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Santa Cruz do passado
(Maria Betânia, de Capiba)
Santa Cruz do passado, dos banhos no Capibaribe! Ainda
ressoa aos ouvidos o
nome dos poços do rio: mufango,
cabra, grande, professora
e bicuda, o
mais amado de todos, com
acrobáticos saltos da
pedra da bicuda
n'água corrente caindo
, em
terra de clima aceso, sem água, sem sulanca que pois quando a água se ia , um campo de areia ficava! Santa Cruz do passado, dos jogos de bola de meia, vistos por gente adulta, sob
sombra de gameleira na
poeira da rua Grande!
Santa Cruz do passado, do
time do Ypiranga de
partidas amistosas, embaixadas
recebidas, banda,
baile e discurso! Santa Cruz do passado, dos
treinos no Ypiranga que
era bem afastado, indo
lá uns de bicicleta, outros,
a pé mesmo!
Santa Cruz do passado, de brincadeiras muitas, cada
uma no seu tempo: boca-de-forno,
carrapato, pião,
notas de cigarros, artista, bandido, cavalos!
Santa Cruz do passado, das
fogueiras de São João, em
cada casa bem à frente, clareando a alegria da noite! Santa Cruz do passado, do
passeio no domingo na
rua Grande querida onde se exibiam elas, e eles, em fila postos, as viam feitos galãs, ali iniciando
namoros no
mais puro encanto, muitas
vezes virando animado
casamento!
Santa Cruz do passado, dos
tempos da Difusora, de "Alguém para Você”, programa
mais escutado, arte
do amor ensinando em
cartilha de á-bê-cê, casais
aproximando com
cartões musicais, amantes
juntando mais se
juras de amor havia ou
se troça ou intriga separá-los
buscava!
Santa Cruz do passado, de
belas noites de maio, cada
noite uma festa, cada festa um noiteiro, a
banda indo à Igreja,
a medir o foguetório do noiteiro o
prestígio, perguntas
surgindo: Quem ganha essa? Noite dos casados ou noite dos solteiros?
Santa Cruz do passado, de
suas festas de rua no
modelo em voga: garotas
passeando rapazes
de olho nelas, paquerando
todos! Fora,
as barracas, carrossel
e balanços, no
ar a Difusora, banda
a tocar no coreto; todos
de roupa nova, mas namorar para
completar
a festa!
Santa Cruz do passado, das
Festas da Primavera, realizadas
a cada ano, motivo
de real quimera da
mocidade da época!
de
antigos carnavais, do
bloco do zé-pereira, de
papangus no domingo, do
banho na terça-feira! Acabou-se
o zé-pereira. papangus
não tem mais, sumiu
também o banho, mas
ficou o eterno sigilo do
estranho mascarado, a
pergunta de cada ano: quem
era o Zé Pereira!?
Santa Cruz do passado, de
seus primeiros bares, mais
voltados pra lanches: um
bocado de doce, bolo, e
gelada ou água no copo!
Santa Cruz do passado, do
alegre cinema mudo, de
bancos de madeira, que
depois virou falado e
que teve muito dono, com
luzes dando clarões a cada parte passada ou
fita que se quebrava, confeitos
se vendendo, namorados se ajeitando!
Santa Cruz do passado, do
amado Cine Bandeirante, mais
moderno, mais vibrante que
o progresso ofertou e
ele mesmo carregou!
Santa Cruz do passado, de
outras coisas mais que não voltam jamais, senão no pensamento de tempo bom vivido! FIM
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Festa de São Miguel - 28-29/09
Bom Jesus dos Aflitos - 31/12-01/01
Difusora - serviço de alto-falante.
Os fatos citados têm como ponto inicial os anos 40/50.
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