(1642-1727)

04/17

Primeiros dias em Cambridge

Ele chegou a Cambridge no dia 4 de junho. Era um belo dia ensolarado e Newton caminhou pela cidade, ao longo das margens do rio Cam, admirando o conjunto de prédios que se estendia ao longo do rio, com seus majestosos gramados se espalhando até abeira da água. Cambridge não era uma grande cidade. Para qualquer pessoa vinda de Londres, parecia uma singela e pitoresca cidadezinha, mas para Isaac foi um verdadeiro choque. Ele nunca estivera além do vilarejo de Lincolnshire, e Cambridge, com seus 6 mil habitantes, significava uma mudança drástica.

Preparou-se para começar os estudos imediatamente. No primeiro dia, comprou um cadeado para sua mesa, um vidro de tinta, um caderno e algumas veIas que usaria para iluminar o quarto, já que ele costumava trabalhar noite adentro.

No entanto, o entusiasmo de Newton foi diminuindo à medida que percebia não haver se livrado realmente da desagradável vida pueril da escola, e que muitos alunos eram exatamente iguais aos meninos que pensava ter deixado em Woolsthorpe. Como rígido protestante, não perdia tempo bebendo ou jogando. Na universidade, Newton deparou com muitas coisas pela primeira vez, e imediatamente ganhou fama de jovem enfadonho e muito sério.

No entanto, ele logo se acomodou e encontrou um amigo no estudante protestante John Wickins, e os dois dividiam os aposentos no Trinity College, em Cambridge.

Depois de poucos meses na universidade, Isaac começou a relaxar um pouco e aderiu à vida de estudante e à liberdade que ela proporcionava. Ele não desertou de sua fé, mas, gradualmente, começou a gostar de freqüentar a taverna com John e de um jogo de cartas com seus amigos.

Novas idéias

Foi nessa época que Newton começou a formular, em seus aposentos em Cambridge, suas primeiras teorias sobre forças e movimentos, pelas quais ele se tornaria famoso. Lá, também, ele deu início ao desenvolvimento das idéias sobre a natureza da luz e como um pedaço de vidro especialmente moldado, chamado prisma, pode decompor a luz, do vermelho ao violeta, nas cores do arco-íris.

E foi nas pavimentadas ruas de Cambridge e sob as elevadas torres da cidade, que Isaac Newton começou a pensar em gravidade e a maquinar outras idéias pelas quais alcançaria o reconhecimento universal nos anos futuros.

Primeiramente, porém, teria de encontrar uma maneira de compreender minuciosamente esses difíceis conceitos. Para isso, Newton sabia que deveria usar matemáticas muito avançadas. Para resolver os mistérios do universo, precisaria aprender o máximo possível sobre o assunto. E, como o que existia era ainda insuficiente, Newton teria de inventar sua própria matemática - o cálculo. Naquele momento, porém, ele, precisava continuar com seus deveres na faculdade e ser aprovado nos exames para permanecer em Cambridge. Essa era uma proeza digna de nota: concentrar a atenção nos cursos de Filosofia da universidade e trabalhar em suas próprias idéias no escasso tempo disponível. Somente dessa maneira poderia conquistar o respeito de seus professores. Mais tarde, estaria apto a mostrar ao mundo da ciência o caminho a seguir nos trezentos anos futuros.

Uma feliz descoberta

Numa tarde de domingo, no começo da primavera de 1664, Isaac e John Wickins decidiram visitar uma feira que chegara a Cambridge. Entre os espetáculos secundários, barracas de novidades, trapaceiros e artistas, Newton fez uma descoberta que teria enorme influência tanto em seu futuro como no futuro da ciência.

Ele estava passando pelas barracas e bancas espalhadas, com berloques e quinquilharias coloridas, em animada conversa com John, quando subitamente seus olhos foram atraídos por um estranho objeto, faiscando ao sol da tarde. Ficou tocado pela beleza e fascinado com a delicadeza da superfície do objeto. Imediatamente, Newton deu-se conta de que poderia pôr em prática alguma proveitosa experiência e comprou o objeto. Em seu quarto, no Trinity, naquela mesma tarde, começou afazer as experiências com o prisma.

O efeito arco-íris

Primeiro, ele correu as cortinas através de todas as janelas, deixando apenas uma aberta. Sobre essa janela sem cortina, colocou um pedaço de cartolina e fez uma diminuta abertura, para que ela pudesse filtrar para dentro do quarto o brilho da luz solar. Então, ele recuou e observou o feixe de luz entrando no quarto escuro, através da pequena abertura. Em seguida, suspendendo o prisma até o feixe de luz, deixou o raio de luz entrar em um lado do prisma e observou as diferentes faixas emergindo dele e brilhando sobre a parede branca. A luz natural que havia penetrado no prisma estava dividida como um arco-íris e podia ser vista na parede. Variava do violeta, no alto, passando pelo anil, azul, verde, amarelo e laranja, até o vermelho, embaixo.

Newton estava fascinado. As pessoas haviam visto esse fenômeno muitas vezes antes, mas ninguém havia realmente investigado o que o causava. Muitos acreditavam que o efeito do arco-íris já estivesse contido no prisma e escapasse em função do brilho do sol sobre ele. Cientistas da época perceberam que o vidro estava alterando a luz dentro do prisma, mas não sabiam o porquê. Um prisma era pouco mais que uma novidade ou um brinquedo interessante, mas para Newton significava um grande achado, e ele queria conhecer todos os seus segredos.

Mais experiências

Depois de ter produzido, em sua parede, o arco-íris que denominou espectro, Newton pôs-se a testar o que havia observado. A primeira coisa que fez foi bloquear todas as diferentes faixas saídas do prisma, com exceção de uma: a vermelha. Todas as outras eram separadas do espectro usando um pedaço de cartolina com um pequeno orifício que somente permitia a passagem do feixe vermelho. Então, ele recuou e olhou a faixa vermelha sozinha na parede, em dúvida sobre o que fazer em seguida. O que aconteceria -pensava-se agora fizesse a faixa vermelha passar através de outro prisma? Poderia ela se dividir em outro arco-íris, como ocorrera com a luz solar que entrava pela janela?

Newton comprou outro prisma e colocou-o na trajetória da faixa vermelha de luz para ver o que emergia do outro lado. Nada de arco-íris. Do lado oposto do prisma não saía nada mais do que a faixa vermelha com que ele o iluminara. Não houve efeito arco-íris, apenas a faixa vermelha isolada. Tudo o que ocorreu foi um pequeno desvio no caminho que a luz percorreu dentro do vidro.

Esse fato poderia ter apenas um significado: os raios do sol continham todas as diferentes matizes do espectro - violeta, índigo, azul, verde, amarelo, laranja e vermelho - e mais nada. Era impossível continuar dividindo a luz mais e mais. Se a luz vermelha entrasse no prisma, somente luz vermelha sairia dele. Se se projetasse luz azul no prisma, somente luz azul sairia do outro lado.

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