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M: De alguma forma o senhor se sente frustrado com o cinema ou o seu grande reconhecimento internacional continua sendo uma resposta aos críticos? A.D:
Nunca ninguém se sente frustrado com o
M: O que o senhor pode falar sobre o cinema novo? A.D:
Tudo o que tinha a dizer já foi dito. Mas...(pensativo)
quero acrescentar o seguinte: os cinemanovistas diziam que os prêmios
não valiam nada. Que o festival de Cannes e a minha Palma D´Ouro eram
merdas! Pois bem, no decorrer das décadas de 60 e 70 tentaram ganhá-la
23 vezes! Cacá (Diegues) tentou de todas as formas: realizou um filmes
franco-brasileiro (Joana Francesa) com Jeanne Moreau, ficou íntimo do
presidente do festival, Gales Jacob, que me disse gostar muito dele. Cacá
disse que eu venci em Cannes porque tinha amigos dentro da direção do
festival. Mas ele sabia da honestidade, da seriedade do maior festival do
mundo. O filme dele nem passou da prévia no Festival de Paris. Não
concorreu. Tenho em meu poder a bíblia
de Cannes, o Cannes Memories, história dos 50 anos de competição, ano a
Atualmente nem a televisão os quer. Somente podem ser vistos para estudo nas faculdades de comunicação. Dizem-me os jovens da nova geração de cinéfilos e estudantes, agora bem distantes daquele fogo de paixão e falsos elogios do passado, que os filmes são mal realizados, chatos e que não dá para assisti-los, saem no meio da projeção. Não entendem. Perguntam porque fizeram tanto oba-oba naquela época. Querem saber se era desrespeito, se era por problema político? Mas se eram militantes intelectuais porque não escreviam um livro em vez de fazer um filme? Creio que a resposta o Jabor (Arnaldo) deu há pouco tempo. ("Estávamos na década do protesto contra o governo, a sociedade, o cinema, a religião, os vencedores, a família, e os animais. Tudo valia. O Anselmo tem razão, demos uma esnobada nele e jogamos um pouquinho de pó para tirar o brilho de sua palminha de ouro"). Talvez o brilho os incomodasse. Estavam vivenciando os prazeres da noite. • [home] • [anterior] • [próxima] • |