<%@ Language=VBScript %> Página de saudades - Santa Cruz do Capibaribe/PE

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Imagens desbotadas do passado

ÁGUAS PASSADAS

 

Pedaços de saudades!

 

 

Música do passado

(Rosa, de Pixinguinha)

 

 

 

Foto de jovens, em 1958

clique abaixo para ampliar

 

 

 

Saudade que ainda espera

Não é saudade; é lembrança

Saudade só é saudade

Quando não tem esperança

(De Pinto de Monteiro, violeiro paraibano)

 

 

 

      Descrição de lazeres da Santa Cruz do Capibaribe do passado. Em diferentes épocas, muitos buscavam energia nesses descansos. São coisas tragadas, no todo ou em parte, pela voragem do tempo: 

 ·        Areia do rio – O Capibaribe, como rio temporário, deixava, na maior parte do tempo, uma estrada de areia branca, fina e macia, onde se disputavam gostosas peladas. As cacimbas desse  trecho proviam a população de água de gasto. Ali era comum a lata d’água na cabeça de mocinhas e madames assim como o galão no ombro de marmanjos. Esse pedaço do rio, hoje tomado por construções ou depósito de esgotos e lixo, fica atrás da rua Grande, atual avenida Padre Zuzinha.  

§         Bar de Abílio Balbino – Primeiro bar do lugar, em época mais remota. Mais usado como lanchonete. Ficava próximo à prefeitura na avenida Padre Zuzinha.

§         Bar de Adolfo ou Bar Xiquexique Ponto de encontro de boêmios e amigos, lá funcionando famoso fiado. Ficava por trás da Comercial Lira na avenida Padre Zuzinha. 

§ Bar de Anselmo - Destacava-se, entre todos,  pela qualidade dos doces servidos (de leite, goiaba, mamão etc). Nos tempos de maior escassez d'água não era fácil, em geral, obter nesse bar como em qualquer outro, um copo d'água, sem antes realizar despesa. Ficava na avenida Padre Zuzinha. 

§        Bar de Dorim Clementino – Lá se reuniam pessoas de destaque no lugar para trato de amenidades. Local para freqüentes audições de seresteiros. Ficava no começo da avenida Padre Zuzinha, perto da primeira gameleira.  

§         Bar de João Deodato – Segundo bar da cidade, em tempo mais remoto. Mais usado como lanchonete. Era vizinho ao bar de Abílio Balbino.

§         Bar do Praça Um dos lugares preferidos para o bate-papo com cerveja e tira-gosto. Ficava em frente ao prédio da prefeitura.  

§         Bilhar de Manoel Marques – Centro de reunião para,  prosas, dar algumas “tacadas” e “peruar” partidas de bilhar ou de sinuca, muitas delas notáveis. Em seus socavões havia jogos de cartas, local a que só tinham acesso os adultos. Mesmo no salão de bilhares e sinucas, menor não podia jogar. Só peruar. Ficava na avenida Padre Zuzinha nº 136, onde hoje funciona uma igreja evangélica.  

§    Campo do Ypiranga – Centro de atrações esportivas, do time do Ypiranga. Um simples treino já era uma alegria para a juventude. Limitado por cercas de avelós em vez de muros de alvenaria,  escondia por entre elas garrafas d’água trazidas por atletas para matar a sede. Um dos folguedos de então era furtar depósitos de água escondidos, deixando seus donos de boca seca.  Nesse tempo o estádio, hoje em pleno centro da cidade, ficava fora do lugarejo. Os mais afortunados iam até lá em suas vistosas bicicletas com dínamo na roda traseira, prontas para habituais escuridões. A maioria, contudo, ia calcando os veículos dados pela Natureza. Nem por isso a presença aos treinos era pequena.  Pequeno também não era o ânimo dos atletas.

  

ver Memoria (festas no futebol).

 

§       Castelo de Otávio – Otávio Limeira Alves (um dos fundadores do Ypiranga) era filho de Luiz Alves da Silva.  Tatá, como era chamado, ficou paralítico ainda jovem e viveu por muitos anos até morrer em cima de uma cama, mas não deixou seu gosto pelo futebol. Seu castelo ou quartinho onde ficava em seu leito de enfermo era o quartel-general de assuntos sobre futebol, no qual pintava sempre a meninada para conversas acerca de seu tema preferido, ouvir a difusão de jogos e as últimas notícias esportivas. Ali muita gente ouviu pelo rádio os jogos da Copa do Mundo de 1950. De lá Otávio fundou, organizou e comandou clubes infantis em memoráveis torneios no campo do Ypiranga.  

§         Cine Bandeirante – Muito avançado para a época em que foi edificado. Construído em fins dos anos 60 pelo empresário Joel Morais. No térreo do prédio dele existe hoje um supermercado. Ficava por trás da agência do Banco do Brasil na Praça da Bandeira.

§      Cinema de Luiz Alves – Primeiro cinema de Santa Cruz.  Centro de encontro da juventude para paqueras. Com bancos de madeira e um só projetor, fazia pausas para trocar a parte ou emendar a fita quebrada. Nessas horas, o vendedor de confeitos e chocolates oferecia seus produtos à platéia, desfilando pelo salão, e os namorados se arrumavam. Começou como cinema mudo com um conjunto musical a executar valsas durante a projeção. Suas séries exibiam ao fim de cada “episódio” o clássico “voltem na próxima semana”, deixando o mocinho em apuros e comentários sem fim nas rodas da meninada. Tinha ainda um detalhe: a tela ficava logo na entrada, de costas para quem entra. Dessa forma, o freguês tinha de se virar para assistir à projeção. Teve sucessivos donos, entre estes, o escritor e jornalista Mário Limeira Alves, a fazer na calçada do cinema preleções morais acerca do filme a ser exibido. Foi esse cinema o sonho dourado da criançada de então. Ficava próximo à sede atual da Banda Musical Novo Século na avenida Padre Zuzinha.

§        Campo dos currais de Luiz Alves – Ao lado dos currais, ficava um terreno onde se jogavam muitas peladas. Ficava no final da avenida Padre Zuzinha, próximo à rua Luiz Alves.  

§         Difusora – Ver Passeio;

§  Estádio Otávio Limeira Alves – Ver Campo do Ypiranga;  

§      Mercado Público - Feito por um particular para abrigar vendedores de farinha, milho, feijão e outros mantimentos nas -feiras livres das segundas-feiras. Seu salão prestava-se também à realização de festas como bailes de São João e de carnaval. Ficava na rua do Pátio, atual Raimundo Francelino Aragão, próximo à rua cabo Otávio Aragão, hoje mais conhecida como rua do Sinal.  

§       Passeio – Vaivém noturno de moças, com rapazes de pé a observá-las. Era na rua Grande, em frente à sede atual da prefeitura. Ali operava a “Difusora” (serviço de alto-falante), com sucessos românticos no programa “De Alguém para Você”. Por vezes, as ofertas podiam atrapalhar algum namoro com intriga feita por “alguém”, mas no geral criavam chance para os mais tímidos iniciarem um romance. Pela Difusora passaram, entre outros,  Rivadávia Rocha, que veio a ser depois locutor da Rádio Tamandaré e delegado de Polícia no Recife; José Álvaro Filho, Jalvinho ou " O Praça", posterior sulanqueiro, emérito contador de "causos" e filmes na cidade, autêntica vocação de ator e comunicador (falecido em 1994); e Lenivaldo Aragão, hoje veterano jornalista da crônica esportiva escrita do Recife. Com o advento do cine Bandeirante, o passeio se deslocou para frente deste, e sumiu para sempre com a morte do cinema.  

§         "Pedras" – Ver Poço da bicuda e outros;

§         Poço da bicuda e outros Quando o Capibaribe vinha com cheia, deixava água corrente por algum tempo em poços ao longo de seu leito, todos próximos do lugar, tais como "da bicuda”, "mufango”, “grande”, “da cabra” e “da professora”. Eles fizeram a alegria de muita gente numa terra de clima quente e escassa água. Foram, em grande parte, engolidos pelo crescimento da cidade e pela poluição. Destacava-se, entre todos, o da bicuda, à margem da estrada Santa Cruz-Pão de Açúcar. Hoje essa pedra  se acha cercada por moradias de pessoas de menor renda.  Ela é uma testemunha silenciosa de alegres folguedos de outrora;  

§           Prédio de Maria Lúcia - Construído pela profa. Maria Lúcia Alves para abrigar a escola estadual de que era titular. Nele realizavam-se também eventos sociais e bailes, com destaque para as “Festas da Primavera”. Nesse imóvel, no final da avenida Padre Zuzinha, funciona hoje uma escola particular do primeiro e segundo graus.

§           Sede da Banda Musical Novo Século – Antiga sede. Lá se realizavam muitos encontros dançantes ao som de conjunto formado por músicos da banda Localizava-se perto da Farmácia Neves, na avenida Padre Zuzinha.

 

.  Mais: Santa Cruz do passado.   

 

                Ao rio Capibaribe

Água de gasto - Água salinizada que se opunha à água doce, esta para consumo humano.

Galão -  Vara, com uma lata em cada extremidade, colocada sobre o ombro, para transporte de água.

Luiz Alves da Silva, empresário, empreendedor e agropecuarista, desaparecido nos anos 50. Trouxe para a então vila de Santa Cruz o cinema, a energia elétrica (em 1923) e o rádio. O lugar somente veio a ser cidade em 1953. Clique abaixo para ver cópia de um recibo de sua empresa elétrica, em 1939:

  Mário Limeira Alves - Filho do fundador do cinema. Homem de muita cultura, jornalista e escritor. Casado com uma espanhola (dona Aurora), conhecida em suas andanças pela Espanha (Santiago de Compostela), razão por que o cinema ganhou o nome de Cine Compostelano. Para habituar os santa-cruzenses a freqüentar seu cinema, realizava as "sessões da boa vontade", em que o pagamento do ingresso era facultativo.  Durante o tempo que passou em Santa Cruz, Mário Limeira, já falecido,  iluminou o lugar com suas luzes e sua simplicidade.

Ypiranga - clube de futebol da cidade


Memória (festas no futebol)

 

       No passado um simples amistoso do Ypiranga com um time de fora era motivo para animados festejos. Primeiro, um grupo aguardava a chegada dos visitantes, em geral perto do meio-dia e na estrada, em local próximo. Um foguetão espocava no ar, anunciando a aproximação da "embaixada" visitante. Em frente da sede da banda de música, uma pequena multidão saudava os visitantes. A banda tocava. Havia o discurso de saudação e depois o dos visitantes. À tarde o pau cantava em brigas saudáveis no futebol. À noite, fosse qual fosse o resultado, era oferecido um baile aos visitantes. Quando era o Ypiranga que excursionava a outro lugar, as festas se invertiam. Isso era um hábito regional. Bons tempos esses em que essas coisas começavam e acabavam com festa, sem a violência das torcidas organizadas de hoje! Fatos curiosos: Certa vez, o Ypiranga foi jogar em Boqueirão na Paraíba e lá foi saudado por três oradores. De outra feita, num jogo na vizinha cidade do Brejo da Madre de Deus, o orador anfitrião, meio tocado pelo álcool, voltou à réplica no discurso, à tréplica e a não se sabe quantas, exigindo sempre que o orador visitante respondesse. O episódio sob sol escaldante foi perdendo platéia e virou um solitário duelo sob o sol.

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Atualizada em 27/06/2004