Vista do Yoke - bobina defletora de um TV a coresFLY BACK - YOKEVista de um Fly-Back - transformador de saída horizontal

Autor: Risnik, David Marco - Index

 

 

 

Em todos equipamentos eletrônicos sempre se destacam determinados componentes , seja pelo seu custo ou importancia que desempenham no circuito. Em se tratando de TV , preto e branco ou a cores , o fly-back e o Yoke são sem dúvida componentes de destaque. Mas o que êles são ou fazem exatamente ? Quais funções desempenham no circuito ? como podemos testá-los ? Estas e muitas outras dúvidas que você pode estar querendo tirar foram reunidas nesta matéria .

Por que FLY-BACK ?

O nome fly-back é no mínimo estranho para muita gente. Se formos traduzir ao pé da letra , chegaremos ao estranho termo : Vôar pra tráz ! ... básicamente um têrmo técnico (inglês) que não temos como traduzir. Aqui entre nós êle é mais conhecido como Transformador de Saída Horizontal ou pelas iniciais T.S.H. Pois bem , o fly-back é um transformador (com núcleo de ferrite e enrolamentos !) que realiza em princípio o casamento de impedancia (acoplamento) entre o estágio de saída horizontal (transistor de saída) e as bobinas defletoras ( Yoke ), cuja finalidade ultima é a produção da DEFLEXÃO do feixe de elétrons no cinescópio.

Vamos então falar um pouco sobre o Yoke , para depois entrarmos na construção do fly-back. O yoke é um conjunto de bobinas (aos pares) que envolve o pescoço do cinescópio para produzir a deflexão do feixe (pela ação do campo magnético ) - também conhecida por varredura - nos sentidos: horizontal e vertical , criando na tela o que chamamos de trama: linhas horizontais em sequencia vertical . No sistema "M" - brasileiro - são exatamente 525 linhas no total , sendo formado por dois campos entrelaçados de 262,5 linhas cada - chamados de CAMPO PAR e CAMPO IMPAR. Para levar energia até o Yoke , existem dois estágios independentes : o SAIDA HORIZONTAL -horizontal output - e o SAÍDA VERTICAL -vertical output - cada um alimenta um par de bobinas do yoke. O saida vertical , atualmente é alimentado diretamente seja por um CI ou por um estágio de potencia transistorizado , dispensando o uso do transformador de saída vertical , que foi muito usado no passado . Já o estágio horizontal necessita ainda de um adaptador de impedancia: é êle o Fly-Back. Este transformador recebe energia do transistor de saída horizontal e a transforma para ser aplicada ao yoke. Por trabalhar com pulsos de frenquencia alta ( 15750 e seus harmonicos ) o núcleo do fly-back é de ferrite pois este material apresenta maior eficiencia em frequencias altas . A transformação de energia , assim como em qualquer outro transformador é feita pela relação de espiras entre o primário e o secundário. Muitas vezes o primário representa um Tap do secundário.

Por que o horizontal trabalha com pulsos ? O que é dente de serra ?

Para entender melhor este conceito , inicialmente vou falar um pouco sobre o cinescópio e o sistema de deflexão. O cinescópio ou T.R.C. (tubo de raios catódicos) nada mais é do que uma válvula de grandes dimensões. Os seus principais elementos são: o CATODO - a GRADE - e o ANODO. O catodo é o elemento que emite ou gera o feixe de eletrons - para isto êle deve estar aquecido a uma temperatura alta - função esta que é desempenhada pelo FILAMENTO. A grade é o elemento que controla a passagem do feixe de eletrons , podendo até mesmo bloqueá-lo ( tela apagada ) . Finalmente o anodo é o elemento que atrai o feixe para ser bombardeado sobre a tela. O anodo recebe uma tensão positiva extremamente elevada (MAT aprox. 25 Kv = 25.ooo volts !) para se obter este efeito. Este feixe de elétrons, ao bombardear a tela - recoberta por uma camada de phosphoro , produz brilho (lúz). Veja o detalhe: o feixe de elétrons neste principio sempre vai atingir um mesmo ponto central da tela , e com isto produzir um único ponto luminoso. Agora entra em ação o YOKE . Êle é um dispositivo que aplica um forte campo magnético na passagem do feixe - defletindo-o de forma a cobrir (varrer) toda a superfície da tela. Podemos distinguir duas importantes varreduras: a vertical - que deflete o feixe do topo até a base da tela , e a horizontal que deflete o feixe da esquerda para a direita da tela. Este campo magnético deve ser do tipo linear - qual seja : ele vai crescendo de uma polaridade a outra de forma progressiva , e quando atingir o extremo da deflexão deve retornar rapidamente - daí a designação - "Fly Back !"ao inicio para que um novo ciclo seja executado. A forma de onda que dá origem a este efeito chama-se dente de serra. Portanto a corrente elétrica que circula pelas bobinas do Yoke tem este formato:

Pelas leis da física , para se obter uma corrente dente de serra , é necessário aplicar uma tensão com forma de onda pulsada. É assim que o horizontal trabalha: o transistor de saída , que tem como carga de coletor o enrolamento primário do fly-back , opera como chave eletrônica: durante o retraço êle esta ABERTO (chave aberta) - gerando o pulso de tensão . Durante o traçado (período ativo da deflexão) , êle se mantem fechado , fazendo circular a corrente elétrica dente de serra pelo yoke - que é aplicada pelo secundário do fly-back. As tensões envolvidas neste estágio são da ordem de KiloVolts , e exigem cuidados e atenção.

Além da deflexão horizontal , o fly-back é responsável por outras funções ?

O fly-back é um transformador de pulsos , opera na frequencia horizontal , e por estas caracteristicas permite que se aproveite para outras funções além da deflexão. Uma segunda atribuição básica deste transformador é a geração da ALTA TENSÃO para o anodo do cinescópio. Esta alta tensão atinge valores da ordem de dezenas de Kilo volts , em função do tipo de cinescópio. Existe um enrolamento especial no fly-back que é destinado a esta finalidade: pela relação de espiras , neste enrolamento são gerados picos de voltagem que atingem a metade do valor final requerido. Atravéz de circuitos dobradores de tensão , obtem-se o valor DC final . Os diodos dobradores , capacitores e retificadores atualmente já estão embutidos no próprio fly-back e constituem uma peça única , juntamente com os potenciomentros de FÓCO e SCREEN. Todos são encapsulados por uma resina de alta isolação . Isto evidentemente que traz vantagens ao circuito pois todos os elementos de alta voltagem permanecem encapsulados ! porém é facil deduzir que a queima de um deles já é o suficiente para que todo o fly-back seja inutilizado!

Queima do Fly-back , porque e quando ocorre ?

Sabemos que o principal item que contribue para a queima do fly-back é o "calor" e a fuga de alta tensão . Ela tem inicio silenciosa e termina por romper a isolação e destruir o enrolamento , seja por provocar curto entre espiras ou por provocar rompimento no fio . Esta fuga pode ocorrer por varios fatores , dentre êles , destacam-se : 1) deformidade na camada isolante ( dielétrico ) entre espiras do enrolamento de alta tensão , 2) irregularidade no verniz isolante do fio de cobre do enrolamento , 3) deformidade na resina do encapsulamento e 4) qualidade do ferrite , que é o responsavel pela produção do calor (perda de energia) no componente. O excesso de umidade ambiente também é um fator favorável para o desgaste prematuro das isolações.

Um fly-back queimado pode ser recuperado ?

Infelizmente não . Este componente , assim como já foi explicado , tem construção robusta e suas bobinas são resinadas de modo a formar um conjunto inviolável , portanto recuperações não são viáveis.

Como podemos identificar um fly-back queimado ?

Um fly-back queimado pode ser identificado por alguns fatores externos característicos , por exemplo : sinais vísiveis de resina queimada , indicando o super aquecimento interno . Ruídos típicos de fuga de alta tensão também são indicadores de problemas com o fly-back.

É possivel medir a resistência ohmica de seus enrolamentos para detectar problemas ?

Eu diria que é quase impossível realizar-se uma pericia por este caminho. Com excessão do enrolamento de alta tensão (este é o principal fóco de problema) , os demais enrolamentos possuem poucas espiras e geralmente são de fio grosso , dificultando comparações. O enrolamento de alta tensão , este sim permitiria este método , porém o seu terminal alto , tem conexão interna ao duplicador , e não permite leitura externa. Portanto nestes casos , o técnico tem de usar toda sua habilidade antes de atribuir a culpa no fly-back. Pesquise com atenção os estágios de: saída horizontal e driver , pois um problema nestes circuitos pode ser confundido com um fly-back queimado !

E quanto ao Yoke , é frequente a sua queima ?

O Yoke é um dos componentes que mais baixo indice de queima apresenta num TV . Dificilmente você terá de substituí-lo .

O Fly-back é um componente caro ?

Eu diria que sim . Entre o custo da peça e mão de obra , um serviço destes não saira por menos de 25% do valor de um aparelho novo (estimativa).

É recomendado a sua substituição ANTES de sua queima ?

Em absoluto ! mesmo porque não temos condições de prever este fato. Somente deverá ser substituido qdo apresentar defeito evidente .

O Fly-back pode ser substituido por um SIMILAR (outra marca/modelo) ?

Em casos extremos , onde o componente original não existe mais , um técnico habilitado , e com domínio do circuito , poderá realizar adaptações . Normalmente o par Yoke + fly-back , deverão ser substituidos em conjunto . Os demais circuitos é que serão adaptados . É uma tarefa complicada , e somente será vantajosa em receptores de estimação .

Veja também as matérias Sua TV pifou ? e TV reparos

com informações importantes para o técnico reparador.

São Paulo-SP/ Brasil

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