Ao trecho do Capibaribe em Santa Cruz do Capibaribe:

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Cheio ou seco, o Capibaribe viu no passado a alegria de gerações santa-cruzenses!

Ao rio Capibaribe             Música do passado (Branca, de Zequinha de Abreu)       Capibaribe de minha infância, com tuas águas barrentas em bons tempos de cheias, a encantar minhas vistas! Capibaribe, palco de caçoadas, lá a tomar banhos sem conta e a pescar muitas piabas em tuas águas amigas!     Capibaribe da mocidade, viravas estrada de areia, campo de futebol eras em gostosas peladas na maior parte do ano quando se iam as cheias! Hoje (que pena!), a juventude não tem esse campo de areia pra nele jogar e cair à vontade.     Seco, ainda abastecias de “água de gasto”, sim, saída de tuas cacimbas, no gosto meio salgada, apanhada feito pudim, que a doce pouco se via, na pacata localidade, progressista cidade hoje, terra e capital da sulanca!     Olha a cheia, olha a cheia! era a exclamação festiva, eras tu te fazendo gente, cobrindo de água tua areia! Era a coletiva felicidade, lá vinha a cabeça da cheia a carregar lixo e animais e outras coisas mais, mas deixando a certeza de alegria e melhores dias a uma fraca agropecuária de uma terra sem sulanca, possuindo mais tua força!     Hoje na volta dos sessenta revejo-te, às vezes, velho rio! Choca-me tua visão cinzenta, teu leito aterrado por lixo e por construções tomado, teu estado de esgoto imundo!     Cadê tuas águas barrentas, as festas de tuas cheias, a meninada em teu leito futebol a jogar o dia inteiro? Cadê o desfile em tuas areias de muitas moças da terra e de patroas respeitáveis, de lata ou pote na cabeça? E os rapazes de galões, no ombro levando duas latas, na cabeça, dois olhos de galãs para moças namoradoras? Por onde anda tudo isso e o que fizeram contigo?     "Se o cisco de uma cheia  outra há de tirar no futuro", meu receio é que um dia, saindo de um pesadelo, queiras retomar tua via.     FIM Dezembro/2001 Mais: Santa Cruz do passado       Página de saudades

Nota - Enchente no Capibaribe - Chuvas torrenciais em janeiro de 2004 provocaram cheias, fazendo sangrar duas barragens próximas à cidade, há muitos anos secas. O fato, ocorrido depois de prolongada estiagem, foi motivo de muita alegria para a população, embora possa trazer também certa apreensão com a  possibilidade de novas enchentes no Capibaribe. O  maior açude, no leito do rio, com capacidade para 100 milhões de m3, é o de Poço Fundo, a 15 km. O outro é o do Machado, a 6 km, no riacho da Madre de Deus, afluente do Capibaribe, com volume de 28 milhões de m3.

 

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Recife, dezembro/2001.

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Revisada em 27/05/2004