Pouco mais de meia hora a nordeste de Belo Horizonte, a paisagem já começa a mudar, vista da janela do ônibus: aglomerados urbanos dão lugar a vilas aqui e ali e o cerrado começa a mostrar-se, primeiro timidamente, depois como a vegetação dominante. Muita poeira vermelha no céu de outubro mostra que a primavera é uma das estações ideais para visitar o Parque Nacional da Serra do Cipó: o período seco e quente favorece as trilhas, passeios a cavalo, além de recompensar o turista com a água refrescante das diversas cachoeiras.
Localizada a 100 km de Belo Horizonte, a região que hoje compreende o parque nacional foi explorada pela primeira vez por bandeirantes paulistas no século XVII, que procuravam, na região nordeste do Estado, minerais e pedras preciosas. Mas a localidade também atraiu gente como o arqueólogo dinamarquês Peter Lund (que viveu mais de 50 anos na região e está enterrado em Lagoa Santa), que descobriu um impressionante conjunto de pinturas rupestres (datadas de mais de 5.000 anos) e esqueletos de animais pré-históricos.
Contudo, não é apenas essa a riqueza do parque. Criado oficialmente em setembro de 1984 pelo IBDF - Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, o Parque Nacional da Serra do Cipó tem o intuito de preservar e proteger a flora e a fauna locais. Em toda a área do parque (cerca de 100 mil hectares, sendo 33 mil do parque e o restante área de proteção Ambiental) existem mais de 1600 espécies de flores. "O mais importante é ressaltar que grande parte delas é endêmica, ou seja, apenas encontrável aqui e em nenhum outro lugar". Argumenta o agente do Ibama-Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, André Luiz Murad.
De acordo com ele, a serra concentra grande quantidade de flores rupestres ou de altitude, caso das canelas-de-ema, orquídeas, semprevivas(algumas das espécies mais abundantes na região) e uma infinidade de outras plantas que colorem as encostas e planícies dos morros do parque. "A riqueza do lugar é tanta que temos pesquisadores do mundo inteiro, realizando trabalhos de botânica e mineralogia", observa André Luiz.