma parte da natureza é entregar à desintegração natural todas as energias reunidas para seu uso como organismo. Há muitos graus de suicídio, um deles é recusar-se a administrar suas próprias possessões.
O enfoque positivo também não é a identificação com esses poderes ou faculdades. O eu existe para usar suas posses, não para ser usado por elas. Para que o indivíduo possui sua parte da natureza? Qual é a qualidade de seu senso de propriedade? Cada indivíduo, por suas respostas, constrói ou destrói suas oportunidades de cumprir seu destino interior.
Uma pessoa só poderá dizer plenamente “eu sou” se souber dizer segundo a lei do espírito “eu tenho”. A lei do espírito é a lei da frutificação, do uso consagrado e da não-identificação. A vida espiritual, a vida de abundância, é a que cria valores que não acorrentam o criador. O homem não nasceu para fruir a natureza. A natureza - física e psíquica - o circunda. O homem não nasceu para criar energia: toda energia está em torno dele. Nasceu para usá-la Usando-a cria significado. Resolve seu problema, que lhe foi legado para ser solucionado através de seus próprios esforços.
A produção de frutos é conseqüência de um uso intencional. O ser humano não pode fugir à responsabilidade de um propósito consciente - e permanecer verdadeiramente humano. A energia nuclear do átomo, a engenharia, a genética, são posses da humanidade, que as está usando - para que fim?
Qual é o objetivo da nossa civilização e do nosso intelecto? Não podemos responder essa questão enquanto nos identificarmos com esse intelecto e com os produtos de nossa civilização. Se identifica seu destino com sua riqueza, aumentará suas posses, ou serão suas posses que se aumentarão através de você, usando-o como um escravo?
As posses que os ontens nos legaram não têm valor em si mesmas. São uma potencialidade a ser usada. Um indivíduo não é grande pelo que possui, mas pelo uso que faz do que possui. Deve se identificar com um propósito, não com o problema que esse propósito define. Seguindo o passado, estou preso. Usando-o para um novo objetivo, sou criativo e espiritualmente livre.
As posses pessoais não têm valor se se estabelecem como privilégios. Para o homem de espírito, as posses só podem significar eficiência em tornar seu destino e seu objetivo mais definidos. Não há sentido em possuir seja o que for, em qualquer nível, a não ser que essa propriedade aumente nossa capacidade de resolver o problema que nosso nascimento, por determinação divina, tem que solucionar.
(Texto relacionado com a casa II, análoga a Touro; extraído de Tríptico astrológico, Dane Rudhyar, Editora Pensamento.)

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Pensamento

Contra a entropia natural, a humanidade conserva o passado e projeta o futuro. O pensamento - processo associativo e integrador - tem a função de unificar todas as coisas e dissolver todos os problemas.
O ser humano nada perde ao pensar. O pouco que perde em energia orgânica, ganha em inteligência. A inteligência, base da imortalidade, relaciona e integra tudo que existe, o vitorioso e o derrotado - porque a vitória leva a partilhar da inteligência universal, e a derrota é o próximo problema que o ser humano inteligente tem que resolver.
É dos fatos da natureza que o ser humano extrai sua inteligência. Precisa experimentar a natureza, a plenitude de energias nela, a morte que ela promete. Muitos têm medo da inteligência: a vida é um desafio, a inteligência é outro.
A semente é imortal, porque significa a perpetuação da espécie. Mas o indivíduo que dela nasceu, morre. Também o ser humano vive em limites geográficos e históricos, mas o eu verdadeiramente individualizado atua em termos de inteligência, e o pensamento não é limitado pelo tempo e pelo espaço.
Vida é instinto, portanto inconsciência. A função do ser humano é emergir do inconsciente para o campo da consciência, da inteligência.
O Dicionário Michaelis define inteligência como: 1. faculdade de entender, pensar, raciocinar e interpretar; entendimento, intelecto. 2. compreensão, conhecimento profundo. 3. conluio, ajuste, combinação.
A inteligência tem sua sombra: o dogma e o conluio. A intelectualidade é a inteligência aprisionada, caminhando para a morte. Todos os sistemas intelectuais se desintegram.
A inteligência impregna todo o espaço e tempo do mundo. Toda mente pode ressoar a ela. Todo ser humano participa da vitória e da derrota de todo outro ser humano. A vitória da inteligência precisa ser diária, para que esta não se coalhe em pensamentos automáticos.
Ser verdadeiramente humano é, a cada dia, adquirir consciência e participação individual no processo universal da criação de inteligência. A deterioração natural precisa ser sempre contrabalançada pelo pensamento integrador. Quem se detém após a vitória de um dia perde inteligência, vive apenas intelectualidade. Ser humano é sempre servir ao renascimento perpétuo da inteligência.
(Texto relacionado com a casa III, análoga a Gêmeos; extraído de Tríptico astrológico, Dane Rudhyar, Editora Pensamento.)

O pensamento exige um clima de quietude e profundidade.
Onde concentramos nossa atenção é onde colocamos energia - no nosso corpo ou na nossa vida. (Valéria Prado, professora de ioga)

Durante a Era de Gêmeos - c. 6000 a 4000 a.C. - a humanidade construiu as primeiras cidades, começou a estratificação social com a divisão do trabalho, surgiu o comércio.

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Estabilidade

O pensamento tende à dispersão, a acumular cada vez mais informações captadas pelos sentidos. É centrífugo: afasta o ser humano de seu centro e ordena todas as observações num mapa. Como um mapa geográfico, o conhecimento adquirido pelo intelecto pode ser estendido em uma superfície, plana ou esférica - como um globo. É, portanto, superficial.
Ser uma pessoa exige que se pare de procurar alguma coisa fora e se busque o centro de si mesmo.
É preciso saber parar de acumular, de crescer. O câncer é uma demonstração do que acontece quando uma coisa viva não pára quando deve. Tem-se um tumor que vai acabar destruindo toda a vida saudável e harmônica em volta de si, como se odiasse a própria vida.
A vida está no centro, emana do centro.
O que há no centro de si mesmo? É o medo do que se possa encontrar aí que detém a busca do ser humano, como disse Hamlet.
No centro de si mesmo há o vazio. Como no centro de todas as coisas. No centro da matéria há o vazio que constitui os átomos. O universo inteiro é feito principalmente de vazio.
Tudo está construído sobre o vazio, a estabilidade não está na segurança do chão sob os nossos pés, mas na profundidade que o centro da individualidade atinge. A estabilidade que se apóia no vazio universal é verdadeira. Nada no mundo pode abalar essa estabilidade, quando alcançada.
No vazio o ser humano se liga com todos os outros seres humanos, todos os animais, plantas e pedras. Se liga à poeira do chão e à das estrelas, e é estável porque na união aceita a potencialidade que existe no vazio. A essa união se deu o nome de compaixão.
Só o vazio pode ser preenchido, e cada pessoa é um indivíduo em potencial. O vazio em seu centro é a garantia de que se ela realizará como indivíduo, deixando aflorar desse centro a sua verdade pessoal. No vazio não há intelecto, não há percepção, não há sentimento. Só existe o ser.
Meditar quer dizer procurar o centro. Uma meditação budista sobre o vazio começa com a admissão: eu não sou meus pensamentos; eu não sou minhas percepções; eu não sou meus sentimentos... até que não reste nada com que o eu possa se identificar. Quando eu chego ali, chego a quem eu sou.
O Dalai Lama contou ter conversado com um monge tibetano que ficara dezoito anos num campo chinês de trabalhos forçados.
_ “Em alguns momentos corri perigo”, disse o monge.
_ “Perigo de que?” perguntou o Dalai Lama.
_ “De perder a compaixão pelos chineses” respondeu o monge.

Na era de Câncer, entre 8 e 6 mil anos a.C., a humanidade descobriu a agricultura e a domesticação de animais. Teve fim então o nomadismo do caçador.

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Pureza

Viver é agir.
Para agir - como para andar - é preciso estar apoiado em um solo estável.
E quem age?
O agente é um indivíduo, responsável, livre. Consciente.
O que é consciência?
Michaelis: 1. Capacidade que o homem tem de conhecer valores e mandamentos morais e aplicá-los nas diferentes situações. 2. Testemunho do nosso espírito, aprovando ou reprovando os nossos atos. 5. Conhecimento.
Con-sciência, conhecimento que vem junto com o ato.
Epimeteu tinha consciência depois do ato. Prometeu, antes do ato. Foi Epimeteu que aceitou Pandora como esposa.
Consciência de que se tem um corpo e uma psique. Uma mente consciente, mas um vasto território insconsciente na psique. Conteúdo vasto que se expressa através dos sonhos, enquanto se dorme. Compensando a unilateralidade da opção consciente. Fazendo aparecer as emoções que a razão recalcou.
A órbita dos planetas não é circular, é elíptica, tem dois focos. Um é o Sol, visível, símbolo da consciência. A estrela que fornece a luz, que permite ver, e o que vemos é consenso coletivo, social: árvore, casa, pessoa.
O outro foco varia de planeta para planeta. Não é visível. Como a parte inconsciente da psique: pessoal. Por isso não adianta tentar interpretar os sonhos pelos livros de fórmulas - cada sonhador tem seu universo psíquico, sua linguagem particular.
Dormindo e acordado, mente consciente e inconsciente: a alternância é diária, sua ausência leva à morte.
Ser puro é agir de acordo com sua própria verdade, seu próprio centro, seu próprio caráter. “É melhor morrer no próprio dharma do que viver no dharma do outro”, diz Krishna a Arjuna no Bhagavad Gita.
Pode haver pureza na construção e na destruição, no remédio e no veneno. Para tudo existe um tempo. E é o veneno que cura o veneno, como sabe a homeopatia.
A casa 5 leva a pessoa a enfrentar o teste da pureza, o teste para a personalidade estável.

Na era de Leão - cerca de 10 000 a 8 000 a.C. - começou o Mesolítico.
O homem se adaptou à vida nas florestas, que surgiram na Europa com o recuo das geleiras - inventou as ferramentas em pedra para carpintaria.
Tornou-se sedentário, usando recursos alimentares próximos. Surgiram os trenós e sapatos de neve, e os barcos. Difundiu-se a domesticação do cão (que começara antes, na Sibéria).
Começou a segar gramíneas (cereais) selvagens.

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Sofrimento

O sofrimento é a sombra da vida não vivida. A pressão do potencial não realizado.O golpe de retorno da energia não usada.
Nenhum ser humano é verdadeiramente vitorioso se sua vitória acarretar a derrota da alguém.
Saber sofrer é levar o sofrimento a atender a necessidade da morte e ressurreição. Cada nova etapa da vida é a ressurreição de uma morte. A criança morre e nasce o adolescente. O adolescente morre para nascer o adulto. A virgem morre para nascer a esposa.
Primeiro é preciso coragem. A derrota de um ser humano é a derrota de todos os seres humanos. Cada um está envolvido no sofrimento de todos. Para experimentar a vitória precisamos cortejar a derrota e assumir nossa parte de responsabilidade por qualquer sofrimento que, em conseqüência dela, algum ser humano possa experimentar.
Coragem: onde o desejo é bastante forte ou o desespero insuportável, a palavra ou feito ousado é fácil.
Segundo, é preciso uma avaliação objetiva. Estar privado e conhecer que se é o pai dessa privação, aceitá-la e sorrir, como o Buda quando compreendeu o mundo e ficou livre.
Os homens - sem entendimento, incapazes de estar quietos sob a Cruz do sofrimento - emocionalmente, grosseiramente, buscaram glorificar esse sofrimento, exaltar a dor e a morte. Mas o sofrimento não deve ser exaltado, deve ser usado. A dor é um gesto protetor da vida - física e psíquica.
A dor revela que nos desviamos da plenitude de nossa natureza potencial. A única grandeza da tragédia está na autodescoberta.
O sofrimento nunca tem um valor em si mesmo. Quem olha exclusivamente para a frente não sofre, mas essa ausência de sofrimento significa também a falta de avaliação objetiva do passado.
E é preciso compreender o passado. Dele precisamos extrair o significado, e esquecer o resto.
O critério da vida significativa é o uso que fazemos de nossas experiências.

A casa 6, análoga a Virgem, é a casa do cotidiano, da saúde, dos hábitos, do emprego e dos empregados, dos animais de estimação... das pequenas coisas que somadas acabam por provocar a nossa morte.

A era de Virgem foi aproximadamente de 12600 a 10500 a.C..
Nessa era, no Crescente Fértil (sudoeste da Ásia), havia coletores paleolíticos, com pedras indicando abrasão para moagem de grãos.

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Significação e relacionamentos

O pensamento racional bem sucedido faz nascer a inteligência, que é a substância da integração humana. Numa etapa posterior, ao enfrentar as provas da convivência e da responsabilidade, nasce uma nova fase da inteligência, que é a significação. Assumir reponsabilidades transforma convivência em significação.
Assim como o indivíduo precisa provar-se através do uso que faz do que tem, o relacionamento precisa demonstrar seu valor pelos resultados da atividade cooperativa. Para não ser destrutiva, uma parceria amorosa ou comercial tem que ser produtiva. Não basta, porém, abundância de frutos: o valor de qualquer frutificação depende do significado dado a ela.
O eu pode destruir sua vida e sua inteligência, mas não pode dar algum significado - ou nenhum significado - a si mesmo. O eu é; mas o relacionamento tem significado, ou deixa de tê-lo.
Analogamente, o eu não produz. Ele se liga ou se identifica temporariamente com energias - ou deixa de fazê-lo. Mas todo relacionamento pode e deve ser produtivo. O propósito da produtividade, o caráter dos produtos, o uso que se lhes dá, o modo como os problemas de produção são tratados e suas conseqüências enfrentadas, a maneira pela qual eles satisfazem ou deixam de satisfazer as necessidades dos produtores e da sociedade - todos esses fatores precisam ser considerados. Eles dão significação e valor ao relacionamento, ou o condenam como não tendo nexo nem valor.
Todo ser humano precisa integrar identidade e relação em suas experiências. Todo relacionamento improdutivo é responsável pela destruição da integridade dos eus relacionados através dele.
Uma personalidade tem potencialmente valor em termos de sua capacidade de participar de relacionamentos produtivos e significativos. A inteligência na personalidade é uma promessa de valor e de significado nos relacionamentos que essa pessoa urdirá sobre a trama da vida social e cultural; mas só uma promessa! Significação como essa só pode se originar da experiência efetiva do relacionamento - não só com outro eu, mas também com objetos e entidades sociais de um tipo ou de outro.
Ser, usar, definir. Uma trindade básica da existência humana. Na psicologia, o que se entende por autoconhecimento é a compreensão do que as experiências originadas de relacionamentos pessoais trouxeram para a personalidade concreta. Sejam elas satisfação, poder, fruições pessoais ou decepções, inibições e complexos.
Compreender uma situação ou idéia é literalmente “pegar junto” seus muitos fatores e definir o caráter, a qualidade, o propósito e os resultados finais deles. Definir é estabelecer limites. O único caminho para o entendimento são os limites estabelecidos em termos da capacidade, do propósito e da função intrínsecos a todos os fatores do relacionamento, considerado como um todo. Mas entender é “estar sob” a compreensão dos elementos reunidos e suportar-lhes o peso. O juízo intelectual por um sistema externo de valores é a sombra do entendimento, assim como a intelectualidade é a sombra da inteligência.
A prova da significação está em não se contentar com exterioridades e ilusões, mas buscar o próprio núcleo de todo relacionamento - pessoal, social e universal - até alcançar-lhe o sentido essencial.

(Texto extraído de Dane Rudhyar, Tríptico astrológico)
Sagitário e a casa nove estão ligados à busca de significado.

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Perguntas e discussões

Dá para você falar um pouco dos triângulos?
          O tema dos triângulos expresso nesses termos - da vida, dos atos, das uniões e do fim - é colocado pelo Adolpho Weiss. Corresponde às casas análogas, respectivamente, aos signos de fogo, terra, ar e água.
          Associo essa idéia à atribuição que o Rudhyar fez a cada quadrante: da identidade, da vida psíquica, das associações e da vida material. Do ponto de vista da psicologia esses nomes são mais esclarecedores, dá para relacionar com as quatro funções psíquicas.
          Sempre falo dos triângulos da vida e do fim, porque correspondem às funções em menos valia na cultura ocidental de base científica: a intuição e o sentimento. Mas principalmente porque o modo de vida que venceu no mundo globalizado é o da classe média da sociedade de consumo, onde a única preocupação legitimada pela sociedade é com a vida material.
          Além de me perguntarem sobre carreira, serviço e dinheiro (casas 10, 6 e 2, respectivamente e banalizando para a perspectiva empobrecida da astrologia comum), as pessoas também me perguntam sobre relacionamentos. Nesse segundo caso não têm tanta discrimação da diferença entre casas 5, 7 e 8, por exemplo - relacionamentos de prazer e de compromisso - e dá para constatar na longa conversa que é um atendimento astrológico o que se adivinha na superfície do cotidiano: pouca gente sabe o que é sexo. Nem podia ser diferente, vendo-se a genitalidade das propostas ditas sexuais na internet, por exemplo.
          Mesmo no âmbito das casas "dos atos" tem bastante trabalho a ser feito. A casa 2 é a dos recursos da pessoa, identificá-la com dinheiro é uma pobreza. Ninguém nasceu com dinheiro como recurso pessoal, mas nasceu com habilidades latentes, capacidade intelectual, afetiva, motora etc. Também a casa 6 não é a do emprego, mas a do trabalho no dia-a-dia, feito para si mesmo inclusive, os hábitos de higiene, de auto-cuidado, de lazer... A casa 10 não é a do status, mas a da responsabilidade assumida no lugar em que se vive etc. Até mesmo a matéria está banalizada no nosso mundo.
          Nos relacionamentos dá para mostrar que a pessoa projeta no outro parte de si mesma e espera preenchimento externo de suas necessidades afetivas. Isso vale pra marido, amigo, irmão, filho... E é esse um exemplo de gancho que se pode usar para mostrar a importância das casas de identidade e das psíquicas. Quem é você e quem é o outro? O que, de você, você vive através do outro?
          E que que isso tem a ver com os triângulos?
Então, o triângulo dos atos é arroz com feijão. O das uniões, casas 7, 3 e 11 - casamento, irmãos, amigos - permite mais discussão, porque o conceito de casamento já não se restringe só à união legalizada mas inclui toda relação pública de compromisso. O que seja um amigo não é consenso. Mas todo mundo tem opinião formada sobre esse triângulo.
          O da vida: casas 1, 5 e 9 - identidade, criatividade (e filhos) e crença - já começa a encrespar. Nem sempre é fácil entender o âmbito do signo solar e do ascendente na vida pessoal. Não é pouca coisa o pre(con)ceito moral aprendido desde a placenta - se é que não vem nos genes - de que a gente deve ser sempre o mesmo em todas as ocasiões. Aceitar o ascendente significa aceitar o conceito de persona, o que talvez tenha sido mais fácil numa sociedade européia tradicional, com papéis definidos. E criatividade, o que é? Pintar um óleo sobre tela copiado de uma fotografia? Inventar um teclado ergonômico? Hummmmmmm... Crença.... hahahahahaha! Eu quis dizer filosofia de vida, ou uma religião adotada por escolha pessoal.
          E o triângulo do fim? Tudo termina em água, o que é sinônimo de pizza para quem se ateve à perspectiva dos triângulos anteriores. Então a casa 4 - família - diz: "teu futuro será igual ao teu passado". A casa 8 - sexo e seu sinônimo, morte - fala que você pode projetar a sombra em quem quiser, mas vai pagar por isso. E a casa 12 é a do inconsciente coletivo que te arrebata para a loucura da vida mítica. Enfim, o triângulo do fim é o do inconsciente, nas suas três formas: o histórico-familiar, o relacional que envolve a projeção das partes ainda não integradas da nossa psique, e o coletivo.
          É o mais interessante, o mais enriquecedor, porque propiciador da individuação, já que o inconsciente compensa os excessos, a unilateralidade da opção consciente. É onde Hermes Psicopompo, a carta 20 do tarô, aparece como o embusteiro, pregando peças que nos obrigam a ser mais nós mesmos, mais indivíduo e menos clone.

Roda do zodíaco

Autora desta página: Lígia Prado.

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