<%@ Language=VBScript %> Questões políticas - versos livres

 

OPINIÃO:

Perguntar não ofende!

Questões políticas

 

 

 

 

 

 

Como pode ser gentil
a um torrão querido, 
entre tantos outros mil,
quem vende riquezas,
e até rios, até represas?
Ou a formosa gentileza
casa com a pobreza?

 

 

Como podem os bosques

ter mais vida, mais flores, 

mais ternuras no peito,

se afoitos mercadores,

gestores passageiros,

vendem no giro do martelo 

as mais cerradas árvores? 

Ou é batida de machado,

deixando o campo limpo?

 

 

Vender o que a plebe tem,

que já tem pouco vintém,
é da justiça a clava forte
ou é simples transporte?

 

 

Vender algo alheio,

sem ordem do dono,

responda logo mesmo,

é feio ou sem freio?

 

 

Se vende de graça o caixeiro,

se faz tantos favores ao cliente,

é que o vendedor não é careiro,

o estoque não lhe custou nada

ou ele funciona como gerente,

trabalhando com carta-branca?

 

 

Se o público ignora

a prestação de contas,

quanto foi o faturado,

quanto foi o recebido,

quanto foi o aplicado

em cada firma vendida, 

é que na caixa-preta 

ficaram as contas?

Ou é sigilo de Estado,

não pode ser revelado?

 

 

Em crise de energia, 

povo pagou sua conta,

mas o culpado da cena

não pagou mesmo nada

ou paga dentro de urna?

 

 

Como ter paz no presente

com um povo maltratado,

sem Saúde, sem emprego

sem Educação e Segurança,

sem grana, sem paciência, 

compelido pela violência?

Ou se trata de algo no limite

pra ver quem mais resiste?

 

 

Se um sinal de corrupção

uma CPI justificar pode,

que tal uma CPI realizar

pra tanta suspeição de furto,

se não existe parlamentar

para cada caso furtado?

Se fiscalizar é essencial,

função constitucional,

do Poder Legislativo,

por que não uma CPI logo,

de qualquer tamanho?

Ou isso é letra morta,

coisa de faz de conta?

 

 

Se até conta de bar

é comum examinar,

mera análise primária,

mas devida auditoria

pra poder pagar a conta,

por que se paga de cara

a gorda dívida externa,

sem auditoria, sem nada?

Quem paga conta de bar 

sem nada ter de apreciar,

banca o pateta ingênuo,

a engolir certo e errado?

 

 

Cruz do servidor público,

sete anos de inflação,

sete anos sem aumento,

sete anos de não, não,

sete anos de sofrimento.

Tanto sete multiplicado

é para diminuir custo

ou é apenas um teste

da real força da fome?

 

 

Pessoal não tem reajuste,

diz a lei fiscal de encargo,

mas a Constituição garante

a correção salarial no ano.

É a subversão em voga,

lei menor sobre lei Maior,

provisório sobre definitivo,

inferior acima de superior,

mínimo acima de  máximo,

carro adiante dos bois, 

roda grande, agoniada,

dentro da roda pequena,

infeliz sinal dos tempos?

Ou é "manda quem pode,

quem tem juízo obedece"?

 

 

Se greves têm na raiz

um gerador subversivo,

as que estalam no País

durante meses inteiros

são ecos de comunismo,

sintomas de desgoverno

ou urros de estômago? 

Se ilegal é muita greve,

responda imediatamente,

legal ou ilegal é a fome?

 

 

Desemprego em casa alheia

é casual, tem outro apelido,

é pimenta no olho do outro

ou é declínio de demanda?

Se ocorre na casa da gente 

tem alguma alcunha chique,

é pimenta no próprio olho

ou é dor, tragédia mesmo?

 

 

Cohab riscaram do mapa,

acabaram-se estradas,

não constroem ferrovias,

nem mesmo rodovias

e destroem esperanças! 

Seria o exato inverso

do tempo de Juscelino,

ou seria o social progresso

do neoliberal governo?

 

 

O ajustamento fiscal

e a paga a banqueiros

vêm antes do ajuste social

e da vida de brasileiros?

Ou isso é só um detalhe

pra quem meta cumpre?

 

 

Se o sistema neoliberal

usa lei de encargo fiscal

sem mirar questão social,

é regra tragando questão

ou é questão de omissão?

 

 

Em decisões nacionais

sobre questões capitais,

os decisores são internos

ou investidores externos?

 

 

Passa, passa, passará,

esse mau tempo passará,

não há bem que sempre dure,

nem mal que nunca se acabe!

Passa a paz, passa a guerra,

passa o sol, passa a chuva,

passa a noite, passa o dia,

passa o prazer, passa a dor,

passa a alegria, passa a agonia,

passa tudo, passa até a profecia,

só não passa mesmo o amor,

declara a sagrada Escritura,

mas essa feia urucubaca

quando afinal há de passar,

ou será que ela raciocina

que pra semente vai ficar?

 

FIM

 

Recife, janeiro/2002

 Cohab - Companhia de Habitação Popular.

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Revisada em 14/04/2004