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na boca da noite
"Assaltaram o Banco!"
Brasil, 1970
Direção e adaptação: Walter Lima Jr.
Baseado na peça teatral “O Assalto”, de José Vicente
Produção: MAPA e Thomaz Farkas
Fotografia: Leonardo Bartucci
Montagem:
Peri Santos
Música: Gato Barbieri (sax), Ron Carter e James Spaulding
Som direto: Walter Goulart e Juarez Dagoberto
Duração: 75 minutos
P&B  16 mm ampliado para 35 mm

Elenco: Rubens Correia (Victor Hugo) e Ivan de Albuquerque (Hugo).
Encerrado o expediente numa agência bancária, o funcionário Victor Hugo retarda-se para tomar uma decisão importante em sua vida. Inicia uma longa conversa com o faxineiro Hugo, cuja vida parece conhecer em detalhes. A aproximação assume caráter sexual e de permuta de classes, ao mesmo tempo em que Victor tenta obter a cumplicidade de Hugo no plano de assaltar o banco e libertar-se da opressão do sistema.

Ao levar para o cinema a bem-sucedida peça
O Assalto, de José Vicente – um ex-funcionário do Banco do Brasil -, Walter Lima Jr. faz um retrato da atmosfera de medo e asfixia que reinava no país no início da década de 1970. A ação concentrada no banco só cede para tomadas externas de uma cidade filmada através de grades, onde massas humanas alienadas parecem dirigir-se para o abatedouro ao som de sirenes de carros policiais. O desfecho do filme contém uma significativa inversão de papéis em relação ao texto original.

O filme foi rodado em 16mm, com precário som direto, em apenas três noites, utilizando os mesmos atores da montagem teatral carioca. A arquitetura da agência contribui para o tom ritualístico do texto, numa experiência que em tudo se liga ao contexto do cinema marginal. Pouco conhecido do público por problemas de censura e distribuição, passou à filmografia do diretor como um de seus momentos mais radicais.
“De alguma maneira, eu me devia esse depoimento. Meu irmão estava preso. Amigos saíam do país. Companheiros de cinema sentiam-se de mãos atadas. As coisas estavam desabando em cima de nossas cabeças. Eu não tinha nenhum compromisso político formal, só uma raiva emocional.”  Walter Lima Jr.
              Leia crítica de José Carlos Avellar
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