
Brasão da
Ordem
Significado:
O Azul do alto significa a Fé, cuja Força a
Congregação pretende atingir
para levar seus membros à Santidade.
As Cinco estrelas em cruz representam os
Sagrados Estigmas de
Nosso Senhor Jesus Cristo (Estigmatinos).
O Vermelho da parte inferior significa a
Caridade, com a qual os
Estigmatinos, educadores e missionários,
se propõem dominar os corações
e conquistar o próximo para Cristo.
Os Dois Lírios naturais, unidos pelo lema da
Congregação "Euntes Docete"
(Ide, Ensinai) representam os Santos Esposos
Maria e José,
Patronos da Congregação.
A faixa prateada que divide o escudo
significa a Concórdia que, pela
Inocência da vida e pela Pureza das intenções,
dará aos filhos de Bertoni a Alegria da Vitória.
O escudo é cercado por ramos de oliveira, símbolo
da Paz que os membros da Congregação se esforçam por incutir nas consciências,
nas famílias, na sociedade.

Biografia:
Em
todos os períodos da história, nascem certas pessoas que se dispõem a
enfrentar os problemas do seu tempo. Estas pessoas estão sempre prontas
para combater as adversidades das circunstâncias que as cercam e tudo
fazer para produzir mudanças positivas. Estas pessoas são atuantes na
vida, são aquelas que não têm medo de lutar por suas convicções,
que acreditam tão fortemente em seus objetivos que procuram vencer
todas as dificuldades para alcançá-los. São Gaspar Bertoni, fundador
da Comunidade Estigmatina, foi este tipo de pessoa.
Ele
nasceu em 1777 em Verona, Itália. O mundo estava em uma época de mudanças
explosivas. A revolução norte-americana ganhava ímpeto em pontos
diversos da costa. Na Europa, o espírito de revolta estava fermentando
na França. A Itália do tempo de São Gaspar Bertoni estava sendo
importunada por conflitos internos. Guerrilhas e desordens dividiam não
somente o país como, da mesma forma, o Clero dentro da Igreja.
Este
espírito de revolução, ardente e furioso quando começou,
gradualmente foi se transformando em um saudável clima de mudança.
Leis rígidas e tradições de longa data foram testadas pelo povo, que
desejava liberdade e auto-respeito. O tempo estava certo para um homem
como São Gaspar Bertoni para deparar-se com os desafios das condições
que o cercavam. Ele foi um homem de missão, um homem sem medo de mudar,
de fracassar.
Embora
São Gaspar Bertoni tenha nascido há mais de dois séculos atrás, ele
pensava e agia muito como uma pessoa de hoje. Basicamente desde o princípio
de sua vida, ele sabia para onde estava indo e tinha certeza de chegar lá.
Gaspar era tanto um homem de seu tempo como à frente de seu tempo. É
dito que, quando ele entrava em uma sala ou caminhava por uma rua cheia
de gente, o povo o notava imediatamente. Eles ficavam instantaneamente
cientes de sua presença. No entanto, não havia nada de espetacular em
sua figura ou de extraordinário em sua face. Ele foi, na verdade, um
tanto frágil e de aparência mediana. Assim, não era alguma coisa a
respeito de sua aparência física que atraía a atenção. Até onde
podemos presumir, era uma bondade interna que alcançava e tocava o povo.
Para
descobrir por que isso era assim, é necessário olhar para dentro da própria
pessoa, de seus pensamentos e da maneira como ele escolheu viver a sua
vida. Desde o tempo de menino, Gaspar Bertoni preocupava-se com o que
acontecia à sua volta. Ele não se contentava em simplesmente aceitar o
que via, ouvia e sentia. Ele procurava razões. Ele queria saber por que
as situações existentes tinham vindo a ser e o que fez com que elas
tomassem sua forma presente. Esta necessidade de saber o por que das
coisas permaneceu forte por toda a sua vida.
Durante
a sua vida, ele foi capaz de suportar uma enorme pressão, freqüentemente
enfrentando terríveis expectativas. Ele esteve em precária saúde e
quase constante dor desde a infância, porém nunca permitiu que seu
sofrimento o impedisse de alcançar o que era importante para ele.
Enfrentou de forma total a dor e a precária saúde, aceitou-as e viveu
com elas.
Gaspar
definiu o seu ideal ainda muito jovem. Quase tão cedo quanto estava
capacitado a pensar, ele soube que iria ser padre. Sua vocação foi tal
que nunca lhe suscitou dúvidas, que ele abraçou e foi determinado a
levar em frente em um modo que faria o melhor para o maior número de
pessoas. Para realizar isto, Pe. Bertoni desenvolveu uma rigorosa
disciplina e ordem dentro de si mesmo, que perdurou e lhe valeu por toda
a sua vida. Não havia espaço para auto-questionamento, indecisão ou
desencorajamento em sua vida diária. Estas foram situações que
tiveram que ser superadas e ele empregou todo “bit” de sua força
para isso. Profunda intenção seguida por ação direta foram as
ferramentas que ele empregou para alcançar os seus objetivos. Sua
piedade e fé foram extremamente fortes, mas igualmente simples. Mais de
uma vez ele anotou em seu diário pessoal que se comunicou com Deus como
“um amigo falando com outro”. Para fortalecer sua convicção sobre
o grande poder dentro de si mesmo, ele freqüentemente recordava e era
confortado pela convicção de Santo Tomás de Aquino “que todo aquele
que tem comida em casa não deve ir procurá-la do lado de fora. Tal
homem deveria passar fome”.
Olhando
quanto precisava ser feito, e dolorosamente ciente de sua inabilidade
para fazer isto sozinho, Gaspar Bertoni procurou a ajuda de outros que
compartilhavam seu sonho. Cedo ele descobriu que tinha um talento
especial para atrair jovens com verdadeiras vocações para o sacerdócio.
A responsabilidade de treinar estes homens ofereceu-lhe um enorme
desafio. Por muitas e muitas vezes ele encontrou atitudes indiferentes
ditadas pela tradição. Pareceu para ele como se os jovens fossem
despejados dentro de algum molde impessoal, endurecido em sua finalidade
como em cimento pelos séculos de convenção dogmática. Quando os
jovens emergiram deste molde, eles eram estereótipos: somente
desempenhando o que era exigido deles e nunca dando verdadeiramente de
si próprios. Pe. Bertoni fez votos de que isto nunca aconteceria com os
homens confiados à sua preparação. Eles seriam instruídos tanto em
necessidades humanas como em espirituais. Eles seriam encorajados a
pensar, em um tempo em que pensadores não eram populares.
Cedo
em seu ministério, ele fundou uma escola em que procurou fornecer educação
da mais alta qualidade, quando a educação para o povo era quase
inexistente. Novamente, apesar de sua profunda preocupação pelas
necessidades dos outros, ele edificou uma instrução que foi um dos
primeiros modelos de excelência escolástica. Por não comprometer seus
ideais, por não contentar-se em simplesmente encontrar exigências
civís e por ir além do que era necessário,
São Gaspar Bertoni foi capaz de dar aos jovens uma fundamentação em
que ele edifica vidas cheias de sentido.
Ele
reconheceu a importância vital de procurar vocações nos jovens e
orientar o seu desenvolvimento para a maturidade. São Gaspar Bertoni
sentiu fortemente que a esperança da Igreja estava nos jovens
recrutados para assistir o seu povo. Sua própria simples fé era
contagiosa. Sua eloqüente, porém muito humana pregação converteu
muitos para a razão. O povo podia entender o
que Pe. Bertoni dizia e eles eram capazes de
relatar sua mensagem. Como tantos responderam a ele, esta é a melhor
prova de seu poder singular de comunicação.
Mas
o principal e determinante sonho de toda a vida de Pe. Bertoni era a
formação de uma congregação seleta, tendo sua própria muito
especial missão. O grupo, bem ao modo de uma moderna força-tarefa,
seria destinado à fonte das necessidades diocesanas; corrigir a situação
e depois ir à frente. Foi um sonho que sua incansável determinação
fez tornar-se realidade. Os bispos, que estavam tendo dificuldades
dentro de suas dioceses, vieram a conhecer e depender desta nova forma
de ajuda. Por causa deste conceito ser muito à frente de seu tempo,
havia muitos que duvidavam de seu valor. Mas oposição foi alguma coisa
que Pe. Gaspar Bertoni dominou muito bem. Ele
enfrentou isso com sua própria
auto-confiança. Ele estava convencido de que sua congregação iria
surtir efeito; e ele fez com que isso acontecesse.
Possivelmente o dia mais feliz de sua vida foi
o dia 4 de novembro de 1816. Neste dia, Pe. Bertoni formou o núcleo de
sua congregação. Mais tarde, esses homens foram popularmente chamados
de Estigmatinos. A partir deste pequeno e inicial grupo de padres e irmãos
cuidadosamente escolhidos, a comunidade se desenvolveu e se espalhou por
todas as partes do mundo.
Foi
sempre o espírito contagioso de seu fundador que conservou a comunidade
indo em frente. Bondade e cortesia foram mostradas a todos que vinham vê-lo,
não importando a sua condição social. O único interesse de Pe.
Bertoni era como eles pensavam, como resolviam problemas e como
trabalhavam nos dias comuns de suas vidas. Conservando sua própria
vida tão simples, livre de atividades sem sentido e cobiça pelas
coisas materiais, Pe. Gaspar Bertoni foi capaz
de dar livremente de si mesmo aos outros.
Ele
era muito solicitado no confessionário, fato este que revela ainda uma
outra importante sagacidade do seu caráter. Nobres, líderes da Igreja,
assim como homens, mulheres e crianças comuns de Verona o procuravam
como confessor. Isto era porque ele oferecia muito mais que um ouvido
para pecados. Pe. Bertoni dava sábios conselhos, encorajava as pessoas
a pensar e infundia auto-confiança no penitente. Certamente, este foi
um homem moldado não segundo um modelo de outros, mas o seu próprio.
Pelo seu exemplo, o clero de seu tempo e lugar foi revitalizado. Houve
um ressurgimento da fé. Muitos duvidosos tornaram-se fiéis, e muitos
fiéis encontraram uma relação mais profunda e mais significativa com
Deus. O centro de gravitação espiritual de Pe. Gaspar
Bertoni era seu autêntico senso de completa aceitação da vontade de
Deus. Gradualmente, conforme esse senso foi sendo amadurecido, ele
encontrou-se desenvolvendo um profundo senso de esperança. Uma esperança
que se traduziu em ação e uma comunidade de homens que continuariam a
servir a Deus, muito depois de Pe. Gaspar
Bertoni ter retornado ao Criador.
Estas,
portanto, são algumas das coisas que conhecemos sobre São Gaspar
Bertoni. Elas poderiam ajudar a explicar por que sua presença era
imediatamente sentida onde e quando fosse que ele encontrasse as pessoas.
Elas são as razões pelas quais este homem estava à frente de seus
contemporâneos. Quando examinadas, estas razões não são complicadas
ou difíceis de entender. Elas são a realização do bom caráter em
qualquer pessoa. Mas, ao contrário da maior parte das pessoas, Pe.
Gaspar Bertoni esteve disposto a atingir um ideal.
Ele arriscou investir nas chances oferecidas pelo seu tempo e lugar. E,
através de auto-disciplina, educação, perseverança e fé, ele dispôs-se
a dissipar completamente as forças de indiferença e dúvida. Por
aproveitar estas chances, São Gaspar Bertoni inspirou uma comunidade
fundamentada em sua própria
constituição, cujo trabalho para a glória de Deus e o bem de todo o
Seu povo continua nos dias de hoje.
Pe.
Donald F. Saulnier, CSS