<%@ Language=VBScript %> Centenária Banda Musical Novo Século - Santa Cruz do Capibaribe/PE

Sem música a vida seria um erro (Friedrich Nietzsche)

ARTE E HISTÓRIA

 

A sociedade Novo Século

  em mais um século de vida

 

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            Criada em 4 de outubro de 1900, a banda teve em Major Negrinho  um  de seus fundadores.  Possuiu dirigentes e maestros de realce como Neco Aragão, filho do major Negrinho, que se destacou pelo seu amor à arte, com o qual carregou a sociedade por longos períodos de vacas magras. A entidade  manteve durante mais de um século uma Banda e uma Escola musical, formando músicos de primeira grandeza, alguns com destaque depois no Recife e noutras capitais.

Presença

 

            Quando, em 8 de maio de l945, a segunda guerra mundial acabou, essa banda desfilou em carnaval pelas ruas da então vila, festejando com o povo o fim do conflito. Em 29.12.1953, na independência do lugar, foi ela que tocou ao comemorar a data. Mais tarde na instalação da Comarca, se fez presente também. Enfim, a todas as solenidades festivas do lugar compareceu. A juventude santa-cruzense dos anos 50/60 parece ainda a ouvi-la em desfile pelas ruas da cidade, tocando, entre velhos dobrados, Cisne Branco ou canção do marinheiro. Até em horas tristes, ela marcou sua presença com marchas fúnebres, em tributo a santa-cruzenses ilustres que desapareciam.  

           Em resumo, a banda viu de perto a história do lugar no século 20. Teve dias de glória quando participou dos programas de televisão "Salve a Retreta", do então Canal 6 (TV Rádio Clube). Em plena atividade neste século 21, tem marcante atuação artística na Terra da Sulanca. É um pedaço da própria história de Santa Cruz do Capibaribe.

Músicos antigos

 

           Muitos se destacaram pelo amor à entidade. Um deles, Zuza Balbino (já falecido), é um símbolo de todos eles. Pobre, sem maiores recursos materiais, dava tudo de si por ela. Em dias de festa, quando os músicos se exibiam em coreto, era um zeloso vigia a evitar que a molecada fizesse bagunça no palanque. Nas noites de ensaio, se preciso, ia buscar cada músico em casa, quase trazendo-o pela gola. Antes de ir dormir, ainda se lembrava de verificar se as portas da sede estavam fechadas de fato. 

          Vários outros músicos se destacaram também no mesmo plano. Um dia, quando se for fazer a história dessa sociedade musical,  há de se encontrar, em suas bases, muito  concreto do amor dessa gente.

Músicos famosos

 

          Foram muitos. Alguns deles: Zé de Chico Moura, o pistom clássico; Valter Aragão ou Valter de Edgar, o endiabrado trombone de vara; Nanã, o trombone romântico; Zé de Areia, o mestre do tenor; Wilson Balbino (falecido), compositor e músico eclético que veio a se destacar, mais tarde, na Base Aérea do Recife; Aluízio Aragão, "o véio" do clarinete que, posteriormente, exibiu seu talento na Polícia Militar de Brasília; Zé de Lilia ou Zé da Tuba, famoso depois no Recife, tão esguio como um poste de avenida, tão extenso, tão grande quanto seu talento de músico; Valdemar Silvestre, muito forte na leitura, no dividir da música, talentoso mesmo, embora não tivesse igual atuação no interpretar. 

          E houve muitos outros músicos de destaque. Existiram também grandes mestres e presidentes abnegados. Todas essas figuras notáveis hão de ser lembradas quando um dia for se fazer a história dessa sociedade.

 

Amor como suporte

 

            A Banda musical Novo Século, em geral, foi sustentada, ao longo de seus cem anos de existência, pelo amor de seus integrantes à Instituição. Com um quadro social exíguo, sem maiores recursos, a entidade nem sempre podia adquirir ou consertar todos os instrumentos de que carecia. Eram, muitas vezes, os próprios músicos quem o faziam, apesar de nada receberem em muitas tocatas de festas do lugar e da redondeza. Noutras ocasiões, era a sociedade local que vinha com sua ajuda. 

           Entre os músicos, sempre houve casos de parentes,  indicando a existência de autêntica família musical.

 

Hoje

           

             A Banda Musical Novo Século tem atualmente cerca de 40 integrantes, dos quais uns 20% são mulheres. Seu atual presidente é David José Pereira de Lira, um de seus clarinetistas. Isso mostra que a ligação de amor entre  os músicos e a entidade continua como continuam os  laços de parentesco entre vários deles. 

 

Futuro

 

            Empurrada assim pelo ritmo do amor dos que a fazem, essa banda há de seguir triunfante a linha melódica do tempo, atravessando outros séculos, pois o sentimento que a impulsiona tem fonte inesgotável e é capaz de remover montanhas.

 

Major Negrinho - José Theodoro Aragão (1860 – 1930. Veja foto).  Agricultor, criador e, sobretudo, negociante, ocupa lugar de destaque na história econômica de Santa Cruz do Capibaribe. Furou caminhos pelo interior em cima do lombo de burros e cavalos, a negociar. Assim começou a fazer seu patrimônio. 

           Muito empreendedor, criou uma empresa de beneficiar algodão e um curtume em Santa Cruz, nos tempos em que a industrialização brasileira engatinhava (fins do século 19). Negociava com ouro novo e velho, feijão, peles, sola, lã, algodão em caroço e em pluma, miudezas, fazendas em grosso e a varejo, ferragens, secos, molhados e outros. E ainda emprestava dinheiro a juros e sem juros, difundindo o crédito na região. 

           Sua casa comercial em Santa Cruz (na av. Padre Zuzinha, nº 136) tinha o curioso nome de "O Bolo", certamente por conta da variedade de mercadorias que oferecia. Em 1896, já possuía quatro casas de negócio: O Bolo, o "negócio do Recife" (referida em seus balanços), a usina do algodão e o curtume. 

           Muito organizado e avançado para a época, ele mesmo fazia a cada ano o balanço de suas empresas, espécie de relatórios da Contabilidade gerencial de hoje, documentos cujos originais estão com Margarida Aragão, sua neta, 80 anos, memória perfeita, arquivo vivo da história local. De citadas peças  se extraiu a maior parte destes dados. 

         A ruína financeira dele teria resultado de furto de que teria sido vítima no Recife no início do século 20, levando-o ao mal psíquico que o seguiu até a morte. Por mais de 20 anos, como tipo popular, desfilou sua angústia pelas ruas de Santa Cruz, a denunciar "ladrões" e a deixar aqui e ali suas tiradas de bom humor e de rasgos filosóficos. "O mundo se acabando e povo duvidando" foi a frase que mais divulgou como comunicador. 

          Seus descendentes, espalhados por Santa Cruz e outras cidades, seguem, em sua maioria, sua vocação, alguns com raro sucesso. Em suas fantasias, jamais se libertou de sua vocação empresarial. Foi ele um dos troncos básicos da família Aragão. Seu pai, Antônio Francisco Aragão, "padrinho Aragão", teria chegado a Santa Cruz na  primeira metade do século 19, vindo do Ceará.  

Nota: Major Negrinho foi contemporâneo de Delmiro Gouveia (1863 -1917). Ambos guardam certas semelhanças em sua biografia:

  • nasceram na década de 60 do século 19.

  • suas famílias vieram do interior do Ceará.

  • negociaram pelo interior em cima de lombo de  burro.

  • tiveram espírito empreendedor.

  • foram comerciantes fazendeiros e industriais.

  • bem sucedidos, destacaram-se em suas localidades.

  • viveram adiante de seu tempo e do local onde moravam.

  • Delmiro monopolizou o comércio de peles no Recife. Major Negrinho, que deve ter sido fornecedor seu, teve idêntico papel na região de Santa Cruz.

  • negociaram no Recife no final do século 19, onde Major Negrinho tina uma filial.

  • tiveram suas carreiras encerradas de forma brusca: Delmiro foi assassinado aos 54 anos (1917). Major Negrinho foi, no início do século 20 aos 40 anos (mais ou menos), vítima de um golpe que o levou à ruína financeira e à quase loucura pelo resto da vida,

            A fotografia abaixo é do Major Negrinho no vigor de seus anos e de sua atividade empresarial, provavelmente no final do século 19, foto extraída do livro História de Santa Cruz do Capibaribe - 2003, de Júlio Ferreira de Araújo:

 


Neco Aragão (Manoel Theodoro Aragão - 1892-1971) - Comerciante e agricultor, de quem o autor é neto pelo lado materno. A música era sua paixão. À noite, sua venda virava uma escola musical ao som de solfejos e de instrumentos de aprendizes.. Foi maestro por bom tempo. Costumava chamar os músicos em noites de ensaio com fortes pancadas no bombo para todo o lugarejo ouvir, a ponto de seu entusiasmo, às vezes, furar o couro da zabumba. Carregava a banda com amor, sem nenhum proveito material, gastando nela suas parcas economias. Para ver foto dele com a família, clique na figura abaixo:

 

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Integrantes - São os sseguintes:

Maestro - Rubinaldo Marques de Melo (Rubinaldo Catanha).

Flautas - André B. da Silva, Wellington José de Farias Santos.

Clarinetes - David José Pereira de Lira, Cláudio Hermínio, João Batista, Henrique Martins, José Trajano da Silva Júnior, Aldo Dorneles, Jorge Pereira Júnior, Elaine Lopes da Silva, Rosivânia Lima Diniz.

Sax-alto - Sérgio Trajano da Silva, Heron Lopes, Mariluce Marques de Melo, Lindelvaia Catanha.

Sax-tenor - Rosemberg, Beto.

Trompetes - Caudenir Farias, Igor Aleixo, George de Assis Jacinto, Wilson José de Farias Santos, Francisco Mendes, Alex.

Trombones - Damião de Souza Pedro, Hugo Cristiano, Weliton Araújo, Wanderley, Luiz Gomes de Moura, Leone, Marcos.

Bombardino - Wanderley.

Trompas - Ariston, Rosalina Ferreira. Trompa de harmonia: Jael Jairo Gomes.

Tubas - Mário Balbino Bezerra, Evaldo, Wanderley, Weliton Araújo, Moisés.

Percussão - Rivonaldo Marques de Melo, Rimário Clismério, Luiz Lopes, Almir, Simone, Valéria, Oscar Catanha, Antônio Melo, Vanadir.

Participação especial na gravação do hino da cidade:

Sanfona - Leninho do Acordeon.

Vocal - Josélia de Lira Aragão, Messias Barros.


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