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os desafinados | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
um filme sobre o entusiasmo dos anos 60 | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
No interminável ano de 1968, Walter Lima Jr. era um cineclubista típico e cineasta promissor de 30 anos, que montava seu segundo filme, a fábula musical tropical-futurista Brasil Ano 2000. Vivia um casamento sorridente com a estrela do filme, Anecy Rocha, irmã de Glauber. Privava da intimidade tanto dos baianos da Tropicália quanto dos cariocas da Bossa Nova. Freqüentava o lendário Cinema Paissandu e, eclético, encantou-se tanto com A Bela da Tarde, de Buñuel, quanto com O Planeta dos Macacos, estrelado por Charlton Heston. Acompanhou a consagração internacional de Sérgio Mendes, ex-companheiro de travessias na barca Rio-Niterói e de noitadas nas boates do Beco das Garrafas, em Copacabana. Quando houve a Passeata dos 100 mil, ele estava lá nas barricadas. Ainda que dissolvido nas tintas da imaginação, o espírito dessa época será revivido no seu próximo filme. O roteiro de Os Desafinados está sendo preparado a quatro mãos com a co-roteirista Elena Soárez (de Gêmeas e Eu, Tu, Eles). As histórias vão refletir sobre um período em que a arte ainda prometia salvar o mundo. Murilo Benício, um de seus atores preferidos e protagonista de O Monge e a Filha do Carrasco, é o único nome certo no elenco de Os Desafinados. Ele fará o papel de um pianista desaparecido durante uma turnê na América Latina. “O filme será uma crônica de amigos que a vida foi apartando e reunindo, um pouco na linha do Era Uma Vez na América”, situa o autor. Os Desafinados é uma evolução do desejo de fazer um filme sobre o Cinema Novo. “Eu queria falar desse sonho de fazer um país através da arte, o que parece hoje absurdo, quase hustoniano, mas que embalou as nossas vidas”, explica Lima Jr. “Até hoje ainda cobram esse país que a gente não inventou”, diz, sugerindo o teor autobiográfico do projeto. Ele vê na música o mesmo empenho que havia na turma do cinema, com a vantagem de que, no banquinho-e-violão, nossa competência ficou comprovada de modo inequívoco. A Bossa Nova foi, em sua opinião, uma das raras manifestações culturais brasileiras onde nem tudo dependeu de talentos individuais e improvisação, mas onde a experimentação e a comprovação contribuíram para a excelência da qualidade. No desenvolvimento dos croquis de personagens para Os Desafinados, o cinema vai migrando para um segundo plano. Lima Jr. acha que “a música foi mais vitoriosa no Brasil do que o cinema”. A história, portanto, vai se passar entre cinco amigos que formam a banda Rio Bossa Cinco e buscam o sucesso, alimentando o sonho de tocar no Carnegie Hall, a célebre sala de concertos de Nova York que detonou o sucesso internacional de Tom Jobim e da Bossa Nova. Assim desembarcam em Manhattan e lá encontram uma musa, filha de brasileira com americano, que voltará com eles ao Brasil ditatorial. Além de tocar flauta e clarineta, ela vai se tornar a chave para o florescimento pessoal dos rapazes. Walter quer uma atriz estrangeira para esse papel deflagrador. O material de base para o roteiro de Os Desafinados, em sua maior parte, são lembranças do próprio Walter Lima Jr. Mas não se restringem ao balanço da bossa e ao mundinho do Cinema Novo. Um dos músicos, por exemplo, é arquiteto. Walter recorda que o primeiro grande show da Bossa Nova não se deu numa boate nem num teatro, mas na Faculdade de Arquitetura. Tom Jobim tentou ser arquiteto. A primeira concepção cênica do Orfeu do Carnaval, de Vinicius de Moraes, saiu do cavalete de Oscar Niemeyer. “Essas são as formas com que o novo país começava a nascer”, arremata o cineasta. O subtexto de Os Desafinados não insinua nem euforia inocente com utopias passadas, nem suspiros nostálgicos com a pureza perdida. “Tanto na Bossa Nova quanto no Cinema Novo, por mais grandiosos que fossem os objetivos, eu via as personalidades se formarem num jogo cheio de contradições, à procura de afirmação. Quero falar sobre isso”, promete Lima Jr. “Essa rapaziada chegou lá fora levando apenas um instinto colonizado e deparou-se com a sua própria imagem. Foi uma viagem para dentro, na qual muitos se perderam, outros se inventaram, outros, ainda, se esqueceram”, analisa. Os Desafinados será filmado em três épocas: a do Rio Bossa Cinco, que vai até 1968, o final do governo Collor e a atualidade. Mas nada será totalmente linear nessa trajetória. Nem mesmo a evocação da época, que vai ser apenas indicada com incrustações de cor no preto-e-branco ou de elementos plásticos isolados que remetam ao período enfocado. “O espectador do final do século 20 é dono da linguagem do cinema, ele pode manter uma relação interativa com o filme. Não preciso, então, de uma cenografia servil a uma idéia passiva de reconstituição de época”, aposta o diretor. |
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